Chegaram em silêncio ao bonito dormitório Greenough, o novo lar dos garotos pelos próximos anos. Jungkook não gostava muito da ideia de ficar em um lugar onde seria vigiado, mas ou era isso ou fazer seus pais pagarem por alguma hospedagem em outro lugar, e ele também não queria que uma movimentação financeira entre ele e os pais fosse descoberta por alguém. Jungkook precisava se manter escondido de muitos olhares.
O único olhar do qual ele não podia escapar era o de Jimin que, mesmo fingindo não ligar para a sua presença, dividiria o mesmo dormitório, e Jungkook ainda não conseguia entender o que o outro garoto fazia ali. Os cursos de Harvard não eram nada baratos, e por ele ser um destaque, tinha uma bolsa garantida. Atualmente, 70% dos estudantes recebiam algum tipo de ajuda financeira. Harvard podia se dar a esse “luxo” porque, além de ser a melhor, é também uma das mais ricas universidades do mundo. Harvard tem em caixa cerca de 25 bilhões de dólares, e grande parte desse dinheiro são de doações de ex-alunos que fizeram fortuna. Entre eles tem o Bill Gates… que abandonou a faculdade no primeiro ano para fundar a Microsoft.
O fato era, Harvard quer os melhores alunos. Não importava se suas situações financeiras lhes permitiam ou não pagar os quase 60 mil dólares necessários por ano para estudar ali. Por isso, o processo de aceitação era chamado de “admissão cega”, pois a universidade dava um jeito de bancar o estudante, caso ele não tivesse dinheiro. O valor da ajuda dependia da renda familiar, e se ela fosse inferior aos 60 mil, o aluno não desembolsaria um centavo. E isso era válido, igualmente, para americanos e estrangeiros. Só que Jungkook entendia ele ter esse privilégio, agora Jimin… Ele não era um dos melhores alunos e Harvard se interessaria tanto por ele a ponto de pagar para que ele estudar ali?
Caminharam até a recepção do dormitório e Jungkook sempre olhava de canto para o outro garoto que se mantinha quieto, e talvez nervoso com sua presença. Era muito estanho estarem no mesmo lugar. Jungkook até mesmo chegou a pensar que teria sido Hoseok a avisar que ele ficaria naquele dormitório apenas para que Jimin fosse atrás, mas pensando bem, não tinha porquê do amigo ter feito aquilo, Jungkook não o contou sobre o que tinha acontecido entre Jimin e ele naquela tarde em seu quarto. E só de lembrar daquele dia, Jungkook sentia uns arrepios.
A recepcionista estranhou que os garotos não estivessem no mesmo quarto, afinal, os viu chegar no mesmo táxi e vinham da mesma cidade também.
— Não estamos juntos.
Foi o que Jungkook fez questão de deixar bem claro. Não que a mulher estivesse pensando em nada além de uma amizade entre eles.
O quarto de Jungkook ficaria no último andar, já o de Jimin estava dois andares a baixo.
E enquanto esperavam o elevador chegar, Jungkook continuava a olhar de canto para o menor que fingia não o ver ali. Aquela atitude irritava Jungkook. Já Jimin, não via a hora de ficar longe do outro. Estava sendo muito complicado aquele contato indireto. Pensava que fora muito azar do destino os dois estarem ali, mais uma vez, obrigados a ficarem tão juntos… Jimin pensou por um momento em ligar para a família avisando que ia mudar de dormitório, mas pensava que se ele estava ali, naquele momento, era por causa de Jungkook. Jimin sempre foi do tipo muito carente, sempre procurando por amizades verdadeiras e amores eternos. Do tipo sonhador, do tipo que sempre pensou em encontrar alguém para ficar o resto dos dias juntos. E se achava bem idiota por isso.
Jimin era um garoto romântico por natureza. Acreditava que no fundo todas as pessoas eram boas e que se faziam algo diferente do normal era porque tinham seus motivos. Jimin gostava de ter atenção e seu grande hobby eram os cubos mágicos. Algo muito difícil para muitas pessoas, ele pensava. Gostava de ser elogiado e aplaudido, e ao contrário do garoto do seu lado, Jimin gostava daquilo por falta de afeto.
Jimin sempre dependeu da atenção das outras pessoas para se sentir bem. Precisava se sentir querido, amado…
Hoje o jovem conseguia esconder seu verdadeiro ser por trás de sorrisos. Gostava de se mostrar bem, de estar sempre alegre e animando os amigos, como era do costume agora fazer com Taehyung para que ele se declarasse para Hoseok. Gostava de implicar com as pessoas apenas para vê-las irritadas consigo porque, “falando bem ou falando mal, estavam falando dele.” Talvez apenas tivesse uma baixa autoestima do tipo que o fazia querer chamar atenção de qualquer modo. Só que dessa vez, ele escolheu a pessoa errada para tentar chamar a atenção. Jungkook, dia após dia, o destruía mais. E nos dias em que ele era diferente com o garoto, Jimin se sentia nas nuvens. Estava parecendo um cachorrinho que fazia de tudo para apenas ganhar algumas migalhas de recompensa. E por mais que soubesse que Jungkook não o faria bem, não conseguia se manter longe.
