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História Laços (Des)feitos - Parte Final - Infinito


Escrita por: Tayh-chan

Notas do Autor


twitter @ficstaitian (23/10/2019)
Ainnnn como doeu responder pro Spirit que a fanfic estava finalizada i.i
Mas eu vou deixar os comentários pro final. Boa leitura gente ^^

Ps. o link da segunda temporada (finalizada) está nas notas finais.

Capítulo 26 - Parte Final - Infinito


 

Eu estava desesperado.

Desespero.

Há milhares malditos sinônimos que eu posso usar para fazer vocês entenderem o tamanho do meu desespero: Abundante, demasiado, exagerado, intenso, exorbitante, superabundante desesperado. O que é totalmente compreensível quando seu futuro marido (que já foi marido uma vez) some do mapa há exatos quarenta minutos para o início da cerimônia.

“O pessoal já está esperando no salão, Baek. É melhor a gente ir.” – disse Sehun. O salão ficava há meia hora de minha casa, então de fato nós precisávamos ir.

“Não importa. O que eu farei lá se o maldito do meu noivo não aparecer? Mande todos irem embora então!”

Minki abraçou minha perna por causa do tom na minha voz, eu raramente me mostrava irritado na frente deles, então era claro que meus filhos se assustaram, embora Minhee não tenha dado nenhum indicio. Ela continuava sentadinha no sofá em silêncio, seu vestido rodado de bolinha mal cobria os joelhos. Um lindo amarrador de cabelo prendia sua trança embutida. Cabisbaixa ela movia os pés que não encostavam no chão, seus olhos visualizavam o sapatinho cor de rosa que ela havia escolhido na loja especialmente para esse dia. Mesmo que tenha sido difícil aceitar no começo, ela estava tão ansiosa para a cerimônia quanto todos ali na sala.

Minki também estava bonito usando um mini terno e mini sapatinhos pretos e bem engraxados. Ele já havia me perguntado sobre o Chanyeol appa tantas vezes que eu pedi para ele ficar em silêncio, que perguntar sobre ele não o faria aparecer. Claro que eu fiquei arrependido logo depois.

“Luhan, você pode aplicar a insulina no Minki?”

Meu amigo prontamente pegou meu filho no colo e o levou até o quarto, Minhee correu atrás deles. Certamente era difícil para ela ver minha angústia. Ficamos sozinhos na sala, Sehun e eu. Meu amigo sentou ao meu lado e deu um suspiro do tipo que se dá antes de soltar um caminhão de palavras. Mas ele não disse nada. Ele pegou na minha mão, e sorriu. “Vai ficar tudo bem” – seu sorriso queria dizer. E eu tive que me segurar naquela mão e acreditar naquele sorriso. Se Chanyeol não aparecesse tudo estava acabado, eu não poderia lhe dar outra chance.

Entretanto eu não estava pensando que ele me abandonou outra vez, porque isso era o de menos perto de todas as possibilidades trágicas que passavam pela minha cabeça. Acidente de carro, infarto, sequestro, assassinato. Mas que droga! Ele não podia estar dando uma de noiva que chega atrasada para a cerimônia de casamento apenas para fazer charme. Ele não me daria um susto desse. Se ele estivesse preparando uma surpresa meus amigos estariam cientes disso e não me deixariam tão preocupados. No entanto ninguém sabia de nada! Seu celular estava desligado, ou fora da área, nenhum dos convidados havia visto-o, liguei para onde ele alugou o smoking e disseram que ele passou lá pela manhã, acho que foi a última vez que ele foi visto.

“Eu vou ligar para o Kai, talvez ele saiba onde o Chanyeol está.”

Kai estava ajudando Chanyeol a procurar uma banda para si, já que ele era da área. No último mês eles estiveram bastante próximos e até saíam para beber juntos depois dos shows.

“Isso, ligue para ele.” – incentivou Sehun, pegando meu celular para mim que estava jogado no outro sofá (eu joguei lá quando descobri que eu já havia enchido a caixa de mensagens de Chanyeol).

