História L'Amore per Caso - Sarada Uchiha

--O que foi, Sarada? – Ela estava parada a janela, observando a entrada da casa.

--O tio Itachi e o tio Neji, já chegaram. – Anunciou.

--Está esperando mais alguém? Nossos colegas e família estão todos aqui. Mamãe pediu pra você descer.

--Tá certo, Hima. Já tô indo, só preciso usar o banheiro.

Sua irmã saiu do quarto e ela olhou mais uma vez pela janela. O carro dele não estava lá. Respirou fundo, engoliu o choro, colocou seu melhor sorriso e desceu. A casa estava cheia e alegre, bem ao lado lareira tinha grandes presentes esperando para serem abertos. Seus avos lhe abraçaram forte, Itachi sempre bagunçava seu cabelo por pirraça e Neji ajeitava amorosamente. Seus primos, os gêmeos Hayato e Hiro pularam em seus braços. Eram bem hiperativos.

--Muito bem! – Sua mãe chamou a atenção. –Já que a aniversariante está aqui, que tal batermos os parabéns?

Todos comemoravam. Sarada foi para o meio do salão, onde seu bolo repousava na mesa. Ela ouvia a cantoria alegre e batia palmas acompanhando o ritmo, e finalmente chegou o momento de assoprar as velinhas. Ela só tinha um desejo, o mesmo desejo dos seus últimos 14 anos, mas já sabia que não iria se concretizar. Ouve aplausos, ela olhou para todos em busca dele, uma busca em vão. A festa ocorreu na mais pura tranquilidade, abriu os presentes, jogou alguns jogos de tabuleiro, riu e tirou muitas fotos. Já eram dez horas quando a festa finalmente encerrou.

Seus tios estavam na cozinha, ajudando sua mãe a limpar a bagunça. Seus irmãos e primos estavam na sala, jogando outra partida de ludo com seus avos. Ela percebendo que no momento estava sozinha, saiu de casa e ficou na entrada, sentada nas escadas esperando por ele. Sarada já tinha olhado todos os álbuns de família, mas infelizmente não tinha uma de seu aniversario com seu pai. As felicitações dele sempre vinham no dia seguinte. Isso a fazia se sentir menos amada.

Deu a volta na casa e foi para a casa da arvore, abria a claraboia, deitou e ficou olhando as estrelas. Ela não podia mais segurar suas lagrimas. Ele nunca estava presente nos momentos mais importantes. Chorando silenciosa ela ficou ali por um bom tempo. Ela tinha adormecido, levantou e olhou para a mansão, todas as luzes estavam apagadas. Eles nem mesmo perceberam que tinha faltado alguém.

Ela andava devagar dentro da mansão, a porta do quarto de seus pais estava entreaberta e ela espiou. Sua mãe e seu pai dormiam tranquilamente. Aquilo fez seu coração apertar. Olhou os outros quartos e todos dormiam tranquilos, como se ela não tivesse ali. Como se ela nunca estivesse ali. Sarada sempre sentiu, dentro de si, que não pertencia aquele lugar. Com cuidado e devagar ela preparou uma mochila, colocou roupas quentes e uma manta. Pegou seu cofrinho e enfiou dentro, desceu e foi a cozinha, separou pouco alimento e duas garrafas com água.

Foi ao escritório e moveu uma das câmeras para um ponto cego. Depois da piscina, tinha uma arvore que ela conseguia escalar e pular o muro. Do outro lado, olhou uma ultima vez para casa que chamou de lar, disse adeus e partiu.

Sasuke tinha levantado mais cedo, colocou apenas um roupão e desceu direto para a cozinha. Preparou o café da manhã, arrumou a mesa e tirou um bolo pequeno da geladeira e o depositou no meio da mesa. Ser dono de sua própria empresa não era fácil, e isso o fazia perder muitos momentos importantes de seus filhos, mas entre eles, Sarada é com quem tinha uma divida maior. Ele se sentia amaldiçoado, sempre acontecia algum maldito imprevisto no escritório, perdeu muitos aniversários, apresentações na escola e prêmios por ela ser tão inteligente.

Com tudo preparado, viu sua esposa descer as escadas já arrumada e perfumada.

--Bom dia! – Ela disse saudosa.

--Bom dia, minha rainha. – Deu um selinho nela.

--Hina, acorda geral. Vou tomar um banho e vamos cantar parabéns para Sarada. Me sinto muito mal, sai ontem cedo, mas fui pego por aquele acidente. Aquela via expressa fica terrível quando tem acidente.