Estudou como se não houvesse o amanhã para conseguir uma bolsa na renomada universidade americana, estava feliz por fazer um curso que gostava, publicidade. Ninguém melhor do que ele para ensinar aos outros a passar uma imagem que nem sempre era a real. E o motivo de tudo, do que o levava até aquele dormitório, era Jungkook. Estava ali por ele. Poderia até mesmo se virar e agradecê-lo por ser o modelo de sua mudança de vida naquele momento.
Teoricamente encontrou a melhor pessoa em quem podia se apoiar. Um garoto bonito e inteligente. Alguém que não se deixava levar pelos sentimentos, que se colocava acima de todas as coisas, que não se preocupava com ninguém, dono de uma autoestima inabalável… Tudo o que Jimin queria ser, pelo menos um pouco. Jungkook era diferente de si e isso chamava muito sua atenção. Por isso a vontade de se fazer presente para ele. Queria ser notado por alguém como ele. Ainda mais quando notou estar apaixonado por ele.
Qualquer um que tivesse tamanho amor-próprio jamais faria tudo que Jimin fazia, mas, às vezes, Jimin pensava tanto em Jungkook que esquecia de si mesmo. Pensava que aquela a paixão desenfreada iria um dia o machucar de tal forma que ele nunca mais seria capaz de juntar os cacos de si mesmo. Porém, vinha notando mudanças em Jungkook e aquilo aquecia seu coração. Mas quem sabe Jimin não estivesse mudando Jungkook? E quem sabe, essas atitudes frias do garoto e até os raros conselhos que o mesmo lhe dava não haviam de mudá-lo também?
Talvez tudo o que eles precisassem fosse apenas se encontrarem de verdade, e um grande passo já tinha sido dado alguns meses atrás.
— Eu ainda não acredito que Harvard tenha chamado você. — Jungkook começou, já entrando no elevador.
— Pois é… Mereço algum respeito por isso? — Perguntou, olhando para os números dos andares, apertando o quarto.
— Não é pra qualquer um… devo lhe dar uns parabéns.
Jimin acabou se engasgando na própria saliva com o comentário. Por mais que gostasse de ser elogiado, ser elogiado por Jungkook era coisa de outro mundo.
— Obrigado… — respondeu baixinho.
— Não vá se achar. — Falou seco.
— Eu não sou você. — Tentou rebater.
— Claro que não. Se fosse, seria alguém digno de minha admiração. Você é apenas um sortudo.
— Eu não entrei por sorte. — Jimin falou irritado. — Eu estudei muito pra estar aqui.
— Claro… Mas queria saber o motivo de estar aqui. Com tantas outras boas universidades, tinha que escolher logo a mesma que eu? E agora, até o mesmo dormitório?
Jimin escondeu o rosto com a lateral da franja.
— Já falei para você parar com essa ideia estúpida de gostar de mim. Sabe que eu não quero nada com você. — Foi direto naquele assunto que fazia um buraco no peito do outro.
— Não foi isso o que pareceu naquele dia… — Jimin tentou rebater, e Jungkook se irritou. Ele segurou seu braço com força e o virou para si.
— Como é?
— Você me ouviu. — desviou o olhar. — Pode falar o que quiser, mas naquele dia…
— Naquele dia eu… — Jungkook tentou vocalizar alguma coisa, mas as palavras que iam sair de sua boca acabariam por ferir Jimin, e mesmo que a intenção fosse aquela, Jungkook só não entendeu o motivo de sua garganta ter travado naquele momento.
Apertou mais o garoto enquanto o encarava. Não percebendo que seus rostos ficavam cada vez mais próximos. Jimin estava com os olhos tristes e temerosos, não entendendo aquela aproximação estranha. Levou a cabeça pra trás, encostando-a em uma das paredes do elevador, e se perguntava o porquê das portas do mesmo não terem aberto ainda. Jungkook se aproximava ainda mais, e Jimin não sabia o que fazer. No momento, ele não queria aquele tipo de contato, mas foi forçado a fechar os olhos quando sentiu o leve toque dos lábios do maior.
Jungkook praticamente não pensava em nada, talvez apenas no quanto era bom beijar aqueles lábios. Gostava de sentir a droga natural em seu corpo e aqueles lábios pareciam ótimos entorpecentes. Mas sabia que se arrependeria bastante depois.
Jimin deixou que alguns movimentos com os lábios fossem dados, porém, percebeu o que faziam e onde estavam e por isso virou o rosto, fazendo Jungkook o encarar confuso e até irritado. Jimin o estava rejeitando?
Jungkook segurou o queixo de Jimin, forçando-o a virar o rosto, mas Jimin se mantinha firme, tanto que os dedos de Jungkook o machucaram. E quando sentiu aqueles lábios novamente próximos aos seus, teve que falar alguma coisa.
— N-não…
Jungkook se afastou um pouco, encarando o outro garoto que não olhava em seus olhos.
— Não? — Repetiu confuso. — Como assim, não?
— Eu não quero… — Jimin quase sussurrou, e finalmente juntou alguma coragem para encarar Jungkook.
