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Last Kiss - Beijo


Escrita por: NikkySeven

Capítulo 3 - Beijo


É claro que Peter fez exatamente o que Dahlia disse. Nos dias que vieram ele sempre dava um jeito de puxar algum assunto quando a via na cafeteria. Nos primeiros era apenas para saber como ela estava e os planos para o dia, depois, estavam até falando dos traumas de infância um do outro. Dahlia sempre ria dele quando se lembrava que o mesmo tinha certo medo de gatos; ela já tinha até mesmo perdido o habito de cumprimenta-lo com educação; tornou- se um habito já chegar na cafeteria se apoiando no balcão e o encarar pronta para implicar.

— Sério, logo gatos? – A ruiva indagou, estava corada de segurar o riso.
É algo incontrolável. – Se explicou em um número incontável de vezes. — E não é medo, apenas prefiro manter certa distância, como se fosse uma alergia. 

— Mas é medo... – Comentou baixo e pausadamente o fazendo encara-la.

— Você não vai parar, não é? – Rendeu-se cansado a implicância.

— Não mesmo. – A ruivinha negou com a cabeça e um semblante travesso, ele sorriu. — Então... Como vai ser com o meu gato? – Indagou curiosa e também o deixando curioso já que ela nunca havia mencionando a existência de um gato. 

— Você tem gato?

— Hm... – Ela pensou com o indicador apoiado na boca. — Não necessariamente... É uma tatuagem de gato. – Deu de ombros.

— Tatuagem?! – Peter subiu e desceu os olhos por ela procurando qualquer sinal de tatuagem nas partes do corpo que estavam descobertas. Foi em vão. — Aonde?

A ruiva riu de forma ainda mais travessa. — Bom, não é em um lugar necessariamente fácil de se mostrar. Quem sabe um dia você não vê?

Terminando  sua última xicara de chá, ela foi embora da cafeteria deixando um Peter curioso e perplexo para trás, além disso, ainda o deixou pensativo pela frase “quem sabe um dia”, então, de fato, haveria um dia que eles ficariam íntimos assim?

Oh, Peter, pare de ser pervertido! Repreendia-se enquanto tentava se convencer que estava sendo apenas curioso.

Daquele dia em diante não houve um único em que ele não a olhasse de uma forma diferente e se perguntasse onde diabos ela teria uma tatuagem, em diversos momentos se perguntava se seria muito errado lhe pedir para mostrar, afinal, amigos confiavam em amigos; e mais uma vez se repreendia por saber a verdade sobre não ser só por amizade a tal curiosidade que tinha a respeito disso.

Quanto mais o tempo passava, mais coisas eles estavam fazendo juntos. A rapidez com a qual ficaram próximos era difícil de explicar. Tinham química, conexão. Era uma amizade diferente para ambos.

Havia dias na semana que Peter até chegava mais cedo ao café só para poder acompanhar ela durante a refeição; e com essa rotina, o rapaz notou que ela logo foi deixando a leitura de lado, e bem, não queria sentir que estava atrapalhando a garota com quem passava todo o tempo, ainda mais em algo que ela sempre se dedicou tanto em fazer, e isso era um tipo de assunto constante em suas trocas de mensagens tarde da noite quando já deveriam estar dormindo.

Dahlia:    Mas    eu    já    disse    que    gosto    quando conversamos. -.-‘

Peter: Tá, tá, mas você quase não tem lido mais.

Dahlia: Que você veja! Ò.ó

Peter: Você pode, por favor, parar de me mandar carinhas bravas? Estamos apenas conversando.

Dahlia: Você pode parar de achar que está me incomodando? -.-‘

Peter: Realmente... realmente não estou?

Dahlia: Não, Peter. - Enviou uma foto de um livro aberto sobre as pernas - viu? Eu leio antes de dormir, e eu trabalho em uma livraria O DIA TODO, o que acha que eu faço quando estou sem clientes? IDIOTA! xD

Peter: rsrsrs... Tudo bem, tudo bem, cabelo de morango. Estou convencido.

Dahlia: ^.^ Teimoso!

Ele sorriu com aquela última mensagem e a carinha mandada, Peter podia passar a noite inteira relendo as trocas de mensagens. Sua amizade com ela tinha chegado naquele nível onde mandavam fotos engraçadas um para o outro, ou, dos clientes estranhos que passavam o dia atendendo. Tornou-se uma agradável rotina.