--Tá certo. Vai tomar banho e logo vamos estar todos aqui.

Ele subiu correndo, não iria demorar, queria estar lá embaixo para ver seus filhos surgindo na sala de jantar. Quando estava terminando de vestir sua roupa, Hinata entra no quarto assustada.

--Sasuke! – Chamou desesperada.

--O que foi?

--A Sarada. Ela fugiu!

--O que?

Ele saiu do quarto e começou a procura-la em casa. Olhou todos os cantos possíveis, chamou os seguranças e pediu para ver as filmagens da noite anterior. Viram até o momento que Sarada entrou no escritório e começou a usar o notebook, logo depois todas as câmeras foram desativadas. Mikoto já estava no telefone falando com a polícia, Neji chamou Hinata no canto.

--Hina, a Sarada usa com frequência o colar que demos de presente?

--Sim. Ela só tira pra tomar banho.

--Acha que ela possa estar usando?

--Talvez. Temos que olhar a caixinha de joias dela, mas porque está me perguntado isso?

--Vamos olhar a caixinha e te explico.

Eles subiram e olharam a caixa, o colar não estava lá. Neji soltou um suspiro de alivio e pegou seu celular.

--Neji, o que tem esse colar?

--Primeiro, vou pedir desculpas. Segundo, fui totalmente contra. E Terceiro, Itachi ficou igual nossa sogra, neurótico. Depois que Hiro sumiu no shopping ano passado, Itachi ficou muito preocupado e fez presentes para todos com um rastreador.

--Ele fez o que?!

--O Sasuke concordou, isso depois dele ter pirado também. Mas vamos ver onde ela possa estar.

Hinata grudou seu rosto com o dele, observando celular. Logo varias pontinhos coloridos piscaram na tela, Neji ampliou e contou cada pontinho que estava junto em um mesmo local, só para confirmar que as sete crianças estavam lá. Ampliou o mapa e mostrou o ponto vermelho de Sarada, parada em uma rua no bairro Burbank.

--O que ela tá fazendo lá? Como ela chegou lá?

--Não sei, mas é melhor irmos.

Hinata desceu mais preocupado do que furiosa.

--Tia Mikoto. Por favo, fica de olho nas crianças?

--Tudo bem querida. A polícia já está a caminho.

--A senhora pode pedir para eles voltarem? Já encontramos a Sarada.

--Aonde ela está? – Sasuke perguntou afoito.

--Você vai saber, e vai saber mais quando ela estiver em casa!

Sasuke olhou assustado para sua esposa.

--Sasuke, Itachi e Neji. Venham comigo!

Os três a seguiram. Hinata colocou no GPS as coordenadas e partiu furiosa com seu carro. Sasuke estava no banco de trás junto com seu irmão, acuado com medo de olhar para sua esposa, mas foi no primeiro sinal que a fúria dela começou. Hinata tirou seu cinto e começou a dar alguns socos em seu marido.

--Seus filhos tem um rastreador! E você não me diz nada!

--Amor, me desculpa. Esqueci completamente disso!

Ela voltou para seu lugar em segurança.

--Por isso deveriam ter me dito! Minha filha some, ela tem um rastreador e vocês nem compartilharam isso comigo! Seus bandos de macho escroto! Querem me matar?

--Hina, mantem a calma. – Neji pedia.

--Como vou manter a calma? Vocês planejam isso e não dividem comigo! Eu sou a mãe porra! Sou que passa o dia com eles em casa! Que organizo os horários, que levo ao médico, eu que deveria ser consultada e não o lesado do meu marido!

--Pô amor, aí você tá pegando pesado comigo.

--E como não vou pegar? Sasuke, uma coisa dessa você nem deveria esquecer de falar pra sua esposa! Sarada ou qualquer um dos nossos filhos pode desaparecer, e vocês com um troço desse e não me falam?!

--Amor, eu sinto muito. Muito mesmo.

--Você ainda vai sentir Sasuke Uchiha!

Sarada, depois que saiu da área onde morava, foi até uma parada de ônibus e pegou seu destino para Burbank, ela não dormiu e ficou vagando pelas ruas do bairro, sempre atenta a sua volta e se escondia quando ouvia algo ou percebia algum movimento. Agora que estava longe de casa, arrependia-se de sua péssima escolha. Quando o dia começou a clarear, notou que logo a sua frente tinha uma lanchonete e foi até lá. Era primeira cliente. Olhou ao redor e sentou na cadeira perto balcão. Uma moça muito bonita de cabelos negros e olhos verdes, surgiu sorridente.

