História Labirinto: A Magia da Princesa - Treino

Depois de alguns minutos de espanto Jim se preparou para levar Sarah ao lugar onde ele treinava tiro com o seu pai, ele queria ir de moto mas Sarah pediu que fossem de carro pois ela queria levar Líria junto e o pedido foi atendido, e Will começou a fabricar o colar. Líria já havia acordado e estava com raiva de Sarah por ter saído sem ela, nem desconfiava de que havia sido drogada. Ao ver Sarah chegar, tentou jogar o olhar de fogo sobre ela, mas seus poderes não funcionam como antes, o que a frustrou.

- Estúpida! – Líria gritou. – Nunca mais saia sem mim. Você corre perigo! Acha que é brincadeira?

-  Desculpa Líria. Você estava tão cansada que eu te deixei dormindo. Mas você pode ver que estou bem. – Responde Sarah tranquilizando Líria.

- Mais parentes? – Jim pergunta com um pouco de medo.

- Não, ela é uma amiga. – Sarah não quer ter a família atrelada a criaturas perigosas de novo. - Se chama Líria. Agora vamos precisamos começar logo meu treinamento.

Os três foram a um terreno que pertencia a família de Jim, lá era um espaço aberto bem grande com uma pequena cabana, não haveria problema treinar ali e eles não seriam interrompidos, a família de Jim era rica mas não agia de forma arrogante. As garrafas que serviriam como alvo já estavam posicionadas. Sarah explicou a Líria tudo que iria acontecer, mesmo que ela entendesse pouco, ela não queria fazer perguntas, sentou em um tronco atrás deles para assistir ao treino que ela não participaria ainda.

- Aqui está a Ellen. – Jim mostra o revólver chamado Ellen. – Eu vou fazer uma pequena demonstração de como você deve atirar.

Jim faz uma apresentação esplêndida ele acerta todas as garrafas com muito mérito, Sarah não ficou tão impressionada, por causa de Suzy que pediu que Jim usasse a arma naquela noite do incêndio, já sabia que provavelmente ele era muito bom nisso, ela não gostava de armas ou qualquer coisa do tipo, mas era preciso que ela aprendesse a se proteger. Porém com Líria foi o contrário, ela ficou impressionada e até queria estar no lugar de Sarah para aprender, no outro mundo existe uma tecnologia parecida, mas apenas na cidade dos duendes.

- Você vai segurar no cabo. – Jim entrega Ellen para Sarah ensinando a maneira certa de usar. – Puxe o cão da arma para acionar o percursor assim você aperta o gatilho e dispara.

Sarah prestou bem atenção a tudo que ele dizia e copiava os movimentos com precisão, mas os disparos não iam de acordo com seu empenho, ela errava todos os tiros e passava bem longe das garrafas, aquilo realmente não era para ela, mas precisava que fosse. A cada erro ela se xingava mais e demonstrava está farta de tudo, no que Jim percebeu e queria solicitar um descanso para que ela se concentrasse melhor.

- Sarah acho melhor darmos uma pausa. – Jim pede e tenta tirar Ellen das mãos de Sarah.

- Eu não tenho tempo para pausas. – Sarah  se irrita posicionando Ellen para atirar, deixando Jim preocupado e Líria revirava os olhos de decepção.

- Me dê isto Sarah! – Líria rouba a arma com sucesso, mira na garrafa e também acerta com sucesso. – Não é tão difícil. Acho que isso não é pra você princesa.

- Uau! – Jim exclama impressionado com Líria. – Sarah eu tenho que concordar com sua amiga, eu não acho que isso seja pra você.

- Mas eu preciso aprender! Toby precisa de mim! O Labirinto precisa de mim! Jareth precisa de mim! – Sarah grita e finalmente deixa todas as suas preocupações rolarem pelo seu rosto em forma de lágrimas. – Eu preciso ser mais forte!

Ela rouba a arma de volta e tenta dar um tiro certeiro na garrafa bem a sua frente, mas falha novamente, respirando de forma descompassada com as lágrimas molhando todo o rosto, ela sente vergonha e larga Ellen no chão correndo para a cabana, Jim tenta segui-la mas é impedido por Líria que põe o braço no peito dele e faz sinal de negação com a cabeça, no que ele entendeu o recado. Sarah precisava de um tempo só para refletir.

- Porque você está ajudado ela? – Líria pergunta a Jim. – Você não parece entender nada do que está acontecendo, no mínimo entende que ela está em perigo. Não tem medo disso?

- Você é bem observadora. – Jim dá um sorriso torto para Líria. – Você tem razão eu tenho medo sim, não entendo nada e por respeito a Sarah eu não quero entender, se ela achar que eu preciso saber, não pouparia tempo para me contar.

- Ainda assim é muito estranho você ajuda-la sem querer nada em troca.

- Para ser sincero. Eu gosto dela já faz tempo. Talvez isso tudo possa ser considerado da maneira mais suja uma espera de troca dela, um simples gesto de correspondência aos meus sentimentos.