— Não quer? — Jungkook acabou juntando seus corpos, o elevador abriu as portas e fechou, e novamente subiram mais um andar. — Achei que era isso o que você queria… — Levantou um pouco o rosto do outro, tentando beijá-lo mais uma vez. Jungkook não estava mais raciocinando seus atos.
— Mas… — Se esquivou de mais uma beijo. — Não é isso o que você quer.
Jungkook acabou se irritando de vez e se afastou com brusquidão. Jimin tinha o rejeitado afinal. Olhou para o lado, notando que as portas estavam abertas e já era no seu andar.
— Você tem razão. Eu não quero mesmo isso. — Pegou sua mala e saiu do elevador, deixando para trás um Jimin confuso e assustado. E enquanto se dirigia para o quarto, Jungkook se via sozinho mais uma vez. E pensava no que tinha feito. Forçar um contato daqueles? Aquilo não era nem um pouco racional, aquele não era Jungkook, era mais alguém desesperado, e Jimin não era um consolo, ele não era ninguém.
Era apenas um detalhe de sua vida que teria de ser apagado um dia. Ou quem sabe… Quando tivesse o domínio do tempo, ter alguém como Jimin ao seu lado talvez não fosse algo tão ruim assim…
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O diretor da D-8 estava pensativo, seguia pelo elevador pensando naquele nome que lhe parecia tão familiar de algum modo. Quem era Jung Hoseok? O elevador abriu as portas, e Kangho saiu, sempre sendo seguido pela pesquisadora Anya. Entraram em uma das salas de arquivo, especificamente na parte de pessoal. Ela era enorme, continha várias prateleiras separadas por ordem alfabética, e mesmo que todo o arquivo dali estivesse salvo no banco de dados daquela Divisão, os bons e velhos papéis anotados eram sempre úteis caso alguma terrível pane atingisse aquele avançado sistema. O diretor se aproximou de um dos jovens que ficavam ali dentro, um dos poucos que tinham as maravilhosas memórias fotográficas.
— Bosung? — Disse Kangho.
O jovem estava sentando no chão com vários livros em volta de si enquanto arquivava algumas pastas, provavelmente dos novos “inquilinos.”
— S-sim, senhor diretor? Em que posso ajudá-lo? — O garoto de quinze anos disse, levantando e curvando-se em uma reverência ao seu principal tutor.
— Preciso saber se já viu o nome Jung Hoseok por aqui.
O garoto costumava abrir todas as pastas a cada ano para nunca perder nenhum dado ou informação sobre todas as pessoas que passavam por ali. Então, tal pergunta poderia ser respondida facilmente.
— Creio que sim, mas tem uns três Jung Hoseok diferentes nos arquivos. Algum outro dado em específico?
— Creio que hoje ele estaria com dezessete ou dezoito anos… só isso.
— Hmm… — O jovem colocou um dedo nos lábios enquanto pensava. — Sim, acho que sei de qual está falando. — Caminhou por entre os grandes corredores de estantes, subiu em uma escada e vasculhou algumas pastas. — Estou oitenta por cento certo de que é aquele que ficou apenas um dia aqui, não é?
— Um dia? — O diretor perguntou surpreso.
— Sim, eu li bastante a ficha dele. Justamente por achar estranho alguém tão inteligente como ele ter chegado apenas a ser entrevistado. Ele só veio e foi embora praticamente. — Falava enquanto passava os dedos ligeiramente por entre algumas pastas, buscando a que o diretor queria ver. — Não se lembra dele senhor?
— Não sei…
— Aquele da televisão, o famoso gêniozinho da música. Ele sabia tocar qualquer música em qualquer instrumento que davam pra ele.
— Ah! — O senhor lembrou do pequeno que costumava passar em alguns programas de TV, um verdadeiro prodígio. Mas será que aquela criança se tratava da mesma que estava morando na América junto com Jungkook?
— Aqui. — O garoto entregou a fina pasta para Kangho.
Haviam só algumas folhas naquela pasta. Como o garoto não passou das entrevistas, então não teria muito o que relatar sobre ele. O que estranhou, afinal a D-8 gostava de ter todas as crianças que se destacavam em alguma coisa. A fachada do colégio tinha que ser perfeita, haviam vários músicos ali também.
Kangho passou os olhos na foto que ali continha. Apenas uma criança de cabelos pretos em um corte redondo. E de alguma forma, podia lembrar daqueles olhos. Os olhos enigmáticos e desafiadores.
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Em um dia, quando chegava a D-8, Kangho passou na recepção e cumprimentou alguns de seus funcionários, o diretor já com seus quarenta anos era querido por muitos, tinha o grande dever de comandar a D-8 e posteriormente, proteger o país. O Centro foi criado logo depois da Segunda Guerra e tinha como finalidade rastrear e interceptar qualquer tipo de ameaça ao Estado. Vários locais como esse foram criados ao redor do mundo, o mais antigo que se tinha conhecimento era a Agência americana, maior e mais temida também. As pessoas envolvidas com a D-8 tinham suas vidas monitoradas, pois Centro não poderiam se dar ao luxo de ter algum espião ali dentro. Era arriscado demais. Ainda mais depois da criação do complexo estudantil no solo acima, outro motivo que os mantinha seguros. Afinal, teoricamente ninguém teria coragem de mandar algum tipo de ataque a uma escola. Mas Kangho temia que os americanos soubessem o que se passava por debaixo dos panos.
