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História Learn - Facilmente Ganhar


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Hello! Como vão?
Mais um capítulo postado, espero que gostem! Rs.
Ele está um tico grande, mas não pude fazer menos, já que estou tratando de muitos personagens importantes para a trama fica difícil ser mais concisa... Seria mais fácil se tivesse me focado em Taeny ou Yulsic, porém gosto de me dar trabalho e acabei colocando os dois. HAUHAUHAUAHUAHUA.
Então, boa leitura! Beijos XD

Capítulo 4 - Facilmente Ganhar


Sete em ponto o relógio do saguão da Lucius soltou pequenos estalidos, alertando a atendente de que estava na hora de iniciar seu trabalho e se preparar para mais um dia agitado na empresa. Seus olhos atentos ao computador se ergueram assim que escutou o som de saltos clicando no piso de mármore, ecoando pelo ambiente ainda vazio e silencioso, obrigando-a se erguer respeitosamente e cumprimentar Tiffany, que passou por ela, sorrindo graciosamente como sempre fazia.

Bonita e simpática. Suspirou a funcionária, que tinha uma grande admiração pela figura estável daquela mulher. Era a imagem do sucesso.

Ignorante daqueles pensamentos, a Agente Hwang procurou o celular com pressa dentro da bolsa, sentindo preocupada se estava muito atrasada para encontrar com a nova contratada. Sinceramente esperava que a senhorita Namkyu não estivesse a esperando, pois seria vergonhoso aparecer a sua frente. Não era a presidente da companhia para poder ignorar aquele fato, por mais que, tecnicamente, trabalhasse num posto importante.

Silenciosamente o elevador se abriu e ainda encarando o celular, apenas tomando o cuidado para não tropeçar nos próprios pés, entrou no andar que trabalhava e se dirigiu a sala de espera.

- Srta. Hwang! – Escutou a secretária daquele andar exclamar meio sem fôlego, que se ergueu da cadeira com pressa assim que apareceu na entrada.

Seu tom ligeiramente mais alto atraiu o olhar da agente para cima e então percebeu uma presença a mais dentro da compacta sala de cor avermelhada, esperando-a sentada no sofá de couro marrom, com o mesmo sorriso de deboche que tanto irritou Jessica na tarde passada. Seus olhos caíram sobre sua figura misteriosa, analisando-a de cima a baixo com interesse, notando que havia gostado da maneira como se apresentava e portava.

Diferentemente de ontem, a morena tinha mudado seu estilo de vestir, trocando a casualidade para o profissionalismo. Por hoje usava uma camisa cor de rosa suavemente pálido, que enalteceu a pele mais escura, e botas de cano curto com salto. Sua calça jeans era a única peça que remetia ao tom despojado do dia anterior, mas de maneira quase comportada, trazendo seriedade ao visual. Possivelmente foi uma escolha muito bem arquitetada e planejada com minucia. Uma mudança extraordinária.

- Adorei sua camisa. Onde a comprou? – Tiffany indagou com animação, os olhos cintilando ao perceber a cor da camisa, pegando-a de surpresa pela maneira brusca como iniciou a conversa.

A pergunta pareceu divertir a assassina de aluguel.

- Comprei ontem numa butique do centro... Se quiser posso te dar o endereço. – Comentou meio sem tato, mostrando-se desconfortável por fazê-lo. Não porque odiava entrar naquele tema, apenas não tinha o costume de falar sobre. Podia ser uma mulher e tudo mais, porém não teve muitas oportunidades na vida para falar de assuntos tão banais. Pelo menos não com muita propriedade. Sentia-se uma completa estranha. Entretanto, sabiamente, decidiu relevar a situação e contornou sua falta de experiência com um sorriso. – Bom dia, Tiffany.

- Ah, bom dia! – Tiffany retrucou levemente envergonhada, parecendo se desculpar pela falta de educação de antes, repreendendo-se mentalmente por agir tão impulsivamente. Cumprimentos primeiro e perguntas depois. Era a ordem correta para se iniciar qualquer conversa. Mas, se fosse sincera consigo, nunca conseguiu se controlar quando encontrava algo rosa e que chama sua atenção. – Espero que não tenha te feito esperar muito...

Sua gentileza arrancou um genuíno sorriso simpático de Yuri, pois não conseguia reagir de maneira contrária. Não quando se deparava com a gentileza de alguém que respondia de maneira sincera. Tiffany parecia ser do tipo de pessoa que raramente mentia e se o fazia, sentia-se profundamente mal. Uma perfeita escoteira. Revirou os olhos discretamente para tal pensamento.

- Não se preocupe. Cheguei há pouco tempo... – Disse antes de se levantar do sofá, mudando o foco dos pensamentos, anotando mentalmente que a diferença de altura entre as duas não era muito grande. Normalmente seu pescoço doía toda a vez que tinha de conversar com outras mulheres, mas com ela não precisaria se preocupar.

Suspirando mais aliviada por ver que a novata não era tão impassível quanto previra, diferenciando-a de todos os outros freelancers que precisou confrontar no decorrer da carreira, Tiffany seguiu na direção da mesa da secretária e lhe entregou sua bolsa com propriedade. O olhar surpreso dela se chocou com o seu, obrigando a sorrir m retorno.

