História Last Hope (A.C.E) - Rápido Demais

Você empurrou Donghun pra longe com o susto. 

— Um devorador! – você apontou para o Z, vindo da mata quase rastejante.

Não havia mesmo um minuto de paz nesse mundo.

— Eu cuido disso – Donghun disse se recompondo.

Ele pegou o martelo que estava jogado ao chão e foi eliminar aquele devorador, ele faria isso com gosto por ter os interrompido assim.

Seu coração batia rápido, uma por ter se deixado levar e outra por ter sido irresponsável, não gostaria nem de imaginar o que poderia acontecer se não tivesse visto a tempo aquele devorador, tinha que se controlar melhor, saber quando e onde começar as coisas, a vida não era mais como um dia ensolarado e um passeio no parque. 

Quando Donghun terminou, ele se virou pra você fazendo uma cara engraçada, ele tinha se sujado o que tinha acabado de vez com qualquer chance que vocês teriam de continuar de onde pararam.

— Eu odeio apocalipses! – ele disse rindo de nervoso, enquanto tentava afastar o cabelo do rosto sem o tocar com as mãos sujas.

— É melhor terminarmos logo de colocar essas armadilhas... – você riu e preferiu voltar ao trabalho.

Dentro da casa. 

— Então, o que faremos aqui? – [F/N] perguntou ao entrar no consultório de Jun.

— Preciso que me ajude a organizar esses medicamentos, quando trouxeram tudo junto nas mochilas, alguns abriram e se misturaram... Já era pra eu ter feito isso antes, mas tinha coisas mais importantes na frente. – ele colocou todos sobre a maca a usando como mesa.

— Oh, essa é a grande tarefa que tem pra mim? – ela questionou entediada só de olhar tudo aquilo.

— É melhor do que não fazer nada, não acha? – a resposta foi como um soco no estomago.

— Tem razão, vou arrumar tudo num instante chefinho! – ela disse afrontosa e Jun tentou relevar.

Ele foi pro outro lado da maca pegou um enorme livro que tinha ali, se sentou e começou a ler. 

[F/N] começou a separar os remédios, mas estava mais intrigada com o que Jun fazia, ele parecia tão concentrando, ela disfarçou se esticando um pouco pra ler a capa do livro e viu que era algo de medicina, o que parecia deixar aquela leitura inda mais chata. Ela separou os medicamentos que estavam fechados e intactos deixando só os que precisava de mais atenção, Jun permanecia em silêncio lendo o livro, até que essa seriedade dele era um chame, ele era um homem bonito, será que sempre foi assim ou o apocalipse o moldou?

— O que? O que foi? – ele disse a olhando por cima do livro.

Mesmo tentando se concentrar em sua leitura ele conseguia sentir ela o olhando.

— Hãm?! Não... nada... – ela voltou a separar os medicamentos.

Ele esperou um pouco e então voltou a folhar o livro. Assim que ouviu a página virar [F/N] voltou a olhar pra ele, mas ele fez o mesmo e seus olhos se encontraram. Ele então abaixou o livro meio injuriado.

— Pergunta logo o quer saber! – ele exclamou.

— Eu não ia perguntar nada, mas já que insiste... – ela deu de ombros – O que ta lendo ai?

— Eu to estudando... – ele respondeu e [F/N] soltou uma gargalhada, mas assim que viu a cara dele ela parou.

— Foi mal, é que... Estudar é a ultima coisa que eu faria no fim do mundo. – ela disse tampando o sorriso com a mão.

— Olha, eu ia ser cardiologista, não um clínico geral, então eu preciso estudar se quiser ajudar as pessoas, uma cardiopatia ou insuficiência cardíaca é a ultima preocupação que temos nos dias de hoje.

Não é porque ele era médico que entendia de tudo. 

— Oh! Eu não tinha pensado nisso – agora ela estava meio envergonhada de ter rido. 

Ele fechou o livro e o colocou de lado.

— Eu não quis ser rude. – ele se desculpou – É que às vezes, acho que não to fazendo um bom trabalho...

Ela o olhou com seus pensamentos distantes e se indagou se ele realmente estava ali, se abrindo com ela.

— Do que ta falando? Se meu pé continua preso a minha perna devo isso a você. – ela tentou ser engraçada pra animar ele um pouco – E quanto ao acampamento, estamos todos bem, então acho que isso faz de você um bom líder.

Ele fez uma careta ao ouvir a palavra "líder".

— Eu não sou líder de nada aqui. – ele apoiou o rosto sobre a mão visivelmente chateado – Eu tento manter todos ocupados para continuarem motivados, mas no fim todos fazem o que querem. Eles não confiam nas minhas decisões, Donghun fugiu no meio da noite pra ir pra cidade e ainda trouxe vocês com ele, sem querer ofender, é claro... Depois ele passou por cima de mim indo atrás desses medicamentos, até o Chan o seguiu.

