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História L - O apocalipse - Mesmo depois de tudo, eu preciso continuar.


Escrita por: Guiilhhermiin

Capítulo 16 - Mesmo depois de tudo, eu preciso continuar.


L — Segunda-feira — Dia 8

07:30 AM

Haviam passado algumas horas desde que toda a desgraça aconteceu. Ainda estava difícil acreditar naquilo. Eu demorei mais de meia hora para conseguir raciocinar o que tinha acontecido. Foi muito difícil ter que aceitar que os seus melhores amigos, as pessoas com quem você conversava todo dia, chorava junto, ria junto, brigava junto, estavam nesse momento provavelmente sendo devoradas por zumbis. Eu sei que haveria uma minúscula possibilidade de alguma maneira eles terem escapado de lá, mas era tão pequena que eu nem a consederei. Apenas aceitei que eles tinham morrido. 

Eu fiquei vagando por aquele lugar sem rumo, sem esperanças, sem vontade alguma de continuar. Quando comecei a andar por lá percebi que era o mesmo esgoto que havíamos ficado presos por dias. Ou seja, tudo se repetiu novamente. Nós tentávamos um plano de fuga, ele dava errado, nós paravamos em um esgoto e voltavamos para uma sala de aula, e tudo se repetia novamente.

Eu estava em uma parte que era só água. Não tinha rumo algum. Eu pensei em tentar voltar mas para que? A conterreza iria me puxar de volta. E eu só iria me machucar mais ainda. Já que eu estava cheio de feridas pelo corpo todo, com frio, fome, sede e etc. Demorou para a ficha cair para mim. No caminho todo que eu andei até agora eu fui chorando e agonizando. Tanto pela dor psicológica de ter perdido seus amigos por uma suposta "culpa" sua. E a dor física, já que bem, eu estava todo fudido da queda. Eu me culpava demais. Eu chorava, eu gritava, eu tremia. Eu não tinha mais forças para continuar vivo. Eu não conseguia me levantar. Eu ficava lá, sentado, chorando e gritando. Sabendo que meus amigos estavam mortos e que eu não pude fazer absolutamente nada á respeito. Foi muito difícil aceitar isso. Mas era a minha única opção. 

Eu pensei bastante em simplesmente desistir e me deixar ser levado pela água até consequentemente acabar morrendo afogado. Até porque, que outras opções eu tinha? Até esse momento todos os meus amigos estavam mortos, eu estou no mesmo esgoto onde todas as maiores cagadas ocorreram, sozinho, com frio, fome, sede, todo fudido e sem forças mentais e físicas para continuar. Perdido e sem rumo por aquele lugar. Não imaginei que em algum momento da minha vida eu pensaria tão seriamente sobre suicídio. Eu sabia que essa era uma opção horrível e muito ruim. Sabia que eu tinha que continuar acima de tudo, mesmo sem esperanças e sem equipamentos, suplementos e forças. Eu lembrei de todas às vezes que eu estava triste e meus amigos me deram apoio, me falaram que existiam pessoas em situações muito piores do que eu e que dariam tudo para ter a vida que eu tinha. Pessoas que haviam nascido sem braços, sem pernas, cegas, surdas, e mesmo assim eram felizes. Lembrei das vezes que eles me colocavam para cima, que me davam apoio e mensagens motivacionais que melhoravam em duzentos por cento meu dia. E essas lembranças foram essências para que eu criasse força de vontade para continuar. Foi difícil? Foi. Mas eu deveria continuar por eles. Já que quando a casa abandonada estava sendo invadida por zumbis, eles estavam dispostos a se sacrificar para que eu pudesse sair vivo, porque eles acreditavam que eu era o melhor entre eles, e que possivelmente eu poderia ser a solução para esse apocalipse. Com essa responsabilidade em minhas mãos, eu não poderia parar por ali. Não depois de ouvir isso deles. Independente de tudo, da dor, do sofrimento, da angústia, da tristeza, eu deveria me levantar, bater no peito e dizer:

— EU VOU CONTINUAR! EU VOU CONSEGUIR!

E foi isso que eu fiz. Chorando, triste, todo fudido e sem esperanças, eu me levantei com minhas últimas forças e falei para mim mesmo que eu não iria parar por ali. E assim foi.

