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História La sociére démon - Quarto Capítulo: Eclipse - Parte Um


Escrita por: MissLuxury e twohope

Capítulo 4 - Quarto Capítulo: Eclipse - Parte Um


[...] - nem só o Sol arde. O inferno também.

🍁

Onde será que enfiei este troço? — perguntava-se Alice enquanto remexia sua bolsa de cabeça para baixo. 

Ela guardava muitas coisas em sua mochila, dentre elas vários livros grandes sobre assuntos variados - histórias, contos, lendas, e até mesmo estudos sobre biologia, pois ela amava este tipo de conteúdo. Seu caderno tecnicamente eram um amontoado de folhas, pois ela não fazia lição e sim anotações; segundo ela, anotações ajudava sua memória e a tornava mais inteligente - e isso era verdade, pois ela tinha um vasto conhecimento sobre muitas coisas, e sua matéria favorita era história.

— Achei você, pestinha! Andou se escondendo? Que feio! — sorriu para o livro sorrateiro que estava escondido atrás de sua pasta que possuíam uma coletânea de seus desenhos de escola. Ela amava desenhar. 

A capa daquele livro era uma divisão entre o Sol de um lado e a Lua do outro. O Sol parecia ser desenhado por um lápis que, literalmente, era de ouro. Suas bordas estéticas eram algo parecido com a palavra "celestial", pois os mínimos detalhes envolta do Sol desenhado o deixavam tão brilhante e centralizado que era impossível não perceber.

A Lua parecia ter sido por um lápis prateado, pois seu brilho conseguia ser até mesmo mais forte que o brilho dourado do Sol. Seus acabamentos cintilantes não deixavam que ela ficasse menos chamativa que o Sol, e para falar a verdade, sua beleza singular encantava quem olhasse.

O resto era marrom pois a capa era de couro puro, atribuindo ao couro do livro um cheiro forte de poeira e madeira - além do mais, ele era velho também.

As páginas eram amarelas pela velhice, mas nada estrondoso. As letras em negrito eram legíveis mesmo naquele estado que a folha se encontrava. Alice sentia que tinha sorte de ainda conseguir ler o livro; por conveniência, ele estava intacto em suas folhas amareladas. 

Em algumas páginas possuía desenhos de acontecimentos narrados pelo o que o livro contava, e em cima das imagens havia sempre descrições sobre o que estava sendo retratado. Na capa do livro não tinha título, logo Alice denominou o livro pelo primeiro título que aparecia sobre nenhuma imagem, logo na primeira página totalmente em branco, destacando o título que estava bem no centro dela.

O nome do livro era “Eclipse - Volume 1”. 

Alice jura por tudo que é mais sagrado que revirou a biblioteca inteira a procura de algum outro volume, mas nada encontrou. Pois, se havia o "volume 1", com certeza haveria o dois, o três, ou até mais. Mas nada encontrou.

Tudo o que encontrou foram livros destroçados e velhos, mas ela recolheu os que estavam em bom estado e os guardou em um lugar seguro dentro da biblioteca. Um dia ela voltará lá para pegar, pois alguns deles tratam de demonologia e feitiços - um conteúdo novo que ela nunca teve acesso, e estava curiosa para saber o que era.

— Melhor eu voltar para Yoongi. Daqui a pouco ele faz xixi nas calças com medo do escuro. — sorrindo arteira, ela segurou firme o livro enquanto corria até o quarto do garoto. 

Passou pela sala de estar onde Jeffrey descansava seus olhos em frente a lareira. Ela sorriu, desejando um silencioso boa noite.

— Voltei! Sentiu minha falta? — com o livro nas mãos, ela caminhou até a cama. — O que aconteceu? Você está mais pálido que o normal. — ao chegar bem perto, notou que o menino estava fora da tenda, em pé, segurando algo em suas mãos. — O que é isso? 

— E-eu achei aqui... — apontou pro chão, ainda olhando para o colar. — Olha só. — mostrou. — É uma Lua Minguante. 

