_____’s P.O.V.
Quando assumi esse serviço, sabia que havia uma enorme possibilidade de terminá-lo suja, machucada e dolorida. Já estava preparada para isso. É bem comum, sabe? Eu e minha companheira de trabalho na polícia, Kang Jiu, sempre andamos com uma maleta de primeiros-socorros para tratar de possíveis ferimentos resultantes de nossas missões. Porém, não me ocorreu que essas consequências não seriam de uma luta, e sim de sexo selvagem com um Alfa atraente e poderoso.
E, veja bem, eu nunca tive uma "hora do recreio" durante o trabalho.
Posso chamar isso de "ossos do ofício"?
Sorrio e contemplo meu reflexo nu no espelho que sobe do rodapé ao teto do banheiro luxuoso. Aliso as manchas arroxeadas nos braços, pernas, seios e barriga. Meu corpo inteiro dói, sensível, mas estou plenamente satisfeita, fascinada com a dor e o extremo prazer que ainda se reviram em mim. Lembro de como ele me levou ao limite da excitação, até me fazer pensar que morreria se não chegasse ao orgasmo, para me libertar em um gozo súbito, algo que jamais experimentei em tal intensidade.
Não tenho a menor dúvida de que Min Yoongi não é somente o melhor Alfa com quem me relacionei.
Ele também é o melhor homem.
É que eu nunca me permiti ser dominada ou subjugada em minha vida. Nem na pessoal, muito menos profissional. Aprendi desde cedo que precisava me impor para não ser engolida em um mundo extremamente machista. Endureci. Isso me fez vencer diversas batalhas em meu caminho. Tive que lutar por confiança, respeito e para construir uma carreira sólida. Conquistei. Pode não parecer muito, mas é tudo, quando se é mulher Ômega, em uma carreira predominantemente masculina.
E, se alguém me perguntar, ainda direi que não sou afeita à ideia de ser dominada. Soa submisso demais e isso é a última coisa que se encaixa em mim. Contudo, gostei da experiência durante o sexo. Sei que, entre as quatro paredes que nos cercam, tudo é válido, desde que seja extraordinário. E eu duvido que algo que Min Yoongi faça seja inferior a isso.
Absorta em minha reflexão, não percebo sua aproximação às minhas costas.
Ergo o olhar para o espelho e vejo o reflexo nu de seu corpo esguio, forte e pálido. Sinto o toque carinhoso de seus dedos em meu pescoço. As mãos são suaves, ainda que firmes. É completamente diferente da brutalidade que ele exibiu quando me segurou, me invadiu, me fez engatinhar até ele e meteu em mim até quase quebrar o balcão. Essa última lembrança atiça uma excitação mórbida que solta uma pontada em meu ventre. A sensação de saciedade começa a se esvair e sei que logo o cio me atormentará outra vez.
Ele afasta meus cabelos, desafivela a coleira e acaricia meu pescoço, analisando os estragos que provocou. Acompanho seus movimentos pelo espelho e vejo gentileza. Seu nariz se encosta em minha nuca e sinto o bafejar quente de sua respiração. Meus olhos quase se fecham. As mãos se encaixam em minha cintura, sem malícia, e os lábios roçam na pele macia, sobre os vergões avermelhados que ele deixou em mim. O carinho relaxa o estresse fascinante ao qual ele me expôs e, de forma estranha, me acolhe.
Sinto-me confortável. E essa deve ser a perfeita definição de "morde e assopra".
— Foi melhor do que eu imaginei. — Ele ergue o rosto e nós trocamos um olhar através do reflexo no espelho. Seu queixo se recua um pouco e ele sorri. O sentimento que transparece não é escárnio ou malícia, só satisfação. Não parece ser o mais habitual de seus sorrisos, e isso me atrai. — Mas, você sabe que eu só aceitei porque estou...
— ...No cio, eu sei. Percebi que você não é do tipo submissa. — Talvez influenciado por suas palavras, Yoongi abandona meu corpo e se agacha à minha frente. Ele desafivela meus sapatos e os retira dos meus pés. Sorrio. Ele parece querer demonstrar que a questão da submissão é restrita ao sexo com seu gesto. — Eu gosto. Mas, fiquei curioso com uma coisa... Você não lembrou, ou não quis usar a palavra de segurança em nenhum momento? — As palmas quentes delineiam minhas pernas até as coxas, e ele se ergue.
Chama-me com um aceno para ir até a banheira.
— Não achei necessário. Mas, me lembro. Vermelho. — Ele me fita de esguelha, aparentemente curioso. — Você vai ter que se esforçar mais pra me fazer usar essa palavra. Sou uma agente especial da polícia, não esqueça. Tenho treinamento contra tortura de verdade.
— Bom saber. — Ele murmura e me estende a mão. Ajuda-me a entrar na banheira e eu me sento. A água quente jorra das válvulas sem força. — Mas, do jeito que fala, parece que está me desafiando.
— Talvez eu esteja. — Me acomodo melhor em um canto e Yoongi se aproxima. Senta-se logo atrás de mim e me coloca entre suas pernas. Minhas costas se reclinam sobre seu peito e ele acaricia meus braços. — Ainda tem mais alguma coisa pra me mostrar?
Min Yoongi solta uma risada.
— Se me der tempo suficiente, sou bastante criativo.
— Eu adoraria descobrir o que você é capaz de fazer com tempo suficiente.
Ele puxa uma bucha e derrama um pouco de sabonete líquido, esfregando-a lentamente em minhas costas. A sensação é de uma massagem relaxante, mas meu corpo começa a esquentar e se agitar, ao contrário do que toda a situação me proporcionaria. O frenesi do cio me ameaça, cada vez mais perto. Yoongi desgruda meus cabelos dos ombros e os joga para o lado, acariciando minha pele na linha do dorso. Termina de ensaboar minhas costas e me faz deitar em seu peito. Minha pele escorrega na dele.
— Hm... Podemos começar com algo leve. Não vou te maltratar tanto de início, você é inexperiente. — Ele fricciona a bucha em meu ombro e na linha da clavícula, descendo-a ao meu colo em uma esfoliação leve, que me relaxa e excita ao mesmo tempo.
