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História Laços (Des)feitos - Parte VIII - Sobre Vilões


Escrita por: Tayh-chan

Notas do Autor


O capítulo é curto, mas tentarei postar o próximo na quinta, ok? XD
Boa leitura ^^

Capítulo 8 - Parte VIII - Sobre Vilões


Ele me encarou seriamente, segurou as próprias mãos e mordeu o lábio inferior.

“Eu posso entrar?” – havia receio em sua voz, não era pra menos também.

Eu adoraria ser um maldito mal educado, fechar a porta na sua cara e não me culpar por isso depois, mas não. Eu fiz justamente o contrário e não apenas por educação. Havia a porcaria da curiosidade também, justamente por ela que eu abri mais a porta e dei passagem para ele.

“E-eu... Eu não vou demorar muito.” – disse com a voz trêmula. Era bom mesmo que não demorasse.

“Pode se sentar.” – eu disse, indicando o sofá a nossa frente. “Quer um café, chá?” – ofereci por educação, e por educação eu acredito que ele deveria recusar também.

“Café com leite, por favor.”

O que aconteceu com “Eu não vou demorar muito.” ? E o que era essa do “café com leite, por favor.” Eu juro que não acordei hoje de manhã para ser obrigado a isso. Kyungsoo parecia uma criança mal amada isso sim. Mas ele era um cretino que ficava roubando o marido dos outros. Aquela carinha insossa com certeza deve ter ajudado. Bem a cara de Chanyeol se apaixonar por coisas sem graças, mas não que eu fosse assim, claro que não.

Não mesmo!

“Espere um pouco.” – pedi.

Eu era louco de deixar um inimigo sozinho na minha sala, por isso me apressei com o café, e tive que resistir a tentação de cuspir dentro da xícara. Voltei com o café quente e lhe entreguei, nossos olhos se encontram.

Sentei no outro sofá e limpei a garganta, esperando que ele começasse a falar. Kyungsoo apenas levou a xícara até a boca, a mão trêmula, e bebeu o conteúdo.

“O café está bom.” – disse, descendo a mão até pousar a xícara em seu colo.

“O que você quer?” – fui direto, não me importaria em ser grosso se isso ajudasse a me ver livre dele o mais rápido possível.

“Meu irmão está indo para a China.”

“Eu sei.”

“Eu... Esse bebê não é dele, não é? Chanyeol me disse, mas sabe... Eu conheço meu irmão, eu sei que ele não te deixaria assim.” – ele olhou mais uma vez para minha barriga.

Minhas sobrancelhas se juntaram, enquanto eu pensava em uma resposta, mas Kyungsoo parecia tão certo no que falava que admitir ou negar não mudaria as coisas.

“Sim, os bebês são do Chanyeol.”

Kyungsoo começou a tossir, o café quente derramou em seu colo e ele gemeu baixinho com a queimação.

“Droga, eu vou pegar um pano.” disse rápido, correndo para a cozinha enquanto ele tentava diminuir a queimação passando a mão no local.

Entreguei o pano a ele e peguei a xícara colocando-a na mesinha de centro, Kyungsoo me agradeceu e começou a limpar a calça. Ele ficou um tempo passando o pano na calça, não tinha mais nada que pudesse fazer, não ficaria melhor que aquilo, mesmo assim ele continuou passando o pano sobre a calça bordô.

“Kyungsoo.” – o chamei. Ele nem me olhou, não pareceu nem me ouvir. “Kyungsoo!”

“Então são gêmeos?”

Meu Deus, aquilo havia mesmo lhe afetado.

- Sim. – respondi sério. Kyungsoo parou de passar o pano sobre a calça, finalmente.

- Sabe... Eu já sabia que era do Chanyeol, Chen me contou, mas mesmo assim eu vim aqui. É algo meio estranho, não é? Precisamos ouvir a verdade várias e várias vezes, mesmo que machuque. Parece que a dor é até atrativa. Você sabe do que eu estou falando?

- Sim.

