1. Spirit Fanfics >
  2. Lado Negro >
  3. Verum Differre Vitae

História Lado Negro - Verum Differre Vitae


Escrita por: Semideus4

Notas do Autor


Muito obrigada a quem comente e a quem adiciona aos favoritos, isso me deixa totalmente feliz, vocês não tem ideia *----* Espero que gostem do de hoje, beijos.

Capítulo 16 - Verum Differre Vitae


Allyson Angnel

– Ally! Entra em casa! – a voz de Peter estava rígida e fuzilava Nathan como se tivesse visão de raio lazer. E como assim ele me mandou entrar? Há muita coisa errada em eu beijar um garoto? Sou adolescente, essas coisas acontecem e ele devia estar acostumado com isso.

 – Mas Peter, era só um... – ele lançou seu olhar para mim, nunca o tinha visto tão bravo desde a primeira vez que ele me dera um sermão, e eu tinha cinco anos. –... Beijo – murmurei.

 – Você não vai mesmo xingá-la por minha culpa, vai? – Nathan se intrometeu, eu o olhei com os olhos levemente arregalados. Ele só podia ser doido.

 – Pensei que já tivéssemos conversado – Peter disse naturalmente, mas percebi o tom de ameaça existente em sua voz.

 Se eles continuassem falando como se eu não estivesse presente eu quem sairia soltando fogo pelos olhos. E eu não entendi essa última.

 – Como assim vocês já conversaram? – olhei para os rostos de cada um, Nathan estava inabalado, já Peter engoliu em seco e me olhou, ele tinha remoroso; arrependimento no olhar, talvez. Na verdade estava mais do que claro que vinha escondendo algo de mim. – O que está acontecendo? – mais exigi do que perguntei.

 – É melhor contar a verdade – o garoto da moto colocou a mão em meu ombro. – Se não ela terá surpresas até o dia de seu aniversário...

 Peter encarou a mão de Nathan em meu ombro e depois analisou minha expressão, que não devia estar nada boa, pois era uma mistura de confusão e irritação, a falta de informações estava me tirando do sério e eu podia socar a cara de um se ninguém começasse a fala. Eles eram o que? Gangsters? Eu entenderia se fosse. Não seria tão ruim assim, eu acho.

 Certo, é melhor eu parar de pensar essas coisas, seria loucura. Eles devem ter apenas algumas desavenças, nada de mais, eu espero pelo menos.

 Peter deu espaço para eu passar e fui seguida por um Nathan confiante, e logo depois ouvi o barulho da porta se fechando, seguimos para a sala onde permaneci de pé, se me sentasse acabaria me levantando de novo.

 – E então? O que os dois estão escondendo? – cruzei os braços. – Porque agem como se tivessem um tipo de segredinho?

 – Não é tão simples... – Peter veio para perto de mim, mas me esquivei e ele respirou fundo. – Não queria te falar assim, iria esperar até a noite do seu aniversário.

 – Ela já está desenvolvendo habilidades – a voz de Nathan soou com um aviso e o loiro ali o olhou com uma sobrancelha erguida. – Pude o que ela pensou, na verdade era como se estivesse falando comigo, só que ela não notou, claro – ele deu um sorriso presunçoso, mas ele estava era louco, pessoas se comunicando mentalmente?

 – Essa é boa, vão me dizer o que agora? Que gatos azuis voam? – ri com deboche, mas ninguém parecia estar para brincadeira ali.

 – Depois que eu explicar as coisas farão sentido – Peter parecia nervoso. – Mas prometa que não vai surtar até eu terminar...

 – Pro-prometo – eu estava receosa sobre o que estava por vir.

 Nathan e eu nos sentamos no sofá e Peter na poltrona. Ele apoiou os cotovelos nos joelhos enquanto mexia nos dedos e me olhava atentamente; parecia estar decidindo o que falar e por onde começar. Dei o tempo a ele, parecia se tratar de algo delicado, mas a curiosidade me consumia e eu já estava quase pedindo para o mesmo começar logo quando ele decidiu falar.