Depois desse tempo, Peter também passou a acompanhar Dahlia depois do trabalho, constantemente ela passava da hora na livraria, isso porque, ou os clientes apareciam de última hora – como o próprio Peter uma vez – ou alguns que distraídos perdiam a hora lendo, Dahlia entendia perfeitamente o segundo tipo já que era um deles, ela costumava até ter olheiras por sempre dormir pouco devido as leituras; já tinha até mesmo perdido a conta de quantas vezes acordou com o livro na cara.

Essa inconstante em seu horário de trabalho fez com que Peter quase que diariamente a buscasse e levasse até a estação. Mas quem ele achava que estava enganando? No fim das contas, só queria mesmo passar mais tempo com ela, e pelo jeito como se animava ao vê-lo todas as noites parado em frente a livraria, ela com certeza também gostava de passar mais tempo perto.

Algo entre eles estava acontecendo. Era mais do que conversas animadas ou curiosidades um do outro, era mais do que tomarem café juntos ou andarem pelas ruas devagar aumentando o tempo do lado um do outro até a estação. Era mais. Era um sentimento de felicidade quando viam o “bom dia” trocado no celular mesmo sabendo que se veriam em pouco tempo no café, ou o “boa noite” na mensagem mesmo depois de terem se despedido pessoalmente, era o fato dele ter reparado em como havia sardas não só em torno do nariz dela, mas por todo o rosto, só eram claras demais, era o fato dela ter reparado que os olhos pretos dele quando ficavam diretamente na luz do sol tomavam um tom avermelhado, se perguntando se aquilo era algum tipo de característica genética ou problemas de visão que ele poderia vir a ter no futuro. Então era mais. Era a sensação de paz que ele tinha quando ficava sentado com ela apenas a vendo ler, era a sensação divertida que ela tinha quando o via estudando física e chegar a ponto de virar todos os papeis de cima da mesa repetindo um “eu desisto dos números”. Ele não era mesmo um cara de exatas.

Não deveria ser, mas estava se tornando romântico. Peter já nem mesmo pedia para seu coração parar de bater mais forte quando estava perto dela. Cada vez que a mesma o olhava e abria o sorriso com as covinhas, ele pedia ao Deus que estivesse o ouvindo que fizesse dele o dono daquela expressão.

Por mais de uma vez eles iam ao píer que tinha na saída da cidade, sempre depois do trabalho de Dahlia quando era mais tranquilo e eles podiam apenas sentar um do lado do outro, conversar sobre o seu dia, ler, ou, só ficarem calados observando a tranquilidade do mar, a intimidade que adquiriram um com o outro lhes dava a liberdade de até mesmo do silencio compartilharem.

O cheiro salgado da água fazia com que Dahlia suspirasse profundamente enchendo os seus pulmões de tal jeito que conseguia sentir o gosto de sal na boca. Ela sorria enquanto Peter a observava e oferecia seu ombro para que a mesma se apoiasse, e era exatamente o que a ruiva fazia se sentindo tão à vontade; envolvia seu braço ao dele e deixava que sua cabeça descansasse sobre os ombros do rapaz.

— Eu sempre gosto quando a gente vem aqui, Peter. – Ela disse em tom confesso o fazendo sorrir de forma discreta.

— Eu também gosto... – Respondeu simples para logo depois a olhar – Não trouxe nenhum livro hoje?

Dahlia ergueu o rosto apoiando o queixo sobre o ombro dele retribuindo a forma de olhar — Sempre trago. Estão na mochila, mas hoje eu só quero poder ficar mais quieta e apreciar a paisagem.

— A paisagem que é sempre a mesma? 

— Não importa que seja sempre a mesma. O que importa é ter com quem compartilhar.

Peter não podia negar o quanto havia gostado de ouvir aquilo, era sinal que assim como ele, ela também gostava de sua companhia e se pudesse estenderia noite a dentro. Ambos voltaram a olhar para o horizonte, o suave vento fazia com que cruzassem as pernas e se juntassem mais. Talvez por uma proteção boba, eles não admitiam, mas aquilo era romântico. Por que eles nunca falavam de romance então?

— Ei, Dahlia, qual seu livro favorito?

Ela riu imediatamente — Não se faz esse tipo de pergunta para uma amante de livros.

— Eu sei, eu sei. – Riu no mesmo instante. — Mas tem algum que você sempre repete?

Por um momento ela pensou, viajando nas lembranças de cada leitura feita — Bem... Não é um livro que eu sempre repita, sabe? Mas tem uma história, conto, lenda, como quiser chamar, que eu sempre leio e me encanta. Fala sobre o Kintsugi, conhece?