11:30 AM

Eu passei as próximas quatro horas apenas tentando procurar um local para eu ficar. Qualquer lugar. Imaginei que não seria tão difícil, já que achamos um lugar para ficar quando estávamos aqui. Totalmente equipado com suplementos e até com camas. Mas eu estava errado.

Acho que foram as quatro horas mais difíceis da minha vida. Sério. Eu andei tanto que chegou uns momentos que eu simplesmente caia no chão totalmente morto e ficava por uns dez minutos lá parado. Mas aí eu sempre lembrava dos meus amigos. E me levantava, mesmo cansado. Foi difícil demais. Infelizmente nessas quatro horas não achei absolutamente porra nenhuma. Sério, foi uma desgraça. Eu fiquei andando por muito tempo. Muito TEMPO MESMO. 

No final, acabou que eu andei atoa, porque não cheguei a lugar nenhum. Depois de quatro horas andando eu não aguentei mais e cai no chão, morto. Estava completamente EXAUSTO. Suando de tanto andar. Eu estava tão cansado que meus olhos nem se abriam mais. Eu tentei de tudo, tentei me levantar para continuar, mas não consegui. Acabei por desmaiar alí mesmo. Eu estava me forçando além do que eu aguentava. E por isso não consegui mais continuar. 

13:00 PM

Adivinha? Sim. Eu acordo com uma dor de cabeça daquelas. Que "novidade". Bem, pulando essa parte, eu vi que estava em um local muito parecido com a casa abandonada que eu e meus amigos havíamos ficado, apenas parecida. Dava pra ver que não era ela. Eu estava deitado em cima de um colchão todo furado, rasgado, sujo e fedendo. Aquele lugar era deveras... Pequeno. Tinha meu colchão e mais outros três. Além de quê o lugar era totalmente construído com madeira velha, que parecia bem podre. Era possível perceber também em frente aos colchões, que se encontravam encostados na parede, ao lado da porta, alguns salgadinhos, doces, refrigerantes e pratos vazios de comida. Muito parecidos com os que tinham no refeitório. 

Eu ainda estava muito mal. A dor de cabeça estava me matando. Além disso, eu ainda estava extremamente exausto e todo fudido pelo corpo todo. Por isso, não consegui me levantar. Vi que eu estava sozinho naquele local, o que era... Bom? Eu já estava começando a questionar o por que caralhos sempre que eu desmaio eu acordo em um local totalmente diferente? Era bem bizarro.

Enfim, sem forças e todo fudido, acabei cochilando novamente, sem pensar e sem falar nada. Apenas voltei a dormir.

17:00 PM

Faziam alguns minutos que eu já havia me levantado. Com muito esforço, claro. Dei uma averiguada geral no local e não vi nada de novo. Por fora da casa só tinha mais água podre e esgoto sem fim. Então aquilo ainda era estranho. 

Eu pensei que provavelmente alguém deveria ter me achado, e levando em conta tudo que eu vi dentro da casa, eram três pessoas no total, sendo que elas tinham até que uns suplementos bons e pelo menos um lugarzinho pra ficar. Isso me deu esperanças, já que possivelmente levando isso em conta deveriam ter mais pessoas que também ficaram presas nesse esgoto, ou seja, fica mais fácil ainda para poder tentar sair. 

Eu fiquei pensando onde estavam as outras três pessoas que possivelmente ficavam ali. Imaginei que deveriam ter saído para procurar mais sobreviventes como eu. Então, fiquei sentado no colchão, com a mão na cabeça, já que aquela dor estava INSUPORTÁVEL. Era como se estivessem tacando cinco tijolos por segundo na sua cabeça, sem parar. Eu meio que já me acostumei, até porque não tem remédio pra isso aqui. Então eu teria que aguentar.

Depois de um tempo até que a dor foi passando. Eu peguei um Fofura e uma pequena barra de chocolate e fiquei deitado no colchão comendo. Acabou que enquanto eu estava comendo me vieram as boas lembranças de meus amigos. Dos tempos que nós comiamos escondidos na perua, como se estivéssemos com droga. Rapidamente as lágrimas desceram. Acompanhado de meu sorriso. Estava claro que eu demoraria para esquecer o que aconteceu com eles. Passamos tantos momentos bons juntos... Saber que tudo isso acabou e de um jeito bem trágico é de partir o coração. Fiquei sentado comendo e chorando, lembrando dos velhos tempos que infelizmente não voltariam mais. Foi muito difícil para mim aceitar que tudo aquilo acabou. 