- Você é tolo igual ao Jareth, não se conquista amor assim.

- Eu sei, de qualquer maneira vou ajuda-la porque a amo. Imagino que o namorado dela pense o mesmo.

- Não entendo porque todos a amam. Ela é fraca, estúpida e muito emotiva. Eu ouvi histórias completamente diferentes sobre ela, pensei que fosse mais inteligente.

- Ninguém é de ferro. – Jim responde mais sério, demonstrando que não gostou da opinião de Líria.

- Não me importa. – Líria diz em repulsa.

- Quando eu vi Sarah pela primeira vez, ela era fria e calma, não demonstrava estar sofrendo mesmo que estivesse, pelo menos foi minha primeira impressão dela. Os amigos dela de teatro diziam que ela havia mudado muito, não parecia mais a mesma. Mas diferente do que você ver, eu fiquei apaixonado não só pela a beleza dela mas também pelas atitudes, ela era sensata e responsável, e vê-la chorar e se emocionar não quebra essa imagem, só mostra o quão humana ela é.

E então Líria entendeu que a falta de Boneca na vida de Sarah trouxe seus efeitos, e eles ficaram ainda mais evidentes quando Jareth voltou para importuna-la, aquela parte que falta de Sarah era muito necessária, justamente agora, a parte não servia só para deixar Jareth mais forte mas a própria dona. Ela sentiu muito apreço pelas palavras de Jim e pela a primeira vez desejou ser amada, não o amor que seus súditos e servas tinham por ela, mas um amor avassalador onde alguém oferecia tudo para ela por amor, sentiu mais inveja de Sarah e nunca deixaria que ela absorvesse a ablação.

Líria devolveu o revólver para Jim, e disse que agora ela que ensinaria a Sarah e retirou sua espada da pequena bainha que não fazia jus ao tamanho da espada o que fez Jim questionar, onde aquela espada estava o tempo todo. Sarah voltou mais calma e com o rosto limpo, preparada para conseguir tudo sem se deixar levar pelas emoções.

- Agora é minha vez de ensina-la. – Líria entrega a espada para Sarah. – Essa arma de fogo pode não ser eficiente com criaturas mágicas.

- É melhor que você aprenda com a espada. Eu ia te perguntar se você ou seu pai tem licença para registrar uma arma. – Jim se afasta para deixar as duas treinar.

- Eu tinha esquecido desse detalhe. – Sarah tampa a cara em vergonha de ter esquecido, se ela aprendesse a usar uma arma e não tivesse uma, não adiantaria. – Meu pai não é o tipo que tem arma, assim como eu. Me desculpe Jim, fiz você perder tempo.

- Que nada! É sempre bom aprender algo.

Líria começou a ensinar Sarah, e dessa vez surtiu efeito. Sarah era muito melhor em empunhar a espada, ela não era tão ágil quanto Líria, mas conseguia dar golpes certos e fazê-los todos com a precisão que almejava. Finalmente sorrisos surgiram arrastando o clima de tensão de antes, mas não era exatamente este tipo de treino que Sarah esperava.

- Sarah segure o punho da espada com mais força! – Ordena Líria.

-  Líria eu aprecio muito que esteja me ensinando a usar a espada. – Sarah diz limpando o suor da testa. – Mas não era isso que eu queria de você.

- Não foi isso que você me pediu? Que eu te ensinasse a lutar? – Líria pergunta confusa.

- Eu queria que você me ajudasse a controlar os poderes que Jareth me deu.

- Você não sabe que poder você tem? Você por acaso pensa que algum tipo de poder para batalha?

- E não é? Não é por isso que você está interessada no meu poder? – Agora Sarah que pergunta na mesma confusão.

Um sorriso amarelo surge na face de Líria, ela estava feliz em saber que Sarah não fazia ideia do que era seu poder ou como ele funcionava, e iria perpetuar a confusão dela, quanto menos ela soubesse melhor, de qualquer forma não era um poder para batalha, ela não controlava água ou lançava fogo com as mãos, era muito melhor e mais precioso que isso.

- Deve ser decepcionante para você princesa. – Líria solta risadas. – Seu poder não se trata disso.

- E do que se trata? – Sarah pergunta.

- Eu não seria tola de responder. Você já me entregou as dúvidas que tem e essa não estava na lista, aliás você já teve dicas suficientes, deveria ter sido mais esperta antes de fazer algum acordo.

- Tanto faz! – Sarah fala em deboche, ela aprendeu que com Líria tinha que pagar na mesma moeda. – O poder não é seu porque você não foi capaz de encontrar as respostas, e agora parece que vai ser mais difícil já que não é mais rainha e nem asas você tem.

- Veremos! – Líria responde confiante. – Agora vamos terminar logo com esses treinos, quero transforma-la em uma verdadeira espadachim.

