História Labirinto - Antes. A Sala da Requisição

As paredes de Hogwarts nunca estiveram tão sobrecarregadas. De tempos em tempos aparecia uma nova lei que era imposta a todo corpo docente. O céu acinzentado anunciava dias difíceis que viriam. Lá fora um amontoado de pessoas se preparava para ir a Hogsmeade.
― Fico muito feliz que tenha mudado de ideia em relação aos jogos! – Disse Draco enquanto caminhava rumo ao Três Vassouras.
― Finalmente ganharemos algum jogo né! – Respondeu Claire sapeca.
― Snape não botou fé não! – Draco sorriu.
― Hora, aquele morcego... Urr! Farei com que ele engula cada palavra! – Ela fechou as mãos em punho.
― Duas cervejas amanteigadas por favor! –Disse Draco enquanto se sentava, ― Ele não é nosso inimigo Claire, - disse entre risos, ― Lembre-se disso!
― E quem é realmente nosso inimigo? Aqueles que nos prometem poder ou aqueles que querem nos impedir de usá-los? Essa vida eu não sei se vai pra frente ou pra trás Draco... Amanhã por exemplo, é um dia a menos ou um dia a mais?

Draco bebeu um gole de cerveja, estariam eles ainda falando sobre a mesma coisa?!

― Bom de todo o jeito sua rebeldia acabou sendo notada por ele, quer você queira ou não...
―  Do que está falando? – Ela questionou sem nada entender.
― Quinta mesa a esquerda, logo na entrada.

Ela olhou de relance para onde Draco a orientou, e lá estava ele, acompanhado de alguns professores. No copo o uísque de fogo lhe acompanhava, os olhos de ônix já haviam cortado o espaço que haviam entre as mesas e eles, como se esperasse que ela fizesse alguma besteira, espreitando nas sombras. Uma sensação estranha lhe percorreu a espinha e ela desviou rapidamente o olhar, de repente o copo a sua frente lhe pareceu extremamente interessante, bebeu em um gole só a cerveja que a fitava de volta.
***

O céu estava cinza e repleto de trovões, Harry desceu rapidamente da vassoura esfregando a cicatriz. Claire aproximou-se como se de alguma forma pudesse sentir o mesmo.

― O que aconteceu? - Disse Rony. ― Foi a sua cicatriz?

Harry confirmou com a cabeça.

― Mas... - parecendo assustado, Rony andou até a janela e olhou para a chuva. - Ele... Ele não pode estar perto de nós agora, pode?

― Não - Harry murmurou, esfregando com força a sua testa. - Ele está a quilômetros de distância provavelmente. A cicatriz dói porquê... Ele está.... Furioso.

Rony o olhou sem nada entender

― Ele quer que algo seja feito e isso não está acontecendo tão rápido como ele deseja - completou.

Claire engoliu em seco, ela suspeitava do que se tratava. Houve uma pausa. O vento e a chuva chicoteavam o prédio. Ela esfregou os braços em forma de proteção, não soube dizer o porquê, mas não se sentia mais não corajosa em aceitar seu destino.

― Ele tem outros planos...- Continuou Harry, ―  Planos que quer pôr em operação com a maior discrição... Coisas que ele só pode conseguir com reserva... Como uma arma. Alguma coisa que ele não tinha da última vez.

Pela primeira vez Claire desejou que aquilo não estivesse acontecendo. Harry acertara em cheio, mas o que ele não sabia era que ela sabia disso também. Os planos de Voldemort estavam muito além do que todos imaginavam. Ela sentiu-se novamente imunda, como se esconder esse fato estivesse sendo o maior erro da sua vida, encontrava-se ali em um labirinto, qual foi o exato momento em que tudo pareceu mudar? Porque ela estava se sentindo uma traidora?

― Dobby conseguiu um lugar para que possamos treinar, - Harry mudou de assunto, ― Hoje, às oito horas da noite, no sétimo andar, bem na frente daquele tapete onde Barnabás está sendo golpeado por alguns trasgos.
Até o fim do jantar eles tinham a certeza de que todos haviam sido comunicados.
Era sete e meia quando Claire saiu de seu quarto cautelosa olhando para todos os lados, se fosse pega entraria novamente em encrenca. Quando uma porta bastante lustrada apareceu na parede ela sentiu-se aliviada, como se finalmente pudesse respirar, por volta das oito toda a sala encontrava-se lotada.