— Não sou inexperiente em sexo.
— Pode ser. Mas, em B.D.S.M., é inexperiente sim.
— E o que tanto pode fazer de tão pesado? — Arqueio a sobrancelha.
— Posso... — Com a mão livre, ele toca um dos seios, massageando-o lentamente. O toque envia arrepios ao meu ventre, que se contrai. — Te amarrar em correntes e te pendurar no meio do quarto, imobilizada e de pernas abertas. Posso te amordaçar, usar um vibrador mais largo e te excitar até que seja incômodo e você implore pra parar, sem nem gozar. Posso te bater com um chicote, colocar presilhas nos seus mamilos e apertá-los até a circulação parar. — Yoongi envolve meu mamilo com dois dedos e o aperta delicadamente, até enrijecê-lo.
— Hm... — Os toques são gentis, no extremo da delicadeza. As palavras são agressivas e rudes.
Ambos me excitam.
— Eu gosto especialmente de chicotear seios. A aparência que eles têm, quando estão sensibilizados pelo chicote... Me tira do sério. — Yoongi divaga. Aperta meu seio entre os dedos e ensaboa minha barriga. Tudo o que ele faz desperta meus instintos. — Ah, posso até te colocar numa jaula, mas não gosto muito dessa prática... — Yoongi larga a bucha dentro da banheira e desce a mão por meu ventre, até que os dedos estejam submersos na água. — Tem tanta coisa que eu posso fazer com você.
— Tudo parece um pouco dolorido e submisso demais...
— É. Mas, se me der uma chance, vai gostar. — Yoongi desce a mão que descansa em meu ventre e acaricia meu quadril com cuidado, parece entender as dores que deixou e tenta curá-las. — Só que eu vou aos poucos, pra se acostumar. — Olho-o por cima do ombro, curiosa. Seus olhos pequenos como fendas se fixam em mim e eu sorrio de canto. — Que foi?
— Não temos tanto tempo, temos? Quero dizer... Temos a noite de hoje. E só.
Ele sorri mais abertamente e posso ver suas gengivas.
— Estou indo devagar, agora. — Yoongi sobe as mãos por minhas laterais e afaga meus braços avermelhados com cuidado. — Está se sentindo melhor? — Murmura próximo ao meu ouvido. Os lábios roçam em minha orelha e meus olhos se reviram. Sem que eu controle, meus joelhos se afastam devagar, com um ruído quase nulo da água. Assinto silenciosa e sinto suas mãos em meu tronco outra vez, em uma massagem branda. — Essa é a resposta que eu queria ouvir.
— Porque está... Fazendo isso? — Sussurro sem ar e sinto seu sorriso em minha têmpora.
— Fazendo o quê?
— Me tratando como se fosse... Um namorado. — Seus lábios roçam em minha têmpora, e ele os pressiona logo depois, em um beijo. As mãos nunca se aproximam de minhas zonas erógenas. Acariciam minha barriga, cintura, braços e ombros. Meus seios estão esquecidos, com os mamilos rijos e sensíveis, formigando. Meu sexo, ainda molhado com nossos fluidos, aquece para além da água do banho, e a entrada começa a pulsar levemente, ansiosa por um toque. Não sei se ele percebe, mas me tortura da forma mais doce. — Pensei que você fosse...
— Pensou que eu te trataria mal?
— Não achei que seria tão carinhoso.
— Gostar do que gosto no sexo não faz de mim um insensível. E, depois, acho que exagerei um pouco com você, pra ser a primeira vez... É que você estava... Ah... — Ele ri sem voz e pega uma ducha pendurada ao lado da banheira e a liga, me molhando mais para retirar os resquícios de espuma. — Enfim. Não quero que pense que eu sou um idiota. Quando uma mulher fica comigo, quero que ela se sinta bem. Quero que sinta que valeu a pena vir comigo até aqui. Quero que seja inesquecível.
Ele sabe o quanto é gostoso e quer que eu me apaixone. Só pode ser. Filho da mãe.
A água vertida sobre mim afaga meus seios e meus joelhos estremecem. Sinto cada poro se eriçar à medida que ele derrama a chuva de gotas sobre mim, e tento pensar em algo mais concreto para não me deixar levar pelo cio outra vez, agora.
— ...Você já foi submisso de alguém? — Minha pergunta deve soar engraçada para ele, porque sua resposta é uma risada. — Quê?
— Sou um Alfa.
Ele diz, como se isso respondesse minha pergunta.
— Você podia tentar. Pode ser uma experiência interessante, oras. — Desvencilho-me de seus carinhos e me afasto. Viro-me de frente para ele e me sento sobre seu quadril, com uma perna de cada lado. Ergo as mãos e as passo por seus cabelos, penteando-os para trás. Seu rosto sempre pálido tem as maçãs coradas e a superfície suada por causa do vapor da água. — Poderia ser meu submisso, já imaginou? — É a primeira vez que retribuo qualquer de seus carinhos, roçando as unhas em seu couro cabeludo.
Fito seu rosto. Quero encontrar sua reação e saber se acertei em correspondê-lo dessa forma, ou se deveria ter ficado quieta no meu canto, aproveitando o que ele me oferecia. Sinto suas mãos em minha cintura e ele as desce até as nádegas, pressionando a carne levemente. Seus olhos pesam e se fecham no instante em que eu desço os carinhos para sua nuca. aproximo-me mais e abro as pernas, roçando minha intimidade em seu membro, lerdamente abaixo da água.
O prazer emerge em sua expressão e algo aquece meu interior.
Meu sorriso se abre.
— Não vai acontecer. — Ele fala ainda de olhos fechados.
Meu sorriso vacila.
Min Yoongi não será meu submisso, certo, mas não consigo ficar desapontada. Ele é tão fascinante, tão bonito, e parece tão sereno, com as defesas baixas. O rosto pacífico, os músculos relaxados, a respiração tranquila, o corpo rendido abaixo do meu. Uma gota de água escorre por seu rosto e para em seu queixo. É suculento. A sede se acumula em minha língua seca e eu já não consigo raciocinar da mesma maneira. O cio começa a me embriagar outra vez.