 – Primeiro, sobre aquela noite – senti meu corpo gelar, ele nunca tocava no assunto, sabia que ao que se referia, sobre meus pais. – Seus pais não abandonaram exatamente você, fizeram isso para seu próprio bem, para lhe proteger... – minha respiração parou e eu tive que me lembrar de tal ato antes que ficasse roxa, me proteger do que? – Claro que você não estaria completamente longe do perigo, porém sob meus cuidados você estaria quase que completamente segura, eu sou seu Guardião – franzi a testa, isso não era novidade, eu já sabia. – Não exatamente da maneira que você está pensando... Eu fui designado a cuidar de você, fiz um tipo de promessa inquebrável que se não cumprir posso virar pó, literalmente. Mas não pensei que cuido de você por obrigação, isso seria um absurdo, me apaguei em você que faria qualquer coisa para te manter segura por minha própria vontade... – ele parou de falar por uns instantes, talvez esperando que eu absorvesse o que ele acabara de relatar.

 – Como assim virar pó? Promessa para quem? Para meus pais? – eu sei que disse que não ia interromper, mas era inevitável deixar de questionar.

 – Não conhecia seus pais, eles apenas deixaram cartas, mas esqueça disso por enquanto – ele se escorou sem tirar os olhos de mim. – Claro que foram eles que me designaram a cuidar de você, mas para me tornar oficialmente seu Guardião conforme As Leis, eu tive que fazer um pacto de sangue com sua mãe sendo assim selado por magia de uma bruxa...

 Olhei fundo em seus olhos azuis para ver se não estava mentindo, mas seus olhos estavam firmes, parecia dizer a verdade, só que isso era loucura. Então direcionei meu olhar á Nathan, o mesmo estava sério e evitou me olhar, mordi o lábio inferior e mexi no meu cabelo, olhando para os fios louros. Isso era uma brincadeira? Eles do nada começariam a rir, não iam?

 – Ally – Peter parecia um pouco tenso. – Existem certas coisas ao nosso redor que são invisíveis para quem não as conhece, que fazem parte do seu passado e talvez do seu futuro...

 – Você pode parar de falar em enigmas? – eu já estava aflita com todo esse mistério. – Que coisas são essas? O que eu não conheço?

 Anjos loirinha, era a voz de Nathan nos meus pensamentos... Olhei para o mesmo, tinha certeza que ele não havia falado em voz alta, apenas deu um sorriso de canto.

 – Anjos? Tipo aquelas criaturas de asas e auréolas? – olhei para meu guardião, que estreitou os olhos na direção de Nathan. – Mas isso não existe... Essa brincadeira não tem graça! – cruzei os braços.

 – Não é brincadeira! – Peter exclamou convicto. – Não deixe esse idiota entrar na sua mente, e é verdade, anjos existem, mas não são exatamente como essas imagens que se tem em livros... E nem todos são bons ou pensam apenas na paz e nos outros...

 – Esses são os Caídos, seguidores de Lúcifer não são? – ergui as sobrancelhas e o vi assentindo. – Você está dizendo que eles existem? – o mesmo assentiu mais uma vez e eu respirei fundo. – Digamos que isso tudo, que essas coisas que vemos em filmes e tal sejam verdade... Um detalhe, curiosidade mesmo; onde Nathan se encaixa?

 – Nathan é um anjo celestial que eu não confio nem um pouco – eu fiquei de pé em um pulo surpresa e olhei para o garoto que apenas confirmou com a cabeça, não que eu estivesse acreditando, mas isso estava sendo muito convincente. E só havia três alternativas para justificar:

 Primeira: eles eram muito bons atores e mentirosos. Mas isso era meio duvidoso porque Peter nunca fora muito bom em esconder as coisas quando você as perguntava, e ele não mentiria sobre algo assim que envolvesse meus pais na conversa.

 Segunda: isso não passa de um longo e confuso sonho. Só que pensando bem, geralmente meus sonhos são assustadores e envolvem sangue... Isso por enquanto estava envolvendo insanidade.

 E por último: era tudo verdade. Pois é, a mais louca alternativa é a que mais está fazendo sentido, talvez eu não tenha nascido para ser normal, nunca me senti assim mesmo.

