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História Labyrinth: My way to you - Direita... Esquerda...


Escrita por: Taekthszz e Yugimacy

Notas do Autor


Olá pessoal! (˚ ˃̣̣̥᷄ω˂̣̣̥᷅ )
Sei de demorou dessa vez né, me perdoem, mas aqui está mais um capítulo!
Obrigada a todos os fav como sempre ❤️
E vocês me chatearam com os comentários ein, poxa... Mas obrigada a quem foi lá dar uma forcinha ❤️💕
Quero ver muito mais comentários nesse ein, por favorzinho! (^///^)
Desculpem qualquer erro e boa leitura!

Capítulo 14 - Direita... Esquerda...


Fanfic / Fanfiction Labyrinth: My way to you - Direita... Esquerda...

Depois do que acontecera na reunião, o palácio se encontrava mais vazio, não pelas pessoas, mas pelas palavras. Todos; Jimin, Yoongi e Jackson decidiram ficar na casa de Jungkook. Era óbvio que o deus loiro não iria desgrudar do lado de Mark, e Yoongi supôs que seria melhor ficarem juntos para se protegerem, não confiava em ficar sozinho em seu próprio palácio ainda mais estando cansado.

O clima era de tensão, cada segundo, cada minuto, hora e dia. Não, Taehyung ainda não tinha se acostumado a olhar para Mark, ainda que, com o passar do tempo o machucado dele tinha se tornado menos agonizante devido ao  trabalho que Namjoon estava fazendo. O divã daquela sala tinha se tornado o lugar onde os dois, Jackson e Namjoon, haviam se isolado para curar ao mago. Poucas vezes ele entrara ali novamente, pois em todas elas, se sentia mal, aquela mesma sensação ruim de quando o vira pela primeira vez o invadia.

Jimin era quem mais adentrava naquele lugar, ajudando a levar comida, toalhas, artefatos mágicos, além de amuletos protetores. E dia após dia, se perguntava por que, só ele, se sentia tão ruim ali e como a presença maldita que permanecera no corpo do garoto lhe causava tantos calafrios. E ele descobriria...

Mas, essa não era a única coisa que lhe afastava da sala. Namjoon tinha se mostrado um “cara” legal depois de alguns dias de convivência. Apesar das várias brigas provocativas entre ele e Jungkook, com Taehyung, o deus com aspectos muito parecidos com os de um gato se mostrava simpático e gentil, até tinha acostumado a receber carinhos na cabeça do de cabelo rosado, o que ele achava hilário quando via o garoto chacal rosnar em ciúmes. No entanto, Namjoon era muito sério sobre o que fazia, ordenando que o deixassem sempre quieto e concentrado enquanto retirava a magia do corpo de Mark ou ele invocaria gatos para fazer xixi em seus travesseiros! A menos, é claro, que você lhe oferecesse um copo de leite morno com mel.

E assim, o tempo se passava imensuravelmente para Taehyung. Um grupo se ocupava com Mark, enquanto Jungkook e Yoongi estavam sempre alertas sobre criaturas que se aproximavam, protegendo o palácio... E ele? Bem, na maior parte do tempo, se punha a encostar o queixo na sacada do quarto do último andar, o de Jungkook, sonhando acordado sobre como tudo estaria do outro lado daquele céu cinzento.

Sejin e Lily já haviam os visitado várias vezes, sempre traziam notícias — e também alguns deliciosos cookies da loira —, às vezes ruins, às vezes nem tanto. Apenas tinha a certeza de que ataques aconteciam a alguns grupos de magos mundo afora, dos quais Sejin costumava chamar de “nomos”, graças aos deuses, nunca soubera de algum que fora realmente grave, o que ainda não deixava o assunto de ser preocupante, é claro.

Já a Casa do Brooklyn, segundo a maga, estava vazia e silenciosa desde o ataque, apenas ela e Sejin ficavam lá, observando, recebendo mensagens e informações de outros magos, protegendo a mansão de bestas egípcias, como Demônios-canivete e Serpopardos. Como ele tinha agradecido por não fazer ideia do que essas coisas eram...