Entreabro os lábios e me inclino sobre ele. Meus seios, com os bicos rijos, roçam em seu tórax. A sensação é de êxtase, mas não se compara a prender seu queixo entre meus dentes, acariciando-o com os lábios, arrastando os dentes pela pele, sem mordê-lo. Sorvo o sabor de sua pele, acalentada por seu cheiro cítrico e exótico. Minha boca produz ainda mais saliva, porque Yoongi é gostoso em todos os sentidos da palavra. Aí percebo. Posso ter ultrapassado o limite do Alfa e me afasto. Repouso as mãos em seus ombros.
Sinto a meia ereção pulsar contra meu sexo, golpeando meu clitóris sensível. Meus ombros se encolhem com o arrepio que corta meu corpo, mas quando fixo os olhos em seu semblante, ele parece impenetrável. Os olhos fendidos se abrem, sérios.
Será que eu estraguei tudo?
— Desculpa. Não resisti...
As íris castanhas se avermelham e vejo o pomo-de-Adão subir e descer na garganta.
— Tudo bem.
E ele faz algo inesperado.
Retira as mãos dos meus quadris. Uma delas se encaixa em minha cintura e a outra sobe até meu queixo. Ele segura minha mandíbula inteira, os dedos parecem garras que me prendem. A lateral do dedo indicador pressiona minha garganta. Em sua posição, com a devida perícia, Yoongi poderia me render, deslocar meu maxilar e me asfixiar. Quase revido e o afasto, mas em vez de me atacar, ele estica os ombros e ergue o tronco. Me puxa com leveza e junta os lábios nos meus.
Sua boca se molda à minha. Os lábios molhados escorregam nos meus, se encaixam em uma pressão confortável, quente e íntima. Apesar da serenidade em cada movimento, sinto a urgência. É algo como uma fúria latente, prestes a explodir em cada respiração que se afrouxa entre nossas bocas, nos hálitos cálidos. Ele me solta, e suas mãos me encontram novamente, uma presa entre os cabelos molhados em minha nuca, a outra em minhas costas, enraizada na pele sensível. Um calafrio atravessa minha espinha, arqueio a coluna.
Aproximo-me mais dele. Meu quadril se apruma e roça no dele outra vez.
É tudo o que precisamos.
A violência flui pelo espaço de um segundo.
Sua língua ultrapassa meus lábios, encontra a minha e me hipnotiza. A fricção é nervosa, profunda, intensa. Meus olhos se reviram por baixo das pálpebras cerradas, minha pele se encrespa, meu interior se aquece. Sei que estou febril outra vez. Então, sinto como se esse fosse o primeiro beijo que experimento em totalidade, como se nunca tivesse sido beijada por mais ninguém, como se tudo o que eu conheço sobre essa carícia fosse apenas uma fagulha. Porque Min Yoongi não toma apenas minha boca, ou meu corpo. Ou minha alma. Ele me enlouquece.
O rastro de suas mãos por meu corpo me incendeia. Chego a esquecer que estou em uma missão, que há um assassino à solta, que estou no meio de uma investigação e que houve um atentado em algum lugar deste prédio. O roçar leve de seu membro em meu íntimo, o calor que se acumula em meu ventre, nossas línguas em um movimento constante, úmido e sedento. Tudo me enlouquece. Cravo as unhas em suas costas, arrasto-as até seus ombros. Perco o ar, mas pouco me importa. Sinto seu aperto em meus seios, com as mãos cheias.
Gemo.
Nossas bocas se apartam e meus olhos o encontram. Yoongi tem as bochechas coradas, os lábios irritados e inchados. Ele se inclina em um movimento fluido e beija meu pescoço, arrasta a língua por minha pele. Inclino a cabeça para o lado contrário, para dar mais espaço, e suas mãos me seguram pela cintura. Solto seus ombros e desço uma das mãos por seu tórax, pelo abdome pouco definido, sentindo os músculos esguios por baixo da pele pálida. Até sua virilha. Até o membro ereto. É quente, pulsa, se enrijece mais com meu toque. Aproximo-o da minha entrada e quase me sento sobre ele, mas Min Yoongi é mais rápido.
Sua boca abandona minha pele e ele me segura pelos punhos. Afasta-me e me deixa.
Quase não consigo acreditar quando vejo a água escorrer brilhante por seu corpo milimetricamente esculpido, enquanto ele abandona a jacuzzi, em busca de uma toalha. Meus olhos se fixam em suas nádegas, as mais bonitas que já vi na vida. E eu vi muitas. Minha sobrancelha se arqueia e eu me apoio na parede, sem entender.
— Eu pensei que ainda não tinha terminado comigo e...
Ele pega uma toalha branca em um gancho e passa pelo rosto, pelo dorso.
E vira apenas o rosto para mim.
Há um sorrisinho em seus lábios.
— Lembre-se da nossa primeira regra, policial. — Franzo o cenho. — Tem que...
— Merecer. — Resmungo entredentes, quase sem mover a boca ao falar. Passo a língua pelo lábio inferior e sinto o gosto da pele dele. Levanto-me e ele se vira para mim. Seus olhos desenham minhas curvas, desde o rosto até meus pés. — Tenho que merecer seu pau divino.
— Exatamente. E se quer merecer, temos que voltar ao jogo. A partir de agora, você me obedece, certo? — Há dissimulação em seu porte desleixado e debochado. Concordo com um aceno, e ele aponta para mim. — Lembre-se de que você aceitou todas as regras. Há uma palavra de segurança, Vermelho, e você quis que eu usasse minha voz de comando. — Aquiesço. Essa bendita voz de comando. — Muito bem. Saia. — Ele ordena sem usar de agressividade. Há apenas um tom sombrio.
Saio da jacuzzi com o corpo encharcado e o ar frio do banheiro lambe minha superfície. Observo-o se enxugar e me preparo para pegar a outra toalha que está no gancho, mas ele faz um sinal para que eu fique onde estou. Obedeço. O frio exterior piora, por causa da febre. Meu interior se revira em uma excitação que não quero transparecer, para que ele não a use contra mim. Contudo, é difícil esconder o líquido viscoso que escorre lentamente por minha virilha, os poros arrepiados que formam bolinhas na pele, os mamilos rijos.
