Hermione Granger
Estava tão acostumada ao silêncio dos meus pensamentos que ouvir esta besta me doía a cabeça. Ele andava de um lado para o outro, me rodeando, como uma cobra quando quer devorar sua presa. Ele falava e falava.
- Granger, realmente me decepciona você ter sido presa tão facilmente... - reviro os olhos. Eu não tinha saco para asneiras, por que ele não me mata logo.
Ele pareceu irritado, pois me ergueu com a mão em meu pescoço e aproximou seu rosto do meu. Estranhamente seu cheiro não era de morte e podridão como imaginei que seria. Me repreendi por esse pensamento, eu estava morrendo, não flertando. O ar começou a sair mas não entrava, era agora. Eu iria morrer da maneira mais patética depois de tantas lutas épicas.
Ele me solta e eu caio e bato a cabeça no chão.
- Você não morrerá tão fácil - ele diz sorrindo de lado - tenho outros planos para você.
E então eu apago.
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Acordo outra vez em minha cela. Olho para meus braços e pernas onde sinto dolorido, vejo o resultado de varias maldições cruciatus e me arrepio. Agradeço mentalmente por estar desmaiada para isso. Permaneço deitada até que ouço o barulho de carrinho sendo arrastado. Olho para fora e vejo outra vez o moreno de olhos azuis praticamente jogando comida para os prisioneiros que praticamente se pisoteam para conseguir comer. Meu estômago estranhamente não ronca e eu suspiro. Havia feito um amontoado com o blazer para encostar a cabeça.
Ele se aproxima de minha cela e me estende dois pratos de comida. Agora olhando para aquela comida fria percebo que estava com fome. Sem receio, levanto-me e pego os dois pratos de sopa rala de alguma coisa que talvez tenha sido cogumelos. Agradeço e sento no canto da parede outra vez para me encolher e tentar engolir.
- Psiu - escuto e olho para fora da cela. Vejo que Rabastan ainda está lá - Posso te conseguir um banho e talvez uma cela mais limpa.
Meus olhos se arregalam. Por que raios ele queria me ajudar? Mas não pensei duas vezes em aceitar.
- Era tudo o que eu precisava agora - ele me observa e olha para trás vendo se alguém se aproximava.
- Esteja acordada de meia-noite. Eu irei te buscar.
Quando menos esperava, ele foi embora com seu carrinho e eu sentei no chão terminando de comer a sopa horrível de restos.
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Estava deitada no chão encolhida e escuto barulho da cela ser aberta devagar, e fazia um barulho alto. Rabastan olhou para mim sorrindo e fazendo sinal para que eu fizesse silêncio. Se não fosse uma situação infeliz, eu teria rido de sua feição. Ele abriu a cela aos poucos e me deu espaço para sair.
E se eu tentasse fugir?
Ele olhou para mim, negando com a cabeça.
- Nem pense em gracinhas, Granger. Se ele te pegar outra vez, ele te mata- ele fez cara de sério- Vamos, me segue.
Andamos silenciosamente até a pesada porta se madeira, que ele empurrou com facilidade. Ao lado da cozinha, havia um pequeno banheiro, mas era o suficiente e parecia luxuoso demais. Olhei para minhas roupas e sujeira. Ele pareceu notar e me estendeu uma pequena sacola e fez sinal para que eu entrasse.
Agradeci e entrei no banheiro. Abro a sacola e vejo uma roupa negra de mangas cumpridas e meias. Alguns produtos de higiene e uma roupa íntima. Pensar nele escolhendo uma roupa íntima para mim, me fez corar. Decido não prolongar muito e entro no chuveiro. A água quente em contato com minha pele foi a melhor coisa que me aconteceu em 41 dias.
Lavo meu cabelo o mais demoradamente que consigo. Quando saio do banho, não me reconheço no espelho. Minha feição cansada e desgastada. Pareço uma morta-viva. Ouço batidas tímidas na porta e me apresso em vestir a roupa. Com cabelos penteados e molhados, saio do banheiro para encontrar um Rabastan apreensivo. Ele faz sinal para irmos e eu praticamente tenho que correr para o alcançar. Descemos a masmorra e me arrependo de não ter tentado escapar.
Olho para a cela, ela parecia bem mais limpa agora e havia uns cobertores escondidos. Olho para Rabastan e inevitavelmente o abraço. Qualquer migalha de afeto agora era bem-vindo.
