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História Laura - O' Children


Escrita por: LadyLivl

Notas do Autor


Uma dança antes de tudo acabar.

Capítulo 2 - O' Children


Fanfic / Fanfiction Laura - O' Children

Pass me that lovely little gun

My dear, my darting one

The cleaners are coming, one by one

You don’t even want to let them start

 

— Delilah! Para com isso, já é a terceira vez!

— Quando você aprender a fazer uma fogueira que preste, Tomás, quem sabe eu não paro de apaga-la.

— Mas eu estou fazendo! – o menino de cabelos curtos e castanhos exclamou, estalando os dedos e jogando uma pequena chama de seu poder para os galhos.

Delilah balançou a cabeça, e num assopro, apagou a chama com seus poderes. — Chama isso de fogueira? Isso não é uma vela, Tomás! Como vamos assar os marshmallows sem uma fogueira decente?

— Sua burra, o fogo vai espalhar aos poucos.

— Idiota, está ventando, vai apagar!

— Claro que vai apagar, você está apagando!

— Sabe o que eu vou apagar? Esse seu cabelo lambido ridículo.

— E eu vou pôr fogo nesse seu traseiro gordo!

Rictor surgiu com Tamara atrás dele, a garota usava a super força para carregar todos os troncos que ele havia juntado.

— Chega vocês dois! Não se cansam desse joguinho de fogo e gelo?

— Nós não-

— Foi ela que-

— Eu não quero saber. — Rictor ergueu as mãos pra cima, frustrado. — Está tudo pronto e eu não vejo fogueira. Delilah.

— Ah, ‘tá bom, parei. MAS, a culpa não é minha, que fique bem claro!

— Obrigado.

Laura observava a cena de longe com um raro sorriso, os dedos brincando com o metal em volta do pescoço, o pingente escondido embaixo do suéter azul escuro que usava. A dog tag de seu pai vivia com ela agora, e a carregava com orgulho.

Haviam vagalumes sobrevoando as tendas, como estrelas. Na primeira semana no Éden, tinha ficado tão encantada com as luzes se movimentando no ar que pegaram muitos em garrafas de vidro. Eles eram raros nessa época do ano. Não demorou muito tempo para a mutante perceber a ironia e soltar os insetos.

— Ei Laura! Laura! – o sotaque americano surgiu por trás dela, fazendo-a girar de susto. — Ah desculpe! Eu estava te procurando.

— Tudo bem, Megan. Sua mãe me disse.

Ela era como um raio de sol, iluminando onde quer que passasse, e não devia ter mais que 7 anos. A maldade humana ainda não havia a destruído.

— Eu estava te procurando! – a menina repetiu com um sorriso enorme, mostrando a falta de um dentinho de leite e se inclinando com os braços abertos. Laura arregalou os olhos.

— Er, espera Megan, não-

Tarde demais.

Dando um tapinha em suas costas, Laura logo se desvencilhou do abraço o mais gentil possível.

— Ok, acho que já chega, né pequena! O que você queria?

— Bobby, as meninas e eu vamos caçar vagalumes perto do rio! Quer vir com a gente?

— Perto do rio? Erik concordou com isso? – franziu o cenho, afinal o pai da pequena era muito protetor, já era tarde da noite e o rio tinha correntezas fortes.

— A mamãe deixou. – balançando as madeixas loiras, Megan deu de ombros. — E então? Vem com a gente?

Amava vagalumes, mas prende-los? Nem que para admira-los, ela sabia como era ser presa e não gostava.

— Acho que vou ficar na fogueira hoje, mas obrigada, hermosa.

Grande parte do acampamento se encontrava na fogueira, que era afastada das tendas e do casebre onde a família de Megan vivia. Era estranho pensar que, de todos, Megan era a única que não era órfã, já que até mesmo seus pais só tinham um ao outro.

As risadas com as piadas de Jonah eram altas, não que fossem boas, eram péssimas, mas a cara que o garoto fazia quando todos se entreolhavam era hilária.

— Um bêbado estava atravessando a rua...

— Outra de bêbado não, Jonah! — Tamara reclamou.

— Cállate que el Mestre está hablando. — ele respondeu em espanhol, coisa que só faziam entre si já que a outra metade do acampamento falava apenas inglês.

