Kang Jiu's P.O.V.
Puta que pariu.
Puta. Que. Pariu.
O caos no palácio de Lascívia se abafa, distante. Nesse instante, ouço apenas o estampido da porta se fechando às minhas costas, o bipe das travas eletrônicas, o clique dos interruptores. As luzes brancas, nas frestas do teto de gesso, se apagam à medida que as lâmpadas amareladas dos abajures se acendem nas paredes azul marinho. Acho-me em um cômodo suntuoso. Um príncipe vive aqui, tenho certeza.
Receio quebrar algo, porque precisaria vender um rim e uma córnea para pagar e... Hm... No que estou pensando? Preciso de foco. Não posso devanear, ou me deixar levar pelo cheiro abafado do Sr. Sexy Esnobe, ou por seu ar de predador. Preciso protegê-lo e estou no meio de uma investigação. Sou uma policial, sim. E das boas. Por isso que estou aqui. Para cumprir meu dever.
Esquadrinho cada milímetro do quarto e memorizo os detalhes ostentosos. Entre as duas portas da varanda, se estende uma cama larga e confortável, rodeada por um dossel de cortinas pesadas em veludo azul royal. O chão de granito negro é coberto por tapetes felpudos que me fazem querer tirar os sapatos de salto para pisar na superfície macia. Mas, são os espelhos que chamam minha atenção.
Eles são muitos e se espalham por todo o cômodo com suas molduras douradas e geométricas. Vejo meu reflexo em círculos, quadrados, retângulos e losangos. Então, fito o teto. Lá, circundado pelo dossel da cama, jaz o maior dos espelhos, que dá uma visão privilegiada de quem quer que esteja deitado sobre a cama. Um estalo de compreensão me atinge.
A sensação de penumbra relaxante, quente e sensual que as luzes amarelas emprestam ao quarto não é espontânea. É pensada para ser assim, porque não estou nos aposentos de um príncipe qualquer. Esse é o espaço de abate de Ômegas de Jeon Jungkook, o lugar em que ele deprava e perverte suas conquistas. E eu estou trancada com ele. Um Alfa no cio.
No meio de uma missão em chamas.
— As acomodações são satisfatórias, Policial? — Olho para o príncipe coreano da putaria.
Ah, vai se foder.
Que cara gostoso.
Ele está parado em uma postura relaxada, ao lado de um aparador cheio de garrafas de bebidas alcoólicas caras. Uísques, conhaques, vodkas e licores diversos. O Sr. Sexy Esnobe folga as abotoaduras de prata dos pulsos da camisa e as deixa ao lado de uma garrafa. Observa-me com os lábios esticados em um sorriso torto. Os dedos ágeis afrouxam a gravata em seu pescoço e ele retira o nó.
Os feromônios se espalham. O perfume é forte, vigoroso. Tem notas de cedro e amêndoas e é tão gostoso quanto o dono. Engulo em seco em uma tensão genuína. Um calafrio se estende por minha nuca, desce pela coluna e avança até o ventre com uma fisgada excitada, reverberando em meu íntimo com um pulsar. Drena os sucos viscosos de cheiro adocicado em minha intimidade.
Ah, que ótimo. Esse tesão anti-profissional ainda não passou.
Maldito seja o delegado Namjoon que me pôs nessa missão.
Isso vai ser difícil.
Sr. Jeon ainda me olha à espera de uma resposta. O que perguntou mesmo?
— Como é?
Ele se aproxima, para à minha frente.
— As acomodações são satisfatórias? — Repete. O cheiro de Alfa no cio se condensa em meu paladar. Ele exibe o mesmo sorriso agradável que sustentou durante o baile, enquanto flertava com metade das Ômegas de Lascívia. Um sinal de alerta se acende em minha cabeça. Ele é uma cilada, Bino. — Também podemos ficar no banheiro. Garanto que é tão confortável quanto a cama.
Já sei. Vou começar um interrogatório e desviar o assunto.
Estalo os dedos com uma careta e rio.
— Não duvido. — Afasto-me e ando pelo cômodo. — Lascívia te dá essas coisas?
— Não... O aluguel de um quarto aqui, na real, é bem caro. — O Sr. Sexy Esnobe se despe sem nenhum pudor. Ele se senta na cama e descalça os sapatos, as meias. Se desfaz do paletó e abre dois botões da camisa. — E a decoração, eu providenciei. Gosto de espelhos.
Solto uma risada nervosa que mais parece um grunhido.
— Esnobe. — Resmungo e leio os rótulos das bebidas no aparador.
— O que disse?
— Eu disse que...
Viro-me para encará-lo e o que encontro cessa minha voz.
Os olhos escuros se erguem por trás da máscara e se fixam em mim. Ele se levanta. Desataca a série de botões perolados da camisa fina, um por um. Seus dedos longos têm unhas curtas e as veias dançam sob a pele bronzeada das mãos. Sr. Jeon ergue o queixo, me dá uma visão do pescoço forte, de linhas rígidas. O pomo-de-Adão sobe e desce na garganta e ele tira a camisa.
A imagem é obscena. Jeon Jungkook exibe sua pele acobreada. O corpo é insano, esculpido à mão. Os ombros largos têm proporções angulosas e os braços robustos pendem da clavícula, que também divide as linhas rijas do tórax amplo, dos músculos bem delineados no abdome esguio. É quente como o inferno e eu só quero me queimar.
E, como se não bastasse seu corpo promíscuo, Sr. Jeon ergue uma das mãos firmes até a máscara ornamentada e a retira para mostrar os traços marcantes do rosto. O nariz longo e grande se franze, as sobrancelhas se contraem, os lábios corados se distendem em um sorriso ambíguo. Suas narinas tremem, como se pudessem farejar minha excitação. Ele pode.
OKAY.
Legal. Você venceu, seu ignorante.
Não precisa mais me explicar porque gosta de espelhos.
— O que dizia, Policial? — A pergunta é cínica.
Meu rosto se ruboriza.
Como eu vou pensar direito com esse homem seminu na minha frente?!
