História Le Chant des Sirènes - Capítulo XIII

Capítulo XIII

A noite estava calma e silenciosa, a cidade de Era havia voltado a sua habitual calma de antes, todos vivendo suas vidas na paz e tranquilidade que a cidade do Conselho os proporcionava. No entanto por baixo do tapete havia a morte de uma bela jovem na qual fora acobertada por ter uma morte não natural aos olhos humanos, sua família chorava o luto sem saber o real acontecimento, apenas se questionavam o por que de tal ocorrido, a jovem era de família simples e sempre trabalhou para ajudar a família e tivera uma morte tão repentina e horrenda.

Um certo membro do Conselho tinha dificuldade de digerir tudo o que havia visto e se recusava a deixar isso de lado, seu senso de justiça o impedia de continuar a negar as pessoas inocentes do que ocorrera realmente com a jovem, mas de certa forma Lahar tinha razão em partes, causaria pânico se a verdade viesse a ser exposta, mas ao menos descobrir o que houve para que o espirito da jovem possa descansar em paz, Doranbolt tinha que fazer.

O local era frio e causava arrepio em sua espinha, ao adentrar o local e olhar o corpo por sobre a mesa fria de metal, ele sentiu seu estômago revirar, não que não fosse acostumado a ver tal coisa, mas sim por que esse homicídio em especial lhe dava ânsias da qual ele preferia não sentir. O médico o olhou e o  cumprimentou com aceno de cabeça.

-Olá Doranbolt, fiquei surpreso com seu comunicado a análise já fora enviada ao Conselho.- o moreno assentiu se aproximando da mesa e olhando o corpo coberto com um pano branco até o pescoço.

-Eu queria fazer umas análises de perto e ouvir o que você tem a me dizer.- o médico sorriu colocando suas luvas de plástico na mão.

-Oh está querendo investigar por si próprio?- o moreno apenas deu de ombros.- bom, já lhe conheço Doranbolt, não me importarei em ajudá-lo.- o homem abaixou o pano revelando a nudez da jovem.- a causa da morte foi ataque cardíaco.- Doranbolt arregalou os olhos surpreso com a informação, de todas as causas essa seria a ultima que ele pensaria.- eu sei, jovem demais para isso, estranhamente o sangue por todo o corpo dela coagulou, como se secasse e parasse de bombear e desse modo causando o ataque cardíaco, aparentemente o coração dela disparou em uma velocidade extremamente alta e depois paralisou de vez.- Doranbolt olhava e ouvia atentamente, não queria perder nenhum detalhe.

-E quanto a pele? Tem alguma explicação para essa decomposição?- o médico assentiu abrindo a pele que já parecia aberta, na região do tórax exibindo os orgãos da jovem.

-Não existe uma explicação plausível, não a nada que mostre a causa da pele ter ficado assim, um corpo humano demora cerca de um a dois anos para ficar em estado de decomposição como está, só que esta foi em minutos.- Doranbolt assentiu enquanto olhava o corpo.- poderia até se dizer que ela morreu faz dois anos e o corpo fora encontrado agora, o estranho é que os orgãos dela estão em perfeito estado.- ele mostrou os órgãos.- com eles que temos a prova de que a morte ocorrerá em algumas horas, enfim, não a nada que posso ser explicado cientificamente, o que temos aqui e um exemplo de impossibilidade.- Doranbolt olhava para o rosto da jovem e para os olhos brancos sem vida e antes que perguntasse o outro fora mais rápido.-  ela ficou cega, mas a causa e desconhecida e novamente não é possível explicar pelo lado humano e científico, os olhos dela estão em perfeito estado, as córneas os vasos, fiz uma exame detalhado desde que ela chegará e não achei explicações plausíveis.- Doranbolt assentiu já imagina uma resposta deste tipo, mas desejava que pudesse ser outra.- os olhos dela apenas ficaram cegos, mesmo não sendo possível. Seja lá o que houve com essa garota, não é algo que possa ser considerado possível, oremos para que mais nada assim ocorra.