Kai também não atendeu.

Eu estava a ponto de entrar em colapso.

Foi então que o celular vibrou na minha mão. Levei um susto enorme. Meus olhos trêmulos passaram pelo visor, era Chanyeol. Olhei para Sehun antes de atender, eu queria sua mão para segurar novamente.

“A-Alô.”

“B-Baek... Eu juro, eu...” – a voz era trêmula, entrecortada, carregada de dor. “E-Eu juro que nunca vou quebrar nossa promessa”

Eu acreditava nele.

“Tudo bem, amor, eu sei que não. Agora me conte o que está havendo.”

E ele contou, com palavras e soluços, e eu sei que se eu não estivesse sentado eu teria desabado. Eu devo ter desabado ali mesmo, não sei. Tudo estava mais errado que um minuto atrás, e não pensei que isso fosse possível. Mas eu não chorei, nenhuma lágrima, eu não solucei, eu só petrifiquei. Sehun balançava meu braço procurando me tirar daquele transe. Então eu saí.

“Vai ficar tudo bem.” – eu disse para Chanyeol, embora soubesse que eu estava errado.

~O~

Entrei no banco do passageiro, Sehun entrou violentamente no banco do motorista e pisou no acelerador. Luhan ficou com a tarefa de cuidar das crianças e avisar aos convidados que não teria uma cerimônia, não hoje. E Sehun me levaria até onde Chanyeol estava. Eu não tinha ideia de onde era quando olhava para a folha presa em minhas mãos que continha o endereço escrito com letras feias e rabiscadas, e mesmo que eu soubesse não teria condições para dirigir. Mas Sehun estava em condições, e ele também sabia como chegar lá.

“Você está bem?” – ele me perguntou.

“Vou ficar.” – respondi.

“Não acha melhor ligar para a ambulância?”

Olhei para ele. É claro, a ambulância, Chanyeol não deveria ter feito isso ainda. Disquei os três números de emergência e disse que precisava de uma ambulância com urgência, depois li o endereço da folha. Demoramos quase uma hora para chegar, era uma casa gigante e bem afastada. Sehun disse que sabia onde era porque uma vez ele jantava naquela casa com seus pais. Apertei a campainha, não sei por que, já que logo em seguida eu abri a porta grande e entrei. Não havia ninguém na parte de baixo, apenas móveis cobertos por lençóis para não acumular poeira. Olhei para o lance de escadas e depois para Sehun. Ele me seguiu quando eu comecei a subir o primeiro lance de escadas que nos levou até um corredor.  Havia inúmeras portas e eu comecei a abrir uma por uma encontrando cômodos como no andar de baixo, até que eu cheguei a última porta e a encontrei aberta.

Chanyeol estava lá dentro, nos fundo encostado numa parede. Cobri a boca com a mão e senti as primeiras lágrimas começarem a se formar. Mesmo assim eu não desisti e segui pela pequena trilha de sangue. Tenho certeza que Chanyeol mal teve forças para arrastar o corpo de Kyungsoo.

“Oh, meu Deus!” – exclamei quando me aproximei e vi a cena. O casaco preto que Chanyeol deveria estar usando para a nossa cerimonia, era o que cobria a cabeça Kyungsoo. Eu sabia que um tiro na cabeça não deixava apenas um furo redondo e perfeito como nos filmes.

“Eu nem sei como ele conseguiu essa arma. Eu só sei que não consegui convencê-lo.”

“Oh, meu amor.” – eu me ajoelhei como pude ao seu lado e o puxei para um abraço. Ele não começou a soluçar como eu imaginava, acho que não haviam mais lágrimas agora. Nem sei quanto tempo ele havia ficado ali com Kyungsoo depois da morte dele, nem quanto tempo havia ficado antes.

“Ele queria alguém pra conversar, mas eu não cheguei a tempo. Ele deixou uma carta.”

Eu não ouvi mais nada dele depois disso a sirene da ambulância se tornava mais alto a medida que se aproximava da casa.