Mas, em meio a todos esses conflitos, Taehyung obviamente também pensava constantemente em sua mãe. Sempre imaginava como ela devia estar tão preocupada... Seu tio lhe dava notícias, é claro, mas imaginava como seria para ela saber como era a sua situação: preso em um outro mundo e correndo perigo. Ele apenas esperava que ela o perdoasse e que ainda se lembrasse da conversa do natal, que ele apenas fazia tudo aquilo por amor.

Essas eram as coisas que mais lhe corriam a mente. Naquele lugar de dias escuros e noites claras — já nem sabia mais dizer —, a sacada do quarto de Jungkook havia se tornado seu pedacinho favorito em todo aquele lugar espaçoso. Dali, ele podia sempre ver o campo de rosas negras, fechar os olhos, relaxar, sentir o perfume da brisa. Colocava os cotovelos apoiados na beirada da sacada, olhando no céu, onde seis luas em fases diferentes — ele não sabia distinguir quais — brilhavam suavemente no céu, trazendo junto as memórias da declaração magnífica que o moreno havia lhe feito.

Outra coisa que tinha se habituado a fazer, era ir para o jardim, olhar as belas flores de perto. Sim! Depois do dia da reunião tensa, ele e Jungkook tinham tirado um dia para esfriarem suas cabeças e finalmente seu namorado havia lhe mostrado as tão raras rosas. Se lembrava muito bem de como tinha sido aquele momento.

[...] “Quero ver sua reação quando tocá-las.” Riu apertando os olhos. “Posso confirmar que são muito mais bonitas do que vistas de longe.” Jungkook dizia enquanto eles caminhavam de mãos dadas em direção a uma grande porta que parecia sair no fundo do palácio.

“Eu não sei se quero, sabe, furar os dedos!” debochou divertido.

“Não vai! Você verá...” respondia sempre com o olhar que criava cada vez mais expectativas em Taehyung.

Agora, eles desciam escadas. Sim! Escadas! Que novidade não é mesmo?! Apenas alguns centésimos — ok, talvez só algumas dezenas — de degraus até que chegassem ao chão de grama verde desbotada, no começo de onde Taehyung podia ver todas as rosas se multiplicarem até muito, muito, muito longe.

“Ual...” Suspirou quando pararam em frente a elas.

“Vamos lá para o meio!” Jungkook disse olhando sorridente para Taehyung.

O moreno o puxou pela manga de sua blusa e os dois começaram a correr no campo entre as flores. Se sentia em um conto de fadas, passavam entre as rosas sentindo o cheiro ainda mais forte daquela distância, era suavemente adocicado e muito bom.

Pararam bem no meio da paisagem, dali, ele podia ver o palácio do lado de fora. Abriu a boca com a beleza diante de seus olhos. A construção era claramente como os templos egípcios que ele vira em seus livros de história, muitos pilares e grandes muros decorados com símbolos, além das famosas esfinges que se encontravam uma de cada lado da escada que tinham acabado de descer, mas também se misturava com a arquitetura dos castelos medievais, de fato muito bonito.

Levantou a cabeça para olhar as luas que brilhavam tanto que ele quase achou que se banhava em luz solar novamente, mas caiu na realidade quando não teve a sensação quente em sua pele. Não achava ruim, pois elas eram tão magnificas e encantadoras quanto o sol conseguia ser.

Jungkook puxou Taehyung na manga novamente e ele viu o garoto sentado no chão. Saindo de seus devaneios sentou-se junto ao moreno, que enfiou a mão abaixo dos galhos, puxando uma flor com força que se soltou do chão com um som estalante.

Uma curiosidade que Taehyung teve quando viu as rosas pela primeira vez, era que  diferente do normal, essas cresciam todas juntas, não se via sinal das folhagens que geralmente as rodeavam. Quando Jungkook entregou-a, ele pôde entender como elas eram; seus caules eram mais grossos e mais firmes, também negros, quase como gravetos. Não haviam folhas apenas as pétalas estonteantes no topo atraiam o seu olhar, assim como o perfume pelo qual já havia se apaixonado.

“Então, o que você acha?” perguntou Jungkook, e bem, como ele conseguiria responder algo como aquilo? Por toda sua vida desde a infância Taehyung havia sonhado em vê-las, mas sempre apenas como um sonho porque por tudo que sabia era que elas eram apenas um mito, e agora, não tinha apenas uma em suas mãos, mas todo um jardim.