**

-Meu senhor, o que desejas fazer? E algo que tu desejas ou apenas seguindo ordens.- o homem que já se tinha uma idade mais avançada, que só era comprovada pelos cabelos e babar branca, pois seu corpo se mantinha em forma e jovial de certo modo, era um homem de aparências, e mesmo que não admitisse, estar saudável era importante para ele, afinal todo a sua causa dependia dele e de sua disposição.

-Que blasfêmias são essas que estas a dizer?- virou seu rosto mostrando sua feição não muito contente com o seu súdito.- por acaso tens dúvidas sobre sua lealdade?- o homem se pôs a negar rapidamente.

-Não meu senhor, estou apenas preocupado com seus reais interesses, temo que o senhor esteja sendo usado, mestre Hades.- o garoto disse convicto, arrancando um sorriso de escárnio do mais velho,  a jovem de cabelos negros meio arroxeados ouvia tudo atentamente.

-Mas e claro que estou sendo usado, nosso mestre não tem nenhum interesse além do seu, acontece que.- ele olhou para o jovem.- que os interesses do meu mestre são os mesmo que os meus.- ele sorriu satisfeito, fazendo o mais jovem apenas assentir em concordância, os olhos atentos de Hades pararam sobre a jovem que parecia distraída, mas ele sabia que ela estava atenta a tudo a seu arredor.- Ultear?- a mais nova o olhou esperando seu comando, Hades gostava da competência e lealdade de Ultear.- como anda os preparativos para o plano?

-Ate o momento bem, está ocorrendo tudo perfeitamente como planejado.- Hades sorriu satisfeito se sentando relaxado em seus aposentos.- o Conselho não soube dizer a causa da morte, mas estão certos de que foi algo além... da humanidade, digamos.- o mais velho gargalhou alto e em bom som.

-Bando de inúteis, que se sentam em uma mesa ficam ricos com dinheiro dos pobres e se acham no direito de comandar algo.- ele gargalhou novamente.- o Conselho não fará nada, por que eles têm que manter suas aparências de bons moços, se espalhar que isso ocorreu, e a imagem deles que estará manchada, e eles só estão preocupados com isso.

-O senhor acha que o Conselho não é um problema ? Eles são o braço direito do rei, são eles que tomam decisões envolvendo os cidadãos.- Hades olhou o garoto de óculos escuros.- mestre, não subestime aqueles inúteis, até o momento eles podem não ser problema, mas em alguma hora eles terão que tomar certas medidas.

-Pensa que sou idiota? E claro que sei disso, mas nada eles podem fazer, não quando isso é algo maior que eles possam lidar.

**

Lucy estava agachada ao lado dos dois inconsciente no chão, ainda estava tentando digerir o que havia acabado de sentir, a sereia imaginava que fosse por que havia acabado de livrar o portal talvez a sensação fosse do último resquício de trevas indo embora, mas todos os seus sentidos indicava que não era isso, Lucy sentia em sua pele que a sensação horrenda e horripilante que havia sentido havia vindo de Natsu. Ela só não sabia explicar o por que disso.

-Natsu?- a loira virou -se vendo Gildarts ao lado do rosado, era estanpado a preocupação do ruivo para com seu capitão.

-Ele está bem, aparentemente desmaiou, leve-o para dentro, depois irei cuidar de suas feridas.- o ruivo apenas assentiu levando o corpo do rosado junto a si, a sereia parou os olhos em Aries que ainda estava desacordada no chão, mas já dava indícios de que iria acordar, e quando a rosada abriu os olhos ela se levantou em pulo puxando suas pernas perto dos seios e as abraçando, balançava o corpo enquanto olhava assustada ao redor, mas ao pousar os olhos na sereia, seus olhos se arregalaram e como se mil lembranças viessem  a tona e a rosada lembrasse do que havia acabado de acontecer, Aries piscou os olhos relaxando um pouco o corpo.- Aries? Você está bem? Não se preocupe, eles não voltaram.- a loira disse sobre as sombras e trevas que habitaram por tanto tempo aquele lugar.