 Voltei a me sentar, dessa vez com uma expressão um tanto confiante, mas estava vacilante ainda. Porém, ia tentar levar isso a sério e entender exatamente o que estava acontecendo, e até tentar saber mais sobre meus pais.

 – Aliás, você disse que fez um pacto com minha mãe envolvendo uma bruxa... – dei ênfase na palavra porque afinal, bruxas existem também? – Como se encontraram?

 – Foi enquanto eu dormia. Ela relatou na carta que era para eu manter a mente aberta durante a noite... Anjos podem invadir seus sonhos se deixar, é um tipo de controle de mentes.

 – Ela é um anjo? E meu pai, porque não estava junto? – eu falei devagar me ajeitando no sofá.

 – Ela é uma Caída e seu pai era um Arcanjo, não sei bem sobre a história de amor proibida entre eles, mas seu pai está morto pelo que sei...

 Meus olhos marejaram e senti Nathan pegando em minha mão, uma lágrima escorreu pela lateral de meu rosto, mas seu toque me deixava mais calma. Eu sempre pensei que os dois estivessem mortos, longe, mas vivos. Isso me dava esperanças de um dia vê-los, só que agora descubro que é pior. Um deles está morto, mesmo tendo raiva deles eu os amo de qualquer maneira, ou pelo menos sentia raiva, pois fizeram uma escolha para o meu bem, mesmo que Peter não tenha explicado onde eu me encaixo nisso tudo até agora.

 Limpei as lágrimas, eu deveria parar de me lamentar sobre isso.

 – Mas eu não deveria ser uma dessas coisas aí também?

 Peter fez um sinal com a mão para que esperasse e se levantou indo até a estante da televisão, se agachou e abriu uma das portinhas, dali tirou uma caixa de madeira, eu nunca mexera naquele local. Ele a colocou em cima da mesinha de centro e a abriu. Havia um livro ali, Hamlet pelo o que pude enxergar na capa, mas ele o tirou colocando-o de lado, pressionou a base da caixa e a mesma se dividiu em duas partes abrindo cada uma para cada lado, revelando um livro de couro preto sem capa ou nada escrito. Ele o pegou e abriu espaço entre eu e Nathan para se sentar. Ambos o observamos procurar uma página.

 – É uma cópia e não tem todas as magias, mas tem a que foi usada sobre você – ele pareceu o que queria encontrar e apontou para o título no alto da página amarelada. Verum Differre Vitae.

 – Isso é o que? Grego? – debochei olhando para aquelas palavras, logo abaixo tinha um verso, e depois algumas explicações em outra língua, eu não entendia nada.

 – É latim – explicou Nathan, pude ver que ele tentava ler o que estava na sua frente. – Mas isso é Magia Negra, proibida. Como conseguiu?

 – A bruxa que a mãe de Ally arranjou era bastante poderosa, trabalhava para os dois lados... – Peter suspirou olhando para a página. – Na nossa língua significa Adiar Da Vida, é bem básico, pode ser usado para vários fins, no seu foi para adiar a transformação que ocorre no primeiro aniversário depois de nascida... Ou seja, sem asas ou poderes de Anjo. Isso realmente seria proibido, mas não é literalmente considerada magia negra. – Ele parecia um professor ensinando seus alunos. – Mas a questão é que durante essa semana eles começarão a se manifestar, depois da magia concretizada, a mulher me citou um tipo de profecia:

 

Dezessete luas, dezessete anos...

A magia há de se rematar

O perigo há de se prevalecer.

 

 – A décima sétima lua pelo que sei acontece hoje – Nathan disse e eu o olhei. – A Claire que disse isso, se você parasse de pensar besteiras teria escutado...

 – Porque você não cala a boca? – mostrei a língua pra ele e vi meu guardião dando um pequeno sorriso.

 – Chega crianças... Mesmo não querendo concordar, Nathan está certo, e por isso as habilidades que um anjo possui começarão a aparecer, até se completar na noite do seu aniversário e você estar mais exposta ao perigo...

 – O perigo há de se prevalecer... – murmurei. – Mas que perigo eu correria e pelo que?

 – Seu sobrenome carrega um grande peso minha querida, mas isso está relacionado ao perigo, que Nathan pode explica para você – Peter olhou para ele que se retraiu.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...