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História Labirinto - Parte IX


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Shingeki no Kyojin (Attack on Titan) não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.


Boa leitura!

Capítulo 9 - Parte IX


Quando a primeira explosão aconteceu, nós dois pulamos, prontos pro combate. Precisei de um segundo pra me orientar e, quando o fiz, encontrei Mikasa mais desperta que eu mesmo.

- Deve ser o resgate. - ela disse de modo lógico, arrumando os cabelos com os dedos.

Claro que é. Mas, ainda mais claro, é o tanto que estou feliz por não ter sonhado com o que aconteceu. Antes mesmo de pensar em ir até a equipe que nos resgatava, cruzei o espaço entre Mikasa e eu e a abracei pela cintura.

- Como passou a noite, pirralha? - perguntei de modo atrevido e ela deu aquela risadinha travessa que me dá pontadas na virilha.

- Tão bem que já estou ansiosa pela próxima.

Mikasa, Mikasa.

Cheguei ainda mais perto, roçando meus lábios em seu pescoço.

- Vou ter que dar um jeito nisso… querida.

- Certamente… amor.

De novo.

Dessa vez a minha reação não foi tão carente. Só apertei mais Mikasa entre meus braços e arranquei dela um beijo de bom dia. Sem escovar os dentes mas… fazer o quê.

E o som da segunda explosão me lembrou que já não tínhamos a privacidade desejada.

- Precisamos ir. - dei a ordem e Mikasa já foi pegando as nossas capas que tinham servido como um lençol improvisado. Bateu a minha no ar e me entregou, com toda a boa intenção do mundo. Mas nunca na minha vida, que eu coloco aquela coisa imunda nas minhas costas. Aliás, nem pegar na mão eu vou. Ela rolou os olhos e a prendeu contra as costas, embolando a própria debaixo do braço.

Eu não disse nada, até porque, depois disso, Mikasa saiu pisando duro pra fora da caverna. Mas preciso admitir que achei simpático que ela saísse por aí usando minha capa. Como o idiota que eu virei, saí atrás dela.

Já não chovia, mas o estrago causado por aquele aguaceiro era evidente. O chão estava escorregadio, coberto de lama, e era possível ver que algumas árvores tinham caído. Não precisei dizer à Mikasa que ficasse atenta à alguma movimentação de titã, mas também seria muita má sorte que algum aparecesse ali, considerando a barulheira que tinha alguns quilômetros pra frente.

Logo conseguimos ver o obstáculo que nos impediu de voltar pra casa na véspera. Ironicamente, foi esse mesmo obstáculo que nos permitiu ter a nossa primeira vez.

- Agradeça ao titã que te bateu. - Mikasa me olhou pelo canto do olho, confusa. - Graças à ele, meu DMT quebrou e eu não pude nos tirar daqui ontem.

- Você também devia agradecer. - ela rebateu com um sorrisinho malvado e eu tive que concordar. 

Eu ia continuar com essa idiotice, mas os gritos de Hange, indicando que tinha nos visto, me fez reassumir a postura formal, de capitão de tropa. Só coube um último comentário.

- Nunca pensei que diria isso, mas esse titã me fez o homem mais feliz do mundo. - e saí, rápido, tomando sua dianteira. Não queria que Mikasa visse o quanto isso me deixou corado, considerando que minhas bochechas ardiam.

Agradeci aos céus que Hange pulou pro lado que estávamos, vindo em nossa direção. Depois, tirei o agradecimento, quando vi que o Jaeger fazia o mesmo. Enquanto a quatro-olhos me enchia de perguntas desnecessárias, se estávamos machucados ou não, eu via Eren agarrado com Mikasa.

Mais um pedaço do meu estômago se foi, roído pelo ciúme.

- Levi, você está dando bandeira. - a voz baixa de Hange foi mais eficaz que os gritos. Olhei pra ela, mortalmente enciumado. - Controle-se. O garoto estava em desespero, porque deixou Mikasa desacordada aqui ontem a noite. Tenha um pouco de compaixão, pelo amor de Deus.

Tsc.

- Ela não estava desacordada. - foi o máximo que eu disse, antes de recomeçar a andar.

- Armin disse o mesmo, mas Eren não quis acreditar. Eles são amigos a vida toda, Levi. É natural que se preocupem um com o outro.

Também é natural um abraço que, pelas minhas contas, já está durando quase dois minutos?

- Avaliação do ataque. - eu disse firme, esperando que, com isso, ela entendesse que não queria mais falar sobre meu desconforto aparente.

- Sucesso.

- Ótimo. Novas ordens? - tudo o que eu quero, nesse momento, é sair de perto de Mikasa e Eren. Porque eu sei, desgraçadamente, que o garoto vai melar a minha Mikasa e eu não sei se conseguirei controlar meu ciúme por muito tempo.

- As suas, descanso. - olhei Hange, a desafiando a repetir essa burrice. - Você passou a noite em um lugar ermo. Precisa descansar e se alimentar corretamente. Como se sente? Está desidratado? - e aí a idiota passa a me tratar como um rato de laboratório, vendo meus dedos, meus olhos, minha língua.

- Tire suas mãos de mim.

Hange deu um passo pra trás, rendida.

- Eu levarei Mikasa pra fazer alguns testes. Pelo que os garotos me contaram, ela teve um impacto e tanto. Pode ser que algo esteja machucado.

Sim. Sua boceta, que eu fodi ontem a noite.

Certo, Levi. Contenha-se. Não seja vulgar ou desrespeitoso. 

- Faça como quiser. - e voltei a andar mas, de novo, Hange começou a me encher de perguntas e, sinceramente, não dá mais. - Será que dá pra calar a boca?! Só… me deixe ir embora daqui!