— Nossa... — ela olhou, mas sua curiosidade não parece ter acendido tanto. — Que coisa mais... estranha. Bom, eu trouxe o livro. — o estendeu para Yoongi que logo o pegou, e então, os dois voltaram para dentro da tenda de edredom. 

Após ligar o abajur, Yoongi colocou o pingente envolta de seu pescoço e o guardou dentro de sua camisa, o protegendo. Alice pegou o livro e abriu na primeira página, começando a explicar o que continha em suas páginas. 

— Este livro é incrível. Conta sobre a história do fundador dessa cidade e como ela se tornou o que é hoje. — explicava. — Sabe o que é engraçado? Ninguém conhece o fundador da cidade. Ou são todos desinformados, ou escondem alguma coisa. 

— O que quer dizer? — Yoongi questionou enquanto Alice lhe passava o livro para ele folhear.

— Quer dizer que estamos sendo enganados. — disse como se fosse óbvio. — O prefeito da nossa cidade, o Padre da Igreja Alvorada Sagrada, dizem que ele que fundou a cidade. Mas, neste livro, diz que a cidade não tem data de fundação. Diz que ela está parada no tempo.

— E?... — ainda sem entender, Yoongi murmurou. 

— E... que nós estamos sendo enganados. — Alice bufou. — Alguém que está neste livro nos colocou nisso, e por algum motivo estamos sendo castigados.

— E quem está nesse livro? — Yoongi virou a página do título, dando de cara com um retrato pintado de uma mulher de pele escura.

—  Kaila, a primeira bruxa.

[...] - segredos matam mais que mentiras.

Primeira bruxa? — Yoongi olhou torto. — Alice, acho que você comeu alguns cogumelos da floresta. Normalmente eles são bem alucinógenos. Eu já vi alguns esquilos comendo aquilo, e eles ficam bem doidos. — Yoongi fechou o livro, o colocando de lado. Alice o pegou, revirando o olho com as palavras do menino. 

— Yoongi, isso é sério. — ela estava tão séria que o menino parou de brincar e rir. O olhar dela era de convicção. — Você precisa acreditar em mim.

— Eu... — pensando e repensando, Yoongi se encontrava pensativo. Não custava nada tentar acreditar, aliás, pode ser que há coisas naquela cidade que finalmente serão explicadas. — eu acredito. — Alice respirou fundo. Estava aliviada.

— Vamos começar do início?... — Alice abriu o livro na segunda página, visualizando a imagem de uma mulher negra coberta por pérolas e jóias. Sua feição era serena e de compaixão.

A Nova Era 

“Nos primórdios da humanidade, os humanos olhavam para o Sol e para a Lua dentro de suas cavernas enquanto teciam peles de animais. Nossos ancestrais naquela época, aqueles que caçavam com pedras e lanças de madeira, se perguntavam o porquê do brilho do Sol ser tão forte, e o brilho da Lua refleti-lo para que a escuridão não tomasse conta do nosso mundo.

Com o tempo, perceberam que o brilho do Sol não era mais nada que a luz da justiça pairando sobre a terra, e o brilho da Lua era o amor que jamais permitiria a escuridão de conquistar o solo sagrado iluminado pelo Sol. Inconscientemente, nós, humanos, criamos um vínculo forte com o Sol e a Lua. Um laço forte que ligava os corações dos fiéis da Alvorada e as Bruxas da Noite. Naquela época, nós vivíamos em paz.”

— Dois povos? — Alice confirmou. — Deixa eu ver. — Yoongi se aproximou do livro e analisou a imagem a qual o texto se referia, junto a elas, o título.

A Grande Descoberta

Foi quando os antigos começaram a sair de suas cavernas para adorar ao Sol e a Lua. Houve separação: homens adoravam o Sol e as mulheres a Lua, mas nenhum deles faziam oposições entre si ou divergências, ambos permaneciam em harmonia.

“Nossos ancestrais viveram em paz durante séculos. Centenas e centenas de séculos. Pois, assim como o Sol e a Lua eram distantes, uma vez a cada quinhentos anos havia o encontro dessas duas forças místicas que era chamada de Eclipse.