-Não ... Não fui eu... Eu tentei... Mas meu corpo não me obedecia.- os olhos da jovem se encheram de água, nem ao menos se parecendo com a orgulhosa e assustadora Aries de antes.

-Eu sei, mas eu consegui te libertar.- Lucy sorriu passando uma sensação boa para Áries, que sorrira de volta.

-Obrigada! Eu já havia perdido as esperanças, fora horrível tudo o que passamos.- Aries pegou na mão da loira e a assustando com o ato repentino.- por favor Lucy, salve os outros, liberte-os, mesmo que for difícil, você não deve desistir.- a loira sorriu.

-Esse é o meu objetivo desde o começo.- a rosada arregalou os olhos.- eu vou libertar todos os espíritos, eu irei trazer a luz de volta .- a loira dizia convicta e sem expressão de medo ou dúvida em suas palavras.

-Você deve tomar cuidado, as trevas dos portais não querem você, podem fazer algo contra você.- Lucy não parecia com medo e Aries sabia que seu alto ego de sereia, a fazia ter certeza de que conseguia.- não se engane Lucy, as trevas são traiçoeiras e elas sabem seus maiores medos, pode ser que você não tenha um agora, mas são doze portões, até lá algo pode acontecer.- a loira uniu as sobrancelhas em questionamento, Aries levou as mãos ao pescoços e retirando um colar e depois colocando na mão delicada da sereia, o brilho quase cegante da chave de Taurus fez Lucy abrir um enorme sorriso.- Taurus e o espírito da força, ele não usa muito a lógica em seu estado normal, mas não se pode imaginar como ele está agora.- Lucy assentiu e as duas se levantou, Aries olhou ao redor.- me desculpe todos vocês, espero que entendam, acho que devo ajudá-los um pouco.- Aries usou um tipo de magia e arrumou o navio do Fairy tail.

 Após alguns longos minutos Lucy estava fechando o portal para que todos fossem embora, a maioria parecia aparentemente bem, estavam assustados, mas já haviam recuperado do susto, a sereia ajudou os feridos e principalmente Juvia e Gray, que graças a sereia, não corriam risco de vida, mas infelizmente precisavam de um descanso se quisesse se recuperar. A pequena Wendy ajudava a sereia com os cuidados necessários, juntamente com os exceeds, Lucy havia usado um encantamento na mais nova e nos pequenos gatos, para que ficassem longe da luta, ela realmente se preocupava com a azulada e não queria que a mesma machucasse nessa luta, ela achava algo tenebroso e grande demais para uma criança participar.

Lucy entrou na cabine do capitão, deixará Gray e Juvia aos cuidados de Wendy e viera olhar o capitão, que ainda estava inconsciente, a loira se sentou na cama colocando a mão da testa e pelos fios rosados molhados de suor,  Lucy teve a certeza quando o tocou e sentiu a quentura da pele do capitão, ele tinha a cara fechada, a testa enrugada enquanto estava em seu momento inconsciente. Quando ela se levantou para trazer água o rosado segurou firme o pulso dela.

-Por favor não me deixe.- a voz embargada do rosado a fez arregalar os olhos.- não me deixe, eu não quero ficar sozinho.- lágrimas desceram pela face de Natsu, a loira olhava tudo abismada, nunca imaginara ver o rosado dessa forma.- não me deixe.- ele disse em quase sussurro, mas tinha a mão firme no pulso da sereia.- não fui eu.- mais lágrimas desciam de seus olhos, ele parecia atordoado e indefeso.

-Natsu?!- a voz delicada e serena da sereia o fez se acalmar por alguns minutos, a loira involuntariamente levou os dedos até a bochecha do homem e secando suas lágrimas, Natsu parecia a brasa em si, sua pele queimava sobre os dedos gelados da loira, e quando ele desceu a mão do pulso até a palma macia da loira e agarrou firme, Lucy fora puxada para uma visão, novamente estava invadindo as lembranças do rosado.