― Bem, eu estive pensando sobre o que nós deveríamos fazer primeiro e... Er- ele notou uma mão se levantar. ― O quê, Hermione?
― Eu acho que nós devíamos eleger um líder - disse Hermione.
― Harry é o líder - falou Claire de súbito, olhando para Hermione como se ela fosse louca.

O estômago de Harry deu um salto

―  Er.... Certo, obrigado - disse Harry, que podia sentir sua face queimando. Eu   estava   pensando, em   primeiro   lugar   nós   deveríamos tentar   Expelliarmus, vocês sabem, o Feitiço de Desarmamento. Eu sei que é bem básico, mas eu achei isso muito útil...

A sala de repente se encheu de vozes gritando Expelliarmus. Varinhas voavam por todas as direções; feitiços perdidos acertavam os livros nas prateleiras que saíam voando pelos ares.
― Expelliarmus! – Disse Claire, e Marietta foi lançada longe quase perdendo os sentidos. ― Por Merlin, - Correu ela na direção da garota, ― Você está bem?  

Ela balançou a cabeça confirmando, enquanto Claire a ajudava a se levantar.

― Uau! – Disse Gina.
― Pensem em algo bom- Disse Harry, ― Mas não uma lembrança qualquer, e sim as suas melhores lembranças!  Então balancem as varinhas levemente e digam:              ―  Expecto Patronum!

Uma onda de animais emergiram das varinhas e inundaram a sala, eram tantos que mal se podia contar, eles corriam alegres e todos os observavam estupefatos com que  acabaram de fazer, da varinha de Claire nem mesmo um clarão apareceu, era como se ela nem tivesse dito nada,  continuou então desesperada a repetir o feitiço , tentando inutilmente lembrar-se de algo bom.

―   Bom pessoal, acho que por hoje é o suficiente – Disse Harry,  ―   Estou feliz pelo esforço de todos,  nos vemos amanhã!

A sala esvaziou-se aos poucos, no final dela Claire ainda tentava recitar o feitiço.
Harry colocou a mão de leve em seu ombro.

―    Tenha calma, eu também tive dificuldades em aprender esse!

Ela olhou para os pés enquanto alisava a varinha.

―    é, -disse ela, ― Às vezes lembrar-se de algo bom não é uma tarefa muito fácil!
―    Não, não é! - Respondeu ele.

Eles se entreolharam por um grande tempo. Harry sentiu um desejo enorme de correr do quarto e ao mesmo tempo uma incapacidade de mover o pé, era visível que ele ficava extremamente nervoso estando assim, tão perto dela.
 Claire fez um barulho esquisito que poderia ser um soluço ou uma risada. Estava mais perto dele agora. Ele podia até contar as sardas no nariz dela.

―    Eu realmente gosto de você, Claire.

Os olhos castanhos amendoados olharam espantados para ele, ela finalmente se deu conta do quão perto eles estavam. Ele não podia pensar. Um formigamento estava se espalhando, paralisando seus braços, pernas e cérebro. Ele podia ver cada lágrima em seus olhos.... Então ele deu o último passo que os separavam e selou seus lábios nos dela. Claire conseguia sentir o tremor que passava dos lábios dele para os dela. Um misto de nervosismo e inexperiência, ele mal tocava nela, pareciam que seus braços tinham desfalecido.   
  Um silencio assolou o lugar. Eles se separam por um segundo, havia ali uma contradição terrível de sentimentos.  Harry ainda tentava respirar, os olhos ainda fechados diziam que provavelmente ele saboreava o sabor dos lábios macios de Claire, o peito ofegante o denunciava.  Porem do outro lado, o buraco que ficou no peito da garota pareceu aumentar, tudo aquilo não havia sido suficiente para sanar todo o vazio que sentia. O último ano fora cheio de encontros casuais, pessoas que conseguiram transbordar seu interior vazio.

“ Ela era do tipo que adorava ler coisas sobre o amor, mas só sabia sentir dor. ”

Primeiro o silencio, depois a tempestade.

―     Oh não! – Ela disse desesperada olhando o relógio
―     O que houve? – Disse Harry assustado.
―     Estou novamente atrasada, e dessa vez cabeças irão rolar.  –Disse enquanto corria em direção as masmorras.