— Sabe, esbarrei em muitas Ômegas apaixonadas por você durante o baile. — Por que, diabos, eu falei isso? — A maioria dizia que você as usa e depois joga fora, e há muitas na fila, esperando por isso.
Ele arqueia a sobrancelha, dissimulado.
— Eu não faço isso.
— Aish. Pode ser sincero comigo, Sr. Jeon. Não sou sua conquista, sou sua guarda-costas. — Aproximo-me. Paro à sua frente e encaro os olhos vermelho-rubi do Alfa, ansiosos em um desejo visível. — Ei... Você pensou que ia me trazer aqui pra me usar e descartar depois, como faz sempre? Pensou isso mesmo? — Não há resposta. Pisco e sorrio por trás da máscara. — Foi ingênuo, Sr. Jeon. Ah, foi sim.
Ele estala os lábios em queixa.
— Não seja tão cruel, Policial... Eu te falei que estou no cio. O efeito do inibidor já vai passar. Preciso da sua ajuda... Vai mesmo me deixar sentir dor? Achei que seu dever era me proteger. — Ele tenta me ludibriar. Lufadas densas do ar amendoado crescem ao meu redor. Lambem minha pele e aderem aos poros para me entorpecer. Nossos rostos se emparelham, separados por centímetros. — Não haverá nenhum arrependimento, eu posso te dar todo o prazer que aguentar... Todo o prazer que seu corpo suportar sentir.
Luto para manter o controle, a razão. Estou à trabalho e tenho minha ética.
Mesmo assim... Isso vai ser difícil para um caralho.
— ...Meu dever é te proteger de um perigo exterior, não abrir as pernas pra você, Sr. Jeon.
Ele inclina a cabeça para o lado em um tique. Puxa o ar, hesita e sorri.
— Algumas posições nem exigem isso.
Penso em que posições sexuais ele sugere nas entrelinhas e quase gemo.
POR QUE?
Preciso mudar o rumo da conversa ou vou sucumbir. Não posso terminar a noite deitada na cama atrás de nós. A vibração ansiosa em minhas veias impulsiona a adrenalina e envia arrepios por meu íntimo, que lateja em uma pulsação forte e constante. Por que inventei de não usar uma calcinha hoje? A volúpia escorre pegajosa por minha entrada, pelos lábios vaginais, pela virilha. É quente e sensível. E os olhos dele se injetam, denunciam que ele fareja o cheiro de excitação entre minhas pernas.
Lembro-me de uma pergunta e a faço com urgência.
— A-além dessas varandas e da porta do banheiro, há mais algum acesso ao quarto? Você está seguro? — Minha mudança brusca de assunto é desesperada, e eu espero uma reação infantil de sua parte, mas o Sr. Sexy Esnobe me surpreende. Há diferença em seu tom e, parece estranho, mas ele respeita minha pergunta, recua e me responde.
— Estamos seguros, sim. E sozinhos.
— Você é o único com as chaves das portas, ou mais alguém...?
— Escute. — O sorriso confiante dança em sua boca maldita. — A chave é eletrônica e só eu possuo a assinatura. Quando estou aqui dentro, ninguém pode entrar. E, antes que pense que a chave pode ser hackeada, não. Ela não vai. Garanto, eu mesmo, a segurança desse quarto. As maçanetas e fechaduras são minhas. E quando eu digo "minhas" quero dizer que eu as projetei. Estamos seguros.
— Hm... Certo. — Ele é o Tony Stark da Coreia. Sem barba, com um abdome mais trincado e esse cheiro inebriante. OK. Isso não vai ser difícil, vai ser impossível. Quero desistir, tirar a roupa e pedir que ele me mostre porque é o deus do sexo oral. Se ele for um pouquinho mais gostoso, juro que eu vou meter o louco. — Tem alguma ideia de quem está te perseguindo? Ou de quem matou o deputado Park Jimin?
Mantenho a postura empertigada e profissional.
— Yoongi Hyung diz que é misógino, mas eu cheguei a suspeitar que pode ser uma Ômega de Lascívia, frustrada ou empenhada em se vingar. Não sei. Algumas já foram patrocinadas por Jimin-ssi, e talvez elas também queiram me ver morto. — Ele passa a língua pelos lábios. — Você disse que falou com algumas delas, né? Elas me odeiam.
— Nem todas. — Retruco, e ele sorri.
— Bem, as que não querem foder comigo de novo me odeiam. — Trocamos um olhar e concordamos em silêncio. Quase rio. — Por falar nisso... A gente não vai mesmo se pegar, né? — Arqueio a sobrancelha e ele dá de ombros. — Só queria confirmar.
— Não vou transar com você, Sr. Jeon. Arriscaria meu emprego se fosse tão anti-profissional e já perdi o bônus por não ter sido tão discreta quanto deveria. Bem... Estou no meio do meu horário de serviço. Por mais que eu quisesse algo, não poderia agora. Espero que compreenda e me respeite.
— Tudo bem, eu entendo. — Ele murmura, desapontado. — Não vou insistir. — Coloca as mãos nos bolsos da calça social, mas não consegue esconder a ereção que forma uma lombada no zíper apertado. A extensão do pênis duro está nítida e desenhada abaixo do tecido escuro da roupa e o volume avantajado me dá uma ideia de seu tamanho. Alguém me ajude.
— Não vai mesmo?
— Não sou tarado ou abusivo, só estou no cio. — Ele sorri, inala o ar com força, solta um arfar torturado e se afasta. Caminha pelo quarto. — Me pediu pra ser sincero, né? Espero que meu relato ajude na sua investigação. Eu nunca prometi compromisso, sentimento, ou nada além de sexo e dinheiro. Tenho contratos assinados por elas pra provar. Posso ter muitos defeitos, Policial, mas sou honesto e justo. Se quiser, te mostro os contratos pra saber quem elas foram, e quais eu acho mais suspeitas.
Pestanejo.