- Pode deixar isso na minha sala, por favor, Eunjung? – Pediu com a voz serena e adocicada, recebendo um acenar desajeitado da moça, que se forçou em pegar a bolsa. Não era um pedido comum, mas o fez com prontidão. Vendo que tinha terminado ali, se virou para Yuri que a questionou com uma sobrancelha arqueada. – Me siga... Vamos andar um pouco.

Apontou na direção contrária a ela, indicando o elevador, tornando-se repentinamente mais séria. Recusava-se a dar mais detalhes do que fariam, até porque em breve daria explicações. Sua atitude firme e segura impressionou a novata, que seguiu seus comandos sem pestanejar. Não era a toa que aquela mulher tinha alcançado um cargo tão alto, e com uma aparência tão jovem. Não deveria nem ter chegado à casa dos trinta e se tivesse, era uma pessoa muito bem conservada.

Enfim, ao lançar um rápido olhar atrás de si, Yuri encontrou a secretária com quem flertou – minutos atrás – fazendo o que foi ordenado, quase mecanicamente. As pessoas pareciam se deixar guiar pelas as palavras e atitudes de Tiffany tão facilmente, que chegou a ser engraçado.

- Posso perguntar para onde iremos? – Yuri questionou com um pouco de curiosidade.

- Mostrar tudo a você. – Tiffany se limitou a explicar.

Os lábios grossos e rosados se esticaram num sorriso carregado de mistério, fazendo com que a boca alargasse mais. A ideia de deixa-la na dúvida parecia alegrá-la de maneira levemente maldosa, parecendo um tipo de vingança pessoal.

Tendo sido saciada a curiosidade, mesmo que parcialmente, Yuri aguardou que o elevador se movesse ao comando do mecanismo de chamada. Elas desciam suavemente para o primeiro andar. Novos questionamentos foram construindo na mente, lotando-a cada vez mais. Sem realmente saber para onde iam a fazia sentir-se encurralada, como se instintivamente estivesse sendo guiada para uma armadilha. Entretanto, sabia que esses eram apenas reflexos criados pelo trabalho. Naturalmente desconfiava de qualquer coisa ou pessoa que aparecer na sua frente.

Então, para alivia-la por poucos momentos, as portas se abriram para uma sala ampla e relativamente vazia. Completamente diferente da outra que ficava no vigésimo andar, exatamente aquele que acabou de deixar. Havia poucos móveis dentro do cômodo pintado de branco, que se mantinha asséptico e limpo, lançando no ar o forte cheiro dos produtos químicos de limpeza, como se nada pudesse chamar a atenção. Algumas cadeiras foram dispostas perto das paredes, formando uma sala de espera, assemelhando-se a recepção de um hospital. O lugar parecia friamente inabitado. Um longo e clareado corredor se estendia ao fim, onde, erguido mais a frente dominando o centro, se encontrava um balcão feito de granito marrom manchado, do qual uma bonita loura se ergueu para recebê-las. Não era nenhum tipo de enfermeira, pois se vestia de maneira mais casual, com uma blusa de seda e calça jeans. Em contrapartida ela parecia honestamente surpresa por encontrar pessoas passando naquela área, sem ser antecipadamente alertada.

Uma área restrita? – Yuri se questionou em silencio, mantendo o olhar atento a qualquer detalhe, recolhendo informações que o ambiente passava.

- Esse é o setor da perícia. – Tiffany falou enquanto seguia na frente levando-a para dentro do longo corredor, acenando brevemente para a secretária que voltou ao seu posto. Sua presença não necessitava de nenhum tipo confirmação ou acesso de nível “a” ou “b”. Tinha acesso a qualquer andar daquela empresa, não importando quem ou o que pudesse encontrar por lá. – Aqui se encontram os laboratórios, o necrotério e a balística. Além do serviço de inteligência. – Parou em frente a uma porta de madeira branca, que combinava com os ladrilhos imaculadamente brancos das paredes e tocou a maçaneta metalizada. – Essa é a sala do D.I.T. – Abriu a porta vagarosamente, colocando um pedaço da cabeça para dentro, observando se não atrapalhava ninguém. Acabou encontrando alguns rostos familiares. A grande maioria eram rapazes que trabalhavam sob a supervisão de Taeyeon, que embora estivesse num setor diferente, sempre teve um laço quase maternal com aquele pequeno espaço lotado de maquinário eletrônico. O Departamento de Inteligência Tática possuía os melhores cérebros do país a sua disposição. Literalmente aquilo era comandado por nerds e gurus da tecnologia. – Estou atrapalhando?

Perguntou para o responsável pelo gerenciamento da inteligência tática, que sorriu gentilmente, permitindo que entrasse. A Hwang fez um gesto de mão para que a morena a seguisse e juntas entraram no lugar abarrotado de mesas e computadores, além de muitas pessoas encurvadas sobre telas de computador. Alguns deles pareciam focados no trabalho, murmurando contra os microfones do headset, lançando informações para quem os escutasse. Provavelmente estavam monitorando agentes de campo em suas missões, o que não era nada incomum.

