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História Learning to Live (Clexa) - Destruição


Escrita por: ClarkeLexazinha

Capítulo 20 - Destruição


Fanfic / Fanfiction Learning to Live (Clexa) - Destruição

"Hoje eu invejo a parte de mim que não te conheceu. A metade de mim que podia dormir de noite sem pensar no que aconteceu. 

Os peculiares desejos de um coração quebrado."



*********



"As pessoas têm dificuldades de abandonar seus sofrimentos. Por medo do desconhecido, elas preferem sofrer com o que é familiar."

Octavia parou seu carro na frente da última casa noturna que tinha na cidade. Ela ficou lá parada, suas mãos não saíam do volante e seus olhos não se desfocavam da entrada do lugar de forma alguma.

A Blake ficou a madrugada inteira rodando pela cidade e agora que havia chegado no último lugar possível, onde a mãe de Raven poderia estar, não sabia como se sentir. Não sabia mais o que devia dizer a ela; a única coisa que Octavia queria era tirar Raven de dentro da casa em que ela morava, pois ela sabia que tinha algo de errado acontecendo lá dentro. Só que a morena não podia simplesmente pedir para a Reyes sair de lá, já que sabia que ela nunca faria isso e também nunca iria aceitar sua ajuda, pois, por algum motivo, ela não gostava muito de Octavia; era isso que ela pensava.

A morena de olhos verdes fechou seus olhos e respirou fundo, em uma tentativa de por suas ideias no lugar. Então ela pegou sua mochila no banco do passageiro, saiu do carro e caminhou para dentro da casa noturna; lugar que ela nunca havia frequentado na vida, então não sabia o que podia estar lhe esperando lá dentro.

Octavia entrou e caminhou com passos um pouco amedrontados, pois aquele ambiente era algo completamente novo para si. Ela segurou firme nas alças de sua mochila e ficou olhando todo o lugar atentamente, mas nem ao menos notou uma mulher que estava caminhando por ali também, então a garota, acidentalmente, esbarrou em uma mulher alta, loira e de olhos claros.

– Me desculpe, eu não vi a senhora. – Explicou Octavia que segurou a moça pelos braços para se estabilizarem e logo a soltou.

– Não tem problema algum, meu amor. – A mulher mais velha se aproximou de Octavia e pôs uma mão em seu queixo, coisa que a garota não entendeu. Até que a mulher lhe deu um beijo de repente e ficou segurando seu rosto com as duas mãos. – O que vai querer hoje, gatinha?

– Estou procurando uma mulher com o sobrenome Reyes. – Octavia se amaldiçoou mentalmente por não saber ao menos o nome da mulher que era mãe do amor de sua vida. 

– Glass Reyes? – Perguntou ela.

– Isso. Glass. É isso mesmo. – Afirmou Octavia por finalmente se lembrar do nome da mulher e por tê-la encontrado. – Onde ela está? – A moça loira apontou para o bar do local e Octavia pôde ver uma mulher morena muito parecida com Raven, então chegou à conclusão de que era mesmo aquela mulher. A Blake nunca havia visto a mãe de sua amada e agora pôde ver como elas eram parecidas. – Obrigada por tudo, dona moça. – Octavia começou a andar até a mãe de Raven, mas parou no meio do caminho e voltou a olhar para a mulher com quem estava falando. – A propósito, meu nome é Octavia.

– Como a irmã do imperador Augustus? – Perguntou ela que recebeu um sorriso e um confirmar de cabeça vindo de Octavia. – Sou Nia.

– Não pensei em nenhuma referência, mas é um nome legal. – Ambas sorriram a Blake se despediu da mulher loira, assim caminhando e parando atrás da mulher que era mãe de Raven. – Glass?

– Sim? – A mulher se virou e deu de cara com uma das amigas de sua filha, Octavia Blake. Glass conhecia aquela menina, sabia que ela vinha de uma família poderosa, porém nunca teve contato algum com a garota, pois sua filha nunca permitiu que se aproximasse dela ou de Clarke Griffin. – Octavia, certo? O que faz aqui?

– Quero conversar com você. – Explicou a morena que olhava para Glass como se ela fosse sua pior inimiga e era exatamente isso que ela estava sendo considerada pela garota de olhos claros. 

– Aconteceu algo com a Raven? – Perguntou a mulher mais velha.