Ah, e eu sabia bem. Eu não pensei que Kyungsoo e eu poderíamos ser tão parecidos num ponto como esse. Afinal ele tinha vencido a batalha, ele tinha Chanyeol, não eu.

- Eu precisava vir aqui e ter certeza, porque... Se Chanyeol vai ser pai de um filho que não seja meu, eu preciso estar preparado. – respirou fundo, o olhar sofrido. – Aliás, dois filhos.

- Ele não vai saber.

Kyungsoo arregalou os olhos.

- Por que você parece tão surpreso? O fato de eu não ter contado até agora não lhe ajudou a chegar a essa conclusão?

- E-eu não sei. – ele passou a mão pela cabeça, depois escondeu o rosto. – Eu juro... – sua voz saiu abafada e trêmula. – Eu juro que eu não previ isso, eu não sabia que teria crianças, e-eu não sabia.

Por que de repente eu parecia ser o vilão ali? Por que Kyungsoo estava quase chorando na minha frente? As coisas pareciam tão confusas agora. A imagem ruim que eu tinha dele estava sendo queimada e virando cinzas. Eu não queria ter uma imagem boa dele, por Deus! Ele precisava ser o vilão! Eu precisava odiar ele pra sempre!

- É melhor você ir. – minha voz saiu alta, eu me levantei e puxei seu pulso tentando ergue-lo. Kyungsoo me olhou assustado e puxou sua mão de volta.

- V-você acha que eu sou mau, não é? Acha que eu roubei o Chanyeol de você?

- E NÃO FOI EXATAMENTE ISSO QUE ACONTECEU? – eu gritei, perdendo a calma. Eu já tinha perdido a calma instantes antes aliás.

- Não, Baek... Não se trata disso. Você deve achar que eu e o Chanyeol somos vilões, mas não somos. Não é assim.

Ri irônico. Caramba! Eu queria chorar.

- Então quem é o vilão? Eu? Eu sou o vilão por ter gritado com você? EU SOU O VILÃO POR ESTAR GRITANDO AGORA?

Meu Deus, eu precisava manter a calma, eu precisava me controlar, não era bom me exaltar assim durante a gravidez.

- Não, Baekhyun... – ele disse com calma, se afastando alguns passos com medo que eu pudesse fazer algo. – O vilão está dentro de nós, ele que nos traí. – Kyungsoo colocou a mão sobre o lado esquerdo do peito, sobre o coração. – É ele... Foi o que fez o Chanyeol fazer o que fez.

Ele estava tentando dar uma de bonzinho, porém ele estava tacando tudo aquilo na minha cara, eu tinha certeza. Era teatro puro, ele só queria me atingir.

- Deu Kyungsoo, vá embora. – pedi, a mão na cabeça tentando fazê-la parar de doer.

- Uma última pergunta... – ele começou, lhe dei atenção. – Você não vai mesmo contar para o Chanyeol?

- Por quê? O que acontece se eu resolver contar?

Ele engoliu em seco, seu olhar se tornou mais triste do que antes.

- Por mim tudo bem... Digo, se você contar. Eu mesmo queria contar, sei que Chanyeol ficaria chateado se descobrisse que eu sabia de algo assim e não lhe contei. Mas sabe... Eu não tenho coragem. – ele me olhou com os olhos marejados, os lábios trêmulos. – Eu tenho medo dele me deixar, eu acho que eu morro se isso acontecer. Como você conseguiu, Baek? – seus ombros tremiam.

Meu Deus, ele era exatamente como eu, tão frágil quanto, tão dependente quanto. Kyungsoo era apenas um garoto frágil e apaixonado, era alguém que parecia amar Chanyeol tanto quanto eu. Ele não era diferente de mim, não havia sido o vilão nem por um segundo de fato.

- Eu gosto tanto dele, Baek. Eu sinto muito, eu não posso controlar, eu simplesmente... Você sabe como é. – ele chorou mais. – Me consome. Então como... Como você conseguiu?

- Eu não consegui. – eu disse firme, mas a minha frase seguinte saiu quase num sussurro. – Eu apenas não tive escolha.