O Eclipse significava a união entre os Alvoradas, a tribo do homens justiceiros, e as Bruxas da Noite, a tribo das mulheres protetoras. Era uma época de festas e de amor; os Alvoradas eram constituídos por homens fortes e grandiosos, dispostos a proteger suas tradições e o legado que seu povo deixava para trás; as Bruxas da Noite eram constituídas por mulheres altruístas e independentes, dispostas a proteger o amor e o poder da vida que possuíam e que também ganharam de presente da Lua.

Havia individualidade entre essas duas culturas, mas o amor entre eles era único, sem distinção e preconceito.

Nas tradições, quando havia o Eclipse Solar os homens cultuavam amor entre si para celebrar o poder que o Sol lhes deram. Este amor cultuado era livre de mulheres, assim como no Eclipse Lunar o amor cultuado entre as Bruxas eram apenas entre elas, longe dos Alvoradas.”

— Que cultura estranha... mas legal. — Yoongi comentou um pouco fascinado. Aquela história que Alice lhe contava estava prendendo sua atenção de formas inimagináveis. A cada segundo, cada palavra que ela lia tudo ficava melhor num conto cheio de surpresas - e nesse livro estamos falando do passado de uma humanidade esquecida, já não mais lembrada.

— Também acho. E parece que tudo isso foi esquecido... como isso pôde acontecer? — Alice leu o título da nova imagem que apareceu já na terceira página.

A Caminhada Estelar 

As imagens mostravam os Alvoradas, homens que se pintavam com tinta amarela e usavam espadas reluzentes. Normalmente, eles possuíam cabelos longos ou eram totalmente carecas. A altura deles era similar, e suas feições eram duras como pedra, expressando seriedade. Suas vestes não passavam de panos amarrados aos seus corpos, e por isso, andavam quase nus e completamente pintados de amarelos.

Também mostravam as Bruxas de Noite, mulheres que andavam cobertas por capuzes e capas de tecido finos. Assim como os homens, suas partes íntimas eram cobertas por tecidos amarrados ao corpo, de maneira confortável e prática. Todas as Bruxas possuíam tatuagens de tinta preta, mas a mais chamativa ficava em suas testas, que era o símbolo de uma Lua minguante de cabeça para baixo.

A imagem mostrava todos juntos em um lugar só, consumando o ato da carne - de modo não tão explícito, mas visível. Ali, era chamado de “A Caminhada Estelar”, pois era como nascia uma nova criança em épocas de Eclipses, e como era celebrado o ato para concebê-la.

“Também na época de Eclipses, uma semana inteira de sete dias contados do zero era preenchida por seitas e cultos.

Havia um ritual muito importante entre os dois povos, este que se chamava de "A Caminhada Estelar". 

Um Alvorada e uma Bruxa eram escolhidos pelo Sol e pela Lua no dia de um Eclipse. Quando isso acontecia, o Sol apontava com seu raio brilhante mais forte para o Alvorada que era chamado de "Escolhido da Manhã"; da mesma forma, acontecia com as Bruxas, porém, a Lua cantava uma canção que somente a "Filha da Floresta" escutava. 

Quando os escolhidos compareciam ao ritual, eles se amavam em frente a todos para que concebessem o filho do Sol ou da Lua, e então, levar ambos os povos, Alvoradas e Bruxas da Noite, até a harmonia e prosperidade até a próxima temporada de Eclipses Solares e Lunares.

Dependendo do sexo da criança, acontecia o Eclipse: se fosse homem, seria um eclipse solar, e se fosse mulher, um eclipse lunar.”

— Então quer dizer que, naquela época, eles acreditavam que o Sol e a Lua escolhiam os pais da criança que comandaria os povos? — Yoongi perguntou.

— Sim. Foi assim desde a origem dos Alvoradas e das Bruxas. — Alice olhou para o garoto totalmente entusiasmada. — Diz aqui também que os Alvoradas possuíam poderes da luz e eram imparciais. Eles eram totalmente justos.

— Nossa... eles eram como deuses? — Alice afirmou.