Aquele ambiente trazia boas memórias a Tiffany. Fazia um longo tempo que não trabalhava daquela maneira e se saía do escritório sempre estava presa em sala de reuniões ou em campos de treinamento para recrutamento. Sentia falta da adrenalina e ter alguém falando em seu ouvido, seja dando informações ou simplesmente mantendo sua guarda limpa. Na verdade, Taeyeon era a encarregada de ajuda-la nas missões do passado.

Retornando a realidade e para o verdadeiro objetivo em estar trazendo a novata até aquele espaço, voltou o olhar para o gerente.

- Você ainda tem uma daquelas fichas para preencher? – Questionou o homem que coçou sua careca brilhosa, antes de sair agitado para sua mesa, procurando o que a mulher tinha pedido. Depois de bagunçar algumas pilhas de papéis, entregou o papel em questão, encarando-a com certa ansiedade. – Tem tempo livre para fazer um teste hoje?

- Agora? – Ele perguntou visivelmente nervoso, ajeitando o casaco de tecido rude e áspero nos ombros largos. O símbolo do governo sul-coreano estava costurado no peito, revelando os traços do seu profundo patriotismo.

- Sim.

- Claro! Quem é a pessoa que precisa ser avaliada? – O homem ergueu a postura ao grunhir bruscamente, mostrando-se mais sério, como se trazendo a tona uma personalidade nova e mais carrancuda.

- Ela está bem aqui! – Tiffany soltou uma risada leve e apontou na direção de Yuri, que ainda em silencio permaneceu observadora.

O olhar intenso e obscuro da morena não pareceu intimidar o homem, que ergueu o queixo quadrado, lançando os seus olhos investigadores sobre sua figura. De maneira agitada, como se a ideia do teste havia criado uma expectativa ansiosa que movimentava seu corpo, ele guiou as duas mulheres para fora da sala, aprofundando-se dentro do corredor. Para surpresa de Yuri, eles acabaram entrando numa conexão que ficava aos fundos da empresa. Era uma ponte suspensa feita de vigas de aço, coberta por concreto e embeleza com vidro. Ela os levou diretamente para um pequeno prédio nada charmoso, que se integrava ao edifício principal. Dali podia ter uma curta visão do estacionamento ao ar livre, que servia de pátio para SUV pretas e viaturas de assalto, todos blindados.

Esse novo lugar não destoava do ambiente anterior, mantendo o padrão quase que militar e sóbrio de sua estrutura minimalista, particularmente simples se comparado à imponência do prédio principal, que servia de fachada. Havia uma infinidade de salas frias. Placas metálicas indicavam o conteúdo do que verdadeiramente tinha dentro delas e nada mais do que isso. Pequenas janelas traziam um pouco do calor do sol para dentro, emolduradas por bordas metálicas e simples. As salas pareciam ser dividias de acordo com sua função. Algumas serviam para estocar arquivo morto, outras eram armazéns para armas ou munição, estoques de aparelhagem tecnológica e aparatos de auxílio ao trabalho. Até mesmo existia uma pequena área de descanso, parecendo um pouco mais caloroso e simpático, com beliches e armários de metal azul, máquinas de salgadinhos e guloseimas, revistas em pequenas estantes e televisão para entretenimento.

Entrando no elevador, Yuri notou que havia mais números, contanto negativos. Aqueles eram os porões. E era exatamente para lá que parecia se voltar o interesse do gerente careca. Ele apertou sem hesitação o número menos dois, fazendo o elevador se mover para baixo. Segundos depois a porta abriu diretamente para uma academia sem janelas, quase claustrofóbica.

Yuri encarou Tiffany com muita surpresa, pois estava começando a compreender o que fazia dentro daquele espaço cheio de maquinário pesado, parecendo ter saído de um dos campos de treinamento da NASA.

- O que está acontecendo? – Questionou com confusão, esperando que a resposta não fosse a que estivesse imaginando por mais que fosse óbvia.

- Desculpe, Srta. Namkyu. – Tiffany se desculpou com um leve sorriso crescendo nos lábios. Não demonstrava tão sincera assim como desejava transmitir, o que tornava seu tom quase que sarcástico. – Mas são as ordens da casa... Precisamos fazer todos os tipos de testes possíveis para integrarmos você ao nosso pessoal.

Explicou-se enquanto saia do elevador acompanhando o excitado gerente, que antigamente era o treinador chefe daquela seção vazia, tendo sido promovido para um setor que valorizada mais seus conhecimentos militares e experiência técnica. Foi ele o responsável pelo recrutamento de Taeyeon, assim como o seu, aplicando os exames físicos dos quais teve muita dificuldade para passar. Conhecia quase que profundamente sua personalidade dura e inabalável, sendo aquela uma ótima oportunidade para ver o quanto de pressão a novata aguentava. Não contrataria ninguém que não ultrapassasse suas expectativas e esperava que a propaganda feita pela agência, não tenha sido feita da boca para fora. A assassina tinha que ser excepcional no que fazia.

