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História Laços (Im)perfeitos - Parte X - Vertigem


Escrita por: Tayh-chan

Notas do Autor


A única coisa que eu tenho que avisar a vocês é que eu não me responsabilizo por nada desse capítulo. Eu planejei uma coisa, e de repente eu perdi o controle de tudo, e não consegui mais controlar o Baekhyun. É sério. Não sei se isso acontece com todos os escritores, mas, vez ou outra, acontece comigo.

Capítulo 10 - Parte X - Vertigem


 

Quando Chanyeol abriu os olhos naquela manhã, eu já estava acordado há muito tempo. Na verdade, eu praticamente não preguei meus olhos. Fui até a cozinha e fiz café antes mesmo do dia clarear, e depois voltei para o quarto e sentei no sofá, bebendo o café.

“Como você consegue levantar da cama tão cedo?”

Ah, se eu tivesse que responder aquela pergunta eu acabaria revelando tudo o que me tirou o sono, e eu não estava certo sobre aquilo ainda. Só de pensar, uma dor estranha se instalava no meu coração. Mesmo assim, de alguma maneira, eu me mantinha impassível sobre aquilo. Eu pensei demais e cheguei à conclusão de que não tinha o que eu fazer sobre aquilo no momento.

Chanyeol não estava esperando uma resposta, acho que pode ter sido uma pergunta retórica até. Ele se levantou meio cambaleante, e beijou minha testa, sussurrando um singelo bom dia antes de ir para o banheiro.

Fiquei fitando o tecido da minha calça de moletom sem pensar em nada, enquanto o café ia esfriando na xícara que eu segurava com tanta proteção. Algo dentro de mim agitava-se e revoltava-se.

Por isso, naquela manhã, eu fiz tudo automaticamente, como servir o café para as crianças que acabaram acordando atrasadas para a aula. E enquanto Chanyeol foi ajudá-los a se vestir, eu coloquei a louça na máquina e recolhi as comidas.

Eles me deram um beijo antes de sair, todos os três. Chanyeol disse que iria ter uma reunião com a banda, e as crianças só voltariam no final da tarde. Minki teria aula de piano, e Minhee alguma de artes marciais que nem ela se lembrava.

Sentei no sofá da sala e fiquei tentando usar o celular que Chanyeol havia me dado se presente. Descobri que ele havia deixado três contatos ali: o seu, o de Sehun e o de Luhan.

Acabei ligando para Luhan e perguntando se poderia almoçar na sua casa. Disse até mesmo que eu passaria em algum lugar para comprar comida se fosse preciso e, para a minha surpresa, ele aceitou que eu comprasse a comida, alegando que se mexesse em algo na cozinha ele iria passar o resto da tarde na privada vomitando.

Peguei o dinheiro que Chanyeol deixou para mim em cima da bancada da sala e sai. Optei por sushi, pois comemos no shopping da última vez e eu tinha certeza que ele gostava. Quando cheguei a sua casa, ele abriu a porta e praticamente se jogou em cima de mim, num abraço caloroso e amigável, daqueles que a gente só recebe de pessoas muito intimas.

“Você está péssimo” – constatei, sem querer, em voz alta.

Um bico se formou em seus lábios carnudos e depois ele fez seu caminho de volta até o sofá onde havia almofadas e um cobertor. Ao redor havia vários lenços descartáveis amassados.

“Você está gripado?” – indaguei, indo me sentar ao seu lado e colocando a sacola com o almoço em cima da mesinha de centro.

“Não, muito pior. Eu estou no meio de uma gestação, e eu estou meio atrasado na fase de enjoos, sabe. Eu não sei se é por que eu descobri meio tarde, mas parece que eu estou sofrendo todos os sintomas que aparecem no início da gestação. E eu estou ficando inchado, e eu choro por qualquer coisa. Eu acabei de assistir A Pequena Sereia pela vigésima vez e chorei igual criança.”

Escondi a boca com uma das mãos e deixei escapar uma risadinha. Eu ficava me perguntando se Luhan sempre falou tanto assim, pois durante uma hora ele praticamente não calou a boca. Reclamou, reclamou e reclamou. Nem mesmo o nome de Sehun escapou das acusações.

“Eu ainda estou de cinco meses e ele já está evitando sexo. Você acredita nisso? Provavelmente é porque eu estou ficando gordo e feio, então ele usa o bebê como desculpa. Mas eu também posso usar o bebê como desculpa, não é? Afinal eu estou gordo assim por causa dele!”

Eu admito que fui ficando um pouco cansado de tanto ouvir suas lamúrias, mesmo que fosse engraçado maior parte do tempo, ele acabava repetindo as coisas. Então teve um momento que eu parei de rir, ou de prestar atenção. Ele pareceu perceber, pois se calou.

“Desculpe...” – pediu, abaixando a cabeça.