E por algumas semanas Sarah treinou com Líria na propriedade da família de Jim, que emprestou o carro para Sarah (que sabe dirigir só não tem carro) e deu as chaves da cabana para que se acomodasse lá se fosse necessário. Era final de ano ia haver festas e reuniões de família ao qual ele precisava comparecer. Sarah passou seu natal sozinha com Líria naquela cabana, não era exatamente sua família, mas Sarah já tinha uma certa estima pela fada, que por mais que fosse egoísta e orgulhosa, era uma ótima professora que não se importava em treina-la a manhã toda o importante era que ela estivesse pronta.

Sarah ligou para sua família todos os dias para ter notícias de Toby, e eles disseram que depois do ano novo Toby seria transferido, o que foi um maravilhoso presente de natal para ela. Suzy a evitava nas ruas e Margareth e Thomas estavam sumidos, que segundo Jim eles viajaram para visitar os parentes, ela se sentia triste por não conseguir conversar com seus amigos e pedir desculpas, queria tirar esse peso de imediato para não se sentir tão sozinha.

Exatamente no ano novo Jim e Will foram dar suas despedidas a Sarah antes de partirem novamente para as comemorações familiares, precisavam saber como ela estava, sabiam que ela estava se esforçando muito e talvez estivesse triste por não ter os amigos com ela.

- Sarah só viemos checar se você estava bem e se precisava de mais alguma coisa. – Jim diz sorrindo e dando um abraço em Sarah. – Você lembra quando disse que não iria pedir minha amizade porque seria constrangedor?!

- Lembro, me perdoe por isso. – Sarah responde retribuindo o abraço. – Vocês dois foram as melhores coisas que me aconteceram, mesmo que o amanhã signifique universidades diferentes e não se ver por um tempo, eu quero que vocês me liguem quando puderem. Muito obrigada por tudo.

- Sarah eu terminei seu colar. – Will entrega uma cópia perfeita do colar de Jareth. – Desculpa a demora eu estava tentando procurar materiais parecidos.

- Muito obrigada Will! Ficou idêntico!  – Sarah diz e dá um beijo na bochecha dele o fazendo corar. – Eu vou ficar te devendo.

- Não é preciso você acabou de pagar, por mais que eu preferisse que fosse um beijo na boca. – Will responde em brincadeira.

Sarah leva na brincadeira mas resolve dar um selinho em Will como forma de agradecimento, que corresponde com um pulinho de susto, não esperava que aquilo acontecesse, nem Jim que ficou surpreso, mas riu da reação do amigo.

- Sarah eu estava só brincando. Eu não queria dizer que você precisava me pagar com o seu corpo. – Will diz nervoso pensando que Sarah o via mal agora.

- Eu sei, não se preocupe, é um pouco ridículo mas é tudo que eu posso dar. – Sarah sorrir tranquilizando-o. - Eu agradeço muito a vocês dois, eu vou sentir saudades.

Os dois vão embora tristes com a despedida, porém Will estava muito feliz por ter ganhado um selinho de Sarah, ele já havia beijado muitas garotas e nenhum dos beijos teve efeito que este breve selinho havia dado agora. Sarah ia sentir muita saudades deles, pois eles a ajudaram sem questionar nada, e ela não queria dizer o que realmente estava acontecendo, sentiu gratidão pelo entendimento deles.

Líria precisava deixar Sarah sozinha esta noite, por mais que não pudesse, mas com o falso colar agora na princesa se forçou a acreditar que funcionaria por esta noite, ela queria saber como Boneca estava e se aqueles dois cuidaram para que ela fizesse tudo certo, Jareth jamais podia descobrir.

- Princesa eu vou precisar sair. Tome cuidado, se sentir o inimigo se esconda de algum jeito. E carregue a espada para onde você for. – Líria diz criando o portal com a água do pequeno frasco que Low entregou.

- Pensei que passaria o ano novo comigo.

Líria nem respondeu e partiu, agora sim Sarah se sentia triste e sozinha, ficou extremamente chateada com a fada. Sarah já havia preparado o jantar de ano novo (um simples macarrão instantâneo, era o que tinha na cabana) e esperava ao menos ter uma companhia, mas até a vontade de comer ela perdeu e decidiu tomar uma banho.

Na banheira foi onde as lágrimas começaram, afinal ela estava mantendo a casca de pessoa competente e forte por tempo demais, ali naquela banheira com águas quentes e agradáveis era onde ela podia chorar a vontade sem ser julgada. A solidão a corrompia e além da saudades de seus familiares e amigos, ela sentia saudade de outra pessoa com muito mais fervor. Ela queria muito ver Jareth, não queria pedir necessariamente desculpas, mas queria o alento dele.

- Eu preciso de você Jareth. – Ela sussurrou para si mesma.

Sarah assustou-se quando viu que não estava mais no banheiro da cabana ou nas águas da banheira, mas nas águas de uma linda cachoeira.

- Eu disse que sou seu servo Sarah.