~O~

Não gosto de enterros, duvido muito que alguém goste, embora eu já tenha visto um filme que o garoto adorava ir em velórios. Mas era só um filme. Se você está num enterro de alguém provavelmente é porque essa pessoa foi muito especial para você, você deve ter gostado muito dela e quer se despedir. No entanto o meu caso era um pouco especial. Exceto pelo último abraço que trocamos, eu passei anos da minha vida odiando Kyungsoo e todas as suas atitudes. Eu sempre me perguntei o que ele tinha que eu não, e o que Chanyeol viu nele que não viu em mim. Passei anos da minha vida invejando-o. E para quê? E por quê?

O que leva alguém como Do Kyungsoo a cometer suicídio? Ele tinha dinheiro, tinha um irmão que lhe amava e um namorado presente que se esforçava para deixá-lo feliz. Kyungsoo não tinha nenhuma doença terminal, ele era jovem e bonito. Aos olhos do mundo tudo era pleno e perfeito na sua vida. Eu mesmo nunca vou entender. Afinal ele tinha um mundo diferente do nosso, ele tinha o seu próprio mundo. Não sei o seu nível de dor, não sei o quanto ele era transtornado. Acho que ele nunca quis tirar a própria vida, ele só queria matar a sua dor.

Ele queria que as noites bem dormidas durassem para sempre, porque era quando ele sentia paz.

“Baek, vamos?” – Chanyeol pegou na minha mão e andou comigo. Havia quatro pessoas levando o caixão, além do pai e duas pessoas que eu não conhecia (mas que eu acreditava serem os primos), havia Chen. Não o vi derramar uma única lágrima. Ele vestia uma roupa igual a do pai – toda preta – e mantinha o maxilar firme e a cabeça erguida. Seu braço direito segurava a alça do caixão e ele caminhava junto dos outros. E ele se manteve assim até o momento que começaram a tacar terra sobre o caixão, que aconteceu um pouco depois de ele jogar a última rosa para seu único irmão.

Seu choro era o único a ser ouvido, extremamente alto de desesperado. Ele se agarrou a Suho (seu marido) e os seus soluços mataram o silêncio. Ninguém mais deveria chorar como ele, porque aquele era o momento de Kim Jongdae. Embora não fosse dito em palavras, todos sabiam disso, até mesmo Kai que apenas derramava lágrimas silenciosas sabia disso.

O moreno segurava a carta de suicídio do namorado com força, e eu não sei nem o motivo dele ter trazido aquilo com ele. Quem sabe aquelas palavras lhe dessem alguma força, mesmo que as palavras não fossem originais de Kyungsoo, e sim uma música que ele escrevera antes de morrer. Ou não. Há quanto tempo aquela música já teria sido escrita por ele?

Não tem como saber. Não havia data na carta.

Quando tudo acabou, e todos estavam indo embora. Eu fiquei ainda mais triste, e não por ver aqueles rostos tão marcados de sofrimento, mas por achar que todos estavam deixando-o sozinho de novo. Kyungsoo estava mais sozinho do que nunca agora, embora não tivesse consciência disso.

Chanyeol foi falar com Kai, e eu corri até meu amigo Chen. Ele olhou para mim desolado, e eu não pude abraçá-lo ou ele desabaria novamente. Ele olhou para o marido e eu invejei o modo como eles podiam se comunicar sem palavras. Suho nos deixou sozinho, porque ele sabia que Chen queria isso.

“Ele tentou tantas vezes, Baek. Eu não deixei de me preocupar, mas eu pensei que isso nunca aconteceria de verdade.” – ele estava chorando de novo.  “Às vezes eu acho que foi tudo culpa minha, porque eu fui pra China viver minha vida e o deixei aqui. Eu era a única pessoa da família que ele confiava de verdade.”

Coloquei a mão em seu ombro trêmulo.

“Você sabe que não é verdade. Ele só... Você sabe. Ele queria isso, foi o desejo dele, você precisa respeitar isso e não se sentir culpado.”