— Não sei se sou a melhor pessoa pra opinar, mas Donghun só fez o que achou que seria melhor pro grupo e ao meu ver você também, foi apenas um conflito de interesses, tenho muitos com a [S/N]... E quanto ao Chan, ele só é um menino que quer ser necessário e ter um pouco de aventura, quando o assunto é você, da pra notar a admiração que ele tem – ela se segurou um pouco antes de falar - Acho... que agora eu entendo um pouco o porque...

Jun ficou a olhando por um tempo, ele não esperava isso dela, mas suas palavras realmente foram confortantes.

E falando nele, Chan abriu a porta espalhafatoso como sempre, ao ver os dois ali ele deu um sorrisinho diabólico, fechou a porta e foi até [F/N], ele fez sinal pra ela ficar em silêncio com o dedo em frente a boca, então se aproximou colocando algo na mão dela.

— É o último – ele disse baixinho só pra ela ouvir e se virou pra Jun sorrindo. – Hyung! Como você está bonito hoje, alguém já te disse isso? – ele foi desconversando enquanto [F/N] olhava o que ele tinha lhe dado.

— O que está aprontando? – Jun perguntou e ele riu.

— Nada, só vim ver como vocês estavam... o que estão fazendo?

Era um chocolate, estava meio molenga, mas [F/N] riu e o guardou no bolso pra comer mais tarde. Jun olhou para ela esperando que ela contasse qual era o segredinho, mas ela desviou o olhar e continuou a tarefa que lhe tinha sido dada, Chan continuou o perturbar um pouco e depois ajudou [F/N] com os remédios.

... 

Naquela mesma noite você acordou suando frio, se sentou no sofá, sentia seu estomago revirando, você olhou para [F/N] no outro sofá, ela estava toda torta com o pé imobilizado pra fora, mas dormia profundamente. Você respirou fundo varias vezes tentando fazer o mal estar passar, mas só te deu mais ânsia, teve que correr pro banheiro, após colocar tudo que comeu essa noite pra fora, foi até a pia do banheiro se lavar, ao enxugar o rosto você se olhou no espelho muito preocupada.

— O que está acontecendo? – perguntou a si mesma – Eu devo ter comido algo ruim – você tentou se acalmar, mas não lembrava de nada que parecia estranho no jantar de hoje – Ta tudo bem, viu? Já está se sentindo melhor... – seu rosto continuava com uma expressão assustada, então uma questão apareceu em sua cabeça...

Quando foi sua última menstruação?!

Você não conseguia se lembrar e isso te apavorou, você voltou pro sofá no escuro da sala e ficou pensando naquilo.

Na manhã seguinte você pulou o café e assim que sua amiga estava disponível você grudou nela e a arrastou pra bem longe de todos.

— Nossa, o que foi? pra que me puxou até aqui? – ela perguntou estranhando sua atitude.

— Eu precisava falar com você...

— Sobre o que? – ela perguntou olhando pra direção da casa ver se ninguém estava vendo vocês duas.

Você mordeu os lábios nervosa.

— Eu nem sei como dizer, mas preciso dividir isso com alguém, porque eu não sei o que fazer...

— Caramba [S/N], ta me assustando, diz logo o que ta acontecendo.

— Eu passei mal ontem a noite...

— E porque não me acordou? Eu nem vi... – ela te olhou preocupada, você não estava com cara de doente.

— Eu vomitei um pouco e melhorei, então não quis te perturbar.

— Seu estomago está ruim? Nem tomou café hoje...

— Eu to com medo. – suas mãos já estavam suando frio.

— Por quê? Você não ta parecendo doente, já aconteceu antes?

— Não, mas é que... – você achava difícil compartilhar, mas ela seria a única que te entenderia. – Minha menstruação está atrasada.

Ela ficou te olhando sem entender.

— O que tem haver? Olha, porque não foi falar com o Jun? Ele é o medico aqui.

— Ai [F/N]!!! – você disse impaciente – Eu to sem menstruar e vomitei! E-eu acho que... que posso estar grávida! – você concluiu e tapou a boca com a mão se achando a última das criaturas.

Sua amiga franziu a testa e então começou a rir, você não entendeu que graça ela viu nisso, você estava ferrada!

— [S/N]... – ela tentou parar de rir e dizer – Eu não sei o que te ensinaram em casa, mas a gente não fica grávida assim do nada!

Você tirou a mão da boca e fez cara de “Nossa, serio mesmo?!”

— É claro que eu sei disso, néh cabeçuda!

Só agora ela ficou séria e se deu conta da situação.

— Espera, quer dizer que você... – ela que estava chocada agora – Mas quando isso? Não! Espera ai – ela queria fazer um chute - Donghun? – dos homens do acampamento ele era o único mais próximo de você.

Você já não tinha certeza se dizer a ela tinha sido a melhor escolha.

— Só... Aconteceu, está bem?! Quando fomos pra cidade buscar remédios, as coisas foram bem... intensas e a gente acabou “ficando”. Aissh! Agora entende porque eu estou assim?

— E eu achando que de nós duas, você que era a santinha... – ela te deu alguns tapinhas no braço rindo. 

— Já estou arrependida. – você choramingou.

— De pegar o Donghun???

— De ter contado pra você!