— Como deuses, mas o verdadeiro Deus deles é o Sol. Assim como a Deusa das Bruxas é a Lua. — entendendo, Yoongi balançava a cabeça para cima e para baixo a cada palavra de Alice. Voltando a ler, Alice começou a explicar o que eram as Bruxas da Noite.

O Nascimento Delas

“As Bruxas vieram por um grupo de mulheres que, numa noite escura se encontraram perdidas, e temendo pela morte por andarem em vales obscuros oraram para a mulher que vive na Lua para que salvasse suas vidas. Em troca, as mulheres perdidas deram sua alma e sua vida, originando as primeiras bruxas e as mais poderosas que pisaram nesta terra. Mas, a primeira Bruxa de verdade estava na Lua, e era nisso o que elas acreditavam.

Logo, nasceram os Alvoradas: homens justiceiros e guiados pela luz do Sol para levar ao mundo o senso de justiça, mas não de amor.

Conhecendo as Bruxas da Noite, os Alvoradas encontraram nelas o que faltavam em si: amor. Um completava o outro, assim como num Eclipse a Lua completa o Sol, e vice-versa; porém, havia aqueles que preferiam permanecer sobre a luz do Sol, e aquelas que preferiam andar sob a escuridão da noite.

Havia aquele que preferia o calor de outro Alvorada, ou aquela que preferia a penumbra de outra Bruxa. O que não era incomum, pois a celebração das seitas deixava a paixão como ponto mais forte dentro de suas convicções como Alvoradas e Bruxas.”

— Quem escreveu esse livro com certeza pesquisou bastante. — Yoongi afirmava.

— Com certeza. — concordava a garota. — Mas, como que ele achou tanto registros sobre civilizações tão antigas que ainda usavam fogo como luz?

— Não faço ideia... — o silêncio permaneceu por poucos segundos, até que uma dúvida martelou na cabeça do garoto. — Isso tudo é legal, mas... aonde entra a primeira bruxa nisso tudo?

— Eu não sei... — pensava Alice.

— Não há nada falando sobre a mulher que vive na Lua neste livro?... — Alice o olhou confusa e intrigada.

— Talvez no final... — ela passou a folhear o livro. — aqui diz que a mulher que vive na Lua não foi qualquer mulher. Será que?... — ela folheou o livro páginas a frente, pulando até o número setenta e três.

— O que procura? — questionou o garoto. Quanto mais páginas ela deixava para trás, mais imagens apareciam, e menos legais elas eram.

Aquelas imagens pareciam ser resquícios históricos de acontecimentos ruins, e de repente, Alice parou na página cento e dezenove, na imagem de um homem com uma feição brava, totalmente irada.

— Quem é ele? — questionou Yoongi.

— O Deus Ixe'Él... na verdade, seria. É a representação de como ele poderia ser. — Alice disse meio recuada. Ela não gostava de olhar para aquela foto.

A imagem era de um homem de pele tão negra quanto a noite, mas havia dezenas de manchas tão esbranquiçadas quanto a luz do dia por todo seu rosto. Um de seus olhos era negro, e o outro branco. Sua feição entristecida e raivosa passava uma negatividade a quem olhasse. Ele estava expressando toda sua ira.

— Ele não parece ser o mesmo Deus bonzinho de que todos falam. — disse Yoongi, analisando bem a imagem.

— Ele não é. — confirmou sua dúvida. — Diz no livro que em um dos rituais do Eclipse nasceu Kyrion, o falso profeta, e também, o invocador de Ixe'Él.

A Luz Enfraquecida 

Imagens antes de uma descrição sobre o acontecimento retratado como "A Luz Enfraquecida" mostravam como o declínio das Bruxas e Alvoradas aconteceu.

Uma imagem mostrava em meio a tantos homens uma criança. O falso profeta. O mentiroso. O semeador do mal. O seguidor do Deus falso.

“Na época, Kyrion fazia parte dos Alvoradas.

Desde pequeno ele tinha certas dificuldades de absorver as influências e experiências que lhe eram passadas. Ele não era como todos de sua tribo que eram destinados a honrar o compromisso com a justiça e o Sol, e também, de honrar o compromisso da Jornada Iluminada; o compromisso de proteger o mundo e o seu lar.