— Sério? — Ele encolhe os ombros e me olha com as mãos ainda enfiadas nos bolsos da calça. Uma delas se fecha em volta da ereção, por dentro do bolso, e ele suspira, aflito. Não sei como me comportar agora, por isso desvio o olhar. — Obrigada.
Há uma pausa tensa entre nós.
— O que mais elas disseram sobre mim? — A pergunta do Sr. Jeon é incisiva. Pigarreio, sem saber como responder. — Policial?
— Não foi nada ruim, na verdade. — Digo, mas não recebo resposta. — Elas fizeram muita propaganda do seu sexo oral. — Encolho os ombros e o olho. Uma sombra de surpresa perpassa o rosto do Sr. Sexy Esnobe, que se encosta na parede ao lado da porta do banheiro.
Sua expressão honesta dá lugar ao olhar estreitado, cínico e cobiçoso.
— Se ajudar na investigação, posso te mostrar se isso também é verdade, quando estiver fora do horário de trabalho.
Sinto uma fisgada em meu íntimo.
EU QUERO DAR PARA ESSE ALFA DESGRAÇADO.
Por que estou em missão?
— Ahm... Certo. Nós temos a noite toda aqui, né? — Sigo até a porta da varanda e confiro. Está trancada. Fito a maçaneta e uma luz vermelha pisca para indicar que as travas eletrônicas funcionam. — O que há pra se fazer, que não envolve sexo?
Volto-me para ele e o descubro em uma ação que me atira nas chamas.
— Esse quarto só tem um objetivo e não é jogar cartas. — Sr. Jeon desafivela o cinto de couro, desabotoa o cós e baixa o zíper. — Ah, uma dica. Se não quiser se deparar com brinquedos eróticos, recomendo que não abra os armários. Pode se assustar. É que o Yoongi me deu uns negócios sadomasoquistas que ainda estou aprendendo a usar. — Ele faz uma careta. — Aish, isso não importa. Tem comida no frigobar, bebida no bar... Pode se servir à vontade. Ah, e tem Wi-Fi, a senha é: JKKJ11. E tem a cama. É suficiente pra você?
Quero perguntar se ele está sendo irônico, mas sua postura é gentil. E eu começo a entender porque tantas mulheres se apaixonam por esse homem. Quando não é lascivo, dúbio e sexy, o Sr. Jeon se comporta com gentileza, educação e cavalheirismo. Preciso saber quais são seus defeitos para poder balancear com as qualidades.
— É... Acho que consigo me virar. — Uso a ironia que ele dispensou, rio e o olho de lado. Minha risada murcha. O Sr. Sexy Esnobe ataca de novo. Ele se livra da calça social e a isola em um canto do quarto. Se exibe como um filho da puta que sabe que é gostoso. Veste apenas uma cueca boxer preta e eu vislumbro suas pernas grossas, bem torneadas, e o volume do pênis ereto e estrangulado pelo tecido apertado da roupa íntima. — O que está fazendo?
— Tirando a calça.
— Por que?
Seus olhos vermelhos como sangue se viram para mim.
— Meu pau está duro e espremido há muito tempo. É muito desconfortável... Ainda mais com esse cheiro de Ômega excitada tirando minha concentração. — Arregalo os olhos e sinto meu corpo inteiro esquentar com sua sinceridade. Então, Sr. Jeon suspira. — Olha, eu agradeço por ter me salvado lá embaixo. Foi impressionante, e eu admiro seu compromisso com o trabalho. Prometo te respeitar enquanto estivermos aqui, por mais que você seja muito gostosa e esteja tão pronta quanto eu acho que está, mas...
Ele fala com dificuldade.
— Sr. Jeon, eu...
— Preciso me aliviar. Vou bater uma punheta. — Ele aponta para o banheiro e eu me engasgo.. — Se puder se masturbar também e acabar com sua excitação... Vai ajudar a me controlar enquanto estivermos aqui. — Faço menção de o interromper, mas ele continua. — Sei que está à serviço da polícia, não quero te corromper. Mas, eu não vi nada. Não há vibradores na segunda gaveta daquele armário. E eu não vou deixar a porta aberta, se quiser olhar pra mim. E eu não vou gostar de ouvir, se você gemer um pouco... E nada disso é sugestão.
— Eu... Eu vou... Está mesmo sentindo meu cheiro?
As narinas do Alfa se dilatam.
Seus olhos se reviram e ele arfa, empurra a porta do banheiro com força e desaparece no escuro. Outros arfares ecoam pelo cômodo e eu fico paralisada. Sozinha, trêmula, inflamada e desejosa, plantada no meio do quarto. Uma gota de suor se forma em minha nuca e suas palavras reverberam em meus tímpanos. Minha única reação é correr até a parede em que ele estava encostado, ao lado da porta do banheiro. Fecho os olhos, escorrego pela superfície e me sento no chão, sem forças.
Estou cansada de conter a vontade do corpo, para não ceder a ele. Meu coração retumba e vibra na caixa torácica, minha respiração se entrecorta, minha boca saliva, carente de contato. Minha intimidade queima abaixo do vestido, encharcada. Então, ouço a gota d'água. Um arquejo arranhado e animalesco ecoa no banheiro e eu estremço. Nunca odiei tanto ser uma policial em serviço. AISH! Foda-se. Também preciso de alívio. E, se essa merda de missão me impede de invadir o banheiro, estou sozinha no quarto.
Ninguém viu. Ninguém sabe. Não aconteceu.
Se homens podem, por que mulheres não poderiam?
Desfaço-me dos sapatos com uma pressa desajeitada e gotas de suor tenso escorrem por minha testa. Isso me agonia mais e eu me livro da máscara que ainda cobre o rosto com um safanão. Jogo-a em algum lugar e ergo a saia do vestido enquanto flexiono os joelhos, ofegante, afastando as pernas. A brisa mormacenta do aquecedor se choca contra meu íntimo exposto. Reviro os olhos e ofego. Separo mais as coxas, ansiosa. Passo os dedos pela parte interna da coxa e escorrego pela excitação.