A realidade era que a D-8 não buscava formas de atacarem ninguém, como os americanos faziam. Kangho sabia que aquele solo era um verdadeiro campo minado, ninguém via as armadilhas que os ocidentais criavam por debaixo de seu solo. E se alguma coisa desse errado, se forçavam em dizer que era apenas proteção. Mas proteção mesmo era o que a D-8 fazia. Kangho e sua equipe sempre se mantiveram a frente de uma proteção realmente voltada ao país. E por terem tamanho apoio dos americanos e verem sua casa lotada e monitorada por eles, era que a D-8 se protegia às escuras. Era necessário, afinal, em um caso extremo, era cada país por si. E confiar na palavra dos líderes de grandes países não era uma opção. Não confiavam e ponto.
No dia em que uma das varreduras de precauções passou pelos computadores americanos sem deixar rastro, a D-8 encontrou um certo aquivo intitulado TM-0. Encontraram arquivos de um certo cientista chamado Neumann, que contava em uma espécie de diário digital, o novo projeto em qual trabalhava. E Kangho ficou espantado quando juntos todas aquelas informações sobre uma possível máquina do tempo. Com aquilo, o diretor estremeceu. Era mesmo possível que os americanos estivessem fazendo aquilo? Uma máquina do tempo era praticamente uma arma. Eles agora poderiam mudar e moldar a vida de todo o mundo. O projeto não havia dado nenhum resultado, mas, mesmo assim, Kangho sabia que os americanos tinham todos os poderem em suas mãos, e aquele projeto, com certeza, iria adiante.
Em algum tempo o diretor fez uma reunião fechada em sua sala com alguns homens importantes do país e da D-8 sobre o que havia encontrado. A ideia de alguns, no momento em que souberam, era de tornar aquele assunto público. Com certeza o mundo menosprezaria os americanos por aquilo, mas sabiam que eles acabariam por conseguir contornar a situação e o pior, poderiam descontar sua irritação. Então o melhor foi apenas ficarem quietos. Mas o diretor deu a ideia de roubar informações e usarem aquilo contra os americanos. Construir uma máquina -arma- do tempo. E assim começou a busca por gênios que sabiam decodificar as informações que os ocidentais criptografavam em seu sistema sobre aquela arma. No início usavam apenas seus grandes cientistas e criptográficos de longas datas para aquele serviço, porém, a cada dia que passava a segurança americana ficava ainda mais difícil e começaram a usar seus pequenos. Suas mentes claras poderiam sacar alguma coisa que as treinadas não conseguiam.
E em um dia qualquer, Kangho estava seguindo para sua sala quando se deparou com uma das pesquisadoras trazendo um pequeno garoto. E enquanto ela conversava com uma jovem que deveria ser a mãe do pequeno, Kangho se aproximou dele, sendo gentil como era de seu costume.
— Olá pequeno. — Disse, com um sorriso amigável.
O pequeno de cabelos pretos em um corte redondo levantou o olhar.
— Olá. — Respondeu, mas o jeito como ele olhava para o diretor era estranho, tinha algo de sapeca e esperto. Também desafiador.
Kangho virou para a pesquisadora que ainda estava distante, conversando com a moça que tinha um semblante irritado e triste.
— Veio para alguma entrevista? — O diretor voltou a atenção ao pequeno.
— Sim, mas digamos que não sou bom pra ficar aqui. — Respondeu.
Kangho estranhou. Aquele vocabulário não era de uma criança, não mesmo. Ele deveria ter o quê, uns cinco anos?
— Não? — O diretor falou confuso. — Eu gostei do seu jeito, me parece muito esperto.
O pequeno sorriu de canto.
— Não sou bom com números, senhor. Sou péssimo com qualquer coisa que se tenha eles no meio, a única coisa em que sou bom é na música.
— Aqui temos vários músicos também.
— Não… Eu gosto de outra escola, não quero ficar aqui.
O homem suspirou.
— Você também é muito bom com as palavras, até parece mais velho.
— Mas sou só uma criança. — Falou por fim, vendo a mãe se aproximar com a pesquisadora.
A mãe do pequeno o segurou pela mão, olhando para aquela face bonitinha e arredondada.
— É uma pena querido, queria tanto que pudesse entrar aqui. — Falou um pouco desanimada.
Kangho olhou para a pesquisadora.
— Por que ele não passou na entrevista?
— Senhor… — A moça fez uma pausa, talvez não quisesse entrar no assunto na frente da mãe do garoto. — Ele não é compatível com o nosso sistema de ensino, é um garoto muito esperto… — sorria para a mãe do pequeno e para o mesmo. — Mas temos nossos critérios. — Disse por fim.
— Hmm… — Murmurou o diretor.
Despediram-se dos dois, e quando Kangho seguia seu caminho acompanhado pela pesquisadora, olhou para trás e viu os olhos do pequeno o encararem, enigmáticos e desafiadores.
