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História Labirinto - Parte XIII


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Shingeki no Kyojin (Attack on Titan) não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Boa leitura!

Capítulo 13 - Parte XIII


A manhã me trouxe o extremo amargor de uma ressaca de respeito. Ainda na cama, pisquei algumas vezes, tentando me adaptar à claridade dolorosa do sol, entrando pelas cortinas. O gosto em minha boca me lembrou dos excessos cometidos e a dor de cabeça faz eu querer me esmurrar por ter me rendido à uma garrafa inteira de uísque. Quase duas, isso se Erwin não tivesse dormido enquanto falava.

Espero que aquele filho da mãe esteja se sentindo tão mal quanto eu.

Tateei pela cama, procurando a dona daquele cheiro inconfundível. Não a encontrei. Me obriguei a abrir os olhos de verdade, pra procurar Mikasa, mas foi em vão. Dela no meu quarto, só sobrou o cheiro.

Mais lento que nunca, vesti minhas roupas, implorando por uma xícara grande de café e dois comprimidos analgésicos. Pela hora, já adiantada em relação à que costumo me levantar, nenhum dos pirralhos estará em casa e, não posso mentir, isso me dá um alívio imediato. Seria constrangedor que eles me vissem nessa condição lamentável e o silêncio também é muito atraente. 

Mas a única presença, de um único recruta ainda nessa casa, me faz abrir um sorriso. Sentada na mesa da cozinha, rabiscando alguma coisa em um papel, está a protagonista da minha felicidade. Ao me ver entrar, dando passos pesados, Mikasa levantou os olhos da folha e me sorriu. Um sorriso, um simples sorriso, que fez eu me sentir imediatamente mais disposto.

- Por que não está com os outros? - perguntei por puro protocolo. Não me interessa isso e, hoje, nessa situação caótica, me permitirei o egoísmo de ter Mikasa ao meu lado.

- Capitã Hange passou por aqui mais cedo e pediu que eu lesse essas anotações.

A mera menção ao nome da quatro-olhos me deu dor de cabeça de novo. Levei os dedos às têmporas, pensando que ela me irrita por existir e por, à essa altura, estar espalhando pro Reconhecimento inteiro que eu ainda estava dormindo quando veio até a nossa base. As palavras “vida” e “mansa” insistem em me martelar e tenho certeza que só martelando a cabeça de Hange elas irão parar de me incomodar.

- O que são essas anotações? - foi outra pergunta que fiz sem a menor intenção de querer saber a resposta. Mas preciso. Afinal, eu sou o capitão aqui, não é? - Droga, eu preciso de um remédio pra dor de cabeça.

- Eu pego pra você. - normalmente, eu mandaria ela se sentar e responder à pergunta que eu fiz. Mas hoje não vou fazer isso. Se Mikasa quer me poupar o trabalho de dar meia dúzia de passos até o suprimento de remédios, que seja. Deus a abençoe por isso. Tomei os comprimidos que ela me entregou com uma golada grande de café. Só me sentei depois de reabastecer a xícara e ela fez o mesmo. - Como está se sentindo?

Velho.

Velho demais pra ficar de porre com outro velho.

Velho demais pra suportar ressacas de uísque barato.

- Prestes à morrer. - Mikasa riu largo de minha fala exagerada. - Vamos, me diga. O que são essas anotações.

Ela me estendeu o papel, mas não há a menor condição de que eu consiga conectar letras e significados. Percebendo isso, Mikasa fez a gentileza de me explicar que os relatórios informais se referiam à um esboço de plano de limpeza, a ser executado em outras áreas, como fizemos há uma semana atrás.

Não gostei.

- Isso não é função do Reconhecimento. - resmunguei, empurrando o papel de volta à ela. - Aquela situação foi pontual, pelo fato dos titãs estarem apresentando um comportamento anômalo. O que Hange quer? Que façamos isso em cada metro da muralha? Esses servicinhos inferiores?

Meu desagrado foi latente e não me julgo por isso, muito menos culpo à ressaca. Esse tipo de ordem pequena não é inteligente e desperdiçar os recursos de recrutas que são capazes de ataques elaborados, pra executar tarefas pouco arriscadas, é algo inconcebível. Achei que já tivesse dito isso vezes o suficiente pra que a quatro-olhos não me viesse com esses planos medíocres, mas pelo visto não foi o bastante.

Mas a cara de paspalha de Mikasa começou a me preocupar. 

- Ela… Ela me designou à esse planejamento.

Ah, merda.

A pirralha estava visivelmente constrangida e eu não a culpo. Acabei de deixar claro que integrantes do Reconhecimento não fazem coisas assim e não estou errado. A não ser quando eles estão sendo treinados pra começar a dar ordens e planejar ataques. Aí, esses casos simples são a melhor maneira de estimular os recrutas à pensar com agilidade, prevendo riscos e agindo com presteza. E foi exatamente nisso que Hange pensou, ao designar Mikasa pra isso.

Vendo agora, isso é óbvio. É natural que, já que está despontando entre os outros, ela comece a assumir funções de liderança e, pra esses casos, também há treinamentos especiais. Como eu nunca treinei nenhum dos meus companheiros pra isso, por sempre estarem subordinados à mim, me esqueci que é dessa forma que começamos a ensinar os futuros cabos e capitães. 

Deve ter sido ordem de Erwin, colocar Mikasa pra liderar pequenos ataques sob a minha supervisão. Só que eu sou rude o suficiente pra não pensar em algo assim. Muito bem, Levi. Você merece palmas pela sua sutileza.

- Mikasa, me… - seus olhos trêmulos, parados, foram substituídos por aquela expressão que ela faz, quando tenta recuperar o foco perdido. Fecha os olhos e respira.

- Eu preciso começar por algum lugar, Levi. Mesmo que seja por “servicinhos inferiores”. - ótimo. Agora ela está irritada e eu não tenho nem como argumentar contra isso. Nem contra as aspas irônicas que fez com os dedos eu consigo discutir. Achei melhor nem dizer nada, ainda mais quando a vi se levantar da cadeira com raiva, batendo a coitada contra a mesa. Nem ousei dizer pra que parasse de fazer barulho, já que tenho certeza que a minha dor de cabeça tende a aumentar, e não por causa de sons altos. - Transar com o meu capitão não é exatamente a forma mais digna que eu imagino pra crescer dentro da tropa.

E essa eu também preciso engolir. Em silêncio, vi Mikasa sair furiosa pela cozinha e bater a porta com tanta raiva, que a minha xícara sobre a mesa tremeu.

Meus parabéns, Levi. Você é um incrível pedaço de mula.

 



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