Meu ventre se contrai quando chego ao sexo, nervosa e torturada. Lanço um olhar para a porta aberta do banheiro e escuto a respiração estrangulada e grave, sinto o cheiro dominante de Alfa. Reviro os olhos outra vez, faço uma careta. Uso as duas mãos, desesperada para sentir algo parecido com o que seria tê-lo em mim. Lambuzo os dedos no excesso de lubrificação, suspiro e abro os lábios vaginais com os dedos indicador e médio da mão esquerda.
Arregaço o suficiente para estimular o sexo com a outra mão. E faço. Rápida, impulsiva, insensata. Meus dedos escorregam pela entrada, pelos lábios. Exploro-me até chegar ao clitóris e o estimulo com movimentos circulares, uma massagem que começa lenta, mas não tarda a se intensificar. Minha cabeça repete que eu preciso de Jeon Jungkook. Fecho os olhos e alucino. Imagino seu olhar cortante acima do meu. Imagino seu corpo nu, os músculos banhados em suor na pele quente, num esforço para dentro de mim. Imagino-o se masturbando.
Abro mais as pernas trêmulas, impulsiono o quadril para cima e meu corpo escorrega pela parede. Sufoco um gemido. Apenas as pontas dos meus pés tocam o chão. Estremeço. Brinco com os dedos cada vez mais rápidos. Sinto o calor, o inchaço endurecido e sensível do clitóris estimulado, mas sinto uma falta. Meu corpo pulsa, o canal vaginal se contrai e expulsa mais do líquido que me lubrifica, implorando pelo pau de Jeon Jungkook. Mordo os lábios e respiro fundo para não gemer, mas seu cheiro golpeia meu olfato.
Encosto a cabeça na parede, paro de estimular o clitóris com os dedos e os afundo na entrada quente e ensopada sem dificuldade. Me masturbo em um vai-e-vem vertiginoso, com estocadas trêmulas. Bato a palma da mão contra o clitóris e não consigo respirar. Choramingo em silêncio, necessitada. Tremo com tanta força que chego a convulsionar. Ergo a mão livre até meu seio, aperto-o por cima do vestido. Tudo é insuficiente, quando outra lufada dos feromônios de Alfa me atinge. Eu preciso dele. Do corpo dele, da boca dele, do pau dele.
Preciso de Jeon Jungkook.
Ouço um último gemido no banheiro e sei que ele terminou. Mas, eu... Eu não. Não. Arregalo os olhos e retiro as mãos de mim. Levanto-me tão rápida que tonteio e me encosto na parede. A saia do vestido pesa ao meu redor e eu ergo as mãos. Que merda. Estão encharcadas. O cheiro de feromônios e sexo se entranha nos dedos, nas unhas. O que eu faço? Aish. Primeiro, o cheiro de pólvora denunciou que eu era policial. Agora meus dedos vão denunciar que eu... SENHOR. Não quero pensar nisso.
Tenho uma ideia.
Corro até a cama e me sento. Cruzo as pernas para aliviar o calor na intimidade, que pulsa com força, prestes a chegar ao orgasmo. Limpo as mãos na colcha de um azul escuro demais para se sujar com o líquido transparente e ergo os olhos. Quase choro, com a respiração afoita e o coração batendo depressa. O Sr. Sexy Esnobe-Gostoso sai do banheiro com as bochechas coradas, cabelos grudados na testa suada. Respira com dificuldade e caminha devagar. Ele veste um roupão preto e me olha de soslaio, cansado.
Sorrio e aceno com a mão dolorida. Ele acena de volta, sem me dar atenção.
Vai ao aparador, serve uma dose generosa de conhaque em um copo de vidro e bebe de uma só vez. Se sabe que eu me masturbei ao lado da porta do banheiro, age como se não se soubesse, ou não se importasse. Pelo menos até agora. Mas, quando ele ergue a cabeça de súbito e fixa os olhos assustados em mim, me desespero. Ah não. O Alfa não esconde a expressão incrédula e cravada em meu rosto. Ele larga o copo vazio no lugar e hesita em se mexer depois, sem desviar os olhos dos meus.
Mordo o lábio inferior e sinto algo constrangido queimar por dentro. Sorrio, nervosa.
Ele solta o ar pela boca e vem até mim.
Levanto-me da cama em um impulso e começo a me explicar.
— O senhor tem que... — Percebo que ele examina meus traços e me calo. A corrente de ar morno sopra em minhas bochechas livres e toco meu rosto. Entendo. Ele está aturdido porque me viu sem a máscara. — Ah, é... Aish. Meu rosto. Essa sou eu. — Rio desconcertada, mas não recebo resposta. Suas pupilas dilatadas quase escondem as íris vermelhiças, focadas em cada detalhe meu. — Certo... — Um calor diferente se espalha por meu pescoço. — Estou com vergonha, já deu. — Ele não parece me ouvir. — Já pode parar de olhar, Sr. Jeon.
— Jiu?
Meu sorriso constrangido se desmancha.
Como ele sabe meu nome?
Eu falei? Ele viu minhas credenciais? Mas, eu as escondi bem e... COMO ELE SABE MEU NOME? EU NÃO DEVIA SER UMA AGENTE SECRETA? Fodeu. Estou burlando todas as regras que o delegado Namjoon repassou e agora danou-se. Como, diabos, ele sabe meu nome? Não. Ele não sabe. Ele soltou um palpite, eu só preciso negar.
— Quê? Que Jiu?!
— Jiu. Kang Jiu. — O Sr. Sexy Esnobe-Vidente continua muito perto, com os olhos presos nos meus. — Você é Kang Jiu. Kang Jiu. Jiu. — Ele repete algumas vezes, como se não conseguisse acreditar no que seus olhos vêem. — Está um pouco diferente, mas... Com certeza é você. Eu nunca esqueceria esse rosto. — Ele sorri entre a descrença e o absurdo. — Jiu.
