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História La Revenge - Meu coração é o canto da insatisfação


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 37 - Meu coração é o canto da insatisfação



“Meu coração é o canto da insatisfação”
Edsj

No quarto do Cebola, Irene estava sentada numa cadeira ouvindo o rapaz que andava de um lado para outro falando sem parar.

- Entende o que eu quero dizer? Acho que você podia ter um pouco mais de atitude, ser mais independente e decidida.
- Mas a Mônica era assim e você não gostava!
- A Mônica era diferente. Ela era mandona, teimosa e controladora. Isso eu não quero mesmo. Mas uma garota muito sensível e dependente também não dá, é difícil pra mim ser seu herói o tempo inteiro.

À medida que ele falava, Irene foi sentindo cada vez mais vontade de atirar a cadeira na cabeça dele. Que sujeito mais folgado! Nada estava bom para ele!

Se pudesse, terminaria o namoro ali mesmo. Apesar de gostar do rapaz, ela não o amava. Então por que tinha que agüentar aqueles desaforos? Por que só ela tinha que mudar enquanto ele não fazia nada?

- Quer dizer que você não me aceita como eu sou? É por isso que quer me mudar? – ela não agüentou e acabou perguntando de cara fechada.
- Não é isso, eu adoro o seu jeito! Só acho que é sempre bom melhorar pra quem gostamos, não acha?
- E você vai melhorar pra mim?
- Peraí, mas eu não tenho nada pra melhorar!
- Acha mesmo? Jura? Mas você é folgado que chega, heim? Tem espelho nessa casa não, é?
- Ô, não levanta a voz pra mim! Eu terminei com a Mônica exatamente por causa disso!
- Eu levanto a voz quando eu quiser, você não manda em mim!
- Agora deu pra se rebelar, heim?
- Ué, você não me queria mais independente e com atitude. Então tá!
- Mas não assim, não discordando de tudo o que eu falo!
- Você é confuso demais, sabia? Nem sabe o que quer e fica me enchendo com essas cobranças. Quer saber? Vou passear no shoppong que é muito melhor do que ficar ouvindo esses desaforos.
- Se sair desse quarto, tá tudo acabado entre nós!
- Ah, vai pentear macaco então! – ela falou antes de sair dali pisando duro, deixando Cebola furioso da vida.

Certo, aquilo estava virando uma loucura. Ele não gostava da Irene submissa, mas também não gostava dela com personalidade forte. E pelo visto, um meio termo também não ia servir para ele. Nada ia servir.

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- Ah, por que vocês não querem fazer uma festa do pijama lá em casa? – Carmem perguntou. - Já está tudo limpinho e cheiroso, não precisam ter medo!
(Marina) – Não é isso, Carmem. É que... sei lá, não ando com muita disposição para isso.
(Maria) – Festas do pijama sempre tem esse monte de besteiras e vocês sabem como eu estou enorme!
(Cascuda) – Eu tenho que ajudar o Cascão a tirar algumas dúvidas em matemática.
(Isa) – E eu tenho algumas coisas para colocar em dia...

Cada uma foi dando uma desculpa diferente e no fim ninguém queria ir a festa. Na casa do Cascão, os rapazes jogavam videogame tentando esquecer os problemas do bairro.

- E o Cebola? cadê ele? – Tikara perguntou enquanto atirava nos zumbis.
- Tá de papo com a Irene. Parece que ele quer mudar ela pra não sei o quê. Eu não entendo o que se passa na cabeça dele.
- Ele quer que ela seja mais decidida e independente. – Xaveco esclareceu. – Um pouco mais... Mônica.
(Luca) - Aff! Aquele ali nunca tá satisfeito com nada, credo! Reclamava da Mônica, agora tá de mimimi com a Irene...
(Titi) – Se eu namorasse uma gatinha daquela, não ia reclamar de nada! Esse Cebola é muito chato mesmo!

Eles voltaram a se concentrar no jogo quando um estrondo ecoou no ar, fazendo com que Cascão pulasse de susto e encolhesse todo. Pouco depois, uma forte chuva começou a cair lá fora.

- Argh! Que horror! – Ele falou roendo as unhas.
(Xaveco) - Ah, sossega! É só uma chuvinha de nada!
(Cascão) – Chuvinha de nada? Olha o toró que tá caindo lá fora!

Jeremias foi olhar pela janela e estranhou aquela chuva tão forte e repentina.