Eu estava longe de ser uma daquelas pessoas que julgava quem tirava a própria vida, ou de achá-las fracas e mesquinhas. Todos têm suas próprias escolhas e suas reais razões.

“Mas ele podia ter ficado um pouco mais, quem sabe se eu estivesse aqui...”

“Chen.” – ele me olhou no intervalo para minha próxima frase.  “Todo mundo tem a sua hora, todos vão partir um dia, amanhã ou depois, ninguém está escape disso. Ele só não quis esperar.”

Meu amigo secou suas lágrimas.

“Ontem mesmo, ele mandou uma mensagem pro meu celular. Disse que me amava muito e que a maior felicidade dele era me ter como irmão. Eu pensei que estava tudo bem. Mas ele sofreu tanto. Ele sempre foi assim, eu nunca vou entender. Eu só... Só queria que ele ficasse. O único pensamento que me consola é acreditar que seu sofrimento finalmente acabou.”

Eu lhe doei um sorriso torto, mas a verdade é que eu queria chorar com ele.

“Eu tenho que ir, as crianças estão me esperando. Vá vê-las um dia desses, você é sempre bem-vindo.”

Eu dei um passo à frente – o único que nos separava – e lhe abracei. Era pra ser daqueles rápidos, daquele tipo de despedida de pessoas que vão se ver no dia seguinte, entretanto durou quase um minuto. Ele me apertou forte e eu fiz o mesmo por ele. Partiu meu coração deixá-lo, meu único alívio foi visualizar Suho vindo na nossa direção. Ele não queria deixar o marido sozinho de maneira alguma.

“Cuide dele.” – eu lhe disse, antes de me virar e seguir em frente.

Chanyeol ainda estava conversando com Kai, não quis atrapalhar, então eu voltei para frente do túmulo coberto de rosas vermelhas.

Na lápide estava gravado seu nome, a data de nascimento e a data da morte. E o epítafio estava em inglês, “Sing me to sleep”.

“Você precisa cantar.” – disse Chanyeol, passando o braço pelos meus ombros. Era como se nossos pensamentos tivessem conectados, e eu soube que invejar Chen e Suho não tinha sentido.

“Eu não sei cantar, você que sabe.”

Ele sorriu triste para mim e seus olhos se encheram de lágrimas. Mesmo assim ele cantou a canção do The Smiths baixinho até o final. E antes de ir embora eu olhei para a lápide mais uma vez, passei meus olhos pelas datas e fiz as contas.

Kyungsoo teria 28 anos para sempre.

~O~

Carta de suícidio – Do Kyungsoo

Sing me to sleep                                  Cante pra eu dormir

Sing me to sleep                                  Cante pra eu dormir

I'm tired and I                                       Eu estou cansado e eu

I want to go to bed                               Eu quero ir pra cama

Sing me to sleep                                 Cante pra eu dormir

Sing me to sleep                                 Cante pra eu dormir

And then leave me alone                     E Então me deixe sozinho

Don't try to wake me in the morning    Não tente me acordar pela manhã

'Cause I will be gone                            Porque eu terei ido

Don't feel bad for me                            Não se sinta mal por mim

I want you to know                                Eu quero que você saiba

Deep in the cell of my heart                  Do fundo do meu coração

I will feel so glad to go                          Eu ficarei tão feliz em partir

 

Sing me to sleep                                   Cante pra eu dormir

Sing me to sleep                                   Cante pra eu dormir

I don't want to wake up                         Eu não quero mais acordar

On my own anymore                            Sozinho

Sing to me                                            Cante pra eu dormir

Sing to me                                            Cante pra eu dormir

I don't want to wake up                         Eu não quero mais acordar

On my own anymore                            Sozinho

Don't feel bad for me                            Não se sinta mal por mim

I want you to know                                Eu quero que você saiba

Deep in the cell of my heart                  Do fundo do meu coração

I really want to go                                  Eu realmente quero ir

 