— Bem... – Ele a olhou um pouco perdido, não era a primeira vez que escutava aquela palavra, mas também não tinha escutado vezes o bastante para saber — De certa forma, eu... Tem a ver com restauração, certo? – Deu de ombros.

— Nossa, Peter. – Dahlia afastou a cabeça do ombro dele e o encarava incrédula — Você é péssimo!

O rapaz apenas riu passando uma das mãos pelo cabelo — Não me culpe por não entender tanto de arte. Apenas me conte sobre o que é e porque te causa essa vontade de sempre reler.

Rapidamente Dahlia se animou, até o soltou para poder se sentar de frente para ele e assim gesticular melhor tudo o que havia lido e discursaria. Peter com toda a atenção que tinha a ela, apenas apoiou os braços sobre os joelhos dobrados, enquanto ela mantinha as pernas dobradas de lado e um sorriso contagiante no rosto.

— O kintsugi é sim uma arte de restauração, nisso você está certo. – Peter deu um sorriso vitorioso com a afirmação dela, que por sua vez revirou os olhos — Não é só isso! Sabe aqueles vasos de porcelanas com riscos dourados que vemos em documentários e museus, de imperadores e coisas antigas assim? Normalmente em países da Asia... Então, a maioria são vasos que se quebraram e foram restaurados com uma cola que se fazia na época e continha pó de ouro. Eram artefatos especiais e muito caros, não podiam simplesmente serem jogados fora. Então colocavam ouro em tudo! Essa arte por si só já torna item mais precioso, e com isso, também único. – Dizia de forma didática — E no livro que eu li, o significado profundo seria como “A arte de restaurar e valorizar a história”.

— A primeira parte eu entendi perfeitamente, já o significado, eu não entendi não. Melhor continuar explicando. – Admitiu em genuína sinceridade dando de ombros e fazendo a ruiva dar uma risada.

— Bom, significa que nossas vidas são como esses vasos de porcelana... – Dahlia nesse momento desviou os olhos por sobre os ombros de Peter com as mãos apoiadas atrás de si. — Delicada, bonita... E cada decepção que temos é como se uma parte fosse quebrada, mas no lugar de simplesmente desistir daquela peça, que seria a vida, nós a reparamos valorizando com ouro cada uma dessas fissuras, deixando algo que quebrou belo e indicando a experiência e sabedoria que adquirimos. Além de tornar uma peça única, assim como nossa vida e existência. Afinal, mesmo que tivéssemos um gêmeo, ainda seriamos apenas um de nós mesmos. – Dahlia o olhou com um sorriso fechado, a forma de falar dela era quase poética e hipnotizante para Peter. — A arte de colagem com ouro nada mais é do que tornar mais bonito algo que não precisa ser perfeito. Afinal, se toda vez que formos machucados a gente substituísse as pessoas, que tipo de valor e sabedoria teríamos? É uma coisa passada de geração para geração.

Depois daquilo o silêncio estendeu entre eles e Peter poderia passar o resto da noite a ouvindo.

Enquanto ela parecia admirar a água tranquila do mar ao lado de si, ele observava a forma como o vento mexia com as pontas do cabelo a fazendo constantemente piscar pelos fios em seus olhos. E a admirando, se perguntava o quanto de ouro deveria ter na vida de Dahlia; será que alguém já havia a decepcionado muito? Será que alguém a estava decepcionando agora para ela lembrar tão bem de tal significado? Ou será que ela era apenas incrível demais que o fazia sentir um sortudo por poder ouvi-la daquela forma? Céus, ele já não sabia, mas lá estava ela, puxando o cabelo para trás da orelha e fechando os olhos suspirando novamente todo o cheiro salgado do mar que os rodeava. Ela era tão linda que parecia uma visão.

— Peter... – Ela o olhou depois do longo silêncio. — O que acha da França?

— Clichê. – Respondeu fazendo pouco caso.

— Clichê? – Dahlia estava tão séria que seu tom quase sobressaiu. — Acho bom ter uma boa explicação.

Peter riu passando a destra pela nuca. — É como se fosse o único lugar na Europa incrível de se conhecer. O que tem demais lá?!

— Como assim, Peter? – A ruiva cruzou as pernas a frente do corpo imitando a posição dele e passou a numerar nos dedos. — Torre Eiffel, Museu do Louvre, a Catedral de Notre-Dame, o palácio de Versalhes! Não é clichê.

