História Lauren e Camila - Trilogy - ADAPTAÇÃO - Parte 16 - Sem rumo - CAVETC

Lauren

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Seguindo meu destino, ouvi meu celular soar outra vez. Seria Dinah ou Lucy?A dúvida me corroeu. Parei meu carro no acostamento e olhei o visor, se tratava de Lucy, certamente estava retornando a ligação de minutos atrás.

-Alô?. -Falei ao atender.

-Laur, graças a Deus você atendeu, estou há horas tentando entrar em contato, mas seu aparelho só dá desligado.

-Eu vi suas chamadas e até tentei retornar, mas você não atendeu, houve algum problema?Seu tom de voz está diferente. -Me preocupei.

-Eu não atendi no momento em que me ligou porque eu estava ocupada catando meus pertences na rua, antes que alguém os tomassem pra si. -A voz de Lucy se mantinha trêmula e sua respiração acelerada.

-Catando seus pertences na rua?Como assim?Onde você está?Está tudo bem?Me explica o que está acontecendo?. -Eu a metralhei de perguntas sem ao menos dá um espaço de tempo para as respostas.

-Agora estou bem, mas fui jogada para fora da pensão onde eu me encontrava. -Ela disse chorando.

-Como assim jogada?Me diz onde você está que irei agora mesmo até você.

-Estou na calçada da pensão, até pensei em sair daqui, mas não sei para onde ir.

-Fique ai onde está que vou agora mesmo ao seu encontro. -Falei desligando rapidamente a chamada e dando uma arrancada no carro para encontra-la.

Quanto mais eu acelerava o caro, mais distante eu parecia estar. Malditos sinais que teimavam em fechar na hora mais errada possível.

Eu estava preocupada e queria chegar logo ao encontro de Lucy. Deixei meu lado rebelde falar mais alto e segui com velocidade máxima, ignorando qualquer sinal de trânsito.

Sei que não é certo e não me orgulho, mas não me perdoaria se algo de ruim acontecesse a ela. Ainda que distante após uma curva a imagem de Lucy entrou em meu alcance de visão.

Ela estava inquieta, com a maquiagem borrada, sentada aos prantos agarrada a duas malas que se mantinham no chão de uma calçada de azulejos brancos.

Ao ver a maneira que ela se encontrava saltei do carro e corri ao seu encontro.

-Céus, Lucy, o que houve?. -Perguntei perplexa com a visão que estava diante de mim. -Por que está jogada numa calçada?O que fizeram com você?.

-Eu não queria te incomodar Lauren...Juro que não queria...Mas eu não sei mais a quem procurar. -Ela falava levando suas mãos ao rosto e chorando ainda mais.

-Calma Lu, por favor não chore, vou te levar para longe daqui e aí você me explica tudo com calma. -Falei levando suas malas para o porta-malas e abrindo a porta do carro para que ela entrasse. -Entra?Vou te levar para o meu apartamento, lá você toma um banho quente, esfria a cabeça e me diz o que houve. -Sem dizer uma palavra que fosse, entrou no carro e apenas assentiu com a cabeça.

Eu queria saber o que dizer nesse momento, mas confesso que eu estava mais perdida que cego em tiroteio. Girei a chave e dei partida no carro.

Eu temia em falar qualquer coisa naquele momento que viesse a tornar a situação ainda mais difícil para ela. Seguimos por todo o caminho sem dizer uma palavra que fosse.

O silêncio já estava sufocador dentro daquele carro, quando ouvi meu celular soar outra vez...Era Dinah.

-Alô?. -Sei que eu podia ter atendido com um pouco mais de carinho, mas de alguma forma a presença de Lucy no carro me deixava intimidada.

-Olá amor...Sei que posso estar correndo o risco de parecer melosa, mas liguei apenas para saber se chegou bem em casa?É que eu não iria conseguir dormir sem antes saber notícias suas. -Dih estava tão fofa, que seria até um pecado falar de Lucy e despertar seus ciúmes, resolvi omitir.

-Dih eu não cheguei em casa ainda, houve um pequeno imprevisto e continuo na estrada...Mas não se preocupe, pode dormir tranquila pois estou bem. -Lucy me encarava enquanto ouvia cada palavra.

-Que imprevisto amor?. -Ela indagou preocupada do outro lado da linha.

