Sai da casa de Lauren e decidi caminhar, eu sentia um peso em minhas costas, um aperto no peito e me controlava para não chorar. Não queria ir pra casa, pois não estava afim do interrogatório dos meus pais. Minha cabeça girava entre meu beijo, o Wesley e aquilo que havia feito com Lauren, que foi muito mais do que tinha feito ou sonhado com qualquer garoto. Era estranho que quando lembrava o sentimento que vinha era saudade e não náuseas como pensei que sentiria se beijasse uma garota, o que mais me incomodava era o fato dela ter ficado ali me escutando explodir. Nenhum sorriso diabólico, nenhuma frase sarcástica, nenhuma piada de mau gosto, ela permaneceu em silêncio e seus olhos não continham nenhuma expressão. Por que você me beijou, por que você fez isso comigo? O que você ganha beijando uma garota? Minha cabeça tinham muitas questões não respondidas...
BIIIIIIIIIIIIIIIIIIII – uma buzina tocou. Estava com o pensamento tão longe, que não havia percebido que estava no meio da rua e tinha um carro na minha frente que havia freado bruscamente. Morrer talvez não fosse uma ideia ruim.
- Você está louca garota? – perguntou a garota quando desceu do caro. Ela era alta, cabelo mediano escuro, um rosto lindo e uma bela voz.
- Desculpa. – sussurrei. Estava com medo da menina.
- Tudo bem, você está muito branca... No que você pensava pra está tão distraída e não ver que estava na pista. – ela me olhava de um jeito estranho.
- Desculpa. – foi o máximo que consegui responder.
- Sou Dinah Jane. – apresentou-se. – Vamos, te dou uma carona pra casa, você está precisando parece muito perdida.
- Camila Cabello. – olhei pra ela e ela estava preocupada comigo. – Não precisa se preocupar. Eu vou tomar cuidado agora. – ela ignorou meu ultimo comentário e me puxou para o carro e quando entrei minha barriga roncou.
- Eu ia perguntar que direção era sua casa, mas antes uma parada em uma lanchonete. – ela ligou o carro e ignorou meu começo de protesto. Ligou o rádio e colocou numa estação que estava tocando Byoncé e começou a cantar e fazer uma performance que me fez rir e por três minutos meus pensamentos e medos sumiram.
- Você sabia que não se deve pegar carona com estranho? – ela me perguntou casualmente e eu fiquei calada, até que consegui formular uma resposta.
- Não se deve também dar carona a estranhos. – ela me olhou e gargalhou, uma risada rouca e receptiva. Sua áurea me passava tranquilidade assim como a da Ally. Lembrar-me a Ally me fez fazer uma nota mental de ir à igreja com ela agradecer a Deus por...
- Você não é estranha. Você é Camila Cabello e agora eu me lembrei de onde te conheço, você estuda na mesma escola que eu. Ano passado pagamos a disciplina de história juntas. – ela disse me tirando dos meus devaneios e a olhei tentando lembrar.
- Aaaaah. Você é a namorada do Siope, que é capitão do time de basquete. – disse e ela confirmou com um sorriso enquanto estacionava o carro.
- Você não respondeu minha primeira pergunta, onde estava sua mente quando quase te atropelei. – eu corei, não queria lembrar que estava pensando no beijo da Lauren, peguei involuntariamente nos meus lábios.
- Nada... Só que... Problemas! – consegui responder depois de gaguejar um pouco. Fiz outra nota mental de fazer um curso para aprender me relacionar com as pessoas.
Fomos para lanchonete e enquanto nossos pedidos não chegavam Dinah ou DJ como gostava de ser chamada me enchia de perguntas, ela era incrivelmente extrospectiva, aos poucos fui relaxando meus nervos e até as vezes esquecia-me de tudo, mas só as vezes.
- Foi um prazer conversar com você. Agora só me diga como faço para chegar a sua casa. – ela me perguntou.
- Não precisa, obrigada a você por me fazer companhia. Agora eu só queria andar. – respondi.
- De jeito nenhum, pelo seu jeito você precisa da sua casa e andar te leva a quase atropelamentos. – me repreendeu. Eu demorei, mas convenci-a a me deixar na praia e que eu só andaria por ali.
- Obrigada. – agradeci antes de descer do carro.
- Me passa seu número. Podemos combinar um cinema depois. Ou assistir uns jogos de basquete juntos. – Entreguei meu número, ela anotou no celular e saiu. Eu fui sentar na areia e ver o mar, aquela praia era calma e tinhas poucas pessoas e umas crianças correndo ao longe. As lágrimas que eu tanto segurava saíram sem permissão silenciosamente. Eu permaneci chorando, talvez por um minuto ou uma hora, talvez eu chorasse por tudo o que não tinha chorado. Meu celular vibrou.
[01: 43 p.m.] Hey Dawg, meu número. DJ – um pequeno sorriso quis sair, mas ficou preso no desejo. A tarde passou em de câmera lenta, as pessoas passavam ao meu redor e eu estava absorta em meu pequeno e em meu desestruturado mundo, presa em uma teia de aranha sem saída e cheia de dor. O sol se pondo anuncia que eu fiquei tempo de mais perdida na minha própria escuridão, antes o pôr do sol me trazia alegria agora só me dá medo do desconhecido, do novo dia. Minha garganta estava seca, minha respiração estava irregular o “novo dia” me desespera. Enxuguei as lágrimas, limpei a areia do meu corpo e caminhei até em casa.
(...)
Eu estava presa em um quarto, estranhamente familiar. Eu conhecia aquela cama, aquele cheiro agridoce, minha boca tinha gosto de menta, era o gosto dela, aquilo encheu meu coração de paz, alguém estava em cima de mim, eu olhei e vi. Meu coração disparou... Wesley estava sem camisa e sua cara era terrivelmente assustadora, o cheiro de álcool invadiu minhas narinas fazendo-as arderem, eu olhei para o lado procurando socorro e lá estava ela assistindo tudo, o vendo tirar meu sutiã, seus olhos brilhavam de alegria e me diziam “você está pagando por ter me rejeitado”, eu tentei pedir socorro, mas a frase ficou presa na garganta. Lauren levantou abriu a porta e saiu... Eu acordei e corri para o banheiro vomitar o álcool que ainda existia em meu organismo, as lágrimas saíram instantaneamente, eu estava soluçando no chão do banheiro do meu quarto, eu estava com medo. Estava assustada e não tinha ninguém com quem conversar. Permaneci no chão do banheiro até às cinco da manhã quando meus olhos pesaram e minha cabeça pediu minha cama, me arrastei para ela querendo apenas para dormir. Sem sonho, sem pesadelo, sem nada. Eu queria ficar vazia como meu coração estava.
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