Ah, não. Eu deveria pedir desculpas. Não foi minha intenção magoá-lo, eu queria ser um bom amigo para Luhan.

“É só que... Eu ainda fico um pouco nervoso ao seu lado depois de tudo. Eu tenho medo de tocar em algo que só eu me lembro, então eu acabo só reclamando e falando de mim o tempo todo. Eu nem dou espaço para você falar, pois sinto que mesmo eu dando esse espaço, você não falaria nada. E isso me magoaria... Porque você costumava confiar em mim, para qualquer coisa. E então toda essa coisa aconteceu com você, e você nem chorou no meu ombro ainda, ou falou dos seus medos. E eu sei que você nem me olha mais com os mesmo olhos... Só que hoje você me ligou para vir aqui e eu me senti extremamente feliz, mesmo que meu corpo esteja me maltratando, só de pensar que você viria aqui, eu...”

Luhan passou a mão pelos cabelos tingidos de preto e abaixou suas pálpebras para esconder as lágrimas, mesmo assim eu ainda conseguia ver seus cílios molhados. Eu queria poder dizer “não é bem assim”, mas eu estaria mentindo, as coisas estavam exatamente daquele jeito.

Eu tinha vários medos, e desde a última noite, eu tinha várias memórias confusas na minha mente, das quais eu tentava nem me permitir pensar. Eu tinha muitas perguntas, e simplesmente duvidava que Luhan me respondesse todas. Claro, pelo meu próprio bem, ele provavelmente não me responderia.

Por isso eu fiquei em silêncio, encolhido no sofá, enquanto alguma animação da Disney passava na TV. Eu nem pude abraça-lo, ou dizer que tudo ficaria bem, pois eu mesmo duvidava. Então, durante o resto da tarde, ele simplesmente me deu todo o espaço do mundo para que eu pudesse dizer algo, e eu simplesmente fiquei calado. Vez ou outra comentando algo sobre o filme que passava, apenas para tentar deixar as coisas menos tensas.

E eu fui embora antes de Sehun e as crianças chegarem.

Eu estava com o coração na mão quando Luhan foi abrir a porta para mim. E eu não consegui simplesmente ir embora e deixá-lo com aquela expressão triste no rosto. Mesmo não me lembrando dele, eu tinha certeza que ele era do tipo que iluminava tudo ao seu redor.

Então, antes de sair, eu me virei para trás, encarando um Luhan cabisbaixo segurando a maçaneta fria da porta, e fiz a única coisa que eu tinha vontade de fazer naquele momento.

Um abraço.

Eu trouxe seu corpo delicado para perto de mim e o envolvi com meus braços. Senti meu casaco ficar molhado no ombro onde ele apoio sua cabeça, mas não comentei nada sobre. Quando nos afastamos, sorrimos um para o outro. Depois disso eu fui embora, um pouco mais aliviado.

O recado que eu não pude dar em palavras, eu permiti que Luhan soubesse através de um ato caloroso.

Eu ainda o amava.

 

 

Quando sai na rua, uma garoa fina se fazia presente, mesmo assim eu resolvi caminhar. Eu precisava espairecer de alguma maneira. Infelizmente meus pés pesavam como chumbo e minha cabeça também. Eu não tinha percebido o quando minha cabeça doía até ficar sozinho.

A cada passo que eu dava pela calçada, flashs se misturavam na minha mente, me causando dor. Eu me perguntava por que a minha mente não resolvia trazer minha memória de uma vez ao invés de ficar liberando flash atrás de flash. Acredito que ela me conhecia o suficiente e sabia que eu não aguentaria, então pelo meu bem, ela fazia daquela maneira.

Eu queria que minha mente soubesse que aquilo me fazia sofrer ainda mais, e ficar cada vez mais angustiado.

Não aguentando mais, eu saquei meu celular do bolso, e liguei para um dos meus poucos contatos.

Quando ouvi a voz dele soar rouca no telefone, meu corpo todo tremeu, e eu não consegui dizer nada.

“Baek?”

Minha voz não saía, ela simplesmente não saía. Eu estava numa confusão de sentimentos muito grande. Como eu deveria contar para Chanyeol sobre aquilo?

“Hey, Baek. Você está aí? Eu estou ficando preocupado, por favor, me responde.”

“Eu devo ter te amado muito” – eu disse. Simplesmente saiu.

Chanyeol ficou mudo do outro lado da linha, ele sabia que aquilo estava longe de ser uma declaração.

“Você está em casa?”

“Não.”

“Onde você está? Eu vou ter buscar.”

“Eu estou na rua.”

“Mas está chovendo. Meu Deus, Baek. Diga-me exatamente onde você está.”