Ele não queria saber de fazer o Sol brilhar por mais quinhentos anos. Ele queria aprender os segredos e feitiços dos Alvoradas e das Bruxas da Noite, para então utilizá-los para juntar o Sol e a Lua num único arco no céu, um Eclipse total e eterno, e dessa forma, espalhar a escuridão na terra e chamar o Deus Ixe'Él.

Seu pai, um grandioso Alvorada, tentou impedir Kyrion de fazer isso, mas falhou ao ser apunhalado pelas costas com uma lâmina afiada pelo seu próprio filho.

Kyrion obteve todos os segredos das Bruxas da Noite e de suas magias, e também, obteve as escritas que revelavam o poder do Sol e da Lua ao adentrar a biblioteca proibida para aqueles que não são os escolhidos da Lua e do Sol.

Com o poder do conhecimento em suas mãos, ele acabou por juntar o Sol e a Lua em um só. Todas as Bruxas e Alvoradas tentaram impedir, mas, mesmo juntos não eram páreo para o poder e o conhecimento que Kyrion obtinha de suas magias e feitiços. Ele era invencível.”

— Como isso foi acontecer? Impediram ele? O que houve? — quase desesperado, Yoongi ansiava pelo desfecho.

A Chamada

A imagem mostrava Bruxas e Alvoradas juntos. Centenas deles contra um imprudente jovem com um livro proibido em mãos. Eram possível sentir a tensão das duas tribos e a ira do garoto que olhava com desdém para todos.

As próximas imagens mostravam Bruxas e Alvoradas mortos, centenas deles. E outros fugiam para longe, pois o jovem Kyrion possuía um exército de monstros e mortos ao seu favor. Ele era invencível. 

Em outro imagem, mostrava-se o título "A Chamada". Os Alvoradas e Bruxas que sobraram juntaram suas forças. Eles iriam combater Kyrion com ajuda celeste, e seria pela ajuda de Kaila, a primeira bruxa e deusa da Lua.

“Sem ter outras opções e sem nem mesmo saber se aquilo daria certo, as Bruxas e os Alvoradas fizeram um ritual para invocar a primeira Bruxa que pisou na terra: Kaila.

Não se sabe muito depois disso, mas dizem que Kaila jogou um feitiço do tempo em Kyrion antes que ele invocasse o Deus Ixe'Él.

Segundo os registros mais antigos, Kaila enfeitiçou seu povo e os Alvoradas a permanecerem perdidos no tempo e no espaço. A cada século, um sacrifício será feito por uma mulher grávida do filho - ou filha - da Lua e do Sol, para que Kyrion não desperte do feitiço e condene este mundo ao mal eterno e sofrimento sem fim. 

Para que ele não roube a luz do Sol e sua justiça celeste. E para que também ele não roube a beleza que a Lua trás para as noites mais escuras.”

— Não gostei desse Kyrion! — Yoongi exclamou. 

— Eu também. — bufou Alice. Ela ficou calada, estava pensativa. 

— O que houve? — questionou. 

— Em que ano você nasceu? — ela perguntou. Sua mente martelava e procurava ligar os pontos que talvez não tivessem coerência, mas era só uma questão que ela tinha que sanar de algum modo. 

Ah... — pensou um pouquinho. — Eu nasci em 2011. Por quê? 

— Houve um eclipse solar naquela época. Pode me falar o dia? 

— Cinco de abril... — sem entender, ele ficou apenas observando Alice racionar e ligar alguns pontos.

— Você nasceu bem no dia do eclipse solar. — espantada, Alice tocou a mão de Yoongi. — Você é um Alvorada.

A-Alvorada?! — Yoongi perguntou espantado. — Eu não quero ser um Alvorada! Eles não são tão legais quanto as Bruxas. 

— Então... — Alice olhou para o pescoço de Yoongi e enxergou o cordão para fora de sua camisa. Ela sorriu, apontando para o colar. — Você não é só um Alvorada, você é faz parte das Bruxas da Noite também! 