Como assim, ele nunca esqueceria meu rosto?!? Eu é que nunca esqueceria o rosto dele, não o contrário. Ele é o astro, não eu. Ele é o milionário lindo e gostoso, educado, rei do oral, dominador e Alfa patrocinador de Lascívia. Ele é o cara, o centro das atenções. Seu rosto é inesquecível, não o meu. E como ele sabe meu nome? Eu sou uma ninguém. Apenas uma policial secundária que, às vezes, nem tem nome. Sou apenas uma figurante. Ele é o protagonista.
— Não, Sr. Jeon. Não sei quem é essa tal de...
— Não minta, Jiu. Eu sei que é você.
Por que caralhos você sabe meu nome, Sr. Sexy Esnobe-Cheio-de-Surpresas?!?!?!
— Aish... — Não consigo dizer outra coisa. Pigarreio para limpar a garganta e tusso. O ar ao meu redor esquenta demais e eu sinto gotículas de suor se formarem em minha testa. Desvio o olhar do dele e, quando volto, encontro as íris tremeluzentes em uma reação que não consigo distinguir. Porque estão inflamadas por um sentimento genuíno que se parece com... Carinho? Sim. É o que sinto quando olho em seus olhos. Ele não quer meu mal. Parece... Gostar de mim. — Como... Como sabe meu nome?
— Você não se lembra de mim?
— Eu deveria me lembrar? Porque... Não acho que frequentamos os mesmos lugares, ou moramos perto um do outro, ou... Sei lá, qualquer coisa. — Sorrio, desconfiada, e dou de ombros. — Ah, já sei. Viu minhas credenciais de alguma forma e agora está tentando fazer uma pegadinha pra que eu me sinta...
— Estudamos juntos no fundamental. Jiu, sou eu. Jeon Jungkook. — Ele aponta para si mesmo e dá um passo para trás. Pestanejo com o semblante vazio e ele espera mais um pouco. Então, suspira cansado. — Jungkook Jeon. Chungkookjang. Sopa de Soja.
Jungkook Jeon.
Chungkookjang. Sopa de Soja.
SOPA DE SOJA.
Empalideço e cubro a boca com a mão, incrédula.
— Que apelido ridículo que aqueles filhos da mãe colocaram em você. — Reclamo, com a boca abafada pela mão.
— Lembrou? — Ele pergunta e eu assinto, veemente. — Não acredito... — Não o deixo terminar. Precipito-me sobre o Sr. Jeon com dois passos que quase chocam nossos corpos e ergo as mãos, sem me importar se estão impregnadas pelo cheiro de Ômega. Preciso tocá-lo. Afundo os dedos em suas bochechas, têmporas, testa, nariz, boca, maxilar. Procuro algo que me lembre o menino com quem estudei. Kookie. Não há nada aqui. Ele não se parece com a criança tímida e desasjustada que eu conhecia e gostava tanto. — O que está fazendo?
— Quantas plásticas você fez?
Ele pisca e ri.
— Nenhuma, Jiu.
— Quando ficou tão bonito?! — Exorto. Ele revira os olhos, com um sorriso.
— Aish.
— Pensei que nunca mais te veria! — Falo baixinho, mas quero gritar. — A última vez foi quando tinha... Sei lá, 12 anos?
— 11 anos. — Ele me corrige e eu rio.
— Você era um neném! — Minhas mãos tremem em seu rosto e eu escorrego os dedos por seus cabelos, puxando os fios macios para trás. Não tenho a intenção de fazer um carinho, só quero saber se ele é realmente real, mas seu revirar de olhos agora me mostra que ele gostou. — Aish! Como foi que virou um milionário poderoso de repente? — Pergunto, perplexa. — Eu me lembro de você morando numa pensão perto da escola, com sua avó. Aish, você era tão fofinho e...
Seu semblante relaxa e ele ri.
— Olha, te garanto que não fiquei rico de repente. — Meus dedos descem até sua nuca e eu não sei se estou indo longe demais, mas não consigo me afastar. Ele também não me repele. Ao contrário, pousa uma das mãos em meu quadril. É grande, sólida, e ainda mais real do que quando ele era apenas o Sr. Sexy Esnobe. Kookie. Não acredito que estou diante do Kookie. — Depois que minha avó morreu... Tentaram contato com alguns tios, mas ninguém quis ficar comigo, então o conselho tutelar me encaminhou para um orfanato.
— Orfanato? Por que eu nunca soube disso? — Franzo o cenho.
— A gente não tinha internet, né? Não pude me despedir.
— É... Verdade.
— Passei um tempo lá no orfanato e achava que meu destino era ser levado ao exército quando completasse 16, mas meu gosto por computadores mudou a rota. — Sua mão sobe lentamente por meu quadril, pela cintura, pelas costelas. — Um dia eu participei de uma feira de tecnologia na escola do orfanato e um dos financiadores gostou do meu projeto. Ele me levou pra empresa dele e me deu a oportunidade de aprender um ofício. Jovem aprendiz. Foi lá que eu conheci o filho do financiador do orfanato. Min Yoongi.
Minhas sobrancelhas se erguem.
— O outro Alfa?
— É. O que sua parceira está protegendo. — Jungkook informa, dizendo nas entrelinhas quanto sabe. Ele segura meus pulsos, retira-os gentilmente de sua nuca e me indica a cama com o queixo. — Eu e o Yoongi nos tornamos amigos naquela época. — Jungkook se deita e eu o sigo. Engatinho sobre o colchão e me acomodo ao seu lado. Ele cruza as mãos na nuca. — Alguns meses depois, na manhã do meu aniversário de 14, Yoongi foi me ver no orfanato e me levou de lá. Nunca mais voltei.
Viro a cabeça para o lado e fito seu perfil bonito. A linha da testa, do nariz, a curvatura dos lábios e do queixo.
Ele mira o teto com um sorriso distraído.
— Fico feliz em saber que teve uma famíia... No fim das contas. — Murmuro. — Eu... Eu senti muito a sua falta, quando foi embora.