--Bom dia! O que vai querer?

Ela olhou o cardápio e logo decidiu:

--Panquecas, omelete e café com leite.

--Certo. – Anotava o pedido. –E seus pais?

--Eu tô sozinha.

A moça a olhou mais detalhadamente agora. A menina carregava uma mochila, seus cabelos estavam levemente assanhados e o rosto bem abatido.

--Tá tudo bem?

--Sim.

--Volto já. – A garçonete entrou na cozinha e logo saiu. –Pronto, nosso chefe já vai começar a preparar seu pedido. Enquanto isso, porque não conversamos?

--E o que eu teria para conversar com uma estranha? – Sarada estava pronta para enfrentar qualquer coisa.

A moça lhe mostrou um sorriso gentil e disse:

--Vamos dizer que é só para garantir que ninguém cuspa na sua comida.

A jovem ficou um pouco assustada e logo desarmou-se.

--O que quer saber?

--Você está longe de casa. Seus pais não são do tipo, legais com você?

--Sim.

--Então o que está fazendo aqui?

--Bom, é que eu carrego aquele sentimento de que não sou querida. É como se meus pais não tivessem outra escolha, além de ficarem comigo.

--Eles te alimentam?

--Sim.

--Você vai à escola?

--Sim.

--Dorme em uma cama fofinha e quentinha?

--Durmo.

--Eles são rígidos com você?

--Não. Muito pelo contrário.

A moça se curvou sobre o balcão e ficou mais próxima dela.

--Eles dizem que te ama, apoia seus sonhos e te incentivam a ser uma pessoa melhor?

--Sim. Eles fazem isso. – Sarada sentia sua consciência pesando cada vez mais.

--Sabe mocinha, você é abençoada e não faz ideia de quantas crianças querem estar no seu lugar. Até mesmo eu te invejo.

--Você? Mas é bem mais velha do que eu.

--Sim, mas não tive os pais que você tem. Volte pra casa, se desculpe e nunca mais volte a fazer isso. Sua mãe deve estar louca preocupada com você.

--Vou voltar. Obrigada.

--Certo. Vou trazer seu café da manhã, aí te deixo em casa. O que me diz?

Sarada concordou. Seu prato estava com um cheiro maravilhoso e começou a devora-lo, quando já estava perto de terminar a garçonete avisou que iria trocar de roupa. Ela terminou seu café e ouviu a campainha soar atrás de si, mal teve tempo de olhar quando um homem a agarrou.

--Você está bem? – Sasuke a olhava onde podia. –Está machucada? Ferida em algum lugar?

--Não pai, eu tô bem.

A porta foi aberta novamente e viu sua mãe surgir.

--Sarada! Você está bem?

--Sim, mamãe.

--Que ideia maluca foi essa? Quer me matar de vez? Faz ideia do quanto minha cabeça girou? – Hinata a apertou em seus braços.

A garçonete voltou para o salão e ficou paralisada vendo aquela cena. Sarada percebeu sua presença e a chamou.

--Moça, meus pais me encontraram. Obrigada.

Sasuke e Hinata olharam para a mulher e ficaram em choque.

--Sakura? – Foi Sasuke que perguntou surpreso.

--Essa é a Sarada? – Sua voz tremia. Se aproximou mais da jovem.

--Vocês se conhecem? – A jovem perguntou.

Logo Neji e Itachi entraram na lanchonete, e Itachi também ficou surpreso ao revê-la.

--Fui uma amiga dos seus pais. A ultima vez que os vi, você era bem pequenina. – Ela olhava admirada para a jovem. Aquele ser tão pequeno e frágil que tinha saído de seu ventre estava bem ali, em uma jovem mulher linda. –Eu disse que você é muito abençoada.

Tocou devagar na cabeça dela e fez um leve carinho.

--O aniversario dela foi ontem. Tem algum bolo aí? Podemos cantar parabéns. – Hinata sugeriu ganhando olhares surpresos.

Sakura lhe lançou um olhar contente e sorriu.

--Vou pegar.

Apesar do susto, todos cantaram parabéns a ela. Hinata sentiu que deveria aproveitar o momento e tirou uma foto de todo o grupo. Sarada estava feliz, pois seu pedido tinha se realizado. Finalmente ela tinha uma foto de aniversario com seus pais, só não imaginava que aquela simples garçonete era sua mãe biológica.