E ele sabe o que eu sinto.
Suas narinas tremem, suas íris vermelhas como sangue me buscam de vez em quando.
Ele busca a coleira em um canto do banheiro e se volta para mim. Faz um gesto para que eu me vire e assim o faço. Mordo os lábios para dentro da boca e sinto o calor de seu corpo às minhas costas. As mãos prendem a coleira em meu pescoço e minhas pálpebras pesam. Meus olhos se fecham e eu inspiro a essência de Alfa. Meus joelhos enfraquecem por um instante. Tudo o que eu quero agora é ser sua submissa, satisfazer seus desejos para satisfazer os meus, da forma mais bruta e dolorida.
Minhas entranhas borbulham em ansiedade para descobrir qual é o meu limite.
Ou se eu tenho um.
— Se vire. — Ele ordena. Fico de frente para Yoongi, que enrola a corrente da coleira em seu punho. Minhas palmas suam, minha boca se enche de saliva. O cheiro dele se entranha em meu olfato e cozinha meus neurônios. Só capaz apenas de distingui-lo, nada além. Quero me ajoelhar aqui mesmo e abocanhá-lo, chupá-lo. Sinto fome. — O momento vai acabar quando você estiver no limite do cansaço, certo? — Pisco algumas vezes. — Sua tortura, policial.
— Ah... Certo.
— Vou começar em um nível mais leve, e subir à medida que resistir. — Ele se aproxima mais. Seu corpo se encosta no meu e ele se vira para juntar a boca em meu lóbulo. — Está vendo o espelho? — Meus olhos se erguem até o espelho no canto do banheiro. Vejo seu reflexo nu, de costas, rente a mim. Observo sua mão se mexer e sinto os dedos se encostarem em minha fenda, no início do clitóris. Prendo a respiração com a corrente de arrepios que se alastra por minha pele. — Não se mova.
Não posso me mexer.
Mantenho a atenção fixa no espelho e observo os movimentos de sua mão. É pornográfico. Não mais do que sentir seus dedos pressionarem os lábios, rastejando pelo clitóris e por minha entrada ensopada. Ele me penetra com não mais que dois dedos, e eu tonteio. Minha perna treme, o músculo tensionado e estressado. Eu preciso dele. Agora. Preciso. Preciso. Preciso.
— Eu disse pra não se mover. — Ele retira os dedos e eu gemo em reprovação. — Fique de quatro.
— Mas, eu...
— Eu disse: De quatro. — É a voz de comando. E obedeço imediatamente. Ajoelho-me, coloco as mãos no chão. Ergo o olhar e o vejo sorrir, mas não há alegria no rosto. Ele parece nervoso, irritado, enfurecido. — Lembre-se da palavra de segurança. Use-a quando chegar ao limite. — Confirmo com um aceno silencioso, mas não há tempo para falar. Ele me puxa pela coleira, me obriga a engatinhar para fora do banheiro. A posição é humilhante, mas, estranhamente, me excita.
Quando voltamos ao quarto, Yoongi me olha de cima. Parece me estudar. Ou me pergunta apenas com os olhos, sem deixar claro que está preocupado, qual é o meu limite. Para ser sincera, parte de mim grita para que eu acabe com essa brincadeira. Mas, outra parte implora para que ele continue. Minha entrada se contrai e o líquido quente que me lubrifica começa a escorrer entre as pernas. Meu lado Ômega vence e eu nem me importo. Baixo a cabeça, rendida e excitada. Aguardo pelo que irá fazer em seguida.
Yoongi abandona a coleira e caminha até os armários escuros que compõem uma das paredes de seus aposentos. Ajoelho-me no chão e ergo o dorso, sentada sobre as pernas. Acompanho seus movimentos enquanto ele retira alguns instrumentos de uma das prateleiras. Uma corda preta e uma caixa fechada. Então se vira para mim com um sorrisinho satisfeito. Quero saber o motivo de sua alegria, mas me contenho, porque preciso fazer o papel de submissa em nosso joguinho.
Ele deixa a caixa sobre a cama e vem até mim.
— Levante os pulsos. — A forma desprezível com que ele se dirige a mim, agora, me faz ter uma reação adversa. Arqueio a sobrancelha e ele me analisa. Seus olhos se estreitam. — O quê? É assim que quer levar as coisas, agora? Quer me desafiar?
— Eu só acho que...
Não tenho tempo para rebater. Yoongi arqueia a sobrancelha e sorri.
— Policial, você é apenas uma Ômega que está aqui pra me satisfazer. — Ele para à minha frente e seu quadril está no mesmo nível que meu rosto, o pênis semi-ereto à minha frente. Meus lábios se entreabrem e outro calafrio sobe por minhas costas. Meus olhos se embaçam por um instante, então se focam nele. O falo me hipnotiza, exposto como um nervo sensível. Esquadrinho sua pele pálida, a base encorpada, a extensão densa e sólida. As veias azuladas dançam ao seu redor, pulsantes. A glande inchada e rosada brilha com o líquido pré-seminal. Ele respinga uma gota translúcida que forma um fio viscoso. — Gosta tanto assim do que vê?
Sua voz me tira do torpor. Ergo os olhos, que tremeluzem em desejo.
Ele sorri.
— Levante os pulsos, ____. — Min Yoongi ordena outra vez, mas agora não ofereço resistência. Ele prende meus pulsos com a corda, em um nó apertado. Faço uma careta e solto um gemido de dor. Meus olhos recaem sobre o membro outra vez. Ele está mais ereto, maior, mais inchado. Até os testículos parecem mais tensionados. Minha boca se enche de saliva e eu engulo.
— Está... Dolorido. — Murmuro absorta.
— Ótimo. — Ele franze o nariz e aperta mais um pouco. Então, me puxa pela coleira até a cama. Deito-me sobre o colchão e ele prende a corda na balaustrada da cama, de forma que eu volto a ficar de quatro. Meus joelhos afundam na superfície macia. — Você vai sentir um pouco mais de dor agora. — Olho para trás e encontro seu rosto. Há um brilho sádico em seu olhar. — Vamos ver quantos níveis vou ter que subir para você pedir para parar... E, ____, peça. Não aguente além do que consegue.