Meu coração lateja no momento em que confesso, mas ele não esboça reação. Isso me faz recuar. Desvio os olhos para o teto. E lá estamos nós, refletidos no espelho. Um homem e uma mulher, feitos. A saia longa do vestido se espalha e se confunde com a colcha escura. Deixa minhas pernas parcialmente à mostra. Meu rosto se emoldura pálido em meio ao escuro. E ele. É corpulento, grande e ameaçador. Seu rosto sereno encara nosso reflexo, impassível. Nunca mais seremos aquelas crianças miúdas do fundamental.
— ...Como conseguiu lembrar do meu rosto...? — Pergunto, com uma pontada de curiosidade.
— Por que não lembrou do meu? — A voz é tranquila, melodiosa.
— Você parecia um girino na escola. — Faço uma careta
Ele ri.
— Você não mudou nada.
É minha vez de rir.
— Obrigada por me dizer que ainda pareço uma criança feia, ranhenta e bochechuda. — Faço uma careta entre as risadas, com os olhos grudados no espelho do teto. — Não acredito que estou com você de novo. — Vejo seu reflexo se mexer e se virar para me encarar.
Não me mexo.
— Jiu, não faça charme. Você sempre foi linda e sabe que eu acho isso. Sempre soube. Eu sempre deixei claro. — Jungkook fala, incisivo. — Tenho certeza de que leu minha carta. — Viro um pouco o rosto e o miro de esguelha. — A carta que eu te mandei uns meses antes de ser transferido pro orfanato, lembra? — A pergunta é curiosa, mas há um resquício de acusação. Estreito o olhar, porque me lembro desse episódio e eu sou a vítima. Assinto, em silêncio. — Você leu?
— Li.
Compartilhamos um momento de silêncio e trocamos um olhar magoado.
Seu nariz se franze.
— Por que não me respondeu? Por que não falou comigo? Não foi até mim... — Ele pergunta, minimamente amargo. — Você partiu meu coração, sabia?
— Eu?! — Rio, debochada. — Aish. Foi você que partiu o meu. — Acuso.
Ele faz uma careta.
— Quê?! Eu expus meus sentimentos pra você e...
— Não minta, Jungkook. — Flexiono os joelhos. — Eu sofria bullying na escola e todo mundo sabia que eu gostava de você. Quando recebi sua carta, eu li, reli, tentei me iludir, mas... Aquilo era bom demais pra ser verdade. — Sorrio, triste, e recito uma frase. A única que me lembro. — "Acho que gosto de você. Me encontra no portão ao meio-dia? Queria te dar um beijo". As meninas me disseram que era mentira e que você só queria tripudiar de mim... Meu coração se partiu, porque eu entendi que você me notou, mas só queria rir do meu sentimento.
Lembranças da minha infância passam diante dos meus olhos e eu os fecho. Solto o ar pela boca, com um nó na garganta. Sinto a movimentação ao meu lado no colchão, mas não reajo. A fragrância de cedro e amêndoas torna-se mais forte, mais próxima. A sensação quente de seu corpo aquece o meu. Ouço. Sinto baforadas de sua respiração perto do meu rosto. É o suficiente para que minhas pálpebras descerrem. O rosto de Jungkook paira sobre o meu, em chamas. Centímetros nos separam de novo, mas agora...
...Agora não quero que ele se afaste.
Não consigo acreditar que, entre tantos homens no mundo, o universo me colocou diante dele.
— Jiu... Mentiram pra você. Eu te esperei no portão por duas horas, debaixo de chuva. Pensava que você ia chegar a qualquer instante e a gente ia pra casa de mãos dadas. Com sorte, você me deixaria beijar sua bochecha... Foi isso que aconteceu.
Meu coração se aperta no peito.
Meus olhos se embaçam e um bolo se forma na garganta.
Não consigo acreditar no que escuto.
— Mas, as meninas me disseram que...
— Elas mentiram! — Seu rosto se retorce. — Eu tinha onze anos e meu tênis descolou por causa da água da chuva. Fui pra casa sozinho, chorando. Desiludido. E passei o resto da minha adolescência lembrando desse dia... — Suas narinas se dilatam, os olhos tremem ao redor do meu rosto, intensos e cintilantes. As mãos se afundam na cama, rentes às minhas orelhas, para que ele não deposite o peso do corpo em mim. — Isso nunca me deixou amar mais ninguém... — Ele confessa entredentes, dolorido e confuso, e eu reteso os lábios fechados. — E agora... Entre tantas pessoas, tantos lugares... Depois de tanto tempo... Você...
— Eu achei que você queria me machucar... Não sabia que... E você também não falou nada comigo depois, eu...
— Não falei nada porque estava humilhado demais.
— Jungkook, eu só tentei não me magoar com isso!
— Foi tentando não se magoar, que você me magoou...
— Nós éramos crianças, e eu me magoei também! Nunca consegui me ver como a pessoa com quem alguém ia querer ter algo... E... Quando... Quando entrei aqui hoje e você... Tentou... Ficar comigo... Eu achei que só queria uma Ômega qualquer e eu não... Eu não era... Nada. É que você é tão... Tão... Tem tanta gente que... Que te quer e... Eu... Não tenho ninguém e...
Seus olhos tremeluzem.
— Se eu te beijasse agora, você fugiria? Ainda me deixaria na chuva... Esperando?
O aperto em meu maxilar se desfaz. Fito seus lábios. Seu rosto está próximo, a respiração colide contra minha pele. As pontas dos narizes quase se tocam. O perfume amadeirado que combina as fragrâncias de cedro e amêndoas flui cada vez mais forte em meu olfato e meu corpo inteiro treme, eletrizado pela energia que emana dele. Não consigo acreditar. É ele. Jeon Jungkook.
E, se eu estiver sonhando, não quero acordar. E se eu perder meu emprego, já não me importo. Não posso me privar de sentir a primeira boca que quis provar. Meu primeiro arrependimento. Não posso deixar de viver isso. Minha ética profissional se findou no momento em que ele disse quem era. Não posso negar o que quero, e eu quero tanto. Não posso desistir quando ele me oferece tudo o que quero.
Não posso.
Não vou.
