(caderas blancas - mon laferte)
Abro os olhos tentando me acostumar com a claridade da manhã e associar onde estou, olho em volta sem lembrar de nada depois que Álvaro me mandou entrar no chalé.
Estou em uma cama de casal, porém não tão grande quanto a que costumo dormir na casa dele, com um grosso cobertor por cima. Meus cabelos estão penteados, por incrível que pareça, após uma noite de sono e estou usando uma longa camiseta de cor azul marinho, com o cheiro de Álvaro. Por Deus! Como senti falta daquele aroma.
Sento-me, sentindo minha cabeça latejar e a boca seca por conta da ressaca, passo as mãos em meus fios cor de mel tentando me lembrar da noite passada, mas depois da briga tudo era apenas um borrão para mim.
Não sabia se tínhamos nos entendido e transado loucamente, ou se eu havia batido nele até pegar no sono, pois com a raiva que eu estava a segunda opção tinha uma probabilidade altíssima de ter acontecido. E com toda certeza, ele jamais ousaria tocar em meu corpo com segundas intenções vendo o estado de embriaguez que eu me encontrava.
Levanto e vou até a aconchegante cozinha, sinto o maravilhoso cheiro de seu café, porém não tão bem recebido assim pelo meu estômago embrulhado. Encontro Álvaro lavando a louça, está com o peitoral nu usando somente uma calça de moletom, porém não a mesma da noite anterior, uma cinza desta vez.
Aprecio a visão dos deuses, seus bíceps e tríceps se movendo a cada movimento e os cabelos completamente bagunçados, no entanto não deixo de estranhar o fato dele estar lavando louça pela manhã. Ótimo, tenho em mente uma lista de coisas estranhas minhas e de Álvaro, primeiro que dificilmente eu lavo os cabelos à noite, a não ser que uma exceção faça valer à pena, muito menos pentear.
Segundo, que Álvaro nunca, em hipótese alguma deixa a louça na pia antes de dormir. Me aproximo dele, que me encara e sorri fraco.
— Estás de ressaca. Quer um remédio?
Me sento no banco alto em frente a bancada na ilha da cozinha.
Nossos olhos não se encontram, me sinto tão envergonhada de ter lhe dito aquelas palavras tão rudes e de minhas atitudes tão frias. Aquilo não combinava comigo.
— Eu estou bem, na verdade só queria que você me contasse o que aconteceu ontem. — o encaro, dessa vez nossos olhos se encontram.
— Bom, você apareceu de madrugada aqui, bêbada e começou a me chamar de... — começa.
— Essa parte eu lembro, tudo virou um borrão para mim depois que você não me deixou ir embora e me mandou ficar. — o interrompo.
— Eu coloquei você aqui pra dentro e te fiz um lanche. Pouco tempo depois, você vomitou tudo em mim, um pouco também aqui no chão da cozinha.
Arregalo os olhos enquanto ele me explica com um semblante sério.
— Acredito que seja pelo fato de ter viajado uma hora e meia. Bêbada. — seus lábios formaram uma linha fina — Você vomitou até em si mesma, então tive que te dar um banho, e nisso você dormiu no chuveiro, o que na verdade não me ajudou muito.
Levo minhas mãos à testa e praguejo mentalmente que nunca mais beberia em toda a minha vida.
— Você cheirava a tequila barata. Deve ter esquecido o quanto odeia tequila pura. — deu um sorriso sarcástico — Imagino que não lembrou de se hidratar enquanto bebia, tens que tomar mais cuidado. — respiro pesadamente envergonhada daquela situação.
Álvaro permanecia sério, mas em momento algum deixou de lado a doçura ao dirigir as palavras à mim, mesmo por tudo que lhe fiz passar ontem.
— Ah, e vomitou no seu cabelo também, na verdade nem sei como conseguiu, então por isso eu tive que lavá-lo. Coloquei uma camisa minha em você porque suas roupas estavam sujas, mas não se preocupe, já as coloquei na máquina e na secadora, inclusive acho que estão secas. — aponta para a secadora de roupas na área de serviço.