Ele me deixou depois, se desculpou e finalmente passou por aquela maldita porta e me deixou. Tranquei a mesma não planejando abri-la para mais ninguém por aquela noite.

Sentei-me no chão e me encolhi abraçando minhas próprias pernas. Tudo estava tão absurdamente errado que eu pedi para acordar daquele pesadelo, porém eu já estava acordado.

Os piores pesadelos são aqueles que acontecem quando você não está dormindo.

A ficha tinha finalmente caído, a verdade tinha sido soprada bem na minha cara. Kyungsoo não era nenhum vilão, não era um “ladrão de maridos”. Kyungsoo e eu éramos apenas duas pessoas apaixonadas pelo mesmo homem. A diferença entre eu e ele é que eu tive Chanyeol uma vez, e ele o tinha agora.

Essa era a grande diferença. Tão perturbadoramente dolorosa.

Puxei meu celular que estava no meu bolso o tempo todo e disquei os números tão conhecidos. Luhan atendeu com uma voz sonolenta.

“Lu...” pedi manhoso. “Eu posso ir dormir com vocês hoje?”

 ~O~

Eles pediram pizza novamente naquela noite, não houve enjoo dessa vez, acho que eu já passei dessa fase. Comi o máximo que pude, o médico pediu para que eu fizesse isso; “Você deve comer por três agora, Baekhyun.”.

Depois ficamos nós três na cama, me senti um “empata foda”, porém eles fizeram eu me sentir melhor quando começaram a desenhar na minha barriga com batom (não me pergunte o motivo deles terem batom em casa que nem eu tive coragem de perguntar).

Luhan desenhou um coração e o pintou, depois desenhou duas meninas, Sehun contrariou o namorado desenhando dois meninos do outro lado.

“Sai, Hunnie, será duas meninas bem lindas!”

“Eu acho que será dois meninos.”

“Sua opinião não importa.”

“Nem a sua.”

Comecei a rir baixinho, mas não atrapalhei a discussão.

“Para de ser grosso, Hunnie...” – Luhan pediu manhoso, quase forçando um choro, deixando Sehun sem reação.

“M-mas... Você que começou.”

“Mesmo assim, você não deve falar assim comigo.” – o beiço de Luhan aumentou ainda mais.

Sehun olhou para mim como se pedisse por socorro, e eu apenas dei de ombros. Eu queria dizer “Pediu em namoro agora aguenta”, mas consegui manter a boca fechada. Então ele olhou para Luhan e suspirou, pedindo desculpa e puxando o menor para um abraço. Eu já disse que as brigas deles eram sempre minúsculas, não é? Elas nunca duravam, mas aconteciam o tempo todo.

“E o que você acha, Baek?”

“Hã?”

“Sobre o sexo do bebê.” – Luhan explicou.

“Ah... Acho que talvez, talvez um menino e uma menina.” – respondi. Não era o que eu achava de fato, devo ter dito aquilo para não ter a mesma opinião que nem um nem outro, era bem capaz deles voltarem a ter uma discussão boba.

A única coisa que eu desejava era que essas crianças não parecessem tanto com Chanyeol.

~O~

Aquele dia amanhecera claro, nenhuma nuvem escondia o sol brilhante, havia apenas uma brisa suave colaborando para o clima não ficar tão quente. Eu estava num restaurante perto do meu antigo trabalho esperando por Chen, marcamos de nos encontrar antes que ele fosse embora.

Mas ele estava atrasado. Então comecei a bater os talheres nos pratos como distração, e então ele chegou minutos depois.

“Desculpa a demora, foi culpa do trânsito.”

Levantei a cabeça com um sorriso no rosto, sorriso que murchou quando vi a face machucada de Chen.

“Meu Deus, o que houve com você?” – indaguei me levantando e esticando a mão para tocar em sua face, o olho esquerdo estava roxo.

“Eu já te conto. Mas como vai você? Está tudo bem?” – Chen me beijou no rosto e depois me convidou para sentar novamente. Ele se sentou a minha frente.

“Sim, está tudo bem comigo. Mas o que houve com você?” – claro que eu não desistiria fácil.