— Você disse todas as coisas que faz de Paris um lugar clichê. E eu não sabia que você era uma especialista francesa.

— É romântico, e lindo! Na verdade, um ótimo lugar para uma lua de mel. – Conclui com rapidez.

— Sendo assim, já que faz tanta questão. – Suspirou. — Vou arrumar um bom emprego e te levar para lá na nossa lua de mel, uma semana é o bastante para conhecermos todos esses lugares?

Dahlia encolheu os ombros e riu animada como uma criança. — Oui, oui! Estarei ansiosa esperando pela nossa lua de mel então, mas... antes de nos casarmos deveríamos namorar.

— Uhm... Tem razão. – Peter se levantou de seu lugar e se colocou sobre os dois joelhos a frente dela. — Espera, cadê... – Ele passava as mãos pelos próprios bolsos em busca de algo; Dahlia o olhava sem entender. — Ah, isso aqui vai servir. – Disse a olhando enquanto puxava de seu punho uma de suas pulseiras de metal para ela. — Na falta de uma aliança... – Suspirou. — Dahlia Evans, quer ser minha namorada?

Dahlia não se conteve e riu, colocando-se também sobre os joelhos e com o punho estendido a ele. — Aceito, Peter Edwards.

O rapaz ria enquanto colocava no punho dela a pulseira. — Então somos namorados. Próximo passo é o casamento e depois a nossa lua de mel.

O clima leve e divertido fez com que Dahlia encarasse por alguns segundos a pulseira que havia ficado ligeiramente larga em seu pulso. Ela o olhou ao erguer o rosto e sorriu, arrastou-se mais um pouco sobre seus joelhos e parou quando viu Peter sustentar uma expressão séria ao perceber o quão perto eles estavam. Mais uma vez tinha lhe invadido o espaço pessoal sem qualquer cerimonia ou aviso. Para ela significava um rápido ato de coragem.

— Ei, Peter... – Ela o chamou baixo. — Não é agora que você deveria me beijar?

— Te beijar? – Indagou surpreso.

Aquilo estava mesmo acontecendo? Por algum motivo que Peter não pode explicar, era como se todo o perfume dela estivesse embriagando seus pensamentos. A presença dela, a forma doce como ela o olhava. Alguma vez ela já o tinha olhado assim? Realmente queria ser beijada por ele? A atitude seguinte respondeu essa pergunta...

Dahlia estendeu suas mãos pelo peito do rapaz, arrastou até sobre os ombros e fechou seus olhos deixando que seus lábios estivessem tão perto dos dele que o mesmo pudesse sentir a troca de respiração que tinham. Então ele se aproximou, verdade ou não, brincadeira ou não, ele a beijaria. E seu coração estava tão fora de si que estava exatamente igual ao dela.

Espera, igual ao dela? Ele sorriu, então acabou que foi o coração dela que entregou o que a mesma sentia e não o dele, mas tudo bem, estava bem, o dele também estava gritando que a queria.

Era como se fosse o primeiro beijo do Peter, as mãos indelicadas de quem jogava basquete na escola se tornaram gentis ao envolver a cintura de Dahlia, o corpo mais robusto curvou ao dela até que pudesse enfim fechar sua boca na dela em um toque quase magistral. Então assim era a sensação de beija-la?  Pensou enquanto seus olhos fechavam e seu maxilar movia sem pressa fazendo com que sua boca abrisse e fechasse em um encaixe e desencaixe único, as línguas pediam passagem ao mesmo tempo, e sem a mesma pressa de seu coração, Peter lentamente permitia e buscava por tal contato, entrelaçando e acariciando deixando ambos os lábios úmidos. As mãos de Dahlia subiram até a nuca dele, o abraçou enquanto sua boca alternava a posição do beijo com a dele, e ele lhe apertou a cintura em um abraço correspondido trazendo-a para junto de si. No ato final, eles suspiraram encerrando em um longo e encaixado selinho... Os dedos de Dahlia acarinhavam a nuca de Peter, ele por fim abriu os olhos e pode olha-la. Ela estava tão corada que não podia negar o quão mais linda estava.

— Estamos mesmo namorando? – Ele perguntou baixo enquanto seu nariz acarinhava o dela.

— Sim, estamos mesmo namorando. – Respondeu singela finalmente o olhando. — Me perguntava quanto mais tempo demoraria para perceber o que eu sinto.

Ele sorriu. — Eu percebi agora. – Sussurrou enquanto deixava sobre a testa dela um demorado beijo.

— Valeu a pena esperar.

Fim do Flashback.


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