Depois que terminei o restante do salgadinho fiquei sentado no colchão, ainda triste pelas lembranças dos meus amigos. Segurando minhas lágrimas. Eu consegui ouvir depois disso passos fora da casa. Fiquei um pouco aflito, pois poderiam ser qualquer um. Talvez alguém que fosse invadir aquele lugar, talvez outro homem misterioso que na verdade é um zumbi mutante gigante com mãos de faca, etc. Mas acho que a possibilidade mais válida era de que eram as três pessoas que ficavam ali. Estava bem cansado para me levantar e ir até a porta, por isso, fiquei apenas sentado no colchão esperando que eles entrassem, e claro, torcendo para que fossem as três pessoas.

— Então, se não achamos mais ele, é porque ou ele morreu ou conseguiu fugir daqui. — uma voz vinha do lado de fora da casa, enquanto a porta feita de madeira velha se abria.

— É, eu sei. Mas não podemos parar de procurar mesmo assim. 

— Ah, você acordou. — disse, uma pessoa que acabava de abrir a porta, junta com mais duas.

— Ah, oi! Que bom que está vivo!

— M-m-m-meu Deus... — falei, totalmente pálido e surpreso.

Mano, eu não acreditei no que eu vi. Eu fiquei totalmente travado. De todas as pessoas que poderiam ser foram logo as que mais poderiam me ajudar naquele momento. Se você não sabe do que eu estou falando provavelmente você vai lembrar agora: as pessoas eram Luís e João! SIM! ELES DOIS! ELES ESTAVAM VIVOS! E ME ACHARAM! 

— JOÃO! LUÍS! VOCÊS ESTÃO VIVOS! — gritei, com uma cara de felicidade gigante.

— É claro que estamos vivos, mané. — disse, Luís.

Cara, que sorte GIGANTESCA que eu tive! Os meus outros dois melhores amigos me acharam! Tipo, todo fudido, cansado, sem forças para me levantar. A sorte realmente estava do meu lado. E se você lembra bem, sabe que eles já me ajudaram uma vez no começo do apocalipse. Quando eu estava todos fudido após uma explosão causada pelo homem misterioso. Luis, um de meus vários melhores amigos, com sua cara mais "gordinha", olhos castanhos escuros, com a pele parda, e seu cabelo meio "palha", e João, com sua cara branquela e com algumas sardas, olhos verdes e seu cabelo loiro bagunçado. Não tinha como eu ter mais sorte do que isso.

Ah, além deles tinha obviamente uma terceira pessoa, que me chocou mais do que tudo. Mais do que quando eu vi Carol há algumas horas. Quando eu a vi eu fiquei ainda mais travado e pálido. Totalmente vermelho de vergonha pelo meu estado digamos... Deveras ruim. Se você está curioso para saber quem é era a pessoa mais maravilhosa, linda, carinhosa e divertida que eu já conheci. Mirella, a minha "crush" de exatos um ano atrás, quando eu estudava em uma outra escola, antes de me mudar para essa.

Mirella era incrivelmente linda, possuia seu cabelo marrom com sua franja rosa, que ia até seu ombro e ficava linda com ela. Sua pele branca acompanhada de lindos olhos castanhos claros, com leves sardas em suas bochechas que eram levemente rosadas. Ela possuia um nariz fino e levemente redondo, com sua boca pequena e charmosa. Ela também usava um pequeno brinco redondo em suas orelhas. Mirella usava o uniforme escolar completo de nossa escola. Com sua camiseta branca de manga curta e seu short azul escuro. Além disso ela usava um pequeno colar dourado em formato de estrela e duas pulseiras rosas em seu braço direito. Mirella foi a pessoa que eu mais gostei em minha vida inteira. Desde meus dois anos que fiquei na minha escola passada, antes de me mudar para essa.