— C-como pode ter tanta certeza? E-eu nem ao menos sou mulher. — tentou se justificar, mas Alice já estava mais do que convencida de que Yoongi era um híbrido entre Alvorada e Bruxa. 

— Escute... — pegou em seus ombros. — a Lua te escolheu para ser uma Bruxa, assim como o Sol escolheu você no dia em que nasceu para ser um Alvorada. Não ouviu o livro? — Yoongi a olhou confuso. — "...uma mulher grávida do filho da Lua e do Sol será sacrificada." — Yoongi estava escutando atentamente. Não sabia dizer se ela tinha razão, mas talvez estivesse achando aquilo uma loucura. — Não acha estranho o fato de um colar de pedra da Lua ter simplesmente parado na sua mão? — ela olhou para as mãos do garoto, essas que estavam com luvas desde o momento que ele pisou na sala de aula. — Suas mãos... — ela as pegou, analisando as luvas. — Por que não tira elas?

— Jeffrey disse que eu não deveria. — disse, recolhendo ambas. 

— Yoongi, isso é sério, totalmente sério. — o olhar de Alice era de suspense. — Você precisa tirar as luvas, só uma vez. — receoso, ele respirou fundo.

Após longos segundos ponderando sobre aquilo, ele decidiu retirar. Pouco a pouco, puxando o tecido dedo por dedo, ele retirava as luvas. Escondeu as mãos assim que as sentiu gélidas pelo frio que não era acostumado sentir sobre elas, e então, se arrepiou. 

— Posso? — perguntou antes de pegar as mãos do garoto, e mesmo receoso, ele permitiu. 

Alice pegou ambas as mãos delicadas e esbranquiçadas de Yoongi. Primeiro, repousou ambas as mãos deitadas com as palmas viradas para cima, não havia nada. 

— Vire-as. — Yoongi aconselhou. Ela o olhou de relance.

Assim que virou, como num filme de suspense onde o mistério durava mais de uma hora, ela esperava ansiosa pelo o que veria. 

Ao virar, se arrepiou com o que viu. A mão esquerda de Yoongi possuía a tatuagem dourada de um Sol incandescente e radiante, tomando quase toda sua pele. Na mão direita, uma Lua minguante adornava sua pele num prateado reluzente.

— Yoongi, você... — antes que pudesse completar sua frase, um barulho alto foi ouvido. 

Ambos os dois saíram debaixo da tenda com o abajur de abóbora aceso na mão de Alice. O quarto estava totalmente escuro, e só então ao apontar o abajur na direção da porta perceberam que ela estava trancada. 

— Yoongi? — ela chamou por ele, que estava tão assustado quanto ela. Ele a olhou aflito, sem saber o que fazer. — Jeffrey?! — gritou por ele, mas assim que gritou, a tenda de edredom caiu e pela janela exposta adentrou um vento forte, seguido de uma canção singela que Alice e Yoongi ouviram em alto e bom som. 

Inquieta, Alice começou a dar passos lentos, mas logo Yoongi segurou sua mão.

— Vamos juntos. — suspirando, ela concordou. 

Ambos subiram em cima da cama e olharam para a janela. A música vinha junto ao vento que aos poucos se continha. Ao olharem para a Lua, perceberam que a mesma estava bem brilhando intensamente, mas de modo inseguro. 

De repente, um sussurro preencheu os ouvidos de Yoongi. Apenas ele ouvia, tanto que ao ouvir se arrepiou e tomou um susto pela voz feminina e doce que ouviu tão de repente. 

Um dia... — sussurrava a voz. — Lua... — tornou a sussurrar. — luz... apagar... um dia... — ele ouviu a voz sussurrada repetir isso duas vezes, bem claramente. 

— O que foi? O que houve? — Alice perguntou ao notar Yoongi paralisado olhando para o nada. 

— Um dia... a Lua... a luz... vai apagar? — Yoongi repetia em sua cabeça e recitava tentando encontrar uma conexão. 

— O quê? — perguntou ela, confusa. 

— Um dia a luz da Lua vai se apagar. — ligando os pontos, Yoongi olhava atônito para Alice. — Um Eclipse Lunar.