Impulsiono meu rosto contra o dele e minhas pálpebras pesam. Por um segundo, tudo se perde. Não respiro, não sinto, não existo. Toda a realidade desaparece e retorna como a erupção de um vulcão. Nossos lábios se tocam, roçam. O contato não ultrapassa uma carícia sem qualquer indício de malícia. É o beijo que duas crianças nunca deram. Meus olhos se apertam, fechados. Nem respiramos. Então, ele se afasta e nós nos encaramos. Abrimos as bocas para falar ao mesmo tempo, e eu me calo, curiosa.
— Eu sei que prometi não insistir pra te pegar hoje, por causa do seu horário de trabalho, mas... Só um beijo. Um beijo. — Jungkook franze o cenho e eu assinto. Ele sorri. Avançamos um contra o outro e respiramos desesperados pelo contato. Nossas bocas se acariciam em um atrito escorregadio, sedento, entre saliva e pele macia. Sinto mais sede. Agarro as golas de seu roupão e o puxo com força. Ouço um arquejo sair da garganta dele e estremeço.
Ele se põe sobre mim e despeja o peso do corpo no meu. Encaixa uma das mãos em meu pescoço e os dedos pressionam minha pulsação em um ponto muito específico que me faz gemer, excitada. O sangue flui mais rápido nas veias. A pele se aquece. Arrepios embebidos em adrenalina escorrem pela superfície e contraem meu sexo. E seu quadril ondula, desce até o meu. É quando descubro que ele não usa nada por baixo do roupão. Sinto o pênis livre em um início de ereção contra o canto da minha virilha.
Tremo com o contato e ele percebe minha fragilidade. Sr. Jeon toma o controle e se impulsiona contra mim. O pênis meio ereto bate em minha virilha de novo, por baixo dos tecidos que ainda nos cobrem, e eu solto um gemido abafado. Um protesto contra as roupas. Reviro os olhos por dentro das pálpebras fechadas e fecho os punhos com mais força em seu roupão, puxando-o para abrir. O nó se afrouxa, mas não se abre com a facilidade que eu esperava.
Não distanciamos as bocas. Os lábios se friccionam em uma agitação gostosa, em uma sintonia que nos faz perder e recuperar o ar quente que circula à nossa volta. Chupo seu lábio inferior com vontade e ele morde meu superior, ambos embebidos em saliva viscosa. E ele libera as mãos para afastar a saia do meu vestido, se encaixa entre minhas pernas. As mesmas que prometi não abrir. Suas mãos circulam por meu corpo, impiedosas, e ele passa o braço por minha cintura. Empurra-me pela cama, me faz apoiar a cabeça nos travesseiros.
Nosso beijo se parte por um instante em que nos olhamos, repletos de lascívia. A boca do Sr. Jeon retorna à minha. Ele engatinha e abre mais minhas pernas, afasta mais a saia do meu vestido, expõe minha nudez até a cintura. Sua língua se roça na abertura dos meus lábios, para dentro e para fora, em um movimento erótico, provocativo, e ele chupa meu lábio inferior, abrindo a passagem para esquadrinhar minha boca, encontrando minha língua em uma fricção nervosa, com movimentos circulares inundados pela saliva.
O cheiro dos feromônios de Alfa e Ômega se misturam entre nós e o suor dos corpos queima e molha as peles cobertas. Ele afasta a boca da minha em um impulso. Abro os olhos e vejo sua tentativa de manter o controle. As íris vermelhas, a respiração ofegante, os músculos trêmulos. O cio o atinge em cheio. Ele precisa de sexo. Eu também preciso. Quero gozar com ele, porque estou estimulada, excitada, extasiada e pronta para ele, para mim. Minha virilha arde, meu ventre se contrai e meu sexo pulsa à espera dele.
— Jiu... — Jungkook sussurra, rouco. — Você disse que não podia transar no horário de trabalho, mas... — Ele arqueia o dorso. Seus olhos descem por meu corpo, até a nudez do meu quadril. Seu rosto se transforma em uma careta de dor e ele enfia uma das mãos na fenda do roupão. Sei que ele aperta sua ereção, mesmo sem ver a ação. — Está sem calcinha. — Os olhos se voltam aos meus e eu engulo em seco. — E, caralho... Você é tão gostosa... Está tão molhada. — Sr. Jeon fita meu sexo. A entrada pulsa por ele, quente e necessitada. — Estamos sozinhos... Posso manter segredo. Seu chefe não vai descobrir. Me diz...
Ele move a mão para cima e para baixo. Vejo apenas a movimentação por dentro do roupão, mas sei que ele se masturba outra vez. E isso acaba com o resto de sanidade que eu tinha. Se é que algum dia eu tive alguma. Agora não consigo nem formular a frase que preciso dizer para dar o consentimento verbal que ele quer ouvir, como se abrir as pernas até onde minha elasticidade permite não fosse o suficiente.
— Eu... Eu...
Ele para e seus olhos se fixam no meu rosto.
— Vai mesmo se torturar desse jeito?
— Quê? — Pergunto, desnorteada.
— Policial, eu posso acabar com seu sofrimento em um minuto. É só permitir. — As mãos de Jeon Jungkook capturam meus joelhos, descem pelas partes internas das minhas coxas e as empurra para abrir mais as pernas. Não ofereço resistência, só consigo admirar sua destreza em cada toque. Ele chega às virilhas e afasta os grandes lábios com os dedos. Aproxima-se, concentrado em meu sexo, e entreabre os lábios. Um fio viscoso de saliva passa por sua boca e pinga em mim. Estremeço. — Tão molhada... Isso tudo é só por causa do beijo?
Ele me olha.
Sinto a saliva escorrer por meu íntimo e se instalar na entrada. Inspiro o ar com cuidado. Tremendo. Observo sua expressão cafajeste e entendo o porquê da pergunta. Ele sabe que o volume da minha excitação não vem apenas do beijo. O maldito sabe que eu estava me masturbando e quer que eu confesse. Quer ouvir da minha boca que eu me toquei por causa dele e que estou tão molhada porque preciso que ele me foda de uma vez, como ele disse que faria, se eu quisesse. Só porque ele quer ouvir.