— O que deu de errado com ele? — Perguntou.
— Ele é esperto sim, mas só entende de música, péssimo em todas as outras áreas, seria um estorvo para nós. É apenas um pouco acima da média, mas ainda faz parte dela. — A pesquisadora respondeu friamente.
— Sei…
O homem caminhou mais um pouco até chegar perto de um dos elevadores. Na D-8 eram aceitos os melhores dos melhores, as entrevistas pessoais serviam para avaliá-los criteriosamente e, por mais que tivessem grandes crianças em várias áreas, era necessário que fossem bons em algumas outras, especificamente em números e seus códigos.
Antes que as portas de seu elevador particular se fechassem, Kangho olhou mais uma vez para a pesquisadora.
— E qual era o nome dele? — Perguntou.
— Jung Hoseok, senhor.
Kangho se lembrou por fim do tal garoto que estava na fotografia. Agora só teria que descobrir se aquele garoto por acaso seria o mesmo que estava morando com Jungkook e, mesmo que aquilo não tivesse ligação ou sentido, achava estranho.
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Estavam sentados em um lugar mais afastado do palco e, apesar de todos quererem curtir o show ao vivo que rolava, estavam conversando sobre bandas, especificamente a que queriam formar. Hoseok, Taehyung e mais umas quatro pessoas, estavam no badalado Hard Rock Cafe, em Hollywood. Hoseok simplesmente amava o lugar em que morava, LA era onde se tinha de tudo e de todos, um verdadeiro centro metropolitano. Nem mesmo acreditava que perto dali acontecia a anual premiação do Oscar, com direito a todas as estrelas do cinema americano. O lugar era muito monopolizado, sabia daquilo e sabia que muitos ali não eram confiáveis, mas não podia negar a influência que aquele solo tinha. E agora não precisava se preocupar com nada a não ser se dedicar a sua adorável música.
— Cara esse lugar é incrível, eu amo vir aqui. — Disse Taehyung.
Hoseok não conseguia tirar o sorriso do rosto, sempre que olhava para o punk descolorido ao seu lado, ele estava radiante. A conversa que tiveram um pouco mais cedo sobre bandas e parcerias tinha sido bem proveitosa. Hoseol sentiu muita firmeza com aquelas pessoas da mesa, uns queriam aquilo tanto quanto ele, uns mais, outros menos, mas queriam seguir com a carreira musical.
E depois de horas de conversas, planos e dicas, agora estavam apenas aproveitando a boa banda que tocava no lugar.
Taehyung ficava de hora em hora desviando o olhar para Hoseok, e sua felicidade era multiplicada por ele estar ali. E quase que iludidamente, ele já podia sonhar com turnês juntos, e que certamente em um dia de bebedeira depois de um animado show ele acabaria por revelar todos os seus sentimentos por Hoseok, mas lembraria de dar um tapa na cara toda vez que pensasse naquilo.
Taehyung tentou se recompor e relembrar o que estava em jogo ali. Afinal, estragar a amizade que eles tinham por conta de sentimentos bobos? De jeito nenhum! Taehyung deveria controlar todos os seus desejos. Não queria sofrer como o amigo Jimin estava sofrendo, gostar de alguém que não te corresponde é muito cruel. Muito masoquismo. Vivia falando aquilo para Jimin, mas ele simplesmente não escutava. Estava entrando em um comodismo por gostar de Jungkook. E quantas vezes não falou que o amigo podia encontrar alguém melhor e parar de sofrer gratuitamente por aquele gênio de gelo? Relacionamentos só traziam problemas…
A noite seguia e Hoseok bebia querendo fazer sua mente realmente relaxar. Não queria se preocupar com Jungkook ou qualquer outra coisa que não fosse o seu novo caminho de vida. Se sentia no direito de sair um pouco da linha, de curtir uma juventude que perdeu em sua linha de tempo real. Hoje, Hoseok podia ser aquele garoto que tanto desejou ser. Um pouco irresponsável, claro, mas era ele mesmo.
Mas como aquela era praticamente a primeira vez que ele bebia daquela maneira, não demorou muito para que sentisse a cabeça rodar. Jungkook certamente lhe daria uma porrada se soubesse o que ele estava fazendo.
— Hoseok? — Taehyung teve que se aproximar por conta da música alta. — Você está bem?
— O que você definiria como “bem?” — Questionou, abrindo um sorriso constrangido por estar alto.
— Com certeza você não está dentro dessa definição. — Sorriu.
— Como você consegue, hein?
— Digamos que eu já me acostumei com a bebida. Vivo nesses ambientes, sabe? Mais cedo ou mais tarde você aprende a beber.
— É verdade… Mas não é bom abusar. — Acabou passando as mãos no rosto, sentindo-o dormente.
— Cinco canecas de cerveja é muito abuso pra um novato como você. — Taehyung ria da situação do amigo. Era engraçado ver aquele nerd ficando bêbado. — Mas é melhor encerrar a sua bebida por aqui. Não quero ter que te arrastar pra casa. Seus pais vão querer me matar se ver a péssima influência que fui pra você hoje a noite. — Tocou no ombro de Hoseok, fazendo um leve carinho ali.