— Sou bem forte pra aguentar dor, Min. Então, se prepare pra cansar... Você também pode usar a palavra de segurança? — Rebato, saindo da personagem submissa. Os olhos dele se estreitam e ele ri sem voz. O pomo-de-Adão sobe e desce em sua pele pálida e, de repente, sinto as nádegas queimarem. Estremeço e viro o dorso. Encosto a testa no colchão e faço uma careta.
Ele pesa a mão. Repetidas vezes. Minha pele arde, queima, dói. Os músculos se contraem. Às vezes, ele estapeia as duas nádegas de uma só vez, e eu tremo. Meus braços perdem a força e eu encosto os cotovelos na cama. Aí, sinto ele lambuzar os dedos em minha entrada, que escorre pelos cantos da virilha e encharca as partes internas das coxas. E, com a mão lubrificada, ele me estapeia outra vez. O som é molhado, mas, já sinto tanta dor, que essa apenas formiga na pele.
— Empine mais, policial. — Ele ordena. Agora reparo que estou ofegante. Não sinto mais meus quadris. Minha pele arde, mas é o sexo que concentra todas as sensações. — Mandei empinar a bunda, ____. — Ele usa a voz de comando, e eu inclino o corpo para frente. Separo as pernas no processo e jogo os quadris para trás. Estou completamente exposta. Olho-o por cima do ombro. — Mais. — Yoongi diz, sem tirar os olhos das minhas nádegas. Tento arquear mais as costas e rebolo um pouco para chegar à posição que ele deseja. — Pare.
Obedeço-o sem questionar.
— Assim...? — Pergunto, entre a dor que sinto e o tesão que se apodera da minha cabeça.
— Assim. — Ele responde, com o olhar fixo, concentrado em meu sexo. Suas mãos se erguem e eu faço outra careta, esperando mais golpes, mas Yoongi apenas acaricia minhas nádegas. Arde, mas é tão leve. Então ele afasta os lábios em meu íntimo, os dedos escorregando na lubrificação, mas não me estimula. Parece saborear seu sadismo, ao me ver no extremo da excitação outra vez, porque sei que minha entrada pulsa. E seu cheiro se torna mais forte. As notas cítricas me golpeiam com muito mais força do que sua mão desce em mim.
— Eu quero...
— A partir de agora você não pode falar, ou gemer. — A voz grave ecoa pelo quarto, mais alta e autoritária. — Não quero escutar um som saindo dessa sua boca. — Suas mãos se afastam de mim e ele pega a caixa que estava esquecida em um canto da cama. Yoongi sobe no colchão e vem até mim, arrastando a caixa consigo. Ele para ao meu lado, e pousa a caixa na altura da minha cabeça. — Se você me desobedecer, estará um pouco mais distante do seu próximo orgasmo. Não sei por quanto tempo pode aguentar isso, no cio.
— Eu...
— Policial, eu disse que não quero ouvir sua voz. — Engulo o ar e ele sorri. — Quando eu te permitir, você fala. — Então, seus dedos descem por minhas costas arqueadas, até a lombar. Escorregam por entre as nádegas e chegam ao meu íntimo. Estremeço, ainda mais excitada. Agora ele massageia os lábios, a entrada, o clitóris. O canal vaginal pulsa com tanta força, que uma dor me atinge o ventre. É o cio. E ele sabe disso. Mordo o lábio inferior para reprimir o gemido de dor e prazer. Encosto a testa no colchão e fecho os olhos com força. — Você será uma boa garota, _____?
— Sim. — Respondo por impulso e a mão que me estimulava agora me bate. Engulo em seco.
— Não te permiti responder. Só fale quando eu permitir. — Balanço a cabeça positivamente, quieta, de olhos fechados.
Ouço ruídos.
O clique de um isqueiro, o cheiro de fumaça. Algo em combustão. Temo. Ele vai tacar fogo em mim? Abro os olhos e o fito por cima do ombro. Ele se aproxima com uma vela em uma das mãos. A chama está acesa. Resisto ao impulso de protestar, de perguntar o que ele pretende fazer. Ele parece ver meu terror ao fitar a vela, mas não recua. Aproxima-se mais, até parar na altura dos meus ombros. A mão livre desce até minhas costas, que ele acaricia pela linha central.
— Baixe a cabeça. — Yoongi ordena calmamente, como se me pedisse um copo de água. Meus olhos ainda estão fixos na vela. — Confie em mim, policial. — Ergo os olhos para o rosto dele. A chama tremeluzente da vela dança em suas íris vermelhas — Não vou mandar de novo. — Sua sobrancelha se arqueia e eu faço o que ele manda.
Antes que consiga captar meus próprios pensamentos, sinto-me pulsar com força outra vez. As paredes internas do canal vaginal se comprimem e expulsam o líquido viscoso através da entrada, descendo por todo o sexo, encharcando o clitóris. Isso só aumenta minha agonia. Minha frequência cardíaca se eleva e eu sei que preciso desesperadamente do que só ele pode me dar. Outra surpresa me arrebata. Sinto algo quente pingar em minhas costas. Escorre para o lado, vertendo por minha cintura. É a cera da vela.
Estremeço.
Mais pingos caem em minha pele e a sensação é desesperadora. Meus músculos se retesam, prontos para lutar, fugir dessa dor. Mas, estou presa pelo pescoço e pelas mãos. e sinto Yoongi entre minhas pernas, às minhas costas. Meus olhos se enchem e um bolo se forma em minha garganta. Meu sexo pulsa, tão quente quanto a cera que escorrega e começa a endurecer em minha pele. Minha excitação cresce em ondas, a cada vez que sinto as leves queimaduras da cera e sou golpeada pelo cheiro dominante do Alfa.
As fincadas em meu ventre se transformam em uma pulsação frenética e eu respiro fundo, diversas vezes, para não gritar.
Para não berrar de dor e vontade de ser fodida por Min Yoongi.