“São perfeitas, exatamente como eu as imaginei.” Respondeu sorrindo enquanto observava as pétalas foscas e arrastou-se até o meio das pernas de Jungkook, deitando de costas sobre seu peito e se aconchegando ali.

Quando havia se deitado no peito quente e acolhedor de Jungkook, onde se sentia tão protegido, olhando para tudo diante de seus olhos não podia evitar de pensar longe demais.

Taehyung vinha imaginando sua vida ali no Duat, viver cada dia, para sempre, ao lado do moreno. Tinha certeza que seria feliz, pelo menos, tudo que imaginava ao lado de Jungkook em sua cabeça o fazia a pessoa mais feliz de todos os mundos que podiam existir por ai. Mas, ainda assim, tantas coisas se passavam em sua mente. Ele queria ficar ali, não conseguia esconder isso, mas, não queria ficar feliz e deixar pessoas para trás, mesmo que soubesse que tinha a liberdade de vê-las, um dia elas se iriam.

No entanto seu coração ainda relutava em pensar nisso, cada vez mais sua mente pensava em soluções e mais soluções para tudo. Jimin e Yoongi estavam se dando tão bem, talvez ele até conseguisse convencer o deus de cabelos verdes a torná-lo imortal até antes dele. Não poderiam simplesmente viver todos juntos ali? Mas, sua mãe, seu tio, Lily... Bem, eles partiriam de qualquer maneira um dia, não partiriam? Essa era a única família que ainda tinha nesse mundo, então tudo que iria deixar para viver ao lado de seu amado chacal valeria a pena, não valeria? A ganância crescia cada vez mais forte dentro de si.

Fazer desse palácio também seu, conhecer mais desse mundo, reinar sobre o mundo dos mortos.

Os mortos...

“Você está bem amor?” Jungkook perguntou quando sentiu Taehyung suspirar pesado, olhava para o céu viajado em pensamentos.

Ah... Como ele amava quando Jungkook o chamava desse jeito.

“Jungkook, o que você faz aqui? Sabe? Todo aquele lance da balança e da pena...”

“Oh” Um gemido deixou sua garganta “Eu...” Hesitou.

“S-Se não quiser falar não tem problema.” Taehyung e sua curiosidade além da conta...

“Não. Você está certo, tem que saber de tudo sobre mim.” Inalou profundamente e deu um selar carinhoso na têmpora de Taehyung. “Meu trabalho é julgar as almas, como lhe disse antes, quando eu peso o coração delas com a pena, se o coração for mais pesado, elas não vão para a reencarnação, e quando o coração é mais leve elas seguem junto de Yoongi para serem guiadas.”

“E o que acontece com as almas que não vão com Yoongi?” ergueu a cabeça para olhar o rosto do namorado, ele parecia focado em algo à distância. Demorou um pouco para que respondesse, mas logo as palavras deixavam seus lábios avermelhados.

“Eu jogo os corações dessas pessoas para Ammit. Ele é uma fera, um demônio, e devora o coração daqueles que eu julgo pecadores.” Soltou um riso rápido pelo nariz, porém não se sentia feliz em estar falando aquilo. “Cruel, não é?” abaixou os olhos para as flores ao seu lado, algumas com orvalho em suas pétalas.

“Eu não acho” Taehyung respondeu rapidamente. “Só está fazendo o que é justo, então não acho cruel” Ele retrucou sincero e ouviu Jungkook dar uma risadinha enquanto sentia seu peito pular em suas costas.

“Eu sou tão horrível, Taehyung. As pessoas me odeiam, me acham um monstro, e realmente eu sou. Elas conhecem o que eu faço. Enfiar a mão no peito das pessoas, arrancar seus corações e atirar para um demônio? Realmente muito simpatizante, não é?” Ele abaixou a cabeça envergonhado.

“Eu não acho que você seja um monstro. Como eu disse, você só está fazendo o que é de sua natureza, e ninguém conhece o lado seu que eu conheço, além de Sejin, Lily e Jimin, todos eles sabem como você é, não se preocupe com isso.” Pegou uma das mãos do moreno e beijou a costa de sua palma. 