— Mestre? Essa é boa.

— É meu nome de herói.

— ‘Tá mais pra nome de vilão. — Jackson arqueou as sobrancelhas.

— Ou bobo da corte. — Tamara provocou.

— Ele bem que podia usar a designação que deram pra ele. — Rebecca comentou.

— Eu não vou sair por aí sendo chamado de X-9!

— É melhor do que Mestre. — Jackson voltou a dizer.

— É nome de traidor! — Jonah ergueu os braços exasperado.

— Que bobagem, a gente chama a Laura de X-23 e ela não reclama por isso. — Rebecca disse, fazendo o garoto a olhar incrédulo.

— Não reclama?! — Jonah indagou, voltando-se para Laura, que apenas deu de ombros. — Ah, mas não é justo, X-23 é a melhor designação ever! Não dá nem pra comparar.

— Quer saber porquê temos nomes de verdade? É para sermos chamados por eles. Não importa designação, nome de herói ou traidor, pois não vamos precisar disso enquanto estivermos aqui. — Rictor disse com um sorriso esperto. – Agora Jonah, pode voltar com aquela piada por favor?

— Poxa, não sabia que gostava tanto das minhas piadas.

— Não gosto, só quero que acabe logo essa tortura.

Todos riram e Jonah revirou os olhos.

— Como eu dizia, um bêbado atravessa a rua, — voltou a contar. — Um carro passa e buzina: Bip bip! O que o bêbado responde? Exatamente, “é eu também bibi muito!”

Silêncio.

— Pelo amor de Deus, essa é a pior! Chega! — até mesmo Erik não aguentava mais. O marido de Grace se levantou do tronco e foi para perto da fogueira, segurando Jonah pelos ombros. — Ao invés de piada, eu tenho uma proposta melhor.

— Por favor, não diga charadas. — Tamara emburrou a cara, e o homem riu.

— Não, sem charadas. — ele prometeu. — Quem quer ouvir uma história sobre os X-men?

Todos exclamaram admirados, e o homem começou mais um de seus tão conhecidos contos.

Laura permitiu-se desligar-se da conversa em segundos, desinteressada. Amava seus quadrinhos, mas desde que fugiu da Transigen, as histórias pareciam tão distantes que chegava a doer.

“— ...não vamos precisar disso enquanto estivermos aqui.” A voz de Rictor ressoava em sua mente. Ele estava certo. Ela precisava seguir em frente, não podia- Que droga! Já conseguia sentir as mãos começarem a suar e não tinha nada a ver com a fogueira, a ansiedade crescendo em seu peito.

Respirou fundo, aguçando os ouvidos como fazia todas as noites, a procura de qualquer som que não fosse natural. Qualquer perigo.

Avistou a senhora Siryn andando à passos lentos e mancos na sua direção. Era uma mulher ruiva com cerca de 60 anos que preparava a comida e às vezes, preparava alguma brincadeira com Grace para as crianças.

— Puedo? — ela perguntou apontando para o pedaço de madeira ao lado de Laura, que assentiu, estranhando a ação da senhora. Elas nunca se falaram antes.

O olhar de Rictor caiu sobre elas, e Laura sorriu mostrando que estava tudo bem. Ele assentiu com a cabeça, antes de voltar a atenção para Delilah e Tomás, que discutiam novamente sobre algum assunto bobo.

— Tú eres igual a él. — Siryn continuou em um espanhol muito carregado de sotaque americano. —  El Logan.

— Qué? — a mulher riu, fazendo muitas marcas de expressão surgirem ao redor dos olhos. — Conheceu meu pai?

— Ora, não é que você fala a minha língua!

— Conheceu meu pai?!

A mesma insistência, a mais velha pensou consigo mesma.

— Foi há muito, muito tempo. — ela contou. — Eu devia ter uns 13 anos quando o conheci, vivíamos na mesma escola. Era como aqui, sabe? Todos nós como uma família, Charles, Vampira, e a Jean...

— Os X-men!

— Isso.

Laura estreitou os olhos curiosos.

— Seu nome não é Siryn de verdade.

— Foi o nome que me deram, é verdade. Mas também foi o nome que eu escolhi.  Há uma diferença entre ser chamada e se chamar. Como você, X-23 e Laura. Uma arma e uma criança. Uma mutante. — comentou, a expressão como que triste, o porquê Laura não sabia. — Como você gosta de ser chamada?