 Mesmo que estivesse contrariada por saber que precisaria se esforçar para alcançar algo que, há muitos anos não precisava, Yuri se obrigou a respirar fundo e seguiu os dois agentes.

O homem se aproximou de alguns armários instalados aos fundos e o abriu com certa brutalidade, pegando um moletom velho da corporação e um envelhecido tênis de corrida que foi previamente utilizado por outras pessoas, jogando-os na direção da morena, que inconscientemente retorceu a cara. Demonstrando bons reflexos, ela os apanhou no ar.

- Espero que não se importe em suar, garota. – Ele falou rispidamente ao notar seu olhar enojado.

Não precisando se expressar mais que isso, apontou para uma porta a suas costas, exigindo que entrasse no vestiário para fazer a troca de roupa com privacidade.

Revirando os olhos para o teto, ela seguiu seu comando sem reclamar. Se soubesse que iria precisar fazer testes físicos, poderia muito bem ter trazido consigo o que precisava, praticamente tinha se preocupado para nada em se arrumar. Pelo menos seria mais confortável usar aquelas roupas do que a que vestia agora. Vestida num moletom largo em seu corpo alto e magro, sentindo o forte perfume do amaciante queimar as narinas, saiu do vestiário com o rosto passivo de emoções. Queriam jogar com ela, então se sairia, no mínimo, vencedora.

Soltando rápidas explicações sobre o que aconteceria a partir de agora, o gerente se aproximou da novata com monitores cardíacos portáteis, colocando-os em torno de seu torso, um pouco mais abaixo dos seios, ficando com o monitor de pulso.

- Vá para as esteiras... Quando eu disser “mais” você deve aumentar o nível da velocidade. – Disse ao apontar para as esteiras paradas num canto espelhado, obrigando a seguir naquela direção e se posicionar para começar o teste. Teve a delicadeza de ajuda-la a colocar uma máscara que monitorava a respiração, ligando um monitor perto de onde ficaria. – Não saia até que diga para parar. Estou sendo claro?

- Sim, senhor. – Ela resmungou em resposta, subindo na esteira sem muita vontade, a voz sendo abafada pela máscara.

Num singelo sinal de mão, o gerente exigiu que o exercício se iniciasse. A esteira tomou um ritmo inicial bastante lento, simulando uma caminhada leve. Progressivamente a voz grossa do homem insistiu que aumentasse a velocidade, do qual ela executou com evidente prazer, chegando ao ponto de realmente estar correndo para valer, com as pernas se esforçando para acompanhar o ritmo viciante da máquina.

Cronometrando tudo em seu relógio, Tiffany observou as anotações que seu antigo treinador fazia numa prancheta, onde anexou a ficha do teste. Durante meia hora de completo silencio e rápidos desvios de olhares para a novata e o monitor da respiração, ele encarou a agente com uma expressão compenetrada.

- Qual é o nome dela? – Questionou com a ponta da caneta flutuando sobre a linha vazia do nome.

Por alguns segundos, Tiffany ponderou a resposta. Tinha aquele nome do contrato coçando a ponta da língua, mas hesitava em coloca-lo por questões de ética. Não queria manchar aqueles prontuários com informações mentirosas e se o fizesse, estaria cometendo o crime de falsidade ideológica. Claro que esse detalhe era algo que somente ela, Taeyeon e Jessica tinham noção, cumprindo o que foi acordado entre eles, o de manter sigilo das informações. Seu olhar se ergueu para a morena que corria tranquilamente na esteira, o rosto passivo de emoções, mostrando-se fixada no exercício árduo. Gostas de suor caiam pelas laterais do rosto corado, mostrando que não estava sendo fácil permanecer naquele ritmo frenético, mas que se manteria calma para concluir o teste.

- Como devemos te chamar? – Indagou.

Quando percebeu Tiffany tinha a questionado, as palavras cuspidas fora da boca sem um comando, chamando a atenção do olhar concentrado de Yuri. Ela praticamente havia esquecido que estava sendo avaliada e observada por dois pares de olhos.

- Yul! – Exclamou ofegante em resposta, indignando-se a voltar para a tarefa, notando pelo reflexo do espelho o olhar carrancudo do homem. Ele não havia gostado daquele momento de distração. Suas pernas por frações de segundos chegaram a vacilar por ter desviado a atenção.

Tiffany se virou para o gerente e sorriu satisfeita, incentivando-o a anotar o nome que a morena havia dito com esforço. Havia a possibilidade de que mais uma vez mentia sua identidade. Entretanto, pela maneira indignada e inconsciente em como respondeu, soou verdadeiro. Iria apostar naquela “verdade”, pelo menos por enquanto. Ao menos dessa vez o nome se encaixava com ela.

Suspirando consternado, o homem anotou o diminuto apelido e se concentrou em seu trabalho. Sua expressão mudou drasticamente, parecendo impressionado com o que via.