E quando sinto a glande inchada e úmida, quente como o inferno, roçar em meu íntimo necessitado, reviro os olhos e tremo da cabeça aos pés. A sensação é tão intensa que movo os quadris para trás, por instinto. Algumas lágrimas rolam sem que eu possa impedir, porque ele não só se afasta, como estapeia minha nádega. Quase solto um ruído frustrado, mas me impeço, antes que receba outra retaliação. E não acontece nada por segundos angustiantes, até que eu sinto mais respingos da cera quente em minhas costas. Preciso morder o travesseiro para sufocar a vontade de gritar. O prazer que sinto é lancinante, por causa da cera, por causa do cio, por causa do cheiro dele.
Solto o ar ruidoso pelo nariz e estremeço.
Preciso me concentrar e manter a posição. E é o que eu faço.
Obedecerei ao meu Alfa para ser recompensada depois.
E ele continua sua tortura doce, me entorpece e estimula. Arrisco-me a olhar por cima do ombro para saber o que ele faz, e quase me arrependo, porque estou a um passo de perder o controle. Vejo-o tocar o próprio membro, deslizando a palma em toda a sua extensão, lubrificada por meu líquido. E seus olhos quentes caem sobre os meus. Seu sorriso torna-se perverso. Ele aproxima a vela da pele irritada das nádegas, mas é perto demais. A chama arde na superfície e eu prendo a respiração. Meus olhos se arregalam e eu reprimo o instinto de me afastar para não ser queimada. Impressionantemente, o que sinto não é ruim.
Outra descarga de uma pulsação frenética me absorve.
O líquido da minha lubrificação escorre pelas coxas, até os joelhos. Sei que se ele encostar em mim, eu juro que gozo.
Yoongi nem precisa me penetrar para me levar ao ápice.
É um filho da mãe.
Temo baixar meus quadris, roçar na cama e ter um orgasmo, mas a vela está cada vez mais perto de mim. Tento arquear as costas, mas não consigo. Posso me machucar seriamente se tentar me mexer. E dói mais agora, enquanto estou parada. A palavra de segurança passa por minha mente. Vermelho. Ela dança em minha língua. Quase peço para que ele pare. Mas, também quero que ele meta em mim enquanto queima essa vela inteira nas minhas costas, por isso trinco os dentes e solto o ar pelo nariz. Vermelho. Minha consciência sussurra.
Vermelho.
A palavra de segurança.
Meus lábios se entreabrem para dizê-la, mas a voz de Yoongi preenche todo o quarto.
— Você está tão molhada. Eu quero tanto te foder... Está acabando. — Meus olhos o procuram, e eu vejo o Alfa intensificar os movimentos da mão em volta do membro. E é essa imagem que mais me excita, mas não tenho tempo para aproveitar as sensações, porque ele joga a cera quente em minhas nádegas e eu prendo o ar. Aperto a língua no céu da boca e encosto a testa no colchão outra vez. Sinto a cera quente escorrer até perto da minha entrada. O que sinto é medo... E uma excitação extrema.
Minha cabeça está perdida entre o tesão e a dor.
Ansiedade.
E Min Yoongi.
— Quer que eu meta gostoso em você? — Ele pergunta, calmo. Assinto anestesiada, prestes a ter um orgasmo. — Você foi uma boa garota. A maioria delas começa a gritar assim que sente a cera tocar na pele. Você não mentiu quando disse que aguentava. Quer me chupar de novo? — Arqueio as costas e o fito. Eu quero. Arregalo os olhos e ele sorri. Então, aproxima o pênis do meu sexo melado, roçando-o em todo o íntimo. Sinto cada veia inchada, cada pedaço duro do falo quente.
Forço para me segurar, mas não aguento.
As camadas de prazer se acumulam, se misturam em um caos que me desconstrói. Toda a tensão que me envolvia se distende em múltiplas ondas de arrepios que convergem por meu corpo. As paredes do canal vaginal se contraem diversas vezes, em um orgasmo poderoso que me faz retesar os dedos dos pés. Meus olhos se reviram, um gemido obscuro cruza minha garganta. Por mais que eu tente afogá-lo sem voz, não consigo. A sensação é intensa demais. Prazerosa demais. Vertiginosa demais. É arrebatador. Mais lágrimas rolam pelos cantos dos olhos. E eu começo a tremer sem controle.
Sinto o pênis roçar em mim, e o prazer intenso se prolonga em espasmos elétricos.
Até cessar.
Aí, me desespero.
Tive um orgasmo sem que ele precisasse me estimular. Que merda, eu gemi. E agora? Olho para trás e os olhos de Yoongi estão fixos em minhas nádegas. Está afastado o suficiente para que eu veja seu pau ensopado com o líquido do meu gozo. Mordo o lábio inferior e me lembro do gemido que soltei enquanto atingia o ápice. Nossos olhares se encontram, demoradamente, e ele sorri.
— São lágrimas? — Ele aponta para o próprio rosto e eu fungo. Yoongi ri. Não é deboche, apenas incredulidade. — Certo. Foi uma bela demonstração, policial. Você conseguiu me provocar, se era esse seu objetivo. — Ele floreia a vela acesa em sua mão e segura o membro pela base. — É uma pena ter me desobedecido... Estava sendo tão boazinha. Mas... — Ele troca a vela de mão, se aproxima e a pinga na outra nádega. — O que você sentiu aí não é o orgasmo que eu quero que tenha. Está muito cansada? Pode responder.
— Não. — Murmuro com convicção, apesar de estar rouca e ofegante.
— Quer mais? Responda. — Ele exige, autoritário.
— Quero.
— Quanto mais? Responda.
— Tudo.
Seu sorriso agora é cheio de lascívia. Quase infame. Não. É infame. Ele é infame. Toda a sua figura, alta, imponente, empertigada. Ele se parece com uma estátua esculpida à mão, com o dom de me pôr aos seus pés. Tudo nele é infame. Seu sorrisinho sacana, a forma como mexe as mãos, os olhares frios, as palavras ora autoritárias, ora carinhosas. Infame. Um canalha poderoso, que sabe a artilharia que tem, e não teme usá-la contra mim. Ele é infame. E é tudo o que eu quero nesse momento. Porque ao sentir seu mover, perdi tudo.