– Eu é quem te pergunto isso. –  Rebateu Octavia que trincou seu maxilar e isso não passou despercebido por Glass que a olhava como se tentasse compreender aquela estranha jovem.

– O que está acontecendo, Octavia? – Ela voltou a perguntar.

– Ok, vou falar logo para poder sair de perto de você o mais rápido possível. – Disse a morena que bufou e se aproximou ainda mais da mulher que agora estava de pé. – Eu andei pesquisando muito sobre você, Glass Reyes. Eu descobri que você é prostituta, que nunca cuidou da filha que nasceu acidentalmente, assim podemos dizer. E que você leva um monte de pessoas ruins para dentro da sua casa, e isso sem nem ao menos se importar com uma jovem adulta que vive lá.

– Do que você está falando, em? Está querendo ser a mãe da minha filha agora? – Glass olhou para a garota mais nova como se fosse a estrangular em qualquer momento. – Como você mesma disse, Octavia, Raven é uma jovem adulta e se ela não está satisfeita em estar na própria casa, então que vá embora.

– Você não entende nada mesmo, não é? Seu intelecto é baixo demais? – Perguntou a Blake de uma forma irônica. Ela viu o semblante de Glass ficar ainda pior e isso a fez pensar o que iria acontecer dentro daquele lugar. – A Raven não vai sair daquela casa porque ela se importar com você e não quer que você se afunde nas drogas, como eu sei que você já fez antes. – Octavia descobriu aquilo em sua pesquisa com Bellamy e se sentiu ainda pior por ter descoberto daquela forma, pois ela queria ter ajudado Raven quando ela precisou.

– Acho melhor você sair daqui, Octavia. Antes que algo aconteça com você. – Ameaçou a mulher.

– O que vai fazer? Por alguém para abusar de mim como você deixou que fizessem com sua filha por toda a vida dela? – Octavia pôde ver a ira subir por todo o corpo de Glass e isso a fez ficar ainda mais brava, pois a Reyes não deveria ficar daquela forma quando a jovem Blake estivesse ali para proteger sua amada. – Glass, eu estou aqui porque quero que você faça apenas uma coisa. – A garota se aproximou um pouco mais dela e a olhou no fundo dos olhos castanhos como os de Raven. – Quero que você tire qualquer homem de dentro da sua casa; não quero nenhum lá dentro e nem muito menos perto da Raven, ou você pode ter certeza que eu vou fazer qualquer coisa ao meu alcance para te destruir. Não pense que eu não faria isso.

– Eu vou viver da forma que eu sempre vivi. Raven não vai sair daquela casa e meus homens vão continuar lá, principalmente o Wick. Já que pesquisou tanto sobre mim sabe que o Wick é o que mais fica por lá e o que mais mexe com a Rae também. – Glass segurou o queixo de Octavia de uma forma nada delicada e aproximou seus rostos. – Não pense que só porque tem dinheiro e um sobrenome digno que vai me fazer algo. Você não é nada, garota, igualzinha a minha filhinha.

A respiração de Octavia ficou completamente desregulada por conta da raiva que lhe subiu. Ela não enxergava mais nada em sua frente e acabou empurrando Glass, mas alguém a segurou pela cintura e a jogou contra uma mesa que se quebrou com o seu peso. Ela caiu no chão e fechou seus olhos, tentando controlar toda a dor que estava sentindo, principalmente em sua cabeça.

– Octavia! – Nia se abaixou ao seu lado e viu um pequeno corte em sua cabeça, onde estava sangrando de uma forma um pouco considerável. – Você está bem?

Octavia nem ao menos respondeu. Ela apenas se soltou de Nia de uma forma um pouco rude e viu um homem alto e loiro em sua frente; ela tinha certeza de que aquele era o tão famoso Wick.

– Você vai se arrepender disso. – Avisou a Blake que apontou o dedo no rosto de Wick que ainda parecia calmo, então ela olhou para Glass que a olhava um pouco amedrontada; ela sabia que Octavia Blake poderia acabar com Wick. – É melhor fazer o que eu mandei. 

E então Octavia saiu do estabelecimento.



(...)



"Porque nada me faz mais feliz e nada me faz mais triste do que você."

Clarke pensava nessa seguinte frase enquanto estava observando Lexa dormir, e isso