— AAAAH claaaaro! – ela riu, você fingiu uma cara de choro e [F/N] parou de zoar – Não, agora sério! Primeiro fica calma, ficar nervosa não ajuda em nada e outra sua menstruação estar atrasada não quer dizer nada. A vida agora não é tão simples como antes, nosso corpo sabe disso e se adaptou, tipo, eu já fiquei meses sem menstruar, é o estresse que mexe com a gente.

— É... acho que tem razão. – você apertou uma mão na outra pensando.

— Mas se ficar na duvida, você sempre pode ir até o Jun e pedir pra ele te examinar, não é da área dele, mas acho que ele deve saber quando alguém ta ou não grávida.

— Nem morta! Ele é o melhor amigo do Donghun, se eu digo algo assim ele vai correndo contar pra ele.

— Tá, mas se você estiver ele vai ficar sabendo mais cedo ou mais tarde.

— Mas se eu não tiver, vou parecer uma louca falando isso porque foi só uma vez e nada mais...

— tem certeza? - ela perguntou maliciosa - Eu vejo vocês juntos pra cá e pra lá...

Nisso veio sua última tarde juntos na cabeça, se aquele devorador não tivesse aparecido... até onde iriam?

— Enfim, você não pode dizer isso pra ninguém ta ouvindo?!

— Minha boca é um tumulo... – ela ficou te olhando e então sorriu – Se quer saber, eu apoio vocês ficarem juntos, ele me parece bem descente e você... já sofreu demais, que bom que lembrou que está viva no fim das contas.

Você pegou a mão dela agradecendo o apoio.

Quando voltaram pra casa Donghun estava saindo e você ficou tensa, como se o mundo soubesse de sua suspeita.

— Ai estão vocês... – ele sorriu e seus problemas pareceu diminuir - Chan tava te procurando, acho que o Jun queria ver seu pé ou algo assim. – ele disse pra sua amiga que te olhou antes de pensar em te deixar, você fez sinal que tava tudo bem e ela foi pra dentro procurar o Jun.

— Já está indo verificar as armadilhas?

— Sim, quer vir comigo?

— Vamos.

Você foi caminhando ao lado dele com seus próprios pensamentos, no caminho encontraram o Chan e disseram a ele que sua amiga já estava com Jun.

[F/N] estava sentada na maca enquanto jun examinava o tornozelo dela.

— Já está bem melhor – ele disse vendo que o corte estava cicatrizando bem - Acho que pra um cardiologista eu me sai muito bem como cirurgião ortopédico – ele riu e sem ouvir resposta de [F/N] ele a olhou.

— Ah, sim, você mandou muito bem. – ela disse disfarçando.

Mas Jun sabia que sempre que ela vinha trocar os curativos ficava o encarando, o que será que ela via de tão interessante nele? Era o que se perguntava.

— Eu não vou mais imobilizar o seu pé – ele voltou ao assunto principal – Não to dizendo pra você sair pulando por ai, mas é bom que já comece a exercitá-lo um pouco.

— Era tudo que eu queria ouvir! Já não aguentava mais ficar arrastando ele por ai.

— Seja gentil com ele mais algumas semanas e estará de volta á ativa. – Jun recomendou enquanto terminava de apenas cobriu o local com uma atadura leve.

— Mal posso esperar pra ver a cara de todo mundo quando eu chegar sem a tala. – [F/N] disse empolgada e pulou da maca pra sair.

— C-Cuidado! – Jun na hora reclamou – O que foi que eu disse sobre ser gentil!?! 

— Ta bom, foi mal. – ela saiu pisando um passo de cada vez pra mostrar a ele que seria responsável e ele se questionou se foi uma boa decisão a deixar solta assim.

Na varanda Chan a aguardava, o vendo ali ela saiu fazendo pose.

— Oi garotinho. – ela brincou com as mãos na cintura e o pé que estava livre agora apontado pra frente, ver se ele notava algo.

Ele riu e logo viu que ela estava sem a tala.

— Uau, achei que ia levar mais tempo pra se curar. – ele ficou olhando o tornozelo dela e algo pareceu errado.

— O que foi? Não gostou de me ver livre assim? – ela o provocou e ele olhou pra fora coçando a cabeça. – Ei, o que foi? – ela insistiu se aproximando dele.

Ela se escorou no peitoril da varanda ao lado dele e esperou a resposta.

— É que eu achei que teria mais tempo...

— Mais tempo pra que? – ela quis saber e ele a olhou rindo.

— Mais tempo pra entrar no seu coração e te convencer a ficar com a gente. – agora ela tinha entendido – Você disse que só ficaria até se recuperar...

Ela bagunçou o cabelo dele.

— Você é um bobo, sabia? – ela riu. A verdade é que ela não tinha mais pensado em ir embora, mas não ia admitir assim tão rápido. – Bem, Jun disse que ainda vai levar algumas semanas pra que fique cem por cento, então... você ainda tem alguns dias pra me convencer a ficar.

Ele sorriu.

— Desafio aceito! – Chan esticou a mão pra selar o trato, mas [F/N] só jogou um charme e saiu.

[...]