- Obrigada, Rabastan - agradeço e entro.
Ele parece desconcertado. Ele tira duas maçãs do bolso e me entrega.
- Boa noite, Granger - ele fala.
- Hermione.
Ele dá uns passos para trás como se não houvesse escudado de verdade.
- O que? - ele pergunta.
- Pode me chamar de Hermione. - ele pareceu corar um pouco.
- Certo, Hermione- diz como se estivesse testando meu nome.
- Por que fez isso, Rabastan? - pergunto.
Ele me olha confuso e depois responde tranquilamente.
- Posso não concordar com você - ele fala baixo- mas eu te respeito, por tudo que fez. Você é muito inteligente, Srta... Hermione.
Sorrio para ele.
- Obrigada pelo que está fazendo por mim. Por que distribui comida nas masmorras?
Ele bufa e dá um sorriso.
- Uma puniçãozinha por ser um adulto rebelde - ele diz sorrindo - então sou entregador de... - ele para olhando o prato vazio - restos de comida.
Sorrio para ele, um sorriso sincero.
- Espero que não fique encrencado por minha causa.
Ele sorri.
- Não se preocupe, Hermione.
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Os cobertores que Rabastan me trouxe foram suficiente fofos para que eu conseguisse dormir tranquilamente. Havia comido uma maçã e guardado outra para comer durante o dia. Só tínhamos direito a uma refeição por dia, e ela era só antes de dormirmos. Nesse dia não houveram visitas inesperadas ou maldições sobre meu corpo. Eu estava tranquila, mas não muito longe, vejo a garota ruiva ser lançada na cela outra vez. Ela estava muito magra e parecia doente. Assim que Rabicho sai eu olho para cela, e a vejo curvada no chão sujo toda suja de vômito.
Olho para ela, e não consigo conter as lágrimas. Puxo a maçã do meio dos cobertores e a chamo.
- Pss... - ela não levanta, mas olha diretamente para mim. Seus olhos verdes pareciam amedrontados e eu queria protegê-la. Olhar para ela fez meu coração doer, lembrando da Gina.
- Qual seu nome? - pergunto. Ela parece incerta em falar.
Abre e fecha a boca diversas vezes e por fim fala.
- Lana - sua voz sai quase como um sussuro.
- Lana, meu nome é Hermione - ela parece olhar nos meus olhos pela primeira vez. - Lana, tenho uma maçã fresca. Pegue, é sua - digo mostrando - pegue-a - e então eu atiro a maçã para a cela dela e ela consegue alcançar antes que chegue ao chão.
Suas roupas muito largas lhe dão uma aparencia doentia.
- Não se incomode comigo, por favor.
- É sua, Lana. Eu já comi. - digo sorrindo e a incentivando a comer.
- Obrigada - e vejo sua feição satisfeita enquanto mastiga.
Pego um cobertor na cela e atiro para ela e ela o apanha.
- Tenho outro aqui, não se preocupe - digo mostrando o outro e ela agradece.
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- O que fazem lá em cima, Lana? - pergunto depois de termos passado um tempo conversando timidamente.
Ela me olha com os olhos esbugalhados.
- Nunca te levaram? - ela pergunta. Apesar de estar fraca, sua voz parece um pouco mais animada agora.
- Não- respondo - só uma vez, mas foi porquê tentei fugir - digo sorrindo.
Ela me olha mais espantada ainda.
- E está viva? - ela pergunta com receio.
- Como pode ver- digo sorrindo.
Ela dá de ombros.
- Eles podem fazer qualquer coisa - ela baixa os olhos - eu sirvo de distração para alguns homens - ela fala envergonhada e eu consigo entender o que ela está falando - um em especial.
Isso me intriga.
- Que homem? - pergunto - se não for me intrometer demais.
Ela continua de cabeça baixa, envergonhada.
- Um Lestrange - ela fala.
Meu coração tropeça e cai despedaçando imaginando se seria Rabastan... Engulo em seco e encosto a cabeça na parede.
- Qual o nome dele?
- Rodolphus
Uma respiração pesada sai de dentro de mim.
- Sinto muito, Lana... - ela me olha e dá um sorriso fraco.
- Não viverei muito, Hermione.
- Eu também não, Lana.
Ela balança a cabeça negativamente.
- Você não entende, vão me matar - olho em seus olhos e vejo um desespero visivel - Eu estou grávida, Hermione.
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