“Obrigado, Tae.” Jungkook rodeou seu corpo com os braços, lhe abraçando forte, deu um beijo ao pé de sua orelha e depois soltou um leve riso pela boca, que lhe causou arrepios. “Sabe, quando fala isso, eu esqueço de todos os milênios que fui odiado e abandonado. Para mim, só basta que você me ame do jeito que eu sou, nada mais importa.”

Cruzaram olhares, e então Taehyung juntou seus lábios aos dele. Um beijo sutil, calmo e apaixonado, que começou apenas com alguns selares castos, mas logo grudaram suas bocas, pedindo passagem com a língua e invadindo a boca do moreno ele soltava profundos suspiros conforme o enrolar de suas línguas se intensificava.

Quando se separaram se olharam novamente. Argh! Como era um inferno não poder fazer nada com ele no momento por conta de seu machucado. Jungkook tinha um sorriso no canto da boca, a franja bagunçada e por estar deitado mais abaixo tinha a visão perfeita de seu maxilar assim como a pintinha abaixo do lábio inferior.

E como queria ter continuado a focar seus pensamentos naquela imagem, literalmente, dos deuses. Mas, com a resposta que tivera do deus só uma coisa atingiu seu cérebro como um raio, queria descobrir como se sentia sobre aquilo, pois não negava que uma pontada de felicidade, mais como vingança, surgia dentro de si, mas também não tinha certeza se sentiria prazer em saber de algo como isso...

“Jungkook” chamou, ainda penetrava os olhos dele com o seu próprio olhar.

“Hm?” 

“Você” pausou “Já viu o meu pai?” perguntou em um sussurro.

“Taehyung...” Jungkook franziu as sobrancelhas instantaneamente e chamou seu nome, seco, apenas com isso seu corpo se encolheu. Ele sabia que não devia... “Eu não posso te falar sobre isso, me desculpe, mas, é o melhor” respondeu.

“Eu entendo” disse cabisbaixo. “Mas, você sabia de tudo que ele fez comigo e com minha mãe?”

“É claro que eu sei, Tae, e eu te juro que o que eu mais queria fazer era interferir aquilo, mas é uma das maiores regras dos deuses não se intrometerem na vida dos mortais. Eu tinha que deixar tudo seguir o fluxo natural, então o que tinha que acontecer com ele já passou, isso é passado e deve esquecer isto, não fique colocando essas coisas na cabeça amor, por favor.” [...]

É claro, depois daquele acontecimento ele nunca mais havia tocado no assunto, ainda que ele vivesse em sua mente dia após dia. Achava isso tão covarde de sua parte, mas ao mesmo tempo sentia-se injustiçado, por tudo que ele teve que passar nas mãos daquele homem... Ainda assim, cada vez mais sua cabeça era ocupada pela pressão de querer ficar com Jungkook, e sabia que convencê-lo não seria nada fácil.

De pouco a pouco, ele foi descobrindo mais e mais sobre o garoto chacal, sobre o Duat e tudo ali. Ia se apegando gradativamente, apegando-se ao cheiro de Jungkook nos lençóis da cama, no seu lugar especial na sacada, no estranho sentimento da luz sem calor algum da lua em sua pele.

Mesmo diante de todo caos acontecendo em volta deles, às vezes se juntavam para conversar sobre algo que descontraísse. Tinha se acostumado com a presença de todos ali, com as visitas temporárias de Sejin, e até mesmo a ausência de sua mãe tinha deixado de ser tão assustadora depois que passou a morar na mansão.

Tinha se acostumado a aquela vida e não tinha mais vontade de largá-la, sua família não era tão grande e ele também teria uma ali junto dele, não é? Se sentia acolhido e amado como nunca antes, estava feliz de perceber isso. Quando estava nos últimos meses da escola ele nem mesmo sabia qual seria o seu futuro, não tinha escolhido uma faculdade, não estava trabalhando... Não tinha planos e nem queria pensar nisso naquele momento, tinha apenas se concentrado em sua viagem, e olhe só que conveniente, indo para a casa de seu tio ele sentiu que finalmente tinha descoberto como viveria seus anos seguintes.