Com o grito, todos pararam. Hange parou, Eren parou e até Mikasa parou, me olhando sem entender o motivo do descontrole. Ótimo. Pelo menos o Jaeger soltou ela. Pra alguma coisa serviu esse grito.

Só que a quatro-olhos não tem um pingo de noção. Olhou pra mim, que baixei a cabeça, depois olhou pra Eren e Mikasa, alguns passos atrás de nós.

- Oh, claro. - nunca gostei tanto da capacidade dedutiva de Hange como agora. - Claro, claro, claro. Eren, vá buscar um DMT pro seu capitão imediatamente! - ele saiu, tão rápido quanto podia.

Olhei pra ela e, em silêncio, agradeci por ter tirado o Jaeger do meio dos braços de Mikasa. Aliás, Mikasa também se lembrou que a vida é mais que ficar abraçada à Eren e veio até nós à passos firmes.

Hange, quando a viu e, principalmente, quando me notou mordendo a boca de raiva, decidiu assumir a dianteira.

- Como se sente, Mikasa? - sua pergunta saiu firme, diferente daquela preocupação fraternal que dirigiu à mim antes. A pirralha não conseguiu esconder a confusão e o constrangimento. Ótimo. Agora as suspeitas de Hange se confirmaram e eu tenho certeza que virá mais falatório pro meu lado.

- Tsc. - só de pensar nas intromissões, já fico irritado.

- Me refiro ao ataque do titã. - de novo, a quatro olhos foi incisiva mas Mikasa percebeu que tinha escorregado e isso a fez trincar os dentes de raiva.

- Estou perfeitamente bem. - respondeu entre os dentes, evitando o contato visual. Ela sabia que eu a recriminaria pelo lapso, bem como já devia ter notado que eu não estava totalmente satisfeito com aquele abraço longo.

Nunca falei com Mikasa sobre meu ciúme de Eren, mas acho que está passando da hora de falar.

- Ainda assim quero te manter algumas horas em observação.

Ela resmungou e se remexeu, impaciente.

- Obedeça, Mikasa. Você vai com a Hange até o distrito e depois nos encontra em casa. 

Não foi difícil pra mim manter uma seriedade e um afastamento, dada a raiva que eu sentia. Mas, pra Mikasa foi difícil compreender o porquê eu estava agindo assim. Mesmo não deixando uma única palavra sair de sua boca, os olhos dela exigiam que eu me explicasse. Hange, perspicaz como sempre, também notou isso e nos deu um momento de privacidade. Assim que ela virou as costas, Mikasa se aproximou, deixando toda a frustração tomar seu semblante.

- O que houve, Levi? Por que está assim? - suas perguntas saíram impacientes e eu deduzo que ela desconfie do motivo. Porque eu poderia estar nervoso por várias coisas, inclusive algum erro no ataque que fizemos na véspera, que poderia ter gerado mais danos do que o desmoronamento e o risco que a equipe de reparação da barragem do rio correria, precisando refaze-la em território hostil. Mas, se fosse isso, meu olhar duro não seria direcionado à ela, como eu estava fazendo. Mikasa sabia que eu estava bravo por causa de Eren e estava exigindo que eu dissesse isso com todas as letras.

Me aproximei um passo, diminuindo a distância entre nossos corpos. Ali, praticamente colado à ela, minha raiva sumiu. É impossível sentir outra coisa que não seja amor por essa pirralha incrivelmente bonita.

E eu ia assumir que era só um idiota enciumado, quando o som conhecido de um gancho de DMT se prendendo contra uma árvore impediu que eu dissesse isso.

Não precisei nem olhar pra saber que, quem voltava, era o sorridente Eren.

- Vá com a Hange. Nos falamos mais tarde. 

Foi só o que eu disse, antes de tomar o equipamento das mãos de Eren. Prendi o cinto em meu corpo o mais rápido possível e sumi dali, pra não ter que ver mais um abraço.

Que Deus me perdoe por ser assim, mas eu não consigo não ver isso com olhos de malícia.

Quando cheguei ao outro lado, o resto do esquadrão soltou suspiros audíveis de alívio. Por um lado, é bom saber que eles se preocupam com os companheiros de tropa. Por outro, isso me compele a ser minimamente gentil com aqueles pirralhos e se eu não tenho paciência pra isso em dias bons, hoje mesmo é que não terei.

- Estou vivo, estou bem e Mikasa não apresenta nenhuma sequela do acidente. Vamos logo pra casa, porque eu preciso de um banho, antes que essa sujeira incruste em minha pele.

Acho que já esperavam que eu agisse assim. Nenhum deles disse mais nada, apenas Armin continuou no local, provavelmente esperando para ver Mikasa com os próprios olhos. Isso me lembrou algo gritante.

Antes de sair com o cavalo, me virei pra ele.

- Não quero Eren em cima de Hange e Mikasa. Assim que eles subirem, vocês dois voltam pro acampamento e deixam elas seguirem os próprios caminhos.

Ele entendeu o que eu não disse. Armin sabe do meu envolvimento com a pirralha e também sabe que aquela conversa ridícula sobre como Eren se sentia sobre ela foi motivada por ciúme. Por isso, quando eu dei a ordem de que não ficassem colados em Mikasa, ele compreendeu de cara que isso se referia à proximidade dela com Jaeger. E, tal qual Hange, se atreveu a me criticar. Mas como o garoto não é louco, fez isso só pelo olhar duro.

Não repeti a ordem. Se não a acatarem, sofrerão punições. Simplesmente girei o cavalo na outra direção e saí em disparado.

 



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