-Nada demais...Só o pneu do meu carro que furou, mas por sorte consegui trocar em uma borracharia.

-Borracharia a essa hora da noite?. -Céus sou terrível em mentir.

-Sim Dinah, existe uma série de serviços 24 horas, por que não borracharia?Agora preciso desligar, não se preocupe...Está tudo bem. -Olhei a expressão de Lucy e vi sua reprovação pela minha inverdade.

-Porque mentiu para sua amiga?. -Indagou quebrando o silêncio.

-Porque há exatamente um dia, deixamos de ser apenas amigas, e creio que ela ficaria com ciúmes se eu contasse que no nosso primeiro dia de namoro eu trouxe outra garota para dormir em minha casa. -Expliquei com uma dose interminável de irônia.

-Achei que tivesse mencionado em uma de nossas conversas que ela era hétero.

-Pois é, mas quem resiste ao meu charme?. -Brinquei para quebrar um pouco o drama do assunto. Ao notar o sorriso de Lucy percebi que ela estava bem melhor que antes.

-Eu estou me sentindo tão culpada em estar estragando sua noite, não quero gerar intrigas em sua relação amorosa...Se você preferir eu posso ir embora...

-Ahhh pode?E vai passar a noite aonde senhorita?Deixa de frescura e venha, pois mi casa es su casa también, amigas são para isso. -Falei estacionando o carro e tirando suas malas para carrega-las.

Entreguei a chave em suas mãos e pedi que ela abrisse a porta, pois minhas mãos estavam ocupadas com a minha atitude de cavalheirismo.

Apesar de tudo eu sentia que ela estava bem melhor que antes. Acomodei algumas almofadas no sofá-cama, coloquei uma coberta quentinha, trouxe uma escova de dentes nova e uma toalha para que ela tomasse um bom banho enquanto eu fazia um jantar.

Obviamente eu queria que ela ficasse bem para que finalmente me explicasse toda a situação.

Quando por fim ela desceu as escadas banhada, o cheiro da comida já ia longe. O prato que eu estava fazendo era, macarronada...Especialidade da casa.

De relance passou em minha cabeça o dia que Camila conseguiu a incrível arte de queimar o macarrão e quase incendiar toda a casa. Saí do meu devaneio ao ouvir Lucy dizer.

-Dou um doce pela lembrança que te arrancou esse sorriso?.

-São só lembranças da minha primeira namorada, acredita que ela conseguia queimar até macarrão?. -Rimos juntas. -Tá, mas não é sobre esse assunto que quero falar agora, me explica direito o que houve com você?Por que te colocaram para fora da pensão onde você estava?. -Indaguei colocando a comida, os talheres e dois pratos sobre a mesa.

-Me dá até vergonha falar isso, mas eu estava com o aluguel atrasado por dois meses, não consegui dinheiro para quitar o aluguel e eles conseguiram uma garota que topou pagar o dobro pelo meu quarto, me recusei a sair, mas eles simplesmente jogaram todos os meus pertences na rua e me tomaram a chave do quarto. -Ela voltou a chorar ao lembrar de tudo outra vez.

-Calma, não precisa ficar triste com isso, você pode ficar aqui o tempo que quiser e não precisa se preocupar com aluguel, eu sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas por algum motivo me sinto responsável por você...Agora vamos comer antes que a deliciosa macarronada que preparei esfrie.

-Sua namorada não vai se chatear se eu aceitar seu convite?. -Falou colocando a primeira garfada de macarrão na boca.

-Depois eu me entendo com a Dih...Agora me diz, o que achou do meu molho?Confesse que minha macarronada é a melhor que já provou?É eu sei...Nem precisa negar.

-Convencida. -Brincou.

-Realista. -Retruquei.

Os assuntos fluíam e a expressão de Lucy que antes era de tristeza, deu lugar para um sorriso doce. Eu estava feliz por tê-la conseguido fazer sorrir.

Horas de assuntos intermináveis passaram e já satisfeitas levantamos da mesa. Vimos um pouco de TV e alguns minutos após subi para o quarto deixando a Lu acomodada na sala, confesso que eu estava exausta pelo dia.

Ela se despediu timidamente e apagou a luz, olhei a hora em meu celular e vi que precisava dormir e recarregar as energias, afinal amanhã uma rotina dura de trabalho me esperava.