Eu ia dizer que era só uma garoa, até que percebi que minhas roupas estavam encharcadas. Não era mais uma garoa, e naquele momento eu nem conseguiria dizer onde eu estava. Meus olhos estavam marejados e eu não conseguia enxergar nada direito. Eu só acordei do meu transe quando um carro buzinou e um homem gritou para mim pela janela. Eu tinha acabado de atravessar a rua sem nem olhar para os lados.

“Baekhyun!” – Chanyeol gritou do outro lado, acho que eu estava mesmo o deixando desesperado. “Onde você está?”

Eu não pude mais resistir, olhei ao redor e lhe dei um ponto de referência. Não tinha lugar para sentar, então eu fiquei em pé, abraçando meu próprio corpo e tremendo de frio. Não demorou muito tempo para eu reconhecer o carro de Chanyeol dobrando a esquina. Ele estacionou e desceu segurando um guarda-chuva que ele se apressou em colocar sobre a minha cabeça.

Não faria nenhuma diferença pegar mais chuva ou não. Eu só gostaria que ele não estivesse tão perto.

“O que deu em você? Você vai ficar doente desse jeito.”

Eu não me segurei mais e comecei a chorar, assustando-o. E como se eu já não tivesse o assustando o suficiente, eu fechei minhas mãos e comecei a dar leves socos no seu peito firme.

“Droga. Eu já devo ter te perdoado há muito tempo, mas então por que é que você ainda sonha com ele e chama seu nome durante a noite? Você não pode ser tão cruel assim. É ao meu lado que você dorme, como... como é que você pôde fazer isso?”

Chanyeol abaixou a cabeça e continuou aceitando meus socos, esperando que eu continuasse. Ele sabia que eu tinha mais a falar e que eu não queria ser interrompido.

“Continua vindo flashs sobre ele, sobre esse tal de Kyungsoo. Você me trocou por ele... Eu até consigo ver vocês dois juntos numa festa, enquanto eu observo de longe, e isso me enoja. Me enoja porque eu me lembro de você dizendo que não conseguiria viver sem mim quando me pediu em casamento.”

Eu começo a socá-lo com mais força.

“Mas agora nós estamos juntos de novo, e eu não sei como isso aconteceu. Mas eu odeio o Kyungsoo, odeio você falando o nome dele enquanto dorme e espero que ele tenha pagado o preço por ter te roubado de mim.”

Depois disso, Chanyeol não permitiu mais que eu o socasse, ele segurou meus pulsos, deixando o guarda-chuva cair no chão, e me olhou com firmeza. Não era como se ele estivesse com raiva pelo que eu tinha falado, acho que, naquela hora, ele só queria que eu parasse de dizer tantos absurdos para não me arrepender depois.

Só que meio que eu já estava arrependido.

Afinal, que diferença ia fazer agora?

Antes de eu perder a memória, nossas vidas seguiam em frente, não é mesmo? Do que adiantaria eu surtar por aquilo?  Quantas vezes eu já não tinha agido daquela maneira?

De repente eu senti uma vertigem muito grande, e fiz um esforço para Chanyeol me soltar. Virei para o lado, cai de joelhos e comecei a vomitar. Ele se ajoelhou ao meu lado, completamente encharcado pela chuva também. E passou a mão pelas minhas costas, me confortando.

Depois que eu acabei, eu me virei de frente para ele, envergonhado.

A expressão de Chanyeol era confusa, meio triste e com um ar maduro. Seu cabelo estava grudado em seu rosto, e as gotículas da chuva continuavam a escorrer pelo seu rosto, enquanto novas se faziam presente a todo instante. Ele era lindo.

“Você pode e deve me culpar, pode me bater o quanto quiser, mas, por favor, não diga coisas ruins sobre o Kyungsoo, ele nunca teve culpa de nada.”

“Você continua defendendo ele.”

  “Quando as pessoas não podem mais se defender, alguém precisa fazer isso por elas.”

“O que você quer dizer com isso?” – indaguei, temendo sua resposta, mas já me preparando para ela.

“Quero dizer que o Kyungsoo já morreu, Baek, há muito tempo”.

E era exatamente aquele tipo de resposta que eu temia. Eu me senti mal outra vez, um gosto esquisito na boca e uma tontura inesperada. No fim, eu perdi a consciência ali mesmo.

CONTINUA...


Notas Finais


O capítulo foi pequeno, sorry.
Eu já avisei no grupo do facebook, mas pra quem não está lá, vou avisar por aqui:
Minhas fanfics estão em hiatos até eu terminar Laços (Im)Perfeitos. Por isso as atualização serão bem mais frequentes. E eu também responderei todos os reviews que chegarem a partir de agora.
Eu tive que recorrer a isso, pois assim eu posso dar mais atenção aos leitores e também pq é muito mais fácil trabalhar em cima de uma única fic.
Assim que eu acabar essa, eu volto para as outras.

KIss~


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