“Chanyeol...” – ele murmurou, um riso discreto abandonou seus lábios. “Ele ficou furioso quando soube que eu iria para China e deixaria você sozinho com um bebê.”

“N-não pode ser.” – levei a mão trêmula até minha boca partida. Eu não estava acreditando que Chanyeol era a culpa daquele olho roxo, muito menos que o motivo fosse exclusivamente eu. Na verdade, eu acreditava sim... Eu só estava surpreso.

“Mas aconteceu.” – Chen deu de ombros. “O seu ex-marido, digo, Chanyeol... Ele se importa muito com você.”

“ “Ex-marido” está bom.” – menti. Aquela palavra machucava, mas eu era assim, eu queria parecer forte. “Ele precisa parar de se importa comigo então.”

“Você tem certeza disso?” – Chen indagou, me olhando nos olhos e esperando sinceridade.

Abaixei a face e dei um suspiro cansado.

“Eu não quero que ele pare de se importar.” – resolvi ser sincero. “Mas sabe... Aconteceu uma coisa essa semana, eu não posso te contar, mas aconteceu algo que me fez entender umas coisas.”

Eu não tinha certeza se Chen sabia sobre a visita de seu irmão, mesmo assim ele não ouviria isso da minha boca.

“O que você entendeu?”

É, provavelmente ele já sabia, ou então teria perguntado o que aconteceu primeiro, ao invés de o que eu entendi.

“Há pessoas demais envolvidas... Como você mesmo disse. Eu acho que eu já sei o que é o certo.”

“Você sabe mesmo?”

Confirmei com a cabeça olhando em seus olhos, eu não sabia na verdade se era o certo ou não, mas parecia o mais certo naquela hora, toda aquela minha conclusão. Não apenas Kyungsoo foi essencial para me fazer chegar numa conclusão, Chen também, e várias outras pessoas e coisas que aconteceram.

Fizemos nosso pedido logo depois, acabei convencendo Chen a comer sushi com a desculpa que eu estava com desejo, e eu estava mesmo. Sonhei até com sushi ontem a noite.

Felizmente não houve mais nenhum assunto tenso durante a refeição, comemos e eu ri de coisas banais que Chen me contava. Ele sabia como me fazer rir, e nem parecia que se esforçava para isso, tudo saía bem natural.

Depois de um tempo ele disse que tinha que ir, nos despedimos formalmente como se ele não fosse realmente se mudar para outro país no dia seguinte. O vi passar pela porta de vidro depois de pagar nossa conta, e meu coração começou a bater forte dentro do peito. Eu juro que eu sentiria muita falta dele.

Meus pés pareceram se mover por  vontade própria, alguns passos rápidos e eu estava saindo pela porta e tentando correr em sua direção. As pessoas ficavam olhando, provavelmente se perguntando o que um garoto barrigudo fazia correndo na calçada.

“Chen!” – gritei alto, mas ele não me ouvi e virou a esquina. Não consegui mais acompanhá-lo, o ar já começava a faltar nos meus pulmões e eu tinha que respirar com força.

Ele tinha partido e eu não saberia quando o veria de novo.

Acho que eu estava destinado a ver todas as pessoas importantes para mim indo embora.

Voltei para o restaurante e comprei um sorvete, depois fui tomá-lo numa pracinha ali próximo, era bem atrás do meu antigo emprego, onde Chanyeol continuava trabalhando.

Olhei do display do meu celular para o prédio, fiz isso várias vezes antes de discar o número tão conhecido. Não adiantava chegar a uma conclusão e não agir.

“Oi, Chanyeol... Será que a gente pode se encontrar agora?”

CONTINUA...


Notas Finais


OPA OPA, então chegou a hora u.u
Eu morro de rir com esse Baek todo fudido, Hunhan então nem se fala~

PS. eu criei um ask, caso vocês tenham alguma dúvida urgente, ou só queriam ir lá e me dar um "oi", qualquer coisa, pode aparecer. Aqui: http://ask.fm/tayhpyromaniac


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