-Não Fui Eu Pai! Por favor me perdoe.- Natsu parecia jovem, e estava no chão implorando a um homem alto que o olhava com desprezo, Lucy se assustou quando o homem lhe segurou pela gola da camisa e lhe socou o rosto repetida vezes, a loira colocou a mão na boca ao se assustar com a reação do mais velho, Natsu ainda era... uma criança.- pare pai, por favor!- o menino de cabelos róseos gritava enquanto o outro o batia em tamanha covardia.

-NÃO ME CHAME ASSIM, NÃO OUSE ME CHAMAR ASSIM, VOCÊ É UM MOSTRO!- o homem o jogou no chão e chutava Natsu por todo o corpo sem dó alguma sobre as lágrimas da criança.- VOCÊ NÃO E MEU FILHO, VOCÊ É UM MOSTRO, VOCÊ DEVIA MORRER... NÃO ELA!-  o homem pegou um banco o quebrando nas costas da criança que gritou alto, mas o mais velho não se importava, Lucy olhava tudo horrorizada, as mãos sobre os lábios abertos, não acreditando na crueldade de tal humano.

-Eu  não queria, me perdoe.- o menino chorava enquanto produzia palavras meio desconexas, o outro apenas parecia ficar cada vez mais irritado.- não me deixe pai.

-você!- ele segurou a criança pelo queixo, que já tinha o rosto desfigurado em machucados.- não ouse chorar, VOCÊ não tem esse direito, você nunca mais deve chorar, ela não merece suas lágrimas.- ele o jogou no chão com força.

Lucy piscou os olhos e depois olhou para o rosado que ainda chorava, sua feição era de preocupação e .. medo , algo que Lucy nunca vira em Natsu, mas ele tremia e segurava firme a mão da loira, Lucy passou a mão no cabelo róseos o tirando da testa suada, Natsu não parecia bem  e ela nem ao mesmo sabia o que ele tinha, desceu as mãos até a camisa do rosado e abriu em busca do machucado no abdômen, estranhamente não estava tão aberto quanto deveria, mas ainda sangrava um pouco, Lucy levou a mão ate o machucado sem toca-lo, sabia que sua cura não funcionava em Natsu, mas mesmo que doesse, ela tinha que cura-lo. Quando o feito começou, Natsu se remexia e Lucy não sabia o por que de sentir desconfortável em causar mais dor no rosado, a lembrança havia mexido de certa forma com  ela, continuou a cura que o corpo de Natsu parecia negar, mas ela não desistiria e depois de algum tempo ela havia conseguido, o rosado parecia se acalmado e assim ela buscará a água, sentou novamente na cama e passou a mão molhada no rosto do jovem, e usando sua magia usava a água para eliminar o que estava fazendo mal, tirava as impurezas, o estranho é como a sereia havia imaginado , a magia negra parecia não ter causado mal a ele, permanecia com seus pensamentos inquisidores enquanto ainda cuidava e limpava os machucados do capitão, até a cabine ser aberta e Makarov entrar.

-Lucy, mandei pararmos em uma cidade, alguns irão descansar e beber, acho que todos precisam de descanso.- a loira assentiu sorrindo para o pequeno senhor.- quer alguma coisa? Precisa de algo?

-Não, está tudo bem, ficarei cuidando de Natsu.-  Makarov sorriu e olhou para o rosado era visível a preocupação do mais velho.

-Como ele está?- Makarov olhava o rosto ainda agonizado do rosado, o mais velho se importava com Natsu como se fosse seu filho e neto, sabia tudo o que o garoto havia sofrido e passado e sempre cuidará dele, se sentia responsável.

-Estranhamente ele parece pior que os outros, mas eu estou cuidando dele, ele ficará bem.- a loira sorriu acalmando Makarov, que olhou os machucados da loira  já quase totalmente curados.

-Não deveria cuidar de si primeiro? Você precisa voltar para o tanque.- Lucy negou, Enquanto sorria passando calma para o outro.

- Eu estou bem, daqui a pouco meus machucados estarão curados, não se preocupe, estou melhor que ele.- ela deu uma risadinha fazendo o mais  velho sorrir de volta, e ele ficava cada vez mais impressionado com a sereia.