- Essa garota é um monstro... – Resmungou para a Hwang que voltou a olhá-lo. – Ela está nessa velocidade mais de vinte minutos e o ritmo de seus batimentos cardíacos praticamente continua o mesmo de antes de subir na esteira. Sem mencionar os níveis estáveis de sua respiração. – Apontou animadamente para o relógio em seu pulso, sorrindo lateralmente, enquanto erguia as grossas sobrancelhas. Sua reação pegou Tiffany de surpresa. Eles se conheciam há anos e para conseguir fazê-lo sorrir demorou quase meia década, enquanto que uma novata conseguia arrancar um sorriso como aquele em meia hora. Definitivamente Yul não estava ali para brincadeira. – Essa garota certamente é uma mina de ouro.

Tiffany permitiu que o velho homem continuasse com suas divagações impressionadas, negando-se a esboçar qualquer comentário, principalmente por não ter nenhum. Estava evidente que sentia inveja daquele impressionante status, mas teve que lembrar de que ela era experiente e ele não tinha consciência disso. Mesmo assim não era fácil escutar coisas como aquela.

Limitando-se a sorrir forçadamente, permaneceu taciturna em seu lugar, observando a execução do teste.

 

*

 

Yuri não sabia se existiam poros suficientes para continuar a suar ou se estava morrendo de uma desidratação crônica. O moletom, antes folgado, estava grudado em sua pele, completamente empapado pelo suor. Isso obviamente a fez sentir-se constantemente incomodada com sua aparência. Deveria estar parecendo uma desajeitada.

Infelizmente não havia muito a ser feito para resolver seus incómodos, principalmente dos músculos, que latejavam em protesto toda vez que se forçava a andar, seguindo Tiffany pelos corredores da Lucius. Começava a acreditar que havia utilizado cantos do corpo, dos quais nem acreditava existir e que eles doíam inapropriadamente. Nem mesmo quando foi obrigada a escalar uma montanha, na cordilheira dos Andes, se sentiu tão exausta como agora. Aquele careca definitivamente não havia brincado, quando disse que a faria se arrepender em não passar mais horas dentro da academia. Os ombros estavam tão doloridos por erguer uma quantidade absurda de peso, que estava andando toda dura. Quiçá conseguia sentir o movimento dos braços, deixando-os dormentes ao lado do corpo. Das pernas nem se falava. Se andava era porque o corpo executava aquelas ações por puro instinto, pois nem sabia se ainda tinha músculo para continuar a se mover.

Contudo não foi esse vai e vem de troca de máquinas, visita a psicólogo e oftalmologista, e exames sanguíneos, que haviam sugado qualquer traço de humor em seu rosto avermelhado. Durante aquele momento de distração na esteira, em que se preocupou na corrida e se gabar do físico atlético, sem querer acabou soltando um fragmento de seu passado, que pareceu deixar Tiffany profundamente satisfeita. Embora não fosse nada preocupante, somente um apelido de infância que usava como identificação no campo de treinamento, não poderia se permitir a mais deslizes. Se o teste não tivesse provocado às memórias, enclausurando-a nas lembranças da época em que era obrigada a esquecer das brincadeiras, focando nos estudos e treinamentos para aprender a matar silenciosamente e agir como uma sombra. Poderia ter evitado que dissesse em voz alta o apelido do qual praticamente havia esquecido a existência.

E por causa disso, agora estava sendo obrigada a escutar a voz enrouquecida da simpática Hwang, chamá-la pelos corredores de Yul.

Yul faça isso. Siga-me por esse caminho, Yul... Tudo com um enorme sorriso ingênuo no rosto, tornando impossível sua missão em repreendê-la por trata-la como se fossem amigas, coisa que simplesmente não eram. Não havia intimidade na relação entre empregado e empregador. Isso a tirou completamente do sério e se não tivesse prometido a Heechul de que se manteria calma, com certeza já teria tido uma “séria” conversa com a mulher.

Respirando fundo e ignorando os olhares curiosos sobre si, retornou para o prédio anexado a Lucius, voltando ao vestiário para tomar banho e trocar de roupa. De acordo com ela, os exames haviam terminado e somente restava uma coisa a fazer.

Saindo de dentro do vestiário perfeitamente arrumada e cabelos úmidos - sendo obrigada a usar sua toalha para secá-lo –, retornaram para o prédio principal que àquela hora próxima do almoço começava a esvaziar. Novamente entraram no elevador do qual Yuri se viu obrigada a manter uma conversação com a tagarela, Tiffany, que não cansava de elogiá-la por seu desempenho durante os testes. Se seu humor não tivesse sido completamente drenado, teria retornado o sorriso gentil e até mesmo feito algumas gracinhas. Mas, simplesmente, se limitou a agradecer e murmurar respostas curtas.

Nunca agradeceu tanto ao divino quando o elevador chegou ao terceiro andar, encerrando a conversa.

- Como Jessica pediu, aqui está sua mesa. – A agente Hwang apontou animadamente para uma mesa vazia dentro de uma sala lotada de cubículos, incrivelmente apertados e pouco privados.

A morena encarou mortalmente aquele pequeno espaço, que estava sendo designado, sentindo que poderia ser capaz de escutar a risada de uma bruxa malvada ecoando pelos corredores, espalhando sua dose de maldade pelo lugar.

