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História Lado Escuro da Lua - Livre da UTI


Escrita por: californbitch

Capítulo 25 - Livre da UTI


Ele havia levantado a seringa e estava prestes a enfiá-la no meu braço quando acordei ofegante e com o coração acelerado. Procurei com os olhos quem estava ao meu lado, mas não conseguia ver nada. O som dos aparelhos conectados a mim era reconfortante depois desse pesadelo. Ainda em desespero procurei por Ana, mas um enfermeiro se aproximou no lugar dela e começou a monitorar meus batimentos cardíacos com um estetoscópio sem me dirigir a palavra.
Talvez por conta do pavor que tomou conta de mim, minha frequência cardíaca assemelhava-se ao som de cavalgadas, então o homem alto de cabelos cacheados finalmente começou a falar comigo.
- Analua, tenta se acalmar, está bem? Seu corpo reage a todos os seus pensamentos de alguma forma, e se você continuar nesse desespero vai acabar tendo um ataque cardíaco. Por favor, você precisa se esforçar. – Não adiantou.
Pude senti-lo pegar minha mão e colocar entre as dele antes de começar a cantar para mim. Ele tinha uma voz muito bonita, e a forma como acariciava minha mão com a ponta dos dedos enquanto entoava uma canção tranquilizante fez com que meu corpo respondesse àquele estímulo: meu coração se normalizou.
Ele não s afastou quando a música acabou, ao invés disso ele tentou conversar mais um pouco:
- Será que você consegue apertar minha mão?
Aquela era a pior parte do tratamento. Era frustrante que mesmo com a mente à milhão meu corpo não respondesse aos meus próprios estímulos.
Foram dois longos dias naquela situação. Sempre que eu parecia estar melhorando algo saía dos conformes e eu voltava a regredir. Ao final do segundo dia eu finalmente me estabilizei o suficiente para ser transferida para um quarto particular. Ana me deu a melhor notícia que eu poderia receber desde que entrei naquele hospital.

Na UTI a consciência é sua pior inimiga, então os médicos estão sempre te sedando e te mantendo no que eles chamam de “coma induzido” para que você não entre em colapso nervoso e tente remover os aparelhos que estão te mantendo vivo.
Não que seja muito confortável ter um tubo de plástico enfiado na garganta, mas nos poucos episódios de consciência que tive enquanto estava lá (entre uma sedação e outra), eu lidava bem com os aparelhos. O que eu acho que os médicos ainda não sabem é que mesmo inconscientes não estamos alheios a tudo que acontece ao nosso redor. Eu por exemplo sabia que o paciente que estava no leito ao meu lado faleceu por insuficiência renal depois que seu organismo sacana rejeitou o rim que a filha lhe doou de bom grado, sabia também que dois enfermeiros (além da Ana) vinham uma vez ao dia para me movimentar na cama, trocar as bolsas de urina e fezes, umedecerem meus lábios com gazes encharcadas de água e me darem “banho”.
Sabia também que ontem Ana tinha vindo junto com eles e enquanto eles me moviam ela aproveitou para pentear e trançar meu cabelo. Ela passou muito tempo conversando comigo. Falava como se soubesse que eu podia ouvi-la, mas eu nunca consigo me lembrar o que ela diz. O enfermeiro que cantou para mim era namorado dela e hoje cantaram juntos enquanto me medicavam e removiam parte da sedação.
Eles me acordaram e tentaram me remover dos aparelhos duas vezes, mas eu não tinha reagido bem, então esperaram até que eu estivesse conseguindo respirar sozinha para me transferirem, e agora era a hora.
Removeram o tubo respiratório e os sedativos e esperaram que eu acordasse. Quando abri os olhos Ana começou a cronometrar o tempo de uma hora: caso eu resistisse sem nenhum tipo de apneia respiratória eu estaria livre da UTI.


Notas Finais


Espero que estejam gostando!


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