-Tudo bem, para o que precisar , estarei ao dispor.- ela assentiu enquanto ele se retirava da cabine, voltou os olhos para o rosado que finalmente estava parecendo melhor.

Makarov estava em um bar bebendo de seu maravilhoso rum, sua mente estava bagunçada e talvez um pouco perturbada após os acontecimentos, ele teve a certeza de que seu lugar era naquele navio, após ver o estado de Natsu, ele percebeu que precisava seguir essa jornada ao lado do rosado, ele precisava ficar com seu “ filho”, ele sabia que algo aconteceria com o garoto e essa sensação simplesmente não saia de seu peito, as coisas estavam apenas começando e ele temia pelo que poderia ocorrer depois.

-Suas engrenagem ainda funciona? Achei que você nem pensava mais de tão velho.- o baixinho virou os olhos para o ruivo que sorria divertido.- por isso senti o cheiro de fumaça, em que tanto pensa? 

-Será que Gildarts será alguém na vida?- o ruivo fechou a cara arrancando uma gargalhada do mais velho, que virou o copo inteiro.- não deveria estar tentando ganhar o apreço de sua filha? 

- Deveria, mas Cana não me escuta.- ele se ajeitou na cadeira, olhando seu mestre, sabia que algo o incomodava.- mestre, está assim por conta de Natsu?- o pequeno senhor olhou para o amigo e soltou o ar pesadamente.

-Você viu os machucados dele?- o ruivo assentiu.- como ele se manteve vivo? Eu sei que não é primeira vez que isso acontece, mas isso foi diferente Gildarts.- Makarov olhou ao redor notando se todos estavam realmente bêbados, ou ouviam a conversa.- aquilo era magia negra,  olha a diferença deles para Gray e Juvia, se Lucy não os estivesse curado, céus, eu não sei o que seria deles.- Makarov ficava triste apenas com o pensamento de perder um de seus filhos.

-Mestre, você sabe que Natsu nunca foi... normal, ele tem o temperamento fora do normal, e quase nunca se fere de verdade, sei que o senhor está nervoso e preocupado, mas pense no garoto, ele deve estar mil vezes mais, ele também não sabe o que acontece com ele, vamos ficar ao lado dele, e ajudá-lo nisso.

-Sabe Gildarts, algo me diz que a sereia pode ajudá-lo.- o ruivo uniu as sobrancelhas não compreendendo onde o mais velho queria chegar.- o poder daquela garota e algo incrível, eu nunca vi nada igual, algo me diz que ela também pode curar o Natsu.

-Mas como mestre? Nem sabemos ao menos o que e para ser curado.- O velho olhou para seu copo concentrado, vários pensamentos rodavam sua mente.

-Algo aconteceu antes do Natsu perder a memória, e aí que está a explicação de tudo, eu sei que Lucy disse que é impossível recuperar as memórias dele, mas algo me diz que ela saberá o que ele tem... ou o que ele é.- Makarov olhou nos olhos do amigo que apenas engoliu em seco, rezando para que seu amigo ficasse bem.

**

Lucy prosseguia com seus movimentos de cura, a todo instante Natsu demonstrava estar sofrendo, por vezes ele segurava firme a mão da loira, como se para impedir que ela fosse embora ou para ter certeza que ela ainda estava ali, Lucy tinha plena consciência que o rosado estava fazendo isso por  conta de seu momento de dor e certa tortura, em meio a dor ele estava a procura de um apego e segurança, a mão dela fora seu refúgio em meio ao desespero, ela sabia que Natsu não faria algo do tipo sabendo que era ela a mão a qual dava refúgio, e ela desejava que ele não soubesse, queria terminar com aquilo rápido, para que o rosado acordasse e eles não estivesse nesse “íntimo”, afinal aquilo era bem íntimo aos dois, que se odiaram desde o momento que se viram, houve o momento em que realmente não se importava com a vida do outro, mas também a aquele em que Natsu cuidou e a aqueceu, era sempre assim, os momentos que estiveram juntos foram para cuidarem um do outro, no final um acabava cuidando do outro , e por mais que Lucy tentasse negar , ela não deixaria Natsu sofrendo, não depois de saber e ver coisas na qual o rosado já passou, o passado dele de alguma forma estava ligado ao seu, ela não negaria ajuda ao rosado , por mais que insistisse em dizer que não se importava com ele, sim, era verdade , ela não se importava com ele, mas sua própria índole se negava a recusar o rosado, ele era como um desafio para ela, e ela nunca fugirá de desafios. A loira olhou o rosado mais uma vez antes de lentamente levar uma mão até sua face, e tocar delicadamente curando um pequeno corte que havia ali, ela estava tão concentrada no seus afazeres que não notou os olhos verdes musgo atento em sua direção, tomou um pequeno susto ao notar o rosado acordado.