Talvez esteja apenas escutando o som da risada da minha querida chefe Jung. – pensou maldosamente enquanto se forçava a sorrir para Tiffany. Ao menos não descontava sua frustração sobre ela, já que a coitada somente seguia ordens.

- Obrigada por hoje, Tiffany. – Agradeceu antes de se sentar na “sua” cadeira e girar nela como uma adolescente inquieta.

- Apenas estou fazendo o meu trabalho, Yul... – Retrucou e depositou um cartão em cima da mesa. – Você está liberada por hoje. Mas tenha em mente de que antes de sair, precisa passar na recepção e pedir para que Sumin valide seu cartão de acesso. – Apontou para o cartão que havia depositado poucos minutos em sua mesa, enfatizando aquela ordem camuflada. Voltando a sorrir se preparou para ir embora. – Seu expediente começa ás oito... Venha me encontrar na minha sala. Estarei te esperando para lhe explicar o resto do trabalho e do que deve fazer daqui para frente. – Falou tudo o que precisou e ao ver a expressão de tédio da morena, acabou soltando uma risada suave. Percebendo que estava exagerando, se obrigou a respirar, às vezes esquecia que estava tratando com uma assassina profissional. – Como eu disse te explico tudo amanhã. Tenha um bom descanso!

Despediu-se com certa pressa para não ceder à vontade de conversar, sabia que poderia estender o assunto por horas, e se dirigiu para fora do escritório do terceiro andar, tendo pressa para assumir suas outras tarefas antes de poder encerrar o dia.

Tendo o quase silencio a seu favor, pelo menos havia poucas pessoas naquele horário e as que restavam mantinham um acordo de silencio tácito, Yuri se jogou contra a cadeira, erguendo os pés sobre a mesa. Notou o olhar reprovador do colega de trabalho ao seu lado, que a encarou por poucos segundos antes de voltar a se focar no que fazia, digitando fervorosamente no computar a sua frente quase que colando a cara no monitor.

Colega de trabalho. Olhou ao redor e percebeu que certamente tinha muitos deles. Nunca se sentiu tão invisível e ao mesmo tempo popular num lugar. Invisível porque não passava de mais “uma” ali dentre tantas pessoas e embora suas condições de trabalho fossem diferentes do geral, isso não a tornava especial no todo. Havia sido adicionada a equação e ponto. Fim da história. Em contrapartida, percebia os olhares penetrantes que lançavam em sua direção, afinal não era nenhuma idiota. Tinha conhecimento de sua beleza, a usava com um tipo de arma para seduzir alvos quando preciso. Sem mencionar que tinha entrado naquela sala na companhia de uma das pessoas mais importantes naquela empresa, além de uma das mais lindas. As pessoas estavam intrigadas para saber quem se tratava ela, que conversava simpaticamente com a responsável do setor e melhor amiga da presidente.

Voltando a se sentar da maneira apropriada, se levantou da cadeira com certa dificuldade, sentindo as juntas meio endurecidas que rangeram quando fez uma movimentação mais brusca. Engolindo um grunhido, deixando-o preso na garganta, pegou o cartão de identificação sobre a mesa e se dirigiu a saída.

Precisava se empanturrar de comida e tomar um longo dia de descanso, para poder retornar no dia seguinte com mais disposição.

 

*

 

Os olhos de Jessica desciam ávidos pela ficha que tinha em mãos, como se o destino do mundo dependesse disso, aferrando-se a cada palavra. Estava tão imersa que praticamente havia esquecido a presença de Tiffany na sala, que a observava, aguardado uma conclusão. Só faltava aquilo para poder encerrar o expediente e ir para o conforto de sua casa, para jantar com Taeyeon. Tinha prometido que hoje comeriam num restaurante australiano, que havia sido inaugurado há poucas semanas no bairro onde moram. Os reviews do lugar eram todos positivos e isso chamou a atenção da loura, que pareceu inclinada a experimentar uma culinária nova e diferente da habitual.

- O que isso significa? – A interrogação da presidente a retirou de seus pensamentos, fazendo-a despertar. Quando voltou a focar sobre sua figura encurvada na robusta escrivaninha de madeira, conseguiu notar em seus olhos que estava incomodada. – Extremamente profissional e mentalmente equilibrada para o trabalho requisitado? Que teste psicológico é esse?

Reproduziu tais palavras, inconformada e frustrada, largando a ficha de Yuri sobre a mesa. Isso fez com que a amiga respirasse fundo. Iria novamente se aprofundar naquela conversa, a implicância com a novata (para sua infelicidade) não acabava.

- O que você esperava? Seohyun disse que ela é perfeita para o trabalho. Fiz todos os testes possíveis que você mandou, dos quais ela se saiu bem... – Enumerou suas razões para desconfiar de tanta antipatia. – Não sei do que você está reclamando.

Ela argumentou sem muita vontade de perder o bom humor, principalmente depois de perceber que era sexta-feira e teria o resto da noite de descanso. Amanhã somente viria para o escritório apresentar o trabalho que Yul deveria prestar e depois teria o final de semana para si. Pareciam dias promissores e que estavam a poucos palmos de alcança-los.