Eu realmente não acreditava que fui tentar me declarar e acabei com toda a noite, não sendo o bastante lhe dizer aquelas coisas horríveis, tive que dar esse trabalho todo. Álvaro se aproxima de mim colocando diversas opções de café da manhã na bancada, como alguns tipos de pães, frios, biscoitos, iogurtes e ao lado uma xícara do café preto.
Passeio meu olhar por tudo aquilo sentindo meu estômago roncar — apesar do embrulho — ele senta ao meu lado em um dos bancos e me encara, seu semblante é difícil de adivinhar, sem saber muito como agir, começo a comer alguns biscoitos e pães com meu café forte. Acho que a última refeição que fiz sem ser aquela que vomitei, havia sido no almoço do dia anterior, e minha fome não passou despercebida por Álvaro, pois ele me olhava atentamente com as sobrancelhas arqueadas e decide quebrar o silêncio do ambiente.
— Itzi... — começa segurando o riso.
— Hum? — pergunto com a boca cheia sem tirar os olhos do prato.
— Parece que fazia tempo que não comia, sim? — fala ironicamente com um sorriso divertido nos lábios.
Notando que a situação se tornou um tanto quanto cômica, sinto meu rosto corar de vergonha. Percebendo que o clima havia ficado menos tenso e mais leve, termino de mastigar para enfim engolir a comida e falar alguma coisa.
— Então você cuidou de mim? — pergunto finalizando a refeição e lhe fitando.
— Sim… por quê não faria? — ele dá de ombros.
Cierra la puerta, ven siéntate cerca
Toma mi mano
Mejor ya no hablar del pasado
Coloco uma de minhas mãos em cima de uma das suas na bancada. Ele me acaricia com o polegar, fito nossas mãos juntas e volto o meu olhar para o seu.
— Álvaro, o que eu queria te dizer de verdade ontem é que... — tento falar, porém ele interrompe.
— Itzi, está tudo bem. Não precisa fazer isso, nem precisamos falar mais sobre.
Seguro seu rosto entre as mãos como se fosse para ele não fugir, e de certa forma era.
— Tudo que falei ontem é verdade. — ele arqueia as sobrancelhas — Não a parte que te chamei de diversas coisas, mas a outra. — me olha atentamente esperando eu prosseguir — Há alguns meses eu saí de um relacionamento de anos, porém frio, que acabou caindo na rotina. E os anteriores foram repletos de cobranças e ciúmes, o que me fez ter pavor de voltar a ter algo sério com alguém.
Respiro pesadamente olhando em volta como se procurasse as palavras certas para me expressar.
— E nos últimos meses voltei a ter um sentimento forte, algo que não sentia há muitos anos, que para falar a verdade nem sei se já senti isso antes. Álvaro, quando tive noção de tudo isso que estou sentindo por ti, simplesmente travei, e quando você se declarou pra mim naquela noite do meu aniversário, lembrei de tudo que já havia passado e entrei em pânico. Não queria que tudo desse errado com você também, — assisto seus olhos marejarem — mas eu fui covarde, e ontem enchi a cara quando pensei na hipótese das nossas sessões de filme acabarem, não só isso, mas de não te ter mais aqui comigo e... — sou interrompida por seus lábios tocando os meus, dando início a um beijo caloroso.
Suave. Molhado. Cheio de afeto.
Quando o ar se faz necessário, nos afastamos brevemente e Álvaro fala rapidamente.
Si no lo sabes tú, te lo digo yo
Que la vida ahora se siente perfecta
Toda su esencia completa
Recuerda poemas
— Não precisa falar mais nada, Itzi. — voltamos a nos beijar, mas sinto a necessidade de me expressar.
— Precisa sim. — finalizo o beijo com um selinho — A verdade é que eu estou perdidamente apaixonada por você, Álvaro Antônio. Não consigo mais dormir sem teu cheiro, não consigo parar de pensar em você, de querer te ver, de ter você, sabe? — sorrimos abertamente.
— Não haverá cobranças, Itzi. Não vou te forçar a nada. Nunca. Eu amo você do jeitinho que é.
Coloca uma mecha do meu cabelo para trás da orelha ao falar e sinto que havia saído uma tonelada de minhas costas ao ouvir aquelas palavras.