— Não importa como sou chamada, no final eu sou a mesma pessoa.

— Você é? — ela arqueou as sobrancelhas. — Ou ainda está tentando se encontrar?

A mexicana ignorou os pensamentos reflexivos, e perguntou:

— Qual seu nome?

— Theresa.

— Theresa... Theresa e Siryn.

— Já não sou Theresa há muito tempo, nem meu pai me chamava assim. Ele foi um X-men também, sabe.

— Oh... espera, por que a senhora está me contando isso? Não acho que os outros sabem quem você é. — a garota olhou ao redor rapidamente, levemente desconfiada. Siryn assentiu.

— É, pra eles eu sou apenas a cozinheira, mas Grace e Erik sabem quem eu sou, de onde eu vim... na verdade, foi ele quem me encontrou.

— Você estava fugindo?

— Presa.

— E ele te salvou?

— Oh não, ele estava preso comigo. — os olhos da senhora vagaram pelo nada. — Uma base de experimentos desse tal Rice que tanto falam... eles queriam meu gene.

Sabia que Grace era mutante, a própria havia se apresentado assim quando se conheceram, e a pequena Megan era muito jovem para ter poderes. Erik no entanto, nunca havia dito uma palavra sobre o assunto; haviam rumores entre os mais velhos, é claro.

— Ele é um clone? — Laura fitou o pai de Megan através da fogueira, ele brincava fazendo passos de dança.

— Somos todos clones aqui, querida. — Siryn disse tristemente. — Eu só tive sorte em encontrá-los.

Laura franze o cenho, absorta em pensamentos. Todos clones. Todos filhos do passado tentando viver um futuro.

— Estou louca para comer marshmallows novamente! – Siryn exclama animada. — Tomara que o grupo A não demore tanto...

O grupo A, também chamados de limpadores, eram alguns jovens que iam até a cidade em busca de alimento e itens básicos. Eles “limpavam” os mercados, trazendo todo o “lixo” para casa. Ela não os via muito, e sendo os primeiros a se refugiarem com a família de Megan, eram muito unidos. Alguns, arrogantes até. Principalmente Lance Alvers.

O rapaz bateu de frente com Rictor logo no primeiro dia no acampamento, e se não fosse pela interferência de Grace, uma briga talvez tivesse se iniciado. Não que Laura se importasse em uma briga, seus instintos estavam loucos para serem usados e cravar as garras em alguém. Por Rictor, faria com prazer. A interferência de Grace a fez recuar, não sabia o que era, porém já respeitava a mulher antes mesmo de conhecê-la completamente.

— Do jeito que o Unus anda no mundo da lua, talvez demorem né? — Syrin voltou a comentar, numa tentativa de puxar assunto, e Laura quis se bater. Por que era tão difícil para ela ser legal?

Continue agindo assim e chegará o momento que ninguém mais vai te suportar, a voz de Logan reverberou em sua cabeça, fazendo-a apertar as mãos em punho.

— É, Unus anda muito aéreo mesmo. — forçou-se a concordar, numa tentativa falha de ser... legal.

Unus também era parte do grupo A, um rapaz nervoso com o poder de ser intocável, junto dele, tinha os garotos gêmeos de pele rosa e nome esquisito que Laura não se importava em lembrar e uma garota com poderes aquáticos que era namorada do velocista do grupo.

Com a cabeça baixa, demorou para perceber a mão estendida em sua direção.

— April, o que é?

— Erik trouxe um aparelho de som. — os olhos puxados da amiga brilhavam em alegria. — Música, Laura!

Ela fitou atrás da garota, muitos de seus amigos faziam uma roda e tentavam passos de dança através da melodia que começou a tocar.

— E você espera que eu...?

— Ah por favor! Até o Rictor está dançando.

Ser legal.

Ela podia fazer isso. Eles eram seus amigos há quanto tempo? Muito tempo! Desde as fraudas.

Seja legal com seus amigos. Ou os afaste, guria.

— Eu não acho que-

— Ela vai sim. — Siryn se ergueu ao seu lado, puxando a garota. — Vamos requebrar este esqueleto de adamantium, menina!