- Cara, essa chuva é meio estranha mesmo. Quando a gente chegou, o céu estava todo limpo e agora tá chovendo canivete!
(Cascão) - Canivete? Tá chovendo serra elétrica, isso sim! Que pesadelo!

Tão repentinamente quando chegou, a chuva parou num segundo para outro deixando todos confusos e Cascão aliviado.

- Hum? Mensagem do Cebola? – Xaveco murmurou ao ver o SMS do Cebola lhe chamando com urgência. Pelo visto, alguma coisa deve ter dado errado na sua conversa com a Irene.
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- Então? Funcionou?
- Mais ou menos, precisa de ajustes. Muitos ajustes.
- Não era para chover?
- Era para ser chuva com ventos fortes. Choveu, mas não ventou como eu queria. Parece que a máquina só consegue fazer uma coisa de cada vez e não é o que eu preciso.

Feio pegou um papel e fez uma lista de coisas que Agnes deveria roubar para ele. Pelo menos o primeiro teste tinha dado em alguma coisa, faltando apenas fazer os ajustes necessários.

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Mais tarde naquele dia, Xaveco estava no quarto do Cebola ouvindo o amigo que falava e falava sem parar. A conversa que ele teve com a Irene para tentar resolver as coisas tinha sido um fiasco e ele não sabia mais o que fazer, por isso chamou o amigo para que lhe desse uma luz.

- Ai, fala sério! Tá reclamando de quê agora? – Xaveco perguntou após ouvir as queixas do Cebola.
- Você não ouviu nada do que falei?
- Ouvi, só que não entendi nada! Cara, você tá confuso demais! Se a Irene faz assim você reclama, se faz assado você reclama do mesmo jeito! Parece que nada do que ela faz tá bom pra você! Qual é o seu problema?
- Eu não tenho problema, ela é que tem!

Xaveco balançou a cabeça negativamente e falou.

- Você sempre acha que o problema é só com os outros, não é? Na boa, eu não vejo problema nenhum com a Irene. Se ela quisesse namorar comigo, eu topava na hora e tem muito cara por aí que não ia dispensar ela de jeito nenhum!
- Ei, ela ainda é minha namorada, esqueceu?
- Uma namorada que você não tá dando valor.
- Mas ela não faz as coisas do jeito que eu quero...
- Na boa? Você vivia reclamando da Mônica por ela ser mandona, mas tá fazendo a mesma coisa com a Irene!
- Não tô não, olha lá!
- Ah, qualé? Você vive dizendo como a Irene deve se vestir, se comportar, o que deve ou não falar e controla até o que ela come e as musicas que ouve! Nem a Mônica fazia isso! Você tá pior do que ela porque mesmo a Irene fazendo tudo direitinho, você ainda reclama!

Foi como se a ficha tivesse caído de repente e Cebola ficou em choque ao ver que estava fazendo tudo aquilo que criticava na Mônica.

- Eu... eu não sei o que fazer! Tô muito confuso!
- Tá confuso porque fica toda hora tentando transformar a Irene ou na Mônica, ou na Hortência. Você não sabe o que quer e fica aí perdido que nem cego em tiroteio.
- O que eu faço? Quando a gente começou a namorar, tudo era muito bom e eu não via problema nenhum! O que mudou?
- O que você tinha pela Irene era uma paixonite que passou. Agora que você não tá mais apaixonado, fica tentando mudar ela de todo jeito para ver se compensa esse sentimento que acabou.
- E como eu faço pra esse sentimento voltar?
- Nada. Paixão é coisa passageira. Você não a ama e não sente nada por ela. Por que não a deixa em paz? Ela merece alguém que a ame de verdade.
- Aí eu vou ficar sem namorada?
- Você não tá preparado pra namorar ninguém, cara. Essa é a verdade. Enquanto não resolver suas neuras e colocar as idéias no lugar, não vai conseguir ficar com ninguém porque garota nenhuma vai dar certo com você.

Xaveco foi embora, deixando-o sozinho no seu quarto. Numa coisa seu amigo estava certo: ele não amava Irene, nunca amou. Era apenas uma fascinação que passou e sem nenhum sentimento sólido, o relacionamento começou a desmoronar. Não havia nada que nem ele, nem ela podiam fazer para mudar isso.

Ainda assim ele sentiu um vazio dentro de si, um aperto no coração que ele tentava ignorar, mas estava ficando cada vez mais forte.

 



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