There is another world                           Há um outro mundo

There is a better world                           Há um mundo melhor

Well, there must be                                Bem, deve haver

Well, there must be                                Bem, deve haver

Bye bye                                                  Adeus

~O~

Passamos na casa de Luhan e Sehun para pegar as crianças antes de voltarmos para casa, e no fim elas acabaram dormindo no caminho. Subimos de elevador com nossos filhos no colo, Chanyeol sorriu para mim lá dentro e eu devolvi um sorriso como o seu. Um pouco exausto, aqueles que você dá no tipo de dia que nada aconteceu como você queria. Eu tinha certeza que ele ainda estava pensando na morte de Kyungsoo e que iria pensar por dias sobre aquilo. Ele foi uma pessoa importante afinal. Ele também deveria estar pensando na nossa festa de casamento que passamos dias nos preocupando e preparando as coisas, para não estarmos presentes na hora.

Eu lhe entreguei a chave e ele abriu a porta, pois era mais forte que eu para segurar uma criança em um braço só. Quando colocamos cada um em sua cama, ele ficou lá observando-os dormir, enquanto eu tirava meus trajes negros que usei no velório.

“Amor...” – me aproximei de mansinho, passando a mão por suas costas tensas. Chanyeol estava parado como uma estátua antes de eu chegar, mas agora olhava para mim. “Vá tomar um banho, você deve estar cansado.”

Ele se levantou após um suspiro e beijou minha testa. “Eu amo você.”, disse antes de ir para o banheiro.

Quando ele voltou, vestia uma boxer preta e uma regata cinza de uma banda que eu não conhecia. Ele andou pelo quarto, pensando em algo, ou procurando algo, não sei. Não seria a primeira nem a última vez que eu não teria ideia do que se passava pela cabeça dele, Chanyeol era sempre confuso e complicado. No fim ele pegou um violão, sentou-se numa cadeira que tinha em frente a cama e fez daquilo seu palco e de mim sua platéia.

Ele tocou suas músicas favoritas e dedicou todas a mim, só para ter o que pensar e me fazer ter o que pensar. Eu acompanhei as letras, embora quase todas fossem estrangeiras, e tentei não pensar em onde estávamos mais cedo. E chegou a hora que ele tocou a música que fez para mim. Eu nunca mais a tinha ouvido, no entanto eu me lembrava bem das notas trabalhadas e da letra bem escrita que falava sobre nós.

Quando ele acabou, guardou seu violão no canto do quarto e sentou-se na minha frente na cama. Agora de perto eu podia observar suas olheiras profundas, consequência da noite mal dormida.

“Você está bem?” – indaguei passando a mão pela lateral da sua face.

“Contanto que eu esteja com você.” – respondeu, pegando minha mão e a beijando.

“Chanyeol...” murmurei tímido, abaixando a face.

“É sério, Baek... Você me deixa calmo, me traz paz. Quando eu penso em todas as escolhas erradas que eu fiz nessa minha vida, e percebo que você me perdoou e que me aceitou de volta mesmo com todos os meus defeitos, eu vejo o quanto você tem um bom coração.”

Eu sorri, absorvendo todas aquelas palavras e me sentindo feliz pela primeira vez naquele dia.

“É só porque eu amo você demais.”

“Eu sei, você teve esse azar.”

Eu ri com ele.

“Eu tenho uma coisa pra você.” – ele disse, depois colocou as mãos para trás do pescoço, foi quando eu percebi que ele usava duas correntes de ouro. Ele tirou apenas uma. Quando uma das correntes saiu de baixo da sua camisa, eu pude ver a aliança de casamento pendurada. Sem pedir permissão, ele colocou o colar no meu pescoço. “Assim fica mais perto do coração.” – ele disse, segurando a aliança.

Sorri, concordando. Depois eu tirei seu colar para fora da sua camisa, assim ficaria visível também. Era simples e doce, do jeito que Chanyeol conseguia ser quando queria.

“Channie... O “para sempre” existe?” – indaguei. Às vezes o medo me dominava assim. Ele segurou minhas mãos antes de responder.