A Casa do Brooklyn virara um lugar tão importante para ele quanto sua casa, e ficaria feliz de algum dia tomar as rédeas dela. Imortalidade. Não perecer, poder estar com quem amava para sempre, cuidar de pessoas queridas, do património de seu avô, Kim Hungsoo.

Como sempre, sonhar acordado era tudo que fazia, até que o dia finalmente chegou e ele não se segurou mais. Era apenas outro dia rotineiro naquele lugar, a tensão espalhada pelo ar, Namjoon curando, os deuses protegendo, e Taehyung havia convencido Jungkook de ir conhecer Ammit...

[...] “Você pode me dizer, por favor, qual é a da roupa de linho?” bufou enquanto andavam pela areia, seus coturnos se enchiam a cada pisada. Culpa de Jungkook que fez com que o portal os “cuspissem” um pouco distante do local onde deveriam estar. “Faz dias que você me dá a mesma roupa para vestir, isso é alguma moda dos deuses, ou sei lá?!”

“Não” ele riu “Roupas de linho são boas para magos, ajudam com o fluxo da magia, palavras de Kim Hungsoo!”

“O quê? Meu avô que ditou essa moda? Não é possível que toda a minha família seja maluca.” Bateu em sua própria testa e Jungkook gargalhou ao seu lado.

“Ele já fez todo mundo usar essas roupas. Agora até Sejin pede para que os magos da casa usem às vezes.”

“E você está me fazendo usá-las agora.” Fez biquinho.

“Bem, eu confio nas palavras de seu avô mais do que ninguém. Você não?” ele olhou para Taehyung que não teve resposta, pois era claro que ele iria confiar em quem iria predestinar o seu futuro a tantos anos atrás.  “Vamos, chegamos” disse quando a areia passou a ser chão firme, branco como cal.

Eles pararam em frente a um grande portão branco do que parecia um templo. A porta se abriu lentamente e eles entraram. Deram alguns passos até chegar ao que parecia uma arquibancada, lá em baixo, uma pequena arena, no centro dela, a balança dourada brilhava.

“Porque essas arquibancadas?” Taehyung perguntou enquanto descia as escadas atrás de Jungkook, grudado ao namorado, ele segurava a borda de sua camiseta como uma criança. Não podia negar que estava amedrontado.

“Às vezes deuses ou espíritos se sentam para assistirem os julgamentos.” Pararam em meio à sala.

“Ual, eu quero ver um!” empolgou-se, mas logo Jungkook lhe advertiu.

“Eu não quero que você veja, sabe, não é tão legal quanto parece.”

Taehyung suspirou decepcionado, mas não podia dizer que aquele lugar não lhe causava aflição ou que apenas as imagens em sua mente o assustavam.

“Já julgou muitas pessoas aqui não é?” se aproximou da balança. Era grande, maior que ele, num tom de ouro, parecia uma cruz, e em cada ponta se encontrava um prato.

“Todas que imaginar. Famosos, ou não, ricos, pobres, crianças...” Falava. “O coração de Jack, o estripador, foi muito bem devorado por Ammit.”

“Esperai aí, você conheceu Jack, o estripador?! Como ele era?!” voltou ainda mais animado para o lado de Jungkook.

“Um homem charmoso devo dizer, no entanto, um completo psicopata.”

“Isso é incrível, você tem noção de que nós, humanos, nunca descobrimos a identidade dele? E você o conheceu!”

“Sim, eu sei disso, exatamente por isso sou tão restrito a conviver entre os mundanos, eles sempre tem perguntas.”

Uma pontada acertou o coração de Taehyung, pois ele mesmo já se enchera de curiosidade sobre informações de seu pai e avô. Talvez Jungkook tinha dito aquilo de propósito? Só conseguiu abaixar a cabeça para olhar os próprios pés.

“Bem, está pronto para conhecer Ammit?” Jungkook quebrou o gelo e Taehyung levantou a cabeça aliviado.

“Espera! Espera aí!” Taehyung agarrou o braço de Jungkook. “Tudo bem que eu vim aqui para conhecer seu amiguinho, mas ele não vai me devorar, né?” perguntou olhando amedrontado para o deus, ele, apenas deu uma risada maliciosa e então levou os dedos até a boca soltando um alto assobio.