April caiu na gargalhada quando a senhora deu um tapa nas nádegas de Laura, que a encarou com os olhos arregalados, mas não conseguiu não sorrir de volta.

— Siryn, me daria a honra? — Erik estendeu a mão.

— Que cavalheiro você está hoje, Vermelho. — ela aceitou e ambos começaram a valsar de maneira engraçada.

Gideon riu, o rádio em seu colo. Delilah e Tomás finalmente fizeram uma trégua e flocos de gelo e quentura podiam ser sentidos quando eles passaram valsando, numa tentativa boba de imitar Theresa e Erik. Jamaica e Erica usaram os poderes em conjunto e flores coloridas brotaram na areia seca ao redor da fogueira. Joey as parabenizou, colocando cada braço ao redor delas.

— Children! — Rictor cantarolou batucando com um pedaço de madeira num balde. — Lift up your voice!

— Lift up your vooooooooice! — Jonah se jogou no chão exageradamente, fazendo todos rirem.

April tocou a ponta de seus dedos, a rodopiando como uma bailarina. Laura fez o mesmo com ela, observando como os cabelos escuros da amiga voavam com a breve brisa.

— Rejoice... — April cantou, e foi tão bonito que Laura não conseguiu não acompanhar e cantar junto:

— Rejoice.

Jackson ergueu a mão para cima e pequenas luzes saíram de seus dedos. Sob a luz da lua, os poderes do menino eram como se fossem as próprias estrelas... ou até mesmo vagalumes. Todos pararam um momento para observar admirados o resultado. E assim, Laura percebeu que estava feliz.

Talvez, com a ajuda de seus amigos (e muito esforço mesmo!), ela pudesse ser legal sempre. Rodar, cantar, rir, ouvir a areia vir de encontro com seus pés... não era perfeito e de algum modo, era. Podia ser.

Talvez April estivesse certa, talvez o acampamento pudesse mesmo ser Éden.

E então, como tudo tão fácil ficara feliz e colorido, obscureceu-se de repente. Começou com um ruído entre a melodia. Galhos sendo quebrados, respiração ofegante. Podia estar entre eles, é claro. Mas o olfato defendeu a teoria, quando o cheirou do sangue chegou as narinas de Laura.

Ela parou de rodopiar no mesmo instante, procurando desesperadamente a direção.

— Laura, o que foi? — April, ainda segurando sua mão, perguntou confusa.

— Para.

Havia outro som também. Som de motores.

— Para! Parem! — a garota falou, não sendo ouvida. — Parem, parem! SILÊNCIO!

Todos pararam, a encarando como se fosse louca.

— O que está ouvindo? — Rictor se levantou, a expressão em seu rosto mudando drasticamente.

Cheiro de gasolina.

Fechando os olhos, a garota apurou os sentidos.

— Tem alguma coisa...

Ergueu a mão, em direção a algumas árvores. O som se aproximava e logo todos perceberam que chegava alguém.

Do mato, a silhueta surgiu. Laura demorou para reconhece-la. Era a garota com poderes aquáticos do grupo A, sua pele morena suja e com tanto sangue que não se sabia dizer qual era o dela e qual não era.

— ARIEL?! — alguns começaram a gritar, se aproximando.

— Ariel! O que aconteceu?! — Siryn exclamou. — Cadê o Pietro? Onde estão todos?

A jovem pareceu chorar quando exclamou:

— O Angelo nos traiu!

Unus, de alguma maneira, o nome mutante do garoto surgiu em sua mente e Laura se lembrou em amargura.

Pólvora.

Armas carregadas.

Soldados.

— CORRAM!

Hey, little train! We are all jumping on

The train that goes to the kingdom

We’re happy, ma, we’re having fun

And the train ain’t even left the station


Notas Finais


CONSEGUE VER MINHA CARA DE LUA DAQUI, ARIELSA?
Theresa Cassidy, a Siryn, pode ser vista em X-men 2. É ela quem acorda todo mundo da Mansão X quando os soldados do Stryker atacam.
Esse Erik NÃO é o Erik Lehnsherr! Fiz de tudo para ficar bem claro.
E temos um Pietro. Hehe, não se animem. Podem imagina-lo como o Aaron Taylor Johnson.


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