História Laços. - "Alana beijou um menino."

O final das aulas finalmente chegou e segui para fora da escola atrás de Alexa, já que ela não me esperava onde havíamos combinado nos encontrarmos.

Em passos lentos, caminhei até a saída e fui cumprimentada por alguns desconhecidos – provavelmente acham que eu sou Alexa –, retribui por educação. Eu me senti incomodada com isso, não é possível que eu não tenha feito um amigo se quer, enquanto Alexa já fez um monte. Sai da escolha e avistei minha irmã conversando com um grupinho de meninos e meninas. Acredito que isso seja um tapa na minha cara. Respirei profundamente e resolvi ir para casa sozinha.

Ajeitei minha bolsa nas costas e segui para casa. Fui observando tudo em minha volta. Essa cidade é tão perfeita esteticamente, que parece de mentira. Ela pode ser pequena, mas tem tudo que uma cidade grande tem, a única coisa que a torna mais perfeita é que não tem barulho e menos pessoas. Esses dois quesitos me agrada muito. Nunca gostei muito de viver em um monte de gente ambiciosa.

Passei na frente de uma livraria e adentrei, afim de aumentar minha pequena coleção de livros. Dei boa tarde ao caixa e passei em prateleira por prateleira. Não sabia ao certo o que gostaria de ler, acho que vou ter que me surpreende com algo. Estava tão distraída com ler sinopse dos livros, que nem percebi que acabei esbarrando em um menino que li algo encolhido no final do corredor da última prateleira.

– Me desculpe, não te vi. – Pedi ao vê-lo me encarando.

– Eu percebi. – Disse com ironia. O menino é da minha escola, eu vi Alexa conversando com ele na porta da sala dela. – Você deveria ficar mais atenta por onde anda, garota. – Ele foi grosso.

– Eu já pedi desculpas, idiota.

Revirei os olhos. Coloquei que estava em minhas mãos na prateleira e fui embora da livraria irritado com o modo que fui trata por aquela desconhecido.

Entrei em casa e constatei que Alexa já está aqui, pois o rádio está ligado em um volume tanto que elevado. Fui para meu quarto, deixei minha bolsa na cama e segui para o aposento ao lado, avistando minha irmã deitada na cama balançando a cabeça no ritmo da música. Abaixei o volume do rápido e ela me olhou.

– Ainda bem que chegou. – Se sentou na cama. – Estou faminta.

– Você chegou primeiro, por que não faz o almoço? – Eu sabia que ela nunca faria isso, mas não custava perguntar.

– Eu estava descansado. – Argumentou.

– E eu vou descansar agora então.

– Alana! – Protestou e ri. – Estou brincando.

Fomos para cozinha e preparamos algo para comer enquanto conversávamos. Alexa teve um dia memorável, o que não me surpreendeu. Minha irmã tem uma facilidade incrível de fazer amigos e inimigos também. Nem sempre as pessoas gostam desse jeito extrovertido dela. As vezes eu acho irritante, mas é a minha irmã né, vou ama-la de qualquer jeito. Resolvi não contar para ela sobre o que houve na loja de livros, do jeito que Alexa, é, ia acabar fazendo barraco sem necessidade.

– Esse final de semana terá uma festa. – Contou-me sorridente. A festeira dentro dela esta voltando a ativa. – Nos vamos.

 – Nos? – Perguntei confusa. Minha irmã sabe que eu não sou muito de festa, a não ser aniversário de criança.

– Exatamente. – Respondeu ainda sorrindo. – Será bom você ir e será divertido. Vera.

Apenas assinto, com um pé atrás sobre essas decisões dela. O que poderia fazer? Dizer não e discutir? Não vale a pena e acho que será legal ir a uma festa. Preciso ter amigos aqui, mesmo que isso me custe perder uma noite que eu poderia ficar lendo, indo para uma festa idiota.

(...)

Ouço a porta de casa sendo aberto e avisto papai e mamãe adentrando em casa. Ambos cansados pela rotina puxada de trabalho. Embora a empresa seja deles, eles trabalham bastante também, como se fossem empregados do local.

Levanto-me do sofá para ajuda-los com as sacolas de compras que estão carregando e gripo pro Alexa vir ajudar também. Minha irmã aparece e nos ajuda levar as coisas para a cozinha.

– Como foi o primeiro dia de aula, garotas? – Papai pergunta enquanto tira as coisas de dentro das sacolas.

– Foi bom. – Respondo lembrando. De fato foi bom, embora eu não tenha feito muito coisa que possa ser discutida enquanto jantávamos.

– Alana beijou um menino. – Alexa conta na maior tranquilidade e eu me desespero.

– Não é verdade. – Rebato ainda incrédula pelo que minha irmã acabou de dizer. Ela ri. Olho para os meus pais e ambos sorriam. – A culpa é dela! – Aponto para Alexa. – O menino achou que eu era essa idiota! Ela fez de proposito pra mim passar vergonha.

– Hey, não foi nada disso não. – Ela se defende. – Como eu ia saber que aquele idiota ia nos confundir. – Jogo um rolo de papel higiênico nela. – Ai!

– Não briguem garotas. – Mamãe pediu. – Alexa, não faça mais essas coisas com Alana, você sabe que ela é tímida.

– Ela não é tímida, é idiota. – Jogo outro rolo só de raiva.

– Parem com isso. – Mamãe nos adverte novamente. – Peça desculpas para sua irmã Alexa.

– Eu já pedi! – Rebate.

– Mas peça de novo. – Alexa bufa.

– Desculpe por fazer o menino te beijar. – Diz com má vontade.

– Agora nos diga, Alana. – Papai diz. – O menino beija bem?

Fico corada e escuto Alexa gargalhando. Eu vou mata-la ainda. Prefiro me permanecer quieta e eles respeitam isso. Terminamos de guardas as coisas e papai manda nos irmos nos trocar para jantarmos na lanchonete dos Horan’s. Segui para meu quarto, troco de roupa rapidamente e espero por todos na sala. Logo os três surgiram e fomos para a lanchonete de carro.

Pedimos lanches para comermos e embora eu repudie esse mal habito americano de ficar comendo esse tipo de besteira, não consigo recusar. Fazer o que se é bom? Mamãe puxou conversa comigo e com Alexa, e ficamos conversamos enquanto comíamos.

Nada como terminar o dia junta da família, as pessoas que eu mais amo em toda a minha vida.