- Eu não estou duvidando das palavras de Seohyun. Se ela diz que aquela mulher merece o lugar que está ocupando, significa que fizemos uma boa escolha... – Jessica estava mais calma para se explicar, embora não menos complacente. Apontou as partes anexadas ao teste, que haviam arrancado sua paciência. – Somente não entendo o motivo dela não ter colocado sua análise pessoal sobre a personalidade dela... Ela sempre faz isso. Então porque não fez hoje?

Tiffany não tinha resposta para isso, tendo que respondê-la com um simples mexer de ombros. Não havia notado aquele detalhe, pois estava satisfeita com os resultados que conseguiu em tão poucas horas. Ciente de que o silencio não a agradava, viu sua amiga apertar um botão no telefone, acionando uma chamada discada, para um ramal raramente utilizado. Em poucos segundos a ligação foi atendida. Ninguém recusava uma ligação vinda diretamente da presidência.

- Seohyun – Jessica não deu chance para que a garota retornasse seu cumprimento impessoal, cortando-a com rispidez. – Venha até minha sala... Estou te esperando.

Dizendo isso encerrou a ligação, tomando fôlego para remontar a imagem de uma CEO sucedida, fazendo Tiffany repreende-la. Ela pediu para que fosse mais paciente com a garota, que, talvez por ser muito mais jovem, tinha um caráter sensível a conversas ríspidas como aquela. Falar com Seohyun dava a mesma sensação de pisar em ovos. Não importava o quão doce e calma fosse, seus sentimentos uma hora transbordavam, findando por desmanchar sua expressão tranquila. E por mais que acessos de raiva de sua parte fossem raros, Jessica conseguia acabar com qualquer tipo de preparo mental que a pessoa possa ter construído.

De qualquer maneira, a Jung conseguia fazer com que todos extrapolassem os próprios limites.

Enquanto aguardavam a chegada de Seohyun, ela continuou sua inspeção minuciosa na ficha da nova contratada, novamente imersa nas informações básicas que conseguiram obter, desejando que tivessem sido mais aprofundados nos exames. Tudo isso somente a fez chegar à conclusão de que Yuri era perfeita.

- Por que Yul? Ela não se cansa de procurar nomes idiotas? – A presidente indagou com escarnio, desmerecendo o apelido da morena.

Dessa vez Tiffany se obrigou a responder, quase que defendendo a nova contratada. Estava a colocando sob suas asas e isso poderia significar algo bom ou ruim ao mesmo tempo. Tinha suas suspeitas e ressalvas quanto a ela, sem mencionar que Taeyeon havia a alertado de seu gênio caprichoso e que deveria sempre se manter alerta. Mas, nas poucas horas que esteve em sua companhia, conseguiu se deparar com uma figura diferente da que havia construído com tantas expectativas.

- Não é um nome e muito menos idiota. – Repreendeu Jessica com firmeza, recebendo seu olhar desafiador, e suspirou fortemente enquanto descruzava as pernas. – É um apelido de infância.

- Como você sabe disso? – Não queria ser ríspida, mas não conseguiu se controlar ao ver que ela falava com muita segurança.

- Ela me contou... Quer dizer, eu forcei que contasse. – Estava pouco interessada em se aprofundar no assunto, queria ir embora e era isso que ia fazer, então tomou um pouco mais de coragem para rebater seu olhar. – Pare de tentar arranjar defeitos, Jessica. Você viu o teste. Yul é perfeita para o trabalho! – Salientou com leve impaciência desprendendo na voz. – Eu nunca encontrei alguém que fosse capaz de tirar nota cem. Nem o nosso agente mais experiente alcançou essa marca. Eu mesma não consigo sair do oitenta e nove! Então, se me der licença, eu vou para casa... – Alertou com severidade, mostrando que não iria ceder mais nenhum minuto de sua noite e pulou para fora da cadeira. – Somente termine logo seu trabalho e vá para casa. Você anda precisando descansar.

- Okay, Fany... Faça como quiser. – Suspirou pesadamente ao se jogar contra a cadeira, admitindo que tinha sido derrotada por suas palavras. Somente havia verdade nelas e isso era enervante.

Sorrindo satisfeita de si, Tiffany lhe lançou um beijo no ar e correu para fora da sala, evitando que a parassem. Pelo caminho deu de cara com Seohyun que saia do elevador, meio que correndo apressadamente para entrar na sala de Jessica. Silenciosamente lhe desejou coragem e força, entrando no elevador, apertando imediatamente o botão do andar de baixo para ir a seu escritório. Quando passou por Eunjung, questionou-a sobre Taeyeon e logo recebeu a notícia que a própria já havia ido embora.

Então com aquela notícia, mais apressada se dirigiu para pegar a bolsa e seguir para a saída.

 

*

 

- Eu não sei se isso... – Seohyun tentou persuadir Jessica a desistir de pedir sua opinião sobre o caso “Yul”, porém não conseguiu se sair vitoriosa. Não quando ela estava tão empenhada em conseguir aquilo.

- Esqueça por alguns minutos a promessa de sigilo e, por favor, me dê o que quero! – Insistiu com dureza, mesmo que tentando não ser impaciente e agressiva.