Por alguns segundos tudo ficou quieto, até que ele escutou passos à distância, cada vez ficando mais altos. O som fofo era de algo pesado, parecia até que um cavalo cavalgava em suas direções, estava ficando nervoso.

De repente, algo pulou sobre suas costas, fazendo com que caísse de cara no chão. Sentiu um sopro quente em seu pescoço, então virou-se de barriga para cima, recebendo assim uma lambida molhada e exagerada sobre sua bochecha. “Ew!” gemeu, enquanto isso Jungkook ria da sua cara.

Em cima de seu corpo estava o tal Ammit, era um ser muito estranho, de fato. Sua face era uma mistura de crocodilo com leão, ele tinha a boca comprida como a do réptil e em cima da cabeça uma juba, o resto do corpo era metade leopardo e hipopótamo.

“Hey, hey, garoto, pare!” Taehyung falava com Ammit enquanto ria de suas lambidas que o causavam cócegas.

“Parece que ele gostou de você” Jungkook se aproximou, sentou-se ao lado dos dois e também começou a acariciar o pelo da criatura “, e muito! Nunca vi Ammit com qualquer outro deus dessa maneira antes.”

“Ele é estranho.” Segurou a cara do animal entre as mãos fazendo carinho em seu pescoço e escutou o animal soltar um choro.

“Taehyung! Ammit tem sentimentos sabia?”

“Aw! Desculpe, Ammit, eu realmente gostei de você, é um amiguinho muito fofo” falou se desculpando e novamente o animal se jogou em cima de seu corpo fazendo com que caíssem em gargalhadas.

Sentaram-se ali, lado a lado no meio das arquibancadas, com Ammit descansando a cabeça em seus colos. Conversaram sobre várias pessoas que por ali passaram e que Jungkook julgara. Amava esses momentos, mas eles não ajudavam em nada — nada mesmo — na vontade de ficar ali com Jungkook, que só crescia. Como eles estavam agora, pareciam até uma família feliz...

“J-Jungkook” chamou, nervoso.

“O que foi?”

“Sabe eu...” Começou a dizer e relutou um pouco, seu coração batia rápido, ele sabia que Jungkook não ia ser assim tão fácil. “Eu andei pensando sobre a gente” pegou a mão do moreno “, e eu quero ficar aqui, com você.”

“Você pode ficar, o quanto quiser” respondeu tranquilamente, e isso deixava Taehyung ainda mais nervoso, não era isso que ele queria dizer...

“Jungkook” segurou o rosto dele entre as mãos “eu quero ficar com você, aqui, para sempre.” Encarava seus olhos fixamente. Ele fixou os olhos nos de Taehyung com ainda mais intensidade, e ao ver o quão sério ele falava Jungkook franziu as sobrancelhas entristecido, retirou as mãos de seu rosto e soltou um profundo suspiro, desviando o olhar do de cabelos claros.

“Tae...”

“Eu sei que tem um jeito! Jimin me disse!” retrucou.

“Ele o quê!?” Jungkook gritou. “Argh, droga...” Escondeu o rosto entre as mãos como quem pensava “Lá vem problema”, depois as puxando até os cabelos e levantando sua franja para trás. “Escute, Taehyung, eu definitivamente não vou fazer isso com você, me desculpe.”

“Mas eu quero Jungkook! Eu já pensei em tudo, okay?” agarrava a frente da blusa dele com força. “Eu tenho certez-”

“Não, você não tem! Taehyung vamos esperar mais para falar sobre isso.” Ele segurou um de seus punhos.

“Você não quer que eu fique com você? Você sabe que um dia eu ficarei cheio de rugas e caduco e você não vai me querer mais! Você me deixaria para trás tão fácil assim?”

“É claro que eu quero! Você não sabe o quanto... Mas as coisas não são assim!” Jungkook o encarava com piedade. “Como você quer que eu te arraste para morar comigo, no inferno! Não posso fazer isso com você.”

“Você mesmo sabe o quanto nós estamos em perigo, e se o que acontecesse com Mark acontecesse comigo? Ainda não vai querer me transformar?” Lágrimas começavam a brotar nos olhos de Taehyung, mesmo que ele não quisesse se fragilizar naquele momento, não conseguiu se segurar.

“Eu não posso...” Jungkook sussurrou.