— Tae… — Sorriu, mas sua cabeça deu algumas pontadas. Não entendia o motivo de já estar passando mal. Havia se alimentado direito, sua cabeça não devia doer daquela forma.
— Eita! Está fazendo efeito, não é? — Brincou.
— Preciso ir ao banheiro, está tudo rodando. — Levantou-se devagar.
— Vou com você. — Disse, também se colocando de pé. — Pessoal o Hoseok passou da conta. Vou levar ele no banheiro. — Sorriu para os demais na mesa.
— Poxa Hoseok, foi mal. Acabei empurrando bebida demais pra você. — Um dos garotos ali falou.
— Você empurra bebida demais pra todo mundo Math. — Mais um falou.
— Eu já parei foi de beber. — O que estava sentando mais ao fundo comentou. — Eu daqui a pouco estou tão ruim quanto o Hoseok.
— Você é muito fraco pra bebidas também. — Um quarto jovem se pronunciou para o que acabara de falar.
E eles continuaram conversando entre si, enquanto Taehyung ia com Hoseok ao banheiro do Cafe. Hoseok sentia como se fosse tropeçar a qualquer momento, e na verdade mal sentia o próprio corpo. Entrou no banheiro, que por sorte não estava tão cheio, e abriu uma das cabines rapidamente para se colocar de joelhos em frente a privada. Sentia a cabeça dar voltas e aquilo estava implicando em sua barriga fazer o mesmo. E a comida estava tão boa… Estava com pena de ter que colocar tudo para fora. Ficou algum tempo ajoelhado respirando fundo e se encostou na parede do lado, sentando por completo no chão. E agora Hoseok tinha que se lembrar de duas coisas dali em diante: 1º não ia beber mais daquele jeito e 2º, o Hard Rock Cafe era um lugar extremamente limpo. Até mesmo o banheiro masculino tinha um cheiro bom de limpeza, o que fazia Hoseok se sentir bem, pois, se aquela privada ao seu lado estivesse com um cheiro horrível, ele já teria vomitado mais cedo. Mas no momento estava apenas tentando parar com as piruetas que sua cabeça dava. Nem mesmo notou que a porta da cabine estava aberta e Taehyung o observava com uma expressão engraçada.
— O que foi? — Perguntou com um sorriso sem graça. Aquilo era dar um verdadeiro vexame. Hoseok não estava acostumado com isso.
— Nunca imaginei te ver desse jeito.
— Triste fim para um gênio, não é?
— E pensar que nessa hora você podia estar lá em Cambridge tomando um chá com as pessoas mais espertas e sortudas do mundo. — Taehyung brincou.
— Não há nenhum lugar que eu queira estar nesse momento que não seja aqui. — Disse, respirando fundo para que seu enjoo passasse.
E apesar de Taehyung ter gostado de ouvir aquilo, resolveu brincar mais um pouco.
— Dentro de um banheiro do Hard Rock, de porre? Serio mesmo que queria estar aqui?
— Tudo bem… É onde estou, não é? — Hoseok levantou devagar. Saiu do cubículo da cabine para ir em direção do loirinho. — Meu primeiro porre… Não é nada legal, mas eu sinto que não será o último.
— Gostou é? Se bem que eu sei como é. Toda vez que eu passava mal por causa da bebida falava que seria a última vez e… agora eu fico é calado.
Hoseok sorria enquanto se aproximava de Taehyung. O banheiro possuía uma divisão. De um lado haviam mictórios, e a porta ficava daquele lado. A divisão se dava por uma parede que tinha uma passagem pelos dois lados, mas poucos iam até lá nas cabines. Só quando estavam realmente precisando. Em dia de show o mais prático mesmo era usar os mictórios. E do outro lado também havia um espelho e pias, assim como no lado em que os garotos estavam.
— Se eu tivesse ido embora, não teria essa experiência hoje.
—Nossa! Que experiência… Mas é bem típico de americano largar a faculdade pra ir beber… — Taehyung cruzou os braços, fechou os olhos e negou com a cabeça. — Decepcionante Hoseok, decepcionante. — Fingia estar desapontado.
— Acha mesmo?
Por estar de olhos fechados, Taehyung não percebeu que o outro apoiou as mãos na pia atrás de si, “prendendo-o” naquele pequeno espaço. E quando Taehyung abriu os olhos, deparou-se com o rosto de Hoseok bem próximo ao seu.
— Ho-Hoseok?
— Se eu tivesse ido embora, não estaria aqui com você…
Taehyung abriu a boca, mas nada saiu. Não sabia o que dizer. Hoseok estava se aproximando cada vez mais e Taehyung ainda pensou em se beliscar pra ver se aquilo não era um sonho. Claro que o amigo estava bêbado e isso influenciava muito em atitudes estranhas como aquela. Mas… bêbados só diziam a verdade. Era isso o que sempre escutava. E era o que conseguia pensar naquele momento.
— Hoseok? — Sentiu o outro ainda mais perto. As mãos dele subiam por suas costas, e as apertou de leve.
— Pensou que eu não havia reparado? — Falou próximo a boca do outro. E Taehyung arregalou mais os olhos.