Sé que lo entiendes al mirarme de frente
Sé que no soy la única
Que esta sentiendo esto
Todo va y viene, amor
— Não gosto de casamentos, não sou fã de alianças e muito menos de ter filhos. Acho que o máximo que eu aceito é ter animais de estimação. — ele sorri e percebo que estava tudo bem.
— Eu nunca vou querer te mudar, eu amo o fato de você ser livre. E sim, eu adoraria ter muitos animais de estimação com você, senhorita Ituño.
Meu sorriso é tão grande ao ouvir aquelas palavras que mal cabe no rosto.
— Então quer dizer que estamos namorando? — indaga ele curioso e animado ao mesmo tempo.
Que bonito se siente esta turbulência
Llegaste, amante divino, como una tormenta
— Se você prometer que não vai mais fugir e se enfiar nesse fim de mundo sem me avisar. — sorrimos — E que não vai falar coisas sérias em momentos sérios. — me olha confuso.
— Como assim? — pergunta com uma ruga na testa.
— Bom, vamos supor que você decide me dar uma cópia das chaves da sua casa. Eu não quero que faça isso em um jantar mega romântico ou coisas do tipo. Faça isso durante o café da manhã enquanto me passa as torradas, entende? Como se fosse algo normal. — ele solta uma gargalhada.
— Eu amo esse seu jeito maluco. — se aproxima e voltamos a nos beijar.
Lento. Prazeroso. Afável.
— Me desculpa por ter falado aquelas coisas de você ontem, e sei que passou por um casamento difícil. Imagino que possa ter sido complicado tomar essa decisão de ter uma nova mulher na sua vida... — coloca o indicador sobre meus lábios.
— Pare de falar, Itzi. Estás me impedindo de beijar você. — sorrio envergonhada e damos início a um novo beijo.
Intenso. Apressado. Urgente.
Álvaro levanta e me senta naquela bancada à nossa frente, afastando as coisas que ali estavam, nossas línguas se entrelaçam de forma quente e rápida, minhas mãos seguram seus cabelos negros os puxando com vontade.
Toma mis caderas blancas
Toma lo que quieres
Ya no hay nada que perder
Sinto seu membro pulsar em minha coxa, ele arranca com pressa a camisa do meu corpo e suga meus seios com volúpia, agradeço aos céus por estar sem sutiã, provavelmente eu havia vomitado nesta peça também na noite anterior.
Desço o cós de sua calça juntamente com a boxer, envolvo seu membro em minha mão e começo a lhe estimular, a cozinha é preenchida pelo som de nossos gemidos e dos suspiros. Ele distribui diversos chupões e mordidas por toda a extensão do meu ombro, pescoço e seios, retira minha calcinha com uma certa pressa e cravo minhas unhas em seus ombros, abraçando seu tronco com minhas pernas lhe puxando para cada vez mais perto. Não há nada a perder.
— Prontinha pra mim, como sempre. — fala ao começar a me estimular com dois dedos.
— Preciso de você dentro de mim. Agora. — peço sentindo minha voz falhar, o prazer de tê-lo me estimulando já tomou conta de mim.
Sem rodeios, o homem me penetra fazendo com que meu gemido ecoe extremamente alto por todo o ambiente, segundos depois começa a se movimentar dentro de mim exatamente do jeito que eu gosto. Forte. Bruto. Puxando meu cabelo pela raíz, fazendo com que aquela dor se torne prazer. Minhas paredes se contraem involuntariamente várias vezes, fazendo-o gemer rouco.
Sacúdame los besos
Despéiname el espacio
Quiero perderme en el canela de tu piel
Nossos cabelos bagunçados. Ambos os lábios entreabertos à procura de fôlego. As pupilas dilatadas. O suor já escorrendo pelas curvas de nossos corpos. Apenas mais algumas estocadas fundas para me fazer revirar os olhos, sentir minhas pernas tremerem e eu ter alguns espasmos. Meu gemido sai em forma de grito, o orgasmo toma conta dos nossos corpos e gozo junto com ele, afundando minhas unhas em suas costas.
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