“Dizem que nada é para sempre, mas eu deixo você ser o meu “nada”, Baek. Eu realmente amo você.”

~O~

Luhan foi para o hospital uma semana depois. Eu que ajudei a arrumar a sua mala enorme, tentando convencê-lo que ter um filho não é como uma viagem para fora do país e que não era necessário tudo aquilo para passar alguns dias no hospital. No entanto quem disse que meu exagerado amigo me ouviu? Sehun estava tão nervoso que não conseguia comer nada que ia para o banheiro vomitar, parecia que quem estava esperando um bebê era ele.

Foi às dezenove horas e catorze minutos daquele dia que nasceu In Hee, uma menina linda de olhos puxados e pele branquinha. Não lembro de ter visto Sehun tão feliz como quando viu sua filha pela primeira vez, ele não sabia se chorava ou se sorria. Admito que eu comecei a chorar também, porque estava muito feliz.

Luhan estava feliz também, mas muito cansado e com um pouco de dor por causa da cirurgia. Eu lhe disse que tive que tirar dois e nem por isso fiquei me queixando de dor igual a ele. Mesmo assim eu sabia como meu amigo era manhoso e que nada do que eu falasse o faria mudar de comportamento.

“Amor, eu vou querer um pote de sorvete quando chegarmos em casa.”

“Você não está mais grávido, Lu.”

“Ah, você vai ser assim agora? Foi você que carregou uma criança por nove meses? Foi você que ficou gordo até suas roupas não servirem mais? Foi você que...”

“Tá bom, Lu, eu compro dois potes se você quiser.”

E a discussão acabou por ai. Como sempre, a discussão acabava quando Luhan ganhava.

Luhan e a criança passaram três dias no hospital até serem liberado, muitas pessoas foram visitar, inclusive os pais de Sehun. Eles pareciam feliz pela neta, e não estavam tão incomodados pela união do filho com outro homem. Eles tiveram muitos anos para se acostumarem afinal, e o filho já havia provado várias vezes que a felicidade dele era ao lado de Sehun.

Passamos no hospital na hora que Luhan ia pra casa, minha família foi no carro comigo, e Sehun levou Luhan no carro dele. Quando entramos no quarto do bebê, tudo que podia se ver eram objetos azuis e rosa, consequência das discussões do casal sobre o sexo do bebê. No fim Sehun estava certo.

“Ainda bem que é menina, ou teríamos que doar todas as roupas rosa. Acho que eu comprei demais, mas é porque eu sabia que estava certo.” – provocou Sehun enquanto ajudava Luhan a andar até a poltrona no canto do quarto.

“Engraçadinho.” – disse Luhan. Na verdade ele estava feliz demais por ser uma menina, tenho quase certeza que ele só falou que seria menino pra ter algo pra contrariar.

“É verdade, meu filho não usaria rosa, definitivamente. Ia parecer muito caricas.”

“O Luhan está usando uma blusa rosa.” – observou Chanyeol.

“É sobre isso que eu estou falando.” – rebateu Sehun. Eu comecei a rir.

“Oh Sehun, quando esse meu corte na barriga parar de doer é melhor você se esconder.” – ameaçou meu amigo, gemendo ao se sentar.

Enquanto Sehun tentava se desculpar com medo do amanhã, eu procurei meus filhos com os olhos e os encontrei no canto do quarto brincando com as coisas do bebê. Chanyeol me abraçou por trás e passou a observar também. Eu tinha certeza que ele achava aquela cena tão bonita quanto eu. E mais bonito ainda era saber que In Hee estava no berço, enquanto Sehun babava sobre ela.

~O~

Um ano depois

Pode ser verdade que eu tenha escolhido a cena mais chichê do mundo pra terminar de narrar a minha história. Mas ela é tão especial para mim do que algum dia vai ser para qualquer pessoa, por isso eu queria compartilhar esse momento. É aquele momento que algumas pessoas não entendem o quão especial é na hora, mas que passa boa parte da vida lembrando daquela cena simples e feliz.