A jovem psicóloga teve que invocar o máximo de calma que tinha dentro de si, respirando fundo e contando até dez, mantendo-se estável e tranquila, mesmo quando a tensão dominava o escritório. Quando a presidente queria ser intensa conseguia afetar tudo ao seu redor, o que facilitava as coisas para si, sendo praticamente difícil negar-lhe algo. E mesmo desejando ter força para dizer não, evidentemente não conseguia ser firme o suficiente.

- Eu não lhe entreguei minha opinião, porque não havia nada a ser acrescentado. – Cedeu a tamanha insistência, olhando-a firmemente nos olhos, deixando explicito que estava inconformada por contrariar suas éticas médicas. Ainda assim continuou. – Yul é uma pessoa integra e se encaixa perfeitamente ao trabalho.

- Integra? – A outra bufou em contrapartida, despejando sobre a garota todo o desprezo que sentiu naquele momento. Sua mandíbula trincou fortemente, evitando que aquele comentário positivo sobre a novata não a fizesse reagir com mais grosseria, porque não o aceitava. – Seohyun, você está chamando uma assassina profissional de integra! Ela mata por dinheiro!

- E nossos agentes também não? – Rebateu calmamente sem alterar o tom suave da voz, provocando a raiva de seu chefe.

- Isso é diferente. – Rangeu os dentes ao rebater teimosamente a questão, nunca deixaria que comparassem a moralidade de seus funcionários com de um mercenário.

- A única diferença é que matamos sob aos olhos da lei e ela não. Mas, isso não a torna menos íntegra... – Comentou sabiamente, utilizando-se de seu jogo psicológico. Habilidosamente mascarou que avaliava a presidente com um sorriso inocente. Jessica pareceu ter de engolir um bolo grosso e indigesto. Certamente sua teimosia dificultava as coisas para si. – Unnie, Yul não é uma pessoa má. Ela tem suas próprias condutas éticas e isso a torna única no que faz.

- Pelo visto você está a protegendo... – Falou acidamente, parecendo chocar a jovem que ofegou.

Seohyun preferiu ter como resposta ao seu ataque o silencio, mas não conseguiu esconder sua indignação quando seu nariz franziu levemente, bufando. Aquele era o sinal de que sua paciência e educação estavam chegando ao limite.

Jessica imediatamente se arrependeu de ter usado aquele artifício bobo. Sim, estava com raiva por ver que todas as pessoas a quem confiava, estavam “protegendo” a mentirosa desconhecida. Simplesmente não podia permitir que continuasse. Contudo, isso não queria dizer que podia descontar suas frustrações na garota e muito menos em seus funcionários. Ninguém tinha culpa do que estava acontecendo. Daqui para frente era uma situação que deveria manter vigilância, tendo que maquinar por trás das cortinas, observando de longe à morena. Precisava preservar a incólume reputação de sua firma.

Então, engolindo seu orgulho por aqueles míseros minutos, abaixou a guarda e se levantou da cadeira, indo diretamente na direção da amiga.

- Me desculpa, Seo... Ando sob muita pressão ultimamente e não consigo controlar o que sai da minha boca. – Se explicou ao tocar em seu rosto, puxando-o em sua direção para que pudessem ter a conversa no olho a olho. E pela primeira vez no dia dedicou a abrir um sorriso doce, mesmo sentindo-se estranha por fazê-lo. Ao menos sua mudança pareceu agradar Seohyun, que sorriu em troca. – Eu apenas me sinto meio intimidada por aquela mulher. Tem algo nela que me deixa inquieta.

Suspirou longamente ao admitir o que verdadeiramente se passava dentro da mente agitada, que praticamente não parava um segundo se quer, sentindo o peso em seus ombros diminuindo, mesmo que pouco. Seohyun encarou profundamente seus olhos, vasculhando-os atrás de qualquer resposta a seus sentimentos sinceros. No fim conseguiu alcançar uma conclusão que poderia agradá-la.

- Quando digo que Yul é íntegra, isso não significa que precise confiar cegamente nela... – Ponderou por alguns segundos se continuava a falar, tomando o peso das palavras. Estava inquieta para todos os efeitos. – Cheguei a questioná-la sobre seu passado e tudo que recebi foi silêncio. Quando alguém é capaz de fazer isso, simplesmente ficar quieta no canto, encarando-me com os lábios selados, recusando-se a responder. Pode significar que existe um grande segredo por trás de tudo. – Contou com o semblante franzido, trancando-se em sua psicanalise. Jessica somente estreitou os olhos, mantendo-se atenta a qualquer palavra que saia de sua boca. – De qualquer maneira... Ela vale a pena ser contratada, desde que a mantenham em constante vigilância. Só por precaução.

Sorrindo felicitada e agradecida pela garota ter contado tudo que queria escutar, puxou-a para fora da cadeira. Seohyun a encarou com estranheza por agir tão impulsiva, mas logo tratou de se explicar. Como recompensa pelo bom trabalho, a levaria para jantar.

Somente por hoje se permitiria a ter um pouco de vida.


Notas Finais


Comentários? Até a próxima! ^^


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