História L3ddy - Luba e Teddy - CellBit e Felps - Cinco Mensagens

CELLBIT 

CellBit acordou no outro dia se sentindo mais cansando do que quando tinha ido dormir. Tinha programado editar um vídeo em que jogava jogos de dentista, mas não encontrou ânimo. Na sua casa as pessoas questionaram a foto, a internet só falava daquilo e era como se ele tivesse saído do armário, sem ter estado de fato nele. É claro, tinha certo interesses em algumas coisas, as quais jamais admitiria em voz alta, mas ser gay era outra coisa. Era gostar de fato de alguém do outro sexo.  A única pessoa do outro sexo que ele achava que poderia gostar era Felps. Ou já gostava dele? 

Pensar no amigo fez ele checar o WhatsApp. Nada. Sem mensagens, apesar de Felps ter visualizado a última mensagem na noite anterior. Ficou pensativo. Se a montagem tinha feito Felps ficar com raiva, aquela foto com Luba teria piorado as coisas. Suspirou e começou a editar.  

FELPS 

Dez horas da manhã. 

Felps releu a última mensagem de CellBit no WhatsApp e continuou firme na decisão de ignorá-lo. Não era preconceituoso, longe disso, mas de uma forma ou de outra sentia-se... excluído. Não parava de se perguntar o motivo de CellBit ter beijado Luba daquela forma. Imaginou o que deveriam estar falando naquela noite, para ter acontecido. Não era um selinho, igual CellBit dera no Muca, não. Dava para sentir. Os dois tinham de fato ficado. 

Foi nessa hora, enquanto estava perdido em pensamentos, que seu celular tocou. Atendeu sem prestar atenção no número e se arrependeu.  

— Oi, Felps — disse uma voz feminina, logo após deu uma risadinha afetada. 

— Oi — ele respondeu, meio desconfiado. — Quem tá falando? 

— Ah, não adianta falar meu nome, você não me conhece. 

Pronto, pensou Felps, meu número de telefone também foi divulgado. 

— Mas não se assuste, eu sou uma fã — mais uma risadinha. — Não dessas idiotas, não... Eu sou melhor. 

Algo naquela voz fez Felps engolir em seco. 

— É você — ele disse depois de uns segundos de silêncio. Não sabia como tinha chegado naquela conclusão, mas tinha certeza: era ela quem estava por trás daquela conta no Twitter e em todas os problemas do dia anterior. 

— Talvez. Mas eu não liguei para discutir quem sou. Liguei porque eu sei que você não gostou nem um pouco da foto que Luba postou ontem. 

Como ela sabe? 

— Qual é o seu nome? — Felps insistiu. Ia precisar disso, precisavam achar essa garota. 

— Isso não interessa — ela disse, com a voz um tanto alterada. — Eu só preciso que você me faça um favorzinho e, juro, não voltarei a te incomodar... você não é o alvo. 

Felps sentiu-se aliviado mas ao mesmo tempo irritado. 

— Escuta aqui — ele disse. — Eu não sei quem você é, ou o que você pretende fazer, mas você não tem nada melhor da vida pra fazer?  

Ela respondeu com uma risadinha, e Felps desligou. Cinco mensagens chegaram em seguida, cada um de um número diferente: 

Vc n deveria ter feito isso. 

Cellps is real. 

Assume. 

Luba é a vadia do youtube. 

Volte a conversar com CellBit. Agora. 

Felps ficou assustado. Mas fez exatamente o que a mensagem ordenava: ligou para CellBit. 

— Então é uma menina — disse CellBit depois que Felps disse exatamente o que tinha acontecido. 

— Sim — não queria soar frio, mas era isso que sua voz deixava transparecer.  

— E ela mandou você voltar a conversar comigo? 

— Sim. 

— Pelo menos isso. 

Felps suspirou. 

— Cê quer falar alguma coisa? — Cellbit perguntou.  

— Não... melhor não. 

— Tem certeza? Temos que decidir... 

— Outra hora, CellBit. Eu tô meio estressado. 

— Tudo bem... sem problema.  

Ficaram sem falar por alguns instantes. Felps não queria desligar. Ficou ouvindo a respiração do amigo.  

— Então... — CellBit disse. 

— Então... 

— Sobre a foto... 

— Eu não quero falar sobre isso. 

— Ok — CellBit estava ficando impaciente, Felps podia jurar. — Só queria falar que não é o que parece. 

— Tanto faz — mas por dentro estava com ódio. Sabia que era muito mais do que parecia ser. 

— Eu não vou tentar explicar de novo. Eu... ah, cara, vou falar de uma vez.  

— Fala — Felps olhou pro chão. 

— Eu gosto de você. 

A linha ficou muda em seguida e Felps teve de lidar com aquilo sozinho no quarto.