 Natsu não falou ou expressou alguma coisa, apenas se manteve quieto e atento a qualquer movimento da loira, Lucy achará que ele observava com medo de que ela o ferisse mais, mas ele não demonstrava medo ou qualquer sentimento de insegurança, ele apenas a observava a deixando desconfortável, pois Lucy nunca conseguia prever os movimentos de Natsu e isso a deixava agoniada, o temperamento do rosado era algo questionável quanto a paciência, e a loira por vez não costumava deixar barato questões mal resolvidas. Mesmo com o estranho olhar do rosado, não havia aquela energia desconfortável ou desagradável, Lucy preferia o ignorar e prosseguir com o que estava fazendo que exigia bastante dela, afinal o corpo de Natsu recusava o poder dela, então era uma luta para cura-lo e tirar a magia negra da ferida, que estranhamente não queria abandonar o corpo do rosado. Lucy ia se levantar para buscar mais água, mas fora pega de surpresa quando a mão de Natsu segurou a sua a puxando para mais perto dela, como se em um pedido silencioso que ela não deveria sair dali, Lucy arregalou os olhos castanhos olhando a mão do rosado firme, mas sem machuca-la em seu pulso, se surpreendeu mais quando sentiu a outra mão delicadamente em sua face, olhou para o rosado esperando uma expressão de deboche ou ódio, mas não encontrará nada, na verdade ela não conseguia ao menos decifrar a expressão do rosado, tinha certeza que ele devia estar delirando, era quase que óbvio que era isso.

-Você...- Natsu tinha a voz rouca e grave, seus olhos eram opacos e inquisidores.- É realmente linda!- agora Lucy tinha a plena certeza que ele estava delirando, não teria como o rosado agir de tal maneira em seu estado normal, Lucy não sabia como reagir alem de regalar os olhos, estavam tão próximos que ela sentia a pele desnuda do rosado tocar seu braço, passando a sensação de calor, sentia o aroma que Natsu tinha, poderia dizer cada detalhe da face na qual estava alguns centímetros de distância da sua, e mesmo que ela negasse, Natsu era lindo como um Deus  esculpido em rochas, ele tinha cada detalhe como se tivesse sido calculado, para que chegasse a perfeição, ou parcialmente dela, e seus olhos verde musgo eram sempre profundos tinha um certo brilho que fazia enxergar ela mesma. – você não é um monstro!- ela permaneceu quieta enquanto ele a olhava e segurava sua mão, como se para ter certeza de que ela não fosse embora, a mão em sua face acariciava lentamente sua bochecha.- eu soube desde a primeira vez que a vira.- Lucy não conseguia disfarçar sua surpresa e talvez nem fizesse mais questão de disfarçar.- você e boa demais para ser um, você... tem um brilho, você é ao contrário de tudo aquilo que eu achava que era.- Natsu fechou os olhos engolindo em seco antes de abri-los novamente.- eu sei como é um monstro!- suas palavras foram carregadas de dor e tristeza e as cenas de um garoto apanhando enquanto ouvia tais palavras vinha em sua mente.

-Você também, não é um monstro Natsu!- agora fora a vez do rosado de ficar surpreso, seus lábios até tremia, enquanto sua mão caia do rosto da loira.- você tem sim algo em você, mas...- a loira tocou o peito do rosado que seguiu a mão com os olhos.- o seu coração e puro, e você deve se concentrar nisso, para que o seja lá o que for, não seja mais forte que você.