Eu sei o que você deve estar pensando: "Ah, mas Guilherme, então você é um puta hipócrita! Porque você mesmo disse que a pessoa que você mais gostava era Carol! Então como agora você muda de opinião do nada?" Então, acontece que a pessoa que eu mais gostei em toda minha vida sem dúvida foi a Mirella. Mas é o que eu comentei em cima, eu mudei de escola há um ano atrás. Por que minha escola só iria até o quinto ano, e eu e ela estávamos no mesmo ano, mas em salas diferentes. Então, aconteceu de que eu acabei esquecendo dela, e partindo para outra. Mas a pessoa que eu mais gostei na minha vida inteira realmente foi Mirella. Naquele momento quando eu a vi, eu lembrei que Luís antes de tudo isso começar, havia dito para mim que Mirella iria estudar na nossa escola, e que tinha uma chance de cair na nossa sala, e provavelmente seu primeiro dia seria quando o apocalipse começou, por isso não vi ela todo esse tempo. Além de quê com tudo que estava rolando, eu esqueci completamente dessa informação que Luís me deu, por isso não questionei a ninguém sobre ela.

Foi possível ver a surpresa em meu olhar. Eu fiquei bem travado de ver que ela estava viva e na minha frente. Não sei se já comentei isso mas Mirella também gostava de mim. Mas como éramos de salas diferentes nunca chegamos a se falar. Eu sabia de sua personalidade porque eu tinha alguns amigos da sala dela que contavam como ela era acolhedora, carinhosa e divertida. Sempre dando bons conselhos para os outros. Bom, pelo menos era isso que me diziam.

Enfim, rapidamente minha cara de surpresa foi embora, já que minha cara de vergonha decidiu aparecer. Eu fiquei completamente vermelho quando eu a vi. Eu travei de um jeito tão grande que eu não consegui pronunciar sequer uma sílaba. Mirella era muito fofa e brincalhona. Ela dava leves risadas enquanto via meu estado de mané todo fudido envergonhado. 

Depois de um tempo, levantei do colchão e falei com eles. Perguntando obviamente como me acharam e como eles sobreviveram. E então, eles sentaram nos colchões e me contaram tudo.

18:00 PM

— Cara, então tipo há algum tempo atrás vocês realmente me acharam depois de uma explosão que ocorreu e estavam cuidando de mim com alguns equipamentos médicos que haviam na sala de educação física, o que explica porque eu acordei com alguns gessos e curativos. Aí, vocês tiveram que sair da sala onde estavam escondidos porque o Cícero estava atrás de vocês, e fugiram pela tubulação, mas não puderam me levar junto, e por sorte o Cícero não veio atrás de mim, mas acabou que achou vocês do mesmo jeito, então, vocês "brigaram" e acabaram caindo nesse esgoto. Onde tentaram fugir inúmeras vezes mas sem sucesso. Até que você acharam uma casa abandonada e decidiram ficar nela, e assim vocês saiam de vez em quando para procurar suplementos e sobreviventes, e consequentemente acharam a Mirella, que se mudou para a escola no dia que o apocalipse começou, e por causa de uma perseguição ela acabou ficando perdida no esgoto, e agora vocês três estão tentando reunir mais sobreviventes e suplementos para tentarem acharem uma saída desse lugar, para assim com tudo que reuniram irem enfrentar o Cícero de uma só vez e tentar fugir daqui. É isso? — falei.

— Sim, isso parece bem louco mas para o padrão apocalipse é só mais um dia. — respondeu, Luís.

— Espera... Eu lembro bem que uma vez nós achamos você, Luís. E você estava bem estranho, e tinha por algum motivo com você um walkie-talkie. Além de quando ocorreu a treta no corredor você aproveitou para fugir! Que merda foi aquela?! — disse, bem confuso.

— Calma, velho. Relaxa. Eu sei que parece meio estranho mas eu posso explicar. — disse, Luís.

— Não só pode como deve. — completei, meio bravo.