“Tudo bem então! Eu vou comer uma das frutas do jardim, elas vão me prender aqui, não é!? Eu conheço a história!” olhou para o namorado fazendo bico, parecia até uma criança birrenta.

“Tae, essa lenda não existe no Duat, se quiser pode experimentar as frutas, elas são bem gostosas.” Ele deu um riso baixo, achando engraçado a provocação de Taehyung.

“Isso não é justo! Não é uma decisão só sua!” deu um tapa no braço do garoto chacal. Realmente estava nervoso, ele estava falando sério ali!

“Meu amor, olhe para mim.” Jungkook secou o canto de seus olhos com a mão esquerda, enquanto a direita acariciava seus fios de tom lilás. “Vamos esperar tudo isso acabar, tudo bem?” juntou suas testas “Mark está se recuperando, assim como eu, logo isso vai acabar e mais para frente nós resolvemos isso juntos.”

“Eu não sei porque tem tanto medo assim, o que tem demais em me tornar imortal?” soltava pequenos soluços.

“Taehyung, eu te tornar imortal ou não, isso não deixaria de te por em perigo, além de que você ainda tem que pensar na aprovação de sua mãe, ela tem que saber...” Falava carinhosamente com ele.

“Me desculpe, você tem razão, mas não pense que eu vou desistir” disse em tom firme, desgrudando suas cabeças e olhando para os olhos tão negros quanto a noite.

“Eu quero tanto, tanto, te amar infinitamente, mas nós temos que ser pacientes.”

“Mas, Jungkookie” Encostou sua cabeça no ombro do moreno “como é? Como você me transformaria? Por que tem tanto receio?”

“Bem...” Viu ele fechar os punhos. “Eu não quero fazer isso Taehyung, tente me entender, eu teria...” Suspirou apertando os olhos “Eu teria que dividir parte da minha alma com você, assim você desenvolveria a imortalidade. No entanto, o ritual é doloroso Tae, eu teria que te possuir de uma maneira sem amor. Você se assustaria, me pediria para parar, mas eu não poderia. Se parar do meio do ritual, você morre...”

Seu coração se gelou e ficaram quietos por alguns segundos. “Isso é realmente perigoso” pensou. Mas ainda assim, a ideia de se tornar imortal não tinha ido embora de sua mente, ele não se permitiria deixar Jungkook sozinho de novo, não... Depois de tudo, o que ele mais tinha certeza era que já pertencia a aquele mundo, e mais ainda, ao deus dos mortos, confiava cegamente nele.

“Eu confio em você, Jungkook. De qualquer modo eu já pertenço a você. Por favor? Eu te amo...”

Tentou uma última vez, mas não obteve resposta. Jungkook apenas soltou o ar pelo nariz, lançou-lhe um olhar carismático e então se levantou, lhe oferecendo a mão direita.

“Vamos, vamos embora. Já passamos tempo demais aqui, pode ser perigoso.” [...]

É claro que ele não havia deixado esse assunto de lado depois daquele dia, ainda que todas as vezes Jungkook sempre mudasse de assunto ou fingisse que ele nem mesmo estava lá. Até mesmo em momentos íntimos, sempre que resolviam aliviar um pouco do stress, se tocando no banheiro ou até mesmo no quarto — onde tinham evitado mais depois que quase foram pegos por Jimin, que ficou dias lhe enchendo o saco! — ele sussurrava algumas palavras — “eu quero fazer amor com você para sempre”, “eu nunca me cansaria de ver essa sua expressão pro resto de minha vida” e etc — que esperava que fizessem algum efeito em Jungkook.

E, sim. Eles não tinham feito sexo desde que chegaram ali. Nada ajudava, a casa lotada, o medo, a tensão, e além de tudo o machucado na barriga de Jungkook. Namjoon havia os alertado para não extrapolarem e fazê-lo se machucar ainda mais, mesmo que já estivesse bem cicatrizado. Além disso, ele queria muito saber quando fora que Namjoon tinha ficado sabendo que eles transaram. Aquele Jimin...

Fora isso, cada vez mais se apegara a Ammit, além de ir visitá-lo mais vezes, também aparecia dando voltas pelo palácio de vez em quando. O demônio devorador de Anúbis tinha o surpreendido, agia como um animal de estimação, havia o simpatizado.