Eu passei tanto tempo lutando por momentos como esses, que a vida tem me dado tão gratuitamente tantas vezes nos últimos meses, que eu me sinto abençoado. Pois meus filhos estão crescendo saudáveis e inteligentes; e Chanyeol está sempre ao meu lado; e meus melhores amigos estão felizes com a filha deles.

Nós fomos pra praia no final de semana, comemos peixe que Sehun e Chanyeol pescaram pela manhã. E claro que tivemos que comprar outras coisas para complementar porque o tanto de peixes que eles conseguiram pescar não era o suficiente (eles são muito ruins nisso.)

E no fim da tarde todos fomos para praia, havia um lindo sol quase se pondo, o mar estava clarinho e com ondas de espumas cristalinas, a areia estava seca e soltinha. Joguei futebol com Chanyeol, Minki e Minhee até cansar e pedir por um descanso. Então eu fui para onde estendemos as mantas e sentei lá, me dando conta da visão privilegiada que eu tinha.

O sol começava a se pôr, e bem a minha frente tinha meus filhos e meu marido correndo na beira e pulando as ondinhas. Sehun estava um pouco mais próximo, segurando In Hee pelas mãozinhas e tentando fazê-la andar. Luhan estava logo atrás, dizendo que ela ainda era muito novinha e que estava cansada, mas desistiu de contrariar quando Sehun deixou que ele conduzisse a pequena. Meu amigo olhou pra mim e deu o sorriso mais largo que eu já vira. Eu sabia que uns anos atrás ele estava ajudando meus bebês a andar, e que ansiava por sua vez, que agora estava acontecendo.

E In Hee deu dois passinhos.

Foi uma festa. Eles a pegaram no colo e começaram a pular, depois foram correndo contar pra Chanyeol. E eu só fiquei ali parado, sorrindo igual um bobo enquanto lágrimas enchiam os meus olhos. Depois eu puxei meu colar que carregava minha aliança e a segurei no alto, vendo a cena por dentro daquele círculo. E foi ali, sentado na areia da praia, observando que havia um horizonte imenso atrás dos sorrisos daqueles que eu mais amava que eu descobri que alguns infinitos simplesmente existiam.

*FIM*


Notas Finais


E deve ter leitor que falou durante o capítulo "Lá foi a Tayh-chan assassina matar outra vez", pois é, vocês pediram tanto pela morte desse menino que aconteceu, culpa de vocês, pensem bem antes de desejar a morte de uma personagem /apanha.

Enfim...

Eu queria agradecer, de verdade, a todos os comentários, ao apoio, as fanarts, aos surtos no twitter e no ask, a paciência, e etc. Muito obrigada.
Essa fic mudou muita coisa, inclusive eu senti um progresso significante na minha escrita. Foi muito bom escrever ela. Eu sempre digo que inicialmente era pra ser um one shot, que se transformou em uma short, e que virou isso, 26 capítulos. E eu percebo que muita coisa mudou na minha vida no longo desse quase meio ano, e LDF esteve sempre ali me ajudando. Pois quando eu precisava extravasar um pouco para não enlouquecer, eu sentava na frente do computador e passava a viver a realidade dos meus personagens.

Não sei se vocês gostaram do fim, mas eu posso dizer que fiquei satisfeita.


ps. link da música do capítulo https://www.youtube.com/watch?v=oNIJAUVC7sQ

http://ask.fm/tayhpyromaniac



(04/09/2015)- Segunda temporada - Laços (Im)perfeitos https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-exo-lacos-imperfeitos-3903872

(05/09/2016)
Ps1. Eu leio todos os comentários. Então pode mandar ou, se quiser, me mandar MP, que eu fico muito contente.

Ps2. Eu tenho um grupo no facebook onde aviso sobre atualizações, novidades, faço enquetes, etc, tudo sobre as minhas fanfics. Quem quiser participar, aqui o link: https://www.facebook.com/groups/1106367342736148/?fref=ts

Beijos~


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