— Re-reparado?
— No jeito que me olha… — Levou a boca até a orelha do loiro, que estremeceu apenas por sentir sua respiração. — Confesso que demorei a perceber, mas depois que descobri sobre os sentimentos de Jimin, pude ver claramente os seus.
Taehyung apertou os próprios braços que ainda estavam cruzados. Então Hoseok sabia o que ele sentia?
— Desculpe ter demorado a notar. — Falou enquanto distribuía alguns beijos por aquela região sensível de Taehyung.
— M-mas… — Taehyung tentava conversar, mas os toques que recebia o deixava sem ação. Seus braços foram caindo ao longo do corpo devagar, em forma de entrega.
E por mais que Hoseok tivesse dito a si mesmo que esperaria Taehyung tomar atitude sobre o que sentia, não podia continuar fingindo que nada acontecia consigo em relação a ele. Hoseok não sabia ao certo o que era esse sentimento, mas era algo muito importante que o fez largar tudo para estar ali. Fora a vontade de seguir seus sonhos.
Encarou Taehyung esperando que ele ainda fizesse ou dissesse algo, mas pelo jeito, ele já havia paralisado naquele momento. E, mesmo que sem querer, Hoseok tinha que agradecer a bebida por desinibi-lo tão bem.
Aproximou os lábios, fechando os olhos no processo. Taehyung fez o mesmo, também havia bebido bastante cerveja, e aquilo o impedia de raciocinar alguma coisa. Os lábios se tocaram devagar. Taehyung soltou um ofego pelo toque e não se demorou a começar um beijo tímido com o amigo. Suas mãos, que antes estavam jogadas ao longo do corpo, subiram até a barra da jaqueta de couro que Hoseok usava, apertando-a devagar.
Moveu a cabeça para o lado e Hoseok passou a língua pelos lábios rosados e macios do descolorido, ainda sentia o gosto da cerveja ali, mas no momento ela estava bastante deliciosa. Taehyung se surpreendeu com o toque quente da língua do outro, mas tratou de encontrá-la com a sua, aprofundando o beijo. Taehyung nem mesmo percebeu quando já impulsionava a cabeça pra frente, para ter cada vez mais daquela boca tão desejável de Hoseok. E como ele já tinha imaginado antes, aqueles lábios eram mesmos gostosos. Talvez ainda melhores do que já imaginou. Aproveitou para enfiar as mãos por dentro da jaqueta de Hoseok e passear com elas por aquelas costas, apertando-o mais. Taehyung também não podia continuar tímido diante do cara que sempre quis ficar. Não fazia muito o seu estilo aquele pavor todo. Tudo bem que as coisas com Hoseok tinham mais sentimentos envolvidos, mas ainda sim, Taehyung era um garoto abusado.
Taehyung aproveitou que Hoseok era um pouco menor que si, e o virou contra as pias do banheiro. Abriu os olhos para encarar seus reflexos no espelho, e começou a beijar o pescoço do Hoseok, deixando ali alguns chupões consideráveis. Hoseok tentou afastá-lo um pouco por não querer sair dali todo roxo, mas nem teve como lutar contra aquilo. Era muito bom de toda forma. Apertou a cintura de Taehyung e o puxou mais para si, só que o descolorido sabia onde estavam e não queria que ninguém visse aquela cena. Por isso puxou Hoseok para uma das cabines, e quando fechou a porta, Hoseok sentou na privada e o puxou para o seu colo.
Taehyung parecia confuso com tudo aquilo, mas se esconder em um banheiro público era uma das adrenalinas que mais gostava. Ele era um garoto bem vivido, tinha histórias pra contar sobre tudo o que aprontou, e banheiros estavam presentes em boa parte delas. Voltou a beijar Hoseok com mais intensidade, puxando seus cabelos para trás enquanto sentia aquelas mãos apertarem suas coxas.
Hoseok nunca se imaginou em uma situação como aquela, mas colocava metade da culpa na bebida por agir tão irresponsável daquela forma. Mas estava tão bom…
Só que mesmo com toda aquela excitação e desejo de ambos, Hoseok não podia evitar de sentir a cabeça rodar. Toda vez que fechava os olhos era como se tudo a sua volta girasse em uma velocidade absurda. E aquilo fazia seu estômago agir da mesma forma. E bastou Taehyung puxar sua cabeça pra trás pra voltar a atacar seu pescoço, que ele teve que levantar rapidamente, quase derrubando o outro no chão.
Levantou a tampa da privada quando o estômago avisou que estava levando tudo para cima, e antes de se colocar mais uma vez de joelhos ali, tentou falar alguma coisa para Taehyung.
— Desculpa…
Taehyung fez uma careta ao ver o amigo colocar tudo pra fora, era de se esperar aquela reação afinal. Abriu a porta saindo devagar, olhando para os lados notando que ainda não tinha ninguém por ali. Suspirou. Foi até a pia e abriu a torneira. Juntou uma boa quantidade de água nas mãos e jogou no rosto, tentando pelo menos diminuir um pouco o calor que sentia.
Voltou a atenção a Hoseok que ainda vomitava.
