História Lauren e Camila - Trilogy - ADAPTAÇÃO - Parte 26

Camila me deixou ir na frente, entrei no quarto e ela fechou a porta após entrar também, eu estava sem jeito e não sabia como iniciar aquela conversa, eu estava ainda de costas para ela, olhando seu quarto, não tinha reparado bem da última vez que o vi, as paredes estavam repletas de frases de músicas, notas musicais e patas de cachorro marcadas, provavelmente do Ringo. Clara então quebrou o silêncio dizendo com uma voz fria que me congelou por dentro.

-O que você pensou estar fazendo quando resolveu vir até aqui sem um convite?.

Reparei em seu rosto, apesar da sua expressão fria, ela tinha uma tristeza em seu olhar, e seus olhos estavam inchados, provavelmente ela não blefou quando disse ter chorado.

-Preciso de um convite para adentrar a casa da minha namorada?. -Falei num tom sarcástico, quase divertido.

-Ha ha ha. -Ela riu sem um pingo de vontade, e fechou a cara me fitando. -Se tem uma coisa que eu passei a admirar em você é a sua coragem e petulância de ser tão cara de pau ao falar isso.

-Acaso falta verdade em minhas palavras?Por acaso não pertencemos uma à outra?. -Perguntei me aproximando dela com um olhar de súplica.

-Não sou sua, e nem você minha, não sou dessas mulheres que vão ficando e "empurrando as coisas com a barriga", comigo, ou é 8, ou 80, ou você quer, ou não quer, não existe meio termo, se quer de fato que eu te considere minha namorada, me surpreenda com um pedido, e se eu gostar, eu repenso na ideia de ser sua, se me quer mesmo, mostre do que seria capaz para continuar me tendo em sua vida.

-Então você já pensou nisso?. -Falo com um sorriso desafiador.

-Nisso o que Lauren?.

-Sobre pensar em ser minha, Camila.

-Já pensei em várias coisas ridículas assim, como voar, atravessar paredes, ou me transformar numa mosquinha que te segue quando quiser me deixar dormindo na tua cama.

-Já expliquei pela milésima vez hoje que fui resolver minha vida, e comunicar à Lex que minha escolha é você.

Camila parecia ter se surpreendido ao ouvir aquilo, mas não deu o braço a torcer.

-Seria muito fácil me deixar despida na sua cama e ir atrás de outra e voltar com meia dúzia de clichês achando que isso me comove.

-Eu não errei, eu não tenho que me desculpar, ou tentar comover você, o erro foi seu que não soube interpretar um bilhete.

-Não venha causar uma inversão de papéis, eu já perdi tempo demais falando com você, já que veio até aqui com essa conversa furada de bolo, não vai decepcionar minha mãe indo embora sem comer, você vai sentar naquela mesa, vai comer e sumir da minha vida.

-Ownt...Que linda toda bravinha e preocupada com a minha alimentação, já disse hoje que te amo?.

-Não inclua "eu te amo" nas suas cantadas baratas. -Falou virando de costas, irritada.

Aproveito ela virada e me aproximo então, a seguro pelos pulsos, e prendo seus braços ao lado do corpo, colada em suas costas, falo em seu ouvido com uma voz provocante.

-Quem vê você com essa marra toda até acredita que não está louca para me beijar também.

A soltei quando percebi que a Camila queria virar-se para mim, ela estava com um olhar entregue quando me olhou, mas logo fechou os olhos, colou seu corpo no meu, pôs sua mão suave em meu pescoço, e quando me puxava para um beijo, ouvimos batidas na porta e a voz de dona Sinuhe avisando que precisava de ajuda com o bolo.

Camila solta-se de mim, um pouco contrariada e diz.

-Já estamos indo, mamá. -Olha pra mim e fala. - Vamos, ela pode desconfiar se demorarmos.

A puxo pelo braço e beijo seus lábios, logo após, sussurro baixinho em seu ouvido e digo.

-Bela hora para à sogrinha aparecer. -Saímos do quarto e fomos até a cozinha.

Após um trabalhão e quase 2 horas depois, o bolo estava finalmente pronto, eu estava morrendo de fome pois ainda não tinha tomado café da manhã. Sentamos todas na mesa, o Ringo não demorou a se aproximar balançando o rabinho como de costume.

Olhar para aquele bolo com café recém passado me fazia delirar de vontade. Afinal, passei a manhã inteira sem comer nada, esse negócio de pertencer à duas mulheres estava acabando com as minhas energias. - pensei com uma dose de sarcasmo.

-Esse bolo está delicioso, dona Sinuhe. -Falei segurando uma fatia na mão ignorando o fato de ainda estar quente.

-Deu para notar que gostou mesmo, é o quinto pedaço, Lauren.

-Não seja tão grosseira com a visita, Camila, não esqueça que foi graças a ela que encontramos o nosso querido Ringo outra vez, sinta-se a vontade Laurem e coma o quanto quiser.

-Deixa ela dona Sinuhe, aposto que essa marra deve ser ciúmes de dividir a mãe comigo. -Falei sorrindo, tentando quebrar à atmosfera que a Camila criou.

Naquela manhã a mãe da Camila me encheu de perguntas, rimos, conversamos, comemos e nos conhecemos melhor, fui convidada para voltar sempre que eu quisesse por dona Sinuhe.

Saciada e sem fome, me senti plenamente satisfeita, me despedi da senhora Sinuhe com um beijo no rosto e a Camila logo após se ofereceu a me levar educadamente até a porta.

O Ringo me olhava tão docemente que não resisti e novamente abaixo e o abraço antes de ir, ainda da parte de fora da porta, abraço a Camila em sinal de despedida e digo-lhe baixinho.

-Já que fizemos as pazes, te espero hoje a noite em casa, tenho uma surpresa para ti. -Falei com um largo sorriso no rosto e que logo é retribuído com um olhar curioso da Camila, seguído de uma indagação.

-Que surpresa?.

-Só vai saber quando for lá e descobrir por conta própria. -Sorrio mistériosamente, beijando sua testa e indo embora.

Olhei para trás e vi que a Camila continuava a me observar da porta, virei e dei um sinal de "Tchau", ela sem demora me retribuiu com um sorriso, nesse momento tive à certeza que voltamos a ficar bem. Caminhei até a parada de ônibus mais próxima e voltei para casa.