Escrita por: Ana_Carol234
Me levantei da cama e limpei meu rosto. Reuni toda a coragem que me resta e sai do meu quarto rapidamente. Me vendo sair de repente, meu pai se levantou e ficou em frente a mim, impedindo minha passagem.
- Aonde pensa que vai? -
Fechei meus punhos e encarei ele no fundo dos olhos. Senti um sentimento estranho de raiva circular pelo meu corpo, e acabei franzindo as sobrancelhas. Vendo minha reação, ele logo pareceu ficar irritado.
- Eu perguntei onde você ia caralho, então me responda! Acha que pode me encarar agora depois de tanto tempo sua putinha!? -
Apenas ignorei ele e continuei a andar para evitar algum desentendimento. Ele por sinal não me deixou em paz, e voltou a ficar na minha frente.
- Você tá surdo caralho!? Eu perguntei-
- Não encoste em mim! -
Usei toda a força que eu tinha para empurra-lo para trás, com sucesso. Ele de certa forma se levantou, preparado para revidar.
- Desde quando acha que tem autoridade para me empurrar!? -
Ele segurou meu ombro com força, mas apenas usei minha perna para chuta-lo de volta, deixando-o incapaz de me acertar novamente.
- Você me bate dia e noite, incansavelmente desde que eu nasci. Quando era apenas uma criança me bateu incontáveis vezes e se divertia horrores com isso, e eu nem sequer ousei falar para ninguém. Em todo esse tempo, durante anos eu apenas fui contra uma vez, e foi agora. Isso nem sequer pode ser chamado de revidar, então por que está reclamando? -
Ele então ficou em silêncio durante bastante tempo. Fechei minhas mãos em punhos e sai de casa com toda a coragem que reuni. Após andar por bastante tempo, finalmente desabei de novo, sentindo a coragem que havia reunido sumir aos poucos. As ruas felizmente estão bem vazias, então não é como se alguém fosse ligar para mim aqui... Ele sempre deixou sua autoridade marcada sobre mim, me empurrando para debaixo dos tapetes, e eu nunca pude fazer nada contra... Mas agora, fazer isso de repente, foi assustador, estranho e libertador ao mesmo tempo.
- De certa forma, eu não deveria ter feito isso... -
Eu me estressei e agi sem pensar, isso pode trazer péssimas consequências para minha mãe. Nunca sequer pensei em revidar, sempre fui fraco demais para isso, e apenas podia deixar com que ele batesse em mim toda a vez que queria.
- Ah... -
Levantei rapidamente e me apoiei na parede, enquanto sentia arrepios desconfortáveis pelo meu corpo.
- Mafuyu? -
Ouvi uma voz muito familiar atrás de mim, e instantaneamente me acalmei. Sem me virar, apenas suspirei um pouco.
- Uenoyama-kun. -
Finalmente me virei, e acertando em cheio, voltei a me encostar na parede.
- Por que você está tremendo? -
Olhei para baixo pensando no que dizer quando finalmente percebi que tremia. Naturalmente, antes eu diria que apenas estou com bastante frio, afinal já é inverno. Mas ele sabe, desculpas esfarrapadas não vão adiantar agora se não a verdade.
- Uenoyama-kun eu cansei... -
Levantei minha cabeça e encarei seus olhos escuros. Ele cruzou os braços e suspirou levemente, se aproximando um pouco com um olhar preocupado.
- Mafuyu. Você quer conversar sobre isso? -
Apenas acenti de forma breve, ainda com as sobrancelhas meio franzidas. Fomos para o lado da mesma máquina de bebidas de sempre.
- Eu... Confrontei ele. -
Disse me sentando no ponto de ônibus. Ele se abaixou já minha frente, me olhando nos olhos.
- Continue, eu estou aqui com você Mafuyu. -
Ele segurou minhas mãos, e usando seus polegares, acariciou as costas de ambas, passando para mim uma sensação de segurança e conforto com seu toque quente.
- Eu não sei o que aconteceu... Eu só queria sair de casa brevemente, mas obviamente, "ele" não deixou. Então eu confrontei ele e consegui sair... -
Uenoyama-kun ouvia atentamente tudo o que eu falava, com uma expressão calma e acolhedora.
- Eu tô com medo... Eu não deveria ter reagido assim mas... Mas... -
De alguma forma, eu não consegui completar, apenas gaguejar um pouco no final, enquanto sentia algo estranho dentro de meu coração.
- Você estava estressado demais. É compreensível. -
Apenas acenti levemente. Sem saber o que dizer depois, apenas fiquei em silêncio olhando para baixo, mas sem olhar em seus olhos diretamente.
- Eu não julgo você. Ter que aguentar tudo durante muito tempo... Você deve ter passado por muitas coisas. -
Ele levou minhas mãos ao seu rosto, e as acariciou com a bochecha enquanto falava. Acenti novamente, sem nem saber o que estava fazendo.
- Por isso você estava estranho esse tempo todo? -
- Sim... -
Não pude evitar me encolher um pouco. Eu nunca me arrependi tanto de uma coisa já faz dois anos. Sem perceber, minhas mãos começaram a tremer novamente. Dessa vez não era de pavor ou medo, mas sim de tristeza.
- Me desculpa... -
Puxei minhas mãos de volta. Não me sinto bem com Uenoyama-kun sendo tão atencioso, quando na verdade eu errei bastante com ele, ferindo seus sentimentos e até os meus.
- Pelo que? Me contar ou não sempre foi um direito seu. -
Neguei com a cabeça e suspirei fundo, finalmente tomando coragem para encarar no fundo de seus olhos.
- Você ficou estressado e sobrecarregado por conta disso. Eu não queria que você se preocupasse mas... Eu acabei te estressando por não ter contado. Por favor, deixe com que eu me desculpe... -
- Eu não vou permitir que você peça desculpas por algo sem importância. Durante toda essa história, a única pessoa que precisa de um pedido de desculpas é você. Não só de uma pessoa, mas de várias e até de mim mesmo. -
Não tenho argumentos contra, mas não concordo. Eu odeio isso, odeio ser o foco das atenções, por isso nunca quis que ninguém soubesse. Olhei novamente para baixo, e cobri meu rosto com as mãos. Não quero que ele me veja assim, eu estou... Deplorável.
- Hahaha... -
Ouvi uma breve risada seca de cima, e quando olhei na direção, Uenoyama-kun já estava de pé, ainda com sua expressão calma, mas dessa vez com um leve sorriso. Ele estendeu as duas mãos e as afastou levemente do corpo. Sem pensar duas vezes, me levantei rapidamente e abracei Uenoyama-kun com força. Ele retribuiu o abraço enquanto massageava meus cabelos.
- Mafuyu eu estou aqui... Vai ficar tudo bem. -
Enterrei minha cabeça entre seu pescoço e ombro, lutando para não chorar de novo... Por que estou tão emotivo hoje? Eu geralmente não sou assim. (Imagem)
- Obrigado por me contar e por confiar em mim para isso. -
Não sei por quanto tempo, mas ficamos bastante abraçados. Seu abraço é tão seguro e quente, como se apenas aquilo era suficiente para sumir com meus problemas. Mas infelizmente, não podíamos ficar assim para sempre, e logo tivemos que parar de nos abraçar fortemente.
- Uenoyama-kun. Obrigado por estar aqui. -
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