— Realmente… Você devia ter bebido menos. — Falou um pouco divertido.
— Verdade… — A voz de Hoseok estava um pouco arrastada. — Estaria te beijando mais agora…
— Acho que está na hora de irmos pra casa, provavelmente você vai se sentir mal até amanhã.
Hoseok sentiu que já não tinha mais o que colocar pra fora, e apenas se recostou na parede daquela cabine. Respirava fundo, mas sua cabeça ainda doía um pouco. Abriu os olhos encarando Taehyung que já havia sentado na pia. Um sorria pro outro, e aquele simples gesto era o que bastava pra eles.
— Desculpe pelo vexame… — Disse, fazendo um pequeno bico para o descolorido que passou a mão nos cabelos, ajeitando-os um pouco.
— Sem problemas, eu já passei muito por isso. — Pulou da pia e foi em direção a Hoseok, estendendo-lhe a mão para que ele levantasse.
Hoseok aceitou a ajuda e se pôs de pé. Foi até a pia e também abriu a torneira, encheu uma mão de água e a jogou na boca. Repetiu o movimento umas três vezes. Pelo menos um pouco do gosto ruim tinha saído.
Taehyung não sabia o que fazer ou o que falar, mas sentiu o toque da mão de Hoseok em seu rosto, e ele o olhava com doçura enquanto mostrava um sorriso gentil.
— Não se preocupe, a bebida não tomou conta de mim. — Disse, e aquilo encheu Taehyung de esperanças. Então era algo mesmo consciente o que tinha acabado de acontecer entre eles.
— Amanhã a gente conversa melhor. — Falou, segurando a mão do outro, depositando um beijo na mesma.
— Tá bom. — Sorriu. A vontade de Hoseok era de dar mais alguns beijos naquele garoto tão bonito, mas na situação atual, aquilo não seria nem um pouco agradável, para ambos.
Saíram do banheiro e Hoseok tentava esconder os chupões do pescoço com a gola da jaqueta que usava. Mas como os amigos estariam todos bêbados naquela hora, talvez nem reparassem. Despediram-se e foram embora. Taehyung ainda tentou argumentar sobre Hoseok pegar um táxi e ir pra casa, mas ele insistiu que estava bem para pilotar a moto do pai.
Seguiram juntos por aquelas ruas movimentadas a noite, afinal aquela cidade não parava, e mesmo preocupado, Taehyung queria aproveitar o curto tempo que teriam juntos naquela viagem. Abraçar Hoseok, depois do que aconteceu entre eles, era realmente incrível.
Chegaram na casa de Taehyung e assim que este desceu da moto, ambos ficaram se olhando por um tempo enquanto seguravam a mão um do outro. Era notável que queriam mais um contato, mas teriam que deixar para um outro dia.
— Desculpe por não poder te dar um beijo de despedida. — Disse Hoseok.
— Eu até acho bom mesmo. — Brincou, fazendo mais uma careta de nojo. Mas ainda sim se aproximou e o beijou na bochecha. — Boa noite.
— Boa noite… — Hoseok sorriu, e quando Taehyung se afastou para já entrar em casa, fez questão de lhe dar um tapa na bunda. Fazendo o garoto rir.
— Ei! Tem que me dar flores antes, tá?
— É? Então eu vou trazer amanhã.
— Adoro caras decididos. — Piscou sacana para o outro. E assim, se despediram.
Taehyung entrou em casa, mas correu para a janela só pra ver o amigo sumir pela rua. “Amigo”… Continuaria a chamá-lo assim?
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Quando estava chegando na rua onde morava, Hoseok notou um carro se aproximar devagar. O veículo passou ao seu lado e seus vidros eram escuros. Um deles abaixou e por impulso, o garoto olhou para quem estava lá dentro, recebendo um jato quente em seus olhos.
— AH! — Acabou largando a moto, caindo de lado. E como estava quase chegando em casa, sua velocidade era baixa, o que não o fez se machucar tanto quando caiu.
As portas do carro abriram e duas pessoas saíram dali de dentro. Um correu para pegar a moto e o outro foi em direção à Hoseok. Era tarde da noite e as ruas estavam vazias, as janelas das casas ao redor estavam fechadas e as luzes apagadas. Um dos rapazes ali segurou um pano umedecido e o levou até a face de Hoseok. Ele ainda tentou se defender, mas o estranho o segurou pelo braço e o torceu, e em pouco tempo Hoseok foi perdendo os sentidos, vendo tudo escurecer. E antes de apagar, Hoseok se perguntava se Jungkook estaria bem. Com certeza aqueles dois eram da D-8. E se tinham chegado até si, boa coisa não seria.
— Apagou? — O rapaz que pegou a moto se aproximou.
— Sim, temos que ser rápidos agora. — Disse, carregando o corpo de Hoseok para o banco de trás do carro. — Leve a moto. — Ordenou ao outro.
— Já vou indo. — Disse dando partida.
O outro rapaz ligou o carro e seguiu na mesma direção que o comparsa que estava na moto. Olhou para o banco de trás, certificando-se que Hoseok estava mesmo apagado.
— Não se preocupe garoto, só queremos saber do seu amiguinho.
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