-Você disse... como ela.- a loira uniu as sobrancelhas não compreendendo as palavras do rosado, e se assustou no ato repentino dele que se sentou  e a puxou para um abraço, de primeira, Lucy ficará quieta e sem saber como reagir, estava surpresa demais para isso, enquanto o garoto de cabelos peculiares, a segurava firme com os braços em volta de si, com a cabeça na curvatura do pescoço da sereia escondendo qualquer indício de mostrar suas reações. Lentamente e hesitante, Lucy levou os braços em volta da cintura do jovem, como se para ampara-lo, e Natsu apenas a apertou mais forte.- eu sinto falta dela.- Lucy unia as sobrancelhas tentando compreender o que ele dizia e aonde queria chegar com isso.- minha mãe Lucy... Eu... eu a.. matei.- Lucy arregalou os olhos, mesmo que ela já tivesse imaginado isso, ela não imaginava que ele admitiria para ela.- eu não posso ser amado e eu não posso amar.

**

O lugar tinha uma nevoa que o cobria o deixando mais tenebroso, os dextrosos do que foram um navio, estavam esparramados pelo mar, assim como os vários corpos sem vidas. Lahar olhava tudo atentamente com um misto de decepção e ódio em seu olhar, saber que seus companheiros de trabalho foram tratados de tal forma e rebaixado assim desta maneira, o deixava levemente irritado. Virou-se olhando para Doranbolt que olhava o lugar atento, Lahar sabia que seu companheiro era desconfiado e não confiava no conselho e queria fazer as coisas por si mesmo, Lahar ate poderia dizer que o que se passava na mente de Dorabolt nesse momento, e ir atras dos culpados sem se preucupar com ordens.

-Lahar!- o jovem ajeitou os óculos olhando para o homem parado ao seu lado.- Encontramos um sobrevivente, mas aparenta estar com a mente distorcida demais para dizer algo com nexo.- Lahar assentiu e seguiu o outro até um homem deitado em uma maca feita de qualquer jeito para abriga-lo, ele olhava tudo com o olhar assustado e perdido, tinha vários machucados pelo corpo.- Tomoya da unidade de crimes marítimos, eles estavam fazendo uma ronda quando ocorreu o acidente.

-Por que nesse local? Esse lugar assim como outros são proibidos.-Lahar perguntou a Tomoya que não o olhava, apenas olhava ao redor dizendo coisas desconexas.- por que vieram a um covil de sereias?- ao ouvir a palavra sereias, Tomoya arregalou os olhos assustados e gritava desesperado, tendo que ser segurado pelos os outros.

-ERA UMA ARMADILHA!-  Lahar uniu as sobrancelhas em questionamento, parecia que finalmente Tomoya diria algo para esclarecer as coisas.- ELES ... ELES NOS TROUXERAM AQUI PROPOSITALMENTE.... ELES ESTAVAM AS CAÇANDO.... MAS ELAS MATARAM TODOS NOS!

-Eles?- Lahar uniu as sobrancelhas se abaixando da altura do jovem ludibriado.

-Ggr..rr...Grimoire heart!- Lahar regalou os olhos, Doranbolt que estava fazendo uma vistoria pelo local através de provas, paralisara e arregalara os olhos surpreso olhando para Tomoya que parecia cada vez mais amedrontado.

-Grimoire heart?- Doranbolt falou chamando a atenção de Lahar.- os piratas que seguem uma ceita das trevas, que buscam a magia negra? essa Grimoire heart?

-Sim!- Lahar se levantou ajeitando sua pose tentando se manter firme, já que era o comandante dessa operação, tinha que agir como tal. - assim como a Oracion seis, Grimoire heart segue uma ceita que buscam a magia negra através de seguir as ordens de alguém que eles julgam um Deus.- ele correu os olhos pelo local, olhava para a água atento a qualquer momento. - Não entendo por que estavam aqui.- Doralbolt também olhou ao redor.- esse é um local conhecido por abrigar sereias, que já derrubaram vários navios.- ele pensou um pouco, tentando organizar seus pensamentos. - Eles não seriam loucos de se envolver com as sereias.- ele olhou para Tomoya no chão.- armadilha? quer dizer que a Grimoire heart atraíram eles para cá para que as sereias pudessem ataca-los? caçando? por que eles caçariam as sereias?