Diferente de Jackson, que andava o assustando, na verdade. Todos os dias ele se mostrava muito quieto, não deixava o lado de Mark a não ser que fosse alguma necessidade grande.

Houve um dia, no entanto, que foi o que mais lhe espantou, ele se lembrava de sua aura amedrontadora. Jungkook e ele estavam no jardim pois Taehyung queria provar das tão belas frutas vermelhas. Sua aparência era uma estranha mistura de manga com morango, ele havia acabado de mordê-la, saboreando um gosto agridoce, que se assemelhava a chocolate, quando eles ouviram Jackson gritar que algo estava vindo.  Jungkook disse que avistara o que era: um Demônio-canivete; Taehyung não conseguiu ver direito pois estavam muito longe, e nem dera tempo, no instante depois Jackson dividiu o corpo da criatura ao meio. Aquilo fora tão chocante que ele derrubou a fruta aos seus pés e Jungkook tampara sua visão com as mãos, porém a imagem ainda lhe assombrava em sua mente.

Com tantos acontecimentos o tempo seguiu, Mark já estava sem os hematomas na pele e sua cor tinha voltado um pouco ao normal. Jungkook e Yoongi também se sentiam melhores. Tinha a sensação de que tudo estava dando certo, não sabia dizer se isso tudo acontecera rápido ou devagar, como os deuses mediam o tempo? Dias para eles podiam parecer anos, ou até ao contrário, mas em sua mente tudo estava saindo como o planejado. Eles não estavam esperando uma reviravolta tão chocante assim...

Tudo aconteceu muito rápido.

Estava dormindo, tendo seus típicos e estranhos sonhos, quando despertou. Olhou para o lado sonolento, Jungkook dormia tranquilamente. Sentia seu corpo mais pesado que o normal, e o mais estranho, uma voz ainda ecoava em sua cabeça.

“Ilen En-mar” diziam os sussurros. “Ilen En-mar, Ilen En-mar...”

Sentou-se à beira da cama, olhou para os próprios pés e se levantou.

Ilen En-mar.

Alguém o chamava ao longe e ele tinha a necessidade de saber o que, ou quem, era. Sem hesitar ele saiu andando pelos corredores, nada nem ninguém se encontrava ali. Apenas continuou seguindo sem parar, andava como um robô, procurando por algo, algo que vinha do jardim...

Ilen En-mar.

O piso foi trocado por terra e depois grama, e assim andou até o meio do mar de rosas. “Taehyung!” Uma voz gritou ao fundo, e foi quando ele despertou, percebendo o que estava fazendo. Aliás, ele não sabia o que estava fazendo! Olhou para trás, vendo Jungkook o chamar da sacada de seu quarto, e quase, quase, ele gritou para que o salvasse, mas foi tarde demais quando algo com garras grandes o agarrou pelo corpo, e ele desmaiou enquanto era levado para longe.

Agora, enquanto pensava em todas as memórias, boas ou ruins, ele chorava baixinho, encolhido no canto de uma sala escura. Ao lado, um Kyupil que estava de guarda, dormia. Não queria acabar como Mark, não queria acabar com sua vida, não queria ter como a última lembrança de Jungkook, sua cara de espanto.

Seus pensamentos foram interrompidos quando alguém abriu a porta e se aproximou da cela. Taehyung o observou começando pelos pés, até que chegasse ao seu rosto e o coração em seu peito parasse de bater.

“H-Hoseok?” Sua voz, rouca, falhava de medo, assim como seu corpo tremia.

“Olá, TaeTae.” Hoseok agachou-se até que ficasse à altura de fixar seus olhos nos dele.

Taehyung mordeu os lábios de raiva, sentindo o gosto de ferro do sangue em sua língua.

“Nós temos tanto o que conversar” completou, e um sorriso travesso brotou no canto da boca do deus do caos.


Notas Finais


É isso ai!
DEIXEM NOS COMENTÁRIOS O QUE ACHARAM, LETTY AGRADECE MUITO! ❤️😅😘
Até a próxima!
Se quiserem falar cmg tenho
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beijoooooooooos ❤️ (˚ ˃̣̣̥᷄ω˂̣̣̥᷅ )


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