Parece que Jeon Jungkook gosta de escutar uma sacanagem.
— Quando você estava no banheiro, eu me toquei...
— Seguiu meu conselho, Policial? — Um sorriso lascivo brota em seus lábios.
— Não foi por causa do seu conselho... É que o cheiro do seu cio, e você tirando a roupa e... O som da sua voz no banheiro...
— Tocou uma siririca enquanto me ouvia no banheiro? Não achei que esse fosse seu tipo de fetiche, Policial... Mas, porra, gostei. — Ele tem que ser sempre tão direto? Meu rosto se afogueia sob seu olhar e ele perpassa o dedo por meu íntimo, desde a entrada até o clitóris. A carícia é gostosa. Reviro os olhos e suspiro. — E você tentou se aliviar assim? — Ele solta minhas virilhas e toca o clitóris com o polegar, massageando-o. Tremo e arfo, jogo a cabeça para trás. É tão gostoso, mas ele para. — Me responda, Policial.
A voz é rígida.
Quando ele deixou de ser o Sr. Jeon gentil e educado e virou esse pervertido?
Que absurdo, eu adorei.
— Foi... — Murmuro excitada.
— Hm... Foi gostoso? — Ele pede a resposta e eu indico que sim, com um aceno. — E assim? — Sr. Jeon desce dois dedos por minha excitação e enfia só o indicador em minha entrada. Tremo antes que ele me estimule, só por senti-lo de alguma forma dentro de mim, e ele sorri. — Calma... Ainda não fiz nada. — Jeon Jungkook roça o dedo devagar pelo canal estreito, encharcado e pulsante. Mantém os olhos concentrados no serviço e morde o lábio inferior.
Não demora a encontrar um ponto mais áspero dentro de mim e o acaricia, primeiro lentamente. Meus olhos se reviram e eu arqueio as costas, mordendo os lábios dentro da boca para não gemer. Solto o ar com dificuldade pelo nariz e ele se deleita com minhas reações. Então, estoca o dedo em meu interior, surrando o ponto áspero, pressionando-o, roçando a ponta do dedo para me estimular. Não consigo sufocar o gemido mais alto e minhas pernas tremem até quase se fechar, em uma estimulação insuportável que despeja uma onda do líquido que me lubrifica e mela toda a mão dele. Sr. Jeon para antes que eu goze e me olha com um sorriso mais dúbio.
— Se masturbou assim, também? — Não consigo responder. — Responda.
— A-assim também... Mas, não era tão... Forte...
— Mesmo assim, parece ter sido gostoso. Queria ter visto... Me mostra? — Jeon inclina a cabeça e curva os lábios para baixo, bem humorado. Pega uma das minhas mãos, com carinho, e a ergue. Analisa meus dedos e os aproxima de seu rosto, cheirando-os. Roça as pontas em seus lábios e sorri, em uma mistura de gentileza e obscenidade. — Agora fiquei curioso... Você gozou muito? Não senti o cheiro quando estava no banheiro. — A pergunta me frustra e eu retorço os lábios. — Essa não é a carinha de quem se satisfez... Não gozou?
— Aish... — Faço uma careta. POR QUE ELE FALAR ESSAS COISAS ME EXCITA MAIS?
— Policial... Estou esperando.
— Aish! Eu estava muito nervosa, porque você estava no banheiro e eu não queria que me visse e aí eu não consegui relaxar o suficiente e você terminou e eu tive que parar antes de gozar e tive que me sentar e cruzar a perna, porque estava molhado e escorregadio e... Aish! A culpa é sua, por isso! Se não fosse tão gostoso, eu não teria ficado desse jeito! — Despejo tudo de uma vez e Jeon Jungkook me ouve, paciente. — Aí eu fiquei... Fiquei...
— Na vontade? Ficou na vontade? — Ele franze o cenho e eu pigarreio. — Bem, se serve como retribuição, nenhuma Ômega sai do meu quarto na vontade, Policial. Nem que eu seja só Voyeur de uma masturbação. — Sr. Jeon desce as mãos pelas partes internas das minhas coxas outra vez, mas não só acaricia. Agora ele massageia com as pontas dos dedos, devagar. — Diga-me, o que eu posso fazer pra te deixar feliz? — Ondas de arrepios sobem pela pele que ele massageia, das coxas para explodir em meu sexo, aquecendo-o.
— Para de brincar comigo e me faz... — Ele sorri e intensifica a massagem em minhas coxas. Não sei que bruxaria ele faz, ou como consegue me excitar dessa forma sem ao menos me masturbar, mas a pulsação no canal vaginal se acelera outra vez. — Eu preciso...
— Ainda não me disse se vai desistir daquela história de não transar no horário de trabalho, Policial. — Sr. Jeon exibe um sorriso sacana e eu reviro os olhos. Posso dar um soco no meu protegido no meio do horário de trabalho? — É melhor me responder, porque essa bocetinha está precisando gozar. — Seus olhos recaem em minha intimidade outra vez e eu engulo em seco. — O que você quer?
Meu coração começa a retumbar no peito.
— Você é mesmo o deus do oral? — Tento arquear a sobrancelha para provocá-lo em minha posição nada favorável.
Ele dá de ombros.
— Já me ofereci, se quiser tirar a prova.
— Eu quero.
Jeon Jungkook inala o ar quente ao nosso redor, me solta e se afasta. Ele salta da cama e se vira para mim, desfazendo o nó do roupão. A peça pesada de roupa cai e o deixa totalmente nu. Sento-me, surpresa, e desço os olhos por todos os detalhes de sua nudez. Minha boca agora saliva ainda mais. E ele estica os músculos, falsamente despretensioso. Ele quer que eu o admire. O Sr. Sexy Esnobe afasta-se de mim e caminha pelo quarto, como se não fosse a personificação da perfeição.
— Vou precisar de uma corda, uma garrafa de conhaque, você inteira e a minha boca. Tira logo esse vestido.
Como é?!
***
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