- Eles podem ter trazidos eles aqui como uma isca.- Lahar olhou para o outro que olhava para a água cheia de trapos do que seria um grande navio do conselho.- para que assim fizesse o que quisesse com as sereias e fossem embora, enquanto elas atacavam o navio do conselho.

-Uma coisa ainda não faz sentido... o que eles querem com as sereias?

**

Beleza poderia ser algo relativo, o que muitas vezes era bonito para um, não a garantia que seria para outro, mas com as sereias não eram assim, elas se encaixavam a qualquer padrão, elas simplesmente eram a beleza em pessoa ou ser, era quase impossível não acha-las belas, eram a personificação de Afrodite como alguns gostavam de chamar. 

O homem  de cabelos negros se encontrava agachado olhando o ser que estava preso atras das grades, a pele branca como a neve, tremia sobre o chão frio, com alguns machucados pelo corpo, a sereia não estava sobre seus melhores dias. o cabelo loiro quase branco descia em cascata ate o quadril largo, encolhida como se tentasse tapar sua nudez, a sereia tentava não gemer de dor sobre a flecha fincada em suas costas, com o maldito veneno que aquela flor eram para elas. Os olhos azuis como o céu abriram lentamente e encarando os olhos do homem de volta. 

-E um grande pecado não e mesmo?- o homem levantou os olhos para Hades que se encontrava em pé do seu lado, olhando cada centímetro do corpo da sereia.- algo tão bonito assim, não poder ser tocado.- ele gargalhou.- elas são monstros, mas céus eu adoraria passar a noite com um monstro desse.

-Por que você não passa? Ai você morre e me poupa irritação.- o homem disse frio se levantando e ainda olhando para a sereia, que já não o encarava, na verdade ela fazia de tudo para não encara-lo. Hades engolira em seco e deu risada tentando disfarçar o incomodo. - e exatamente isso que elas são, o pecado disfarçado em desejo, fazendo os humanos caírem em seus encantos e logo após a morte.- o homem ainda olhava a sereia.- não é ela!- ele disse por fim, Hades apenas acenou a cabeça.- ela não tem nem mesmo um brilho e muito menos o poder que eu senti, ela e só mais uma sereia inútil na forma humana.- ele se virou de costa para se retirar, mas antes de ir, com sua voz fria ele deu seu ultimato.- Mate-a!- a sereia arregalou os olhos, e Hades apenas sorrira satisfeito.

-Você não a conseguira.- ele parou diante das palavras da sereia, a voz delicada e melodiosa estava fraca, mas ainda expressava firmeza, natural de sereias, sempre demonstrando serem fortes. - Você não a terá, nunca, seja la o que desejas, você não conseguirá.- ele se virou sorrindo de lado, mas era nítido sua irritação.

-E quem irá me impedir? Sua Deusa?- ele gargalhou alto, mas a sereia permanecia inexpressiva.

- Dizem que ela já esta seguindo um caminho, na qual não tens volta.- ele uniu as sobrancelhas não compreendendo.- ela esta ficando mais forte.- ela sorriu de lado de forma debochada.- nos podemos sentir.- ele bateu forte nas barras de ferror a entortando, mas não assustara nem um pouco a sereia.- a uma profecia dizendo, que um caos esta vindo, por que a historia esta se repetindo.- irritado demais para conseguir raciocinar, o homem quebrou as barras, e segurou a jovem pelo pescoço e batendo com forca na parede, em seus olhos ela via fúria e outras coisas mais, e ela sentira algo que nunca pensara sentir... medo.

Fim.

"Chorar sobre as desgraças passadas é a maneira mais segura de atrair outras."
-William Shakespeare-