— Empina pra mim, então. — Ele bate a parte intacta da vela em minhas nádegas e eu me esforço para voltar à posição. — Você sabe que é muito gostosa, né? — Ele murmura e eu assinto, sem falar. Porque ele não permitiu. Minha resposta positiva faz com que ele exiba um sorriso ainda mais perturbador. E mais respingos ferventes correm por minha pele, das nádegas para as costas. Mordo os lábios com força para dentro da boca e as sensações são incrivelmente excitantes. Olho-o por cima do ombro e vejo-o focado em seu serviço.
Uma das mãos presas ao pênis, masturbando-o lentamente. Ele pulsa com a cabeça mais inchada e avermelhada. A maneira erótica com que se toca na minha frente, olhando para o meu sexo exposto, melado pelo gozo e pela excitação que se espalha em torrentes incessantes. É isso que desperta meu cio com mais força. E agora ele usa apenas o fogo da vela para derreter a cera que caiu em minhas costas mais cedo. Dói. Queima. Excita. Arqueio a coluna e solto o ar pela boca, sem voz. Rebolo o quadril na esperança de que ele se encoste em mim. Mas, toda a sua concentração se manifesta no serviço que faz com cuidado.
Dói cada vez mais.
Franzo a testa. Meus pulsos doem, meu pescoço formiga, minhas costas queimam. Arde tanto que não sei se vou aguentar. Estreito os olhos e algumas novas lágrimas caem. Sinto que, quando a cera derrete o suficiente, ele sopra. O ar faz com que a cera seque mais rápido e me alivia. Mas, logo ele recomeça a tortura. Inclino a cabeça para o lado e encolho os ombros. Dói. Dói muito. Acho que por ver que eu era resistente, ele tomou a liberdade de se arriscar. Só que a palavra de segurança começa a dançar outra vez em minha língua.
Vermelho.
Não quero ter que dizê-la.
Sou forte o suficiente.
Vermelho.
Vermelho.
Soluço e isso parece acordá-lo.
Seus olhos não tem mais o brilho lascivo. Ele parece perceber meu estado de dor. Fita meu rosto, as novas lágrimas. Depois olha minhas costas, minhas nádegas, meu íntimo e pestaneja. Suas sobrancelhas se franzem quase imperceptivelmente. Não sei que emoções passeiam por ele, mas Yoongi sopra a vela para apagá-la. Ele a arremessa de volta na caixa onde estava guardada se vira para mim. Sua mão aperta os testículos e ele aumenta a intensidade dos movimentos que faz para se estimular.
Yoongi se posiciona melhor atrás de mim e encosta sua glande inchada em minha entrada. O prazer de senti-lo é tão grande que acho que vou desfalecer. Os arrepios me tomam da cabeça aos pés. Ele pega outra coisa dentro da caixa. Estou tão extasiada que não consigo ver o que é, porque meus olhos se recusam a tirar o pau de Yoongi do foco. Ele está tão perto da minha entrada, apenas um movimento para trás e eu estarei no céu outra vez. É tudo o que preciso. Preciso dele. Quase choramingo. Eu preciso dele... Meu quadril estremece, quase...
— Não se mova ou vai se machucar. — Ele adverte.
Abro a boca para pedir que pare com essa tortura, mas paro.
Já está perto demais, já fui longe demais.
Já senti dor demais.
Minha entrada se contrai quando outra onda toma conta de mim. Tenho que juntar todas as forças para não me mover em direção ao pênis, porque tenho medo de me machucar. Ele sabe o que está fazendo. Se pediu que eu tomasse cuidado, devo ouvir. Mas, seu pau está tão bem posicionado. Então, sinto uma puxada na garganta. Ouço o tilintar das correntes. Ele volta a segurá-la, puxando-a para trás. Inclino mais o corpo para frente, em uma posição que não sabia que era capaz de me arquear, até empinar o quadril no meu limite.
— Assim. É muito gostosa. — Ele diz mais para ele mesmo do que pra mim.
E aí...
Ele enfia todo o pau dentro de mim, lentamente, me rasgando por dentro, tão devagar. Não tem a menor pressa de acabar com essa tortura e enfrenta a resistência do canal estreito, se enfiando em uma pressão constante, até me preencher, até que minha entrada engula quase toda a extensão do falo pulsante. Minhas mãos se fecham em volta da corda e eu reprimo o primeiro gemido. A sensação é tão extasiante que quase gozo outra vez só ao senti-lo dentro de mim. E ele força-se para fora. Para dentro. Para fora. Para dentro. Lança-se em estocadas lentas, intensas. A cada vez que me penetra, o estalo de suas coxas em minhas nádegas é maior.
As bolas batem em meu clitóris.
Meu corpo é jogado para frente em cada movimento, porque me falta apoio. Escondo o rosto no travesseiro, agonizando. Aproveito o lugar abafado para soltar uns gemidos baixos, para que ele não escute. É impossível não gemer pra ele. Mas, não quero só gemer, quero gritar ao som de seus rosnados. E ele se impulsiona com mais violência dentro de mim, alargando a passagem, com os sons molhados das lubrificações nos juntando. Ele mete em mim com tanta força, é tão rápido, que segura meus quadris com as duas mãos para se apoiar.
Só que eu estou desesperada demais para pensar. Jogo o meu corpo para trás com força para ajudá-lo e recebo uma resposta agressiva. Ele distribui tapas em minhas nádegas enquanto me penetra com força. E eu me deleito. Escuto seu rosnar quando me contraio ao seu redor. Suas unhas curtas se encravam em minha pele. Minha respiração está ofegante, suor desce pelo meu rosto e se mistura com as lágrimas de dor e prazer. E eu até havia me esquecido da cera quente em minhas costas quando sinto o cheiro de queimado de novo.
Ele ainda não terminou.
Depois de alguns segundos, a cera volta a queimar minhas costas, agora, com Yoongi dando estocadas fortes em mim. Reviro os olhos e mordo minha boca com mais força. Preciso gemer. Preciso gemer. Preciso. Preciso deixar isso sair ou vou explodir. E então, gemo alto para ele e forço meu corpo contra o dele com a rapidez que eu preciso. Ele não rejeita isso. E eu jogo a cabeça para trás, forçando-me contra ele, aumentando a fricção da penetração frenética.
É a merda do meu cio e eu preciso disso mais do que qualquer coisa.
