História Lágrimas de Vênus - Prisão de magos

Estalos vindos das escadas me impediam de dormir, e cada segundo eles ficavam cada vez mais altos. Eu não tinha certeza se deveria ver oque estava causando aquilo, pensei em tocar o meu huty para alertar os guardas, mas já era tarde da noite.

Meu pai não se encontrava no palácio, ele havia feito uma viagem a Vênus para terminar de selar o acordo de cavalheiros, que nesse caso era meu casamento.

Tentei ignorar os estalos, porque afinal, se tivesse algo na escada os sensores ou a própria central de segurança do palácio teria detectado. Mas de repente, em frações de segundos, um estalo muito, muito forte se esvaiu pelo corredor dos quartos. O alarme tocou, e as portas de todos os cômodos do palácio foram trancadas.

Eu teria de seguir o protocolo de segurança, que se baseava em pegar uma tubulação embaixo da minha cama, que me levaria até a central de segurança. Enquanto eu arrastava a minha cama para poder entrar no tubo, eu ouvi brevemente a voz de minha mãe dizendo:

-Lia! Eu preciso de sua ajuda. –Ela parecia desesperada.

Eu queria abrir a porta, mas a minha synthep não era forte o bastante para quebrar a tranca que era reforçada com luz de negra (é um tipo de encanto muito difícil de retirar, só magos da classe X conseguem facilmente quebra-lo), então eu gritei por ajuda.

Eu gritei por muito tempo, mas ninguém ouvia. Minha visão ficou turva e meu corpo não suportava mais meu peso. Minha cabeça doía muito. E então eu cai e alguém me segurou e colocou um pequeno pingente no bolso da minha camisola, eu não consegui ver seu rosto, estava escuro demais. Então ela disse:

-Esse é sua chave, junte com mais seis e terá oque deseja. Mas lembre-se sete chaves resultam em um desejo.

Eu só me lembro de ter acordado na enfermaria do palácio, minha mão estava cortada no formato de um Y, isso queria dizer que eu não poderia usar mais a minha synthep, mas por quê?

Minha mão começou a doer e queimar, o corte se tornou uma cicatriz e um apagão fez os aparelhos que me imobilizavam pararam de funcionar, eu abri a porta e vi nove guardas reais apontando armas 24-I (Armas que tiram toda sua essência de synthep, e parcialmente metade de sua essência vital).

-Parada! Temos ordens para mandar você para a prisão de segurança máxima.

-Oque?! Mas por quê?

-Eu nunca esperei isso de você, Lia.

Meu pai disse enquanto adentrava a sala.

-Mas eu não fiz nada, papai! Eu juro.

-Guardas levem-na!

Eles vieram em direção a mim, com armas de choques e uma faca para cortar novamente a minha mão. Quando um guarda estava prestes a corta-la, meu pai interrompeu:

-Não será preciso, ela não será capaz de usar magia naquela prisão.

-PAPAI! Eu não fiz nada! Soltem-me!

Eles me agarram e me colocaram em uma mini nave, meu pai ficou observando de longe. Enquanto eu parti, eu pude observar uma lágrima caindo dos olhos de meu pai.

Os guardas traçaram uma rota para Júpiter, onde os magos mais corruptos e poderosos estavam trancados em uma cadeia de segurança máxima. Esses magos haviam cometidos crimes terríveis desde matar pessoas do governo até devastar países.

Durante a viagem eu não pude fazer nenhuma pergunta, pois tinham lançado um feitiço que me proibia de dizer uma palavra se quer.

Fiquei pensando no que aconteceu na noite anterior, e depois de chorar muito, percebi que antes de vir parar na nave eu ouvi a voz da minha mãe. Pensei, pensei e também notei que meu pai usou a palavra magia ao em vez de synthep. Será que mamãe está viva?

Meu pai fez uma lei que retirava magia do vocabulário do sistema solar, essa lei foi aceita por todos os outros seis planetas, em memória da liga de Hórus (que supostamente havia morrido em missão). Esse foi um jeito de não se lembrar mais deles, pois o sistema solar inteiro havia perdido grandes líderes, e isso causava dor em todos.

Eu não sei ao certo quando isso começou, mas sei que meu pai era muito severo quando o assunto era essa lei. Será que estou imaginando coisas? Seria impossível eles estarem vivos? faz 16 anos que isso aconteceu, se eles estivessem por ai nós conseguiríamos resgata-los.

Uma brusca parada indicava que nos estávamos entrando no território jupteriano. Não era uma paisagem muito agradável, o solo não era muito bom por isso havia poucas plantas e pouquíssima água, por isso eles eram os maiores produtores de água artificial do sistema solar.

Fomos direto para a prisão, ela era muito, muito grande. Havia mais de 55.000.000 de magos presos lá, cada um em uma ala diferente. Eu não posso nem calcular onde eu vou ficar até esse mal entendido passar.

Eu passei pela porta e senti uma franqueza, eram as grenitas (rochas que impediam o uso de magia ou synthep), os guardas me seguraram e me entregaram para os robs (robôs que são usados para vestir pessoa), eles tiraram todos os meus pertences e me vestiram com uma roupa cinza que me enfraquecia ainda mais.

Ao chegar à minha cela tive uma surpresa...