— Então, quando tudo isso começou eu e o João fomos tentar fugir da escola, mas acabamos sendo pegos pelo Cícero, que decidiu poupar nossas vidas, afim de nos fazer seus "ombro amigos". Então, o Cícero iria até a sala onde vocês estavam, para matar você e seus amigos. Mas aí eu convenci ele de deixar eu ir averiguar no seu lugar, e por sorte ele deixou. O meu plano seria trair o Cícero e ajudar vocês a fugirem junto com o João e eu. Eu levava aquele walkie-talkie comigo para comunicar com o Cícero a situação da sala, já que ele não confiava cem por cento em mim. Aí, quando rolou o tiroteio e eu decidi fugir para encontrar o João e conseguirmos sair daqui. Assim o Cícero não conseguiria nos achar.  E poderíamos voltar depois para ajudar vocês. Eu prefiri manter um personagem suspeito naquela hora para não entregar de cara meu plano. Porque provavelmente se eu dissesse que eu trabalhava para o Cícero você e o Matheus não iriam acreditar em mim. Por isso não falei nada e fiquei agindo estranho. No final todo meu plano era passar a perna no Cícero e tentar fugir. Mas infelizmente deu errado e ele descobriu e por isso estava atrás de nós. Tentamos fugir mas acabamos sendo pegos por ele. E tentamos lutar, mas obviamente deu errado e agora acabamos aqui. — respondeu, Luís.

— Meu Deus... Então no fim você só queria ajudar a gente... — falei.

— É... Mas tudo deu errado. — disse, Luís, cabisbaixo.

— Mas e você, Guilherme? Como veio para aqui? E cadê o resto dos seus amigos? — perguntou, João.

— Bem... É uma longa história. — falei, já ficando bem triste.

20:00 PM

— E depois disso, eu caí aqui nesse esgoto novamente e fiquei vagando por ele sem rumo. E dei muita sorte de vocês terem me achado. 

— Jesus Cristo... — disse, Mirella, colocando sua mão na boca, visivelmente assustada com a história.

— Cara, que treta em... — disse, João. Fazendo uma cara de tristeza.

— Puts, mano. Eu sinto muito por eles... — falou, Luís, com uma cara de tristeza.

— T-t-tudo bem... — falei, triste e me segurando para não chorar. — Pelo menos eu consegui sair vivo ainda.

— É... Mas eu tenho dó de você. — falou, Mirella, bem triste.

— Bem... Mas e aí? Vocês já rondaram o lugar todo? Pretendem juntar mais gente? — perguntei, ainda meio triste.

— Basicamente sim. Não achamos mais ninguém além de você. E pelo visto já conseguimos tudo que se dava pra achar aqui. Estamos com um plano de dar uma última olhada e depois já se preparar para fugir daqui. — respondeu, João.

— Sim. Vamos fazer isso amanhã de manhã. Eu te chamaria para ir junto mas acho melhor você ficar aí. Está bem mal e acho que isso não é bom para você. — falou, Luís.

— É. Você está certo. — respondi, triste.

Bom, ficamos ali conversando e comendo alguns doces. Contando histórias engraçadas e coisas doidas de aconteceram com nós nesse apocalipse. Depois de algumas horas, todos se posicionaram para dormir. Menos eu, que fiquei acordado junto com Mirella.

23:30 PM

— Deve estar sendo uma doideira tudo isso para você, né? — falei.

— É. E isso tudo começou justo no meu primeiro dia. Dá pra acreditar? — falou, Mirella.

— É. Parece que o azar estava do seu lado. — respondi, rindo.

Mirella e eu estávamos quase lado a lado. João e Luís dormiam nos colchões mais ao lado do porta. Enquanto Mirella e eu estávamos mais pertos da parede. Com eu ficando no último colchão, encostado na parede.

— Sabe...  Com tudo que vem acontecendo... Eu meio que já até me acostumei com esse apocalipse. É tanta coisa louca acontecendo a todo momento que você se acostuma rápido. Você tenta fugir, acaba em um esgoto. Um cara com capuz tenta te matar e rouba um de seus amigos. Você sobrevive mas luta com um zumbi mutante. Seu amigo perde o amor da vida dele que por acaso te salvou da morte. Vocês se separam de novo. Tentam outro plano de fuga e tudo se repete novamente. — falei, bem triste por lembrar de toda a desgraça.

— Olha... Eu sinto muito, de verdade. Eu imagino o quão difícil deve estar sendo tudo isso para você. — disse, Mirella, olhando com uma cara de pena para mim.