— O quê? Claro que não, o próximo eclipse só acontecerá daqui a alguns anos. — argumentou Alice, porém, algo passou a acontecer.

O colar abaixo da blusa de Yoongi começou a brilhar forte, e então, ele retirou de seu pescoço rapidamente e o colocou em mãos. 

Ambos olhavam fixamente para o brilho forte, e assim perceberam que a pedra estava mudando seu formato: a símbolo de Lua minguante estava se tornando uma Lua cheia. Ao olharem para a janela, tentaram procurar a Lua, mas ela sumiu de vista rapidamente, em apenas alguns segundos de distração. 

— O que vamos fazer? — Alice questionou. Aquele brilho era um sinal, e talvez um nem tão agradável. 

Eu não... — a voz de Yoongi ligeiramente ficou fraca, ele fechou o olhos, e então, suspirou sua palavra num sussurro fraco. — sei... — antes que Alice reagisse, Yoongi paralisou novamente e caiu para trás no colchão. 

Ele tremia e suava frio. Seus olhos reviravam para cima e sua voz entrecortada gemia pelo desconforto que estava sentindo rapidamente. De repente, sua cabeça apagou e sua visão escureceu. 

Quando voltou a ver, ele estava num local que conhecia: a cidade Mão Sagrada. 

Yoongi se encontrava no centro da cidade. As casas e lojas de comércio eram iguais, tanto que ele não percebia que aquilo era uma lembrança ou uma miragem, ele nem sentia que estava desmaiado. Tudo o que ele sentia era o cheiro de queimado no ar, o ódio que vinha de algum lugar e o medo que passou a emanar de dentro de si. 

Bruxos! Bruxos! Bruxos! a voz de uma multidão falava alto. 

Ao olhar para o lado, Yoongi viu centenas de pessoas amontoadas numa multidão. Eles carregavam tochas, arpões e porretes. Todos gritavam para quatro pilastras de madeira que estavam em frente a fonte principal do centro.

O dia estava escurecido e completamente caótico. O único brilho vinha das chamas que queimavam as toras de madeira; o cheiro de fumaça queimando algo, como se estivesse defumando carne podre e madeira, invadia as narinas de Yoongi e deixavam-nas ardendo como o inferno. Tapando seu nariz, ele tossia enquanto andava até a multidão, justamente para ver o que estavam queimando - ou quem. 

— Licença... com licença... — pedia enquanto passava pelas pessoas. Todos estavam gritando e pulando, expressando ódio e emanando sua raiva aos gritos que davam.

Eles gritavam "Bruxas!" incessantemente. Yoongi queria ficar surdo. 

Ao sair da multidão, Yoongi tropeçou ao chegar lá na frente, quase caindo. Levantou sua cabeça devagar para conseguir enxergar as pilastras, e quando viu o que estavam queimando, se apavorou no mesmo instante. 

Alice... — ele viu ali, bem na sua frente, sua amiga amarrada com um saco na cabeça sendo queimada. Já morta, ela não se mexia, estava carbonizada. 

Ele sabia que era ela, Não precisava nem retirar o saco de sua cabeça ou ela estar em um "bom estado". Ao lado de Alice estava Jeffrey e sua professora. Ele sentia que era eles, pois algo lhe dizia que eles estavam bem ali em sua frente, queimando e carbonizando.

Mas tinha mais alguém ali, ao lado de Alice... 

Era Yoongi. Morto. Queimado. Tendo o mesmo fim que Jeffrey, Alice e sua professora. 

— Yoongi! — Alice gritou exausta e desesperada. Deu um tapa na cara do garoto, o acordando do transe e o deixando consciente. — Yoongi... — sussurrou, acariciando sua mão esquerda. — você está bem?

— E-estou... — sem reação e com medo, Yoongi levantava e se sentava na cama.

— O que houve? Você desmaiou de repente. — Yoongi a olhou após se lembrar da visão que teve. Receoso, ele contou. 

Eu tive um visão... — surpresa, ela ficou sem palavras. — uma visão... com a nossa morte.



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