— Não pare com a vela. — Peço ofegante, sem parar de fazer os movimentos. Yoongi deixa mais do líquido quente cair em minha bunda e dá um tapa no local logo em seguida. Queima. Arde. Eu grito. Ele me fode mais forte. A sensação é tão maravilhosa que penso que vou desmaiar de prazer. Ele aperta minha cintura e mete em mim com mais intensidade. E, quando estou a segundos do meu ápice, sinto a cera quente por todas minhas costas até a lombar.
E nesse momento que eu solto um gemido alto quando chego ao meu ápice e agradeço pelas paredes serem a prova de som e contraio minha entrada com ainda mais força. Todos os meus poros se encrespam, em ondas de uma excitação tão forte que me roubam o ar. Meu coração se acelera demais e eu começo a tremer. Minha mente vagueia para longe, em um breu que me apaga completamente. Os espasmos me fazem recobrar os sentidos e eu tusso. Estremeço. Vibro. É tão intenso que faz meu corpo inteiro respirar em um esforço único.
— Caralho... — Yoongi sussurra e se retira de mim, voltando a se masturbar. Meneio a cabeça com urgência e movo o quadril por perto dele. Vejo seu olhar em mim e ele parece confuso.
— Eu adoraria sentir sua porra nas minhas costas, mas quero que goze dentro de mim. — Seus lábios se entreabrem, como se ele fosse falar algo, mas volta a me penetrar, com dificuldade, porque está mais inchado. Ele se enfia com tanta força, que não precisa de mais de duas estocadas para lançar todo o líquido do sêmen dentro de mim. Sinto-o crescer ainda mais agora, enquanto ejacula em seu ápice, e a glande incha até atar o nó. Continuo a me mover, com ainda mais dificuldade, e ouço seu rosnado descontrolado.
É quase nulo, um arrulhar em sua garganta, é o mais animalesco que ele já produziu.
Minhas pernas deslizam na cama e ele me acompanha. Despenca sobre mim. O pênis ainda pulsa em meu canal, atado por alguns minutos que são mais prazerosos do que um ano de sexo com qualquer outro homem. Sinto sua respiração vacilar em meu pescoço, o corpo apoiado nos braços para não depositar todo o seu peso sobre mim. A cada mínimo movimento que produzimos, gememos baixinho. A sensação é tão maravilhosa, que eu quero transar de novo, só para que ele repita o processo e ate outro nó.
Quando a pressão se desfaz, porém, ele se retira de mim.
Arfo.
— A cera te machucou? — Ele cai para o lado e se senta para conferir os estragos que deixou. Olho-o de lado. Ele está aparentemente exausto. As bochechas coradas, o tórax coberto de suor. O cabelo molhado não é por culpa do banho. — Machucou. ____, eu te falei pra usar a palavra de...
— Só machucou uma vez. Está tudo bem. Foi maravilhoso. — Dou de ombros, como posso, porque ainda estou presa. Ouço sua risada quase sem voz. — Yoongi... Vai me deixar assim? — Agito os pulsos para chamar sua atenção e ele confirma com um aceno. — Como é? Por que? O que vai fazer? Não vai me deixar assim pra... — Falo de olhos arregalados e ele ri.
— Calma, ____. Eu estava brincando. — Ele se mexe na cama e desfaz os nós que me prendiam à balaustrada da cama. Depois, desafivela a coleira em meu pescoço e me faz sentar na cama. Meu corpo inteiro está mais dolorido que antes, mas nunca estive tão satisfeita em toda a minha vida. Espero que ele diga algo, quieta, e ele ri outra vez. Por que está rindo tanto? — Não estamos transando. Não é mais minha submissa.
Pigarreio e tento mexer os ombros. Minhas costas se repuxam e eu me encolho com a dor. Quando essa merda começou a doer desse jeito? Ele percebe e seu sorriso desaparece. Yoongi se aproxima mais de mim e tenta me virar, mas me desvencilho dele e me afasto. Ele volta ao seu lugar e nós nos entreolhamos. Fui grossa com ele? O que ele ia fazer? Me torturar de novo ou cuidar de mim? Fungo e decido perguntar. Se ficar com essas dúvidas na minha cabeça, vou enlouquecer.
— O que ia fazer? — Despejo. Ele estreita o olhar.
— Ia ver do que suas costas precisam, pra cuidar.
— Eu tenho meus métodos de primeiros-socorros. — Rebato.
Ele arqueia a sobrancelha.
— Não duvido, policial. Mas, eu fiz isso. — O que arranha sua voz é culpa?
— Está tudo bem? — Trocamos um novo silêncio e percebo algo novo. Ele está mesmo se sentindo mal por ter me ferido. — Yoongi?
— O quê?
— Está bem?
Ele sorri.
— Estou. Nunca estive melhor na minha vida. Se estive, não me lembro. — Ele fita o teto e suspira. — Você ainda tem mais dois dias inteiros de cio, certo? — Assinto e ele passa a mão pelo queixo. — Já tem um parceiro pro resto dos dias?
Pestanejo.
— Não sei ao certo. — Curvo os lábios para baixo e ele franze o cenho.
— Não acertou com ele ainda?
— Não. — Tento manter a expressão limpa. — Mas, acho que ele vai aceitar.
— Ah. — Yoongi passa a mão pela nuca. — Bom, pelo menos não vai...
— Na minha casa ou na sua? — Arqueio a sobrancelha e ele volta a me fitar.
Então, sorri.
Min Yoongi se adianta sobre mim e me segura pelo queixo. Ele roça os lábios nos meus. O beijo que me dá é tão bom quanto o que deu no banheiro. E a forma com que me ampara é tão carinhosa que desfaz qualquer dor. Esse maldito não só tem o pau mais lindo que já vi, as mãos mais mágicas, essa voz maravilhosa, o melhor sexo... Ele também tem o melhor beijo. E agora eu tenho como manter o contato com ele quando essa investigação acabar. Só não sei como vou ficar depois desses três dias. Preciso me preocupar com isso?
Com isso, provavelmente não. Ele cuidará de mim.
Mas, me preocupo agora com a situação de Jiu.
Onde ela está? Será que Jeon Jungkook está dando trabalho?
***
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