— Não precisa. Eu meio que já me acostumei a me dar mal na vida e só perder as pessoas que eu amo... Pessoas que... Estavam presentes ao meu lado... D-d-d-de todo jeito... N-n-n-n-n-n-na tristeza... N-n-n-n-n-n-na felicidade... E-e-e-e-e-e-e-e-em todos os m-m-m-m-m-m-momentos... Onde quer que seja... — nesse momento eu comecei a chorar. Não pude conter minha tristeza ao lembrar de meus amigos.

Mirella ficou muito triste ao ver que eu estava chorando. Ela colocou sua mão esquerda em cima da minha mão direita e disse:

— Ei... Não precisa ficar assim. Eu tô aqui por você. E relaxa, com nós aqui você nunca mais vai sofrer de novo. — disse, Mirella, sorrindo genuinamente.

— O-o-o-obrigado... — falei, enquanto limpava minhas lágrimas com minha mão direita e sorria de volta para Mirella.

Mirella continuou segurando minha mão e sorrindo para mim. Um pouco envergonhada, assim como eu. Parecia que o que haviam me contado sobre ela não era mentira. Ela realmente parecia uma pessoa muito carinhosa e doce. 

— Eu tenho fé que tudo vai dar certo para nós. Acho que a sorte deve estar começando a chegar. — disse, Mirella, sorrindo.

— Eu espero... — respondi, também sorrindo de volta.

— Sabe... É tão estranho estar falando com você agora... Porque a gente estudava junto há um tempo atrás mas nem se falava... — disse, Mirella. Rindo em um tom de brincadeira.

— É... Coincidências místicas do destino. — falei, sorrindo.

— É. — respondeu, Mirella, rindo bem de leve.

Mirella não soltava minha mão. E eu também não soltava a dela. Pela primeira vez em anos eu pude finalmente conversar com ela. Era um momento muito raro e mágico. Ela era tão bonita... Eu me perdia no seu olhar sempre... Era quase a mesma sensação de quando eu olhava para Carol. Mas sabe, meio que dez vezes diferente.

— É tão estranho que eu sempre quis conhecer e conversar com você. Mas nunca tive coragem o suficiente. E agora, eu estou aqui. Quem diria. — falei, rindo bem leve.

— Acabou de descrever o que eu sinto. — respondeu, Mirella, ficando bem vermelha.

Nessa hora eu fiquei bem envergonhado. Uau, quem diria que ela sentia o mesmo que eu. Era uma sintonia bem grande. 

Nós ficamos nos olhando e sorrindo um para o outro por mais alguns segundos. Até que Mirella quebrou o "gelo" e disse:

— Sabe, um dos pontos bons de tudo isso é que eu pude finalmente conhecer você. E pelo que me disseram acertaram completamente a sua personalidade. 

— Vai ser estranho se eu responder o mesmo? Você é exatamente como me falaram. Só que... Ao vivo você fica ainda mais charmosa. — falei, muito corado.

— Ah, para! — respondeu, Mirella, rindo e bem vermelha.

Cara, era tão estranho. Eu ficava completamente perdido nos olhos dela. Mirella era maravilhosa. E nesse tempo todo não soltou a minha mão. Ela realmente era quem parecia ser. Diferente de uma... Outra pessoa.

Nós continuamos conversando por mais algum tempo. Rindo e se divertindo. Até que Mirella bocejou e acabou pegando no sono, assim como eu. E por fim, dormimos. Mas antes, eu ainda disse:

— Fico muito feliz que eu tenha conhecido você. Ultimamente meus dias estão sendo tão ruins... 

— Digo o mesmo. — Mirella sorriu levemente para mim, deitada no colchão, assim como eu.

— Bom, não precisa me esperar amanhã. Até porque machucado desse jeito nem andar vou conseguir. — falei, rindo.

— Haha. Palhaço. — Mirella riu, bem de leve. Sorrindo para mim. Enquanto se virava de lado e dizia:

— Boa noite, Gui.

— B-b-b-b-boa noite... — respondi.

Espera... Gui? A gente só está conversando há algumas horas e ela já está me chamando por apelido? Uau. Nem eu vi que já estávamos com todo esse nível de intimidade. Eu fiquei bastante surpreso, mas bem feliz por ouvir esse apelido carinhoso da pessoa que eu mais gostei na minha vida. Um detalhe é que bem... Eu ainda gosto muito dela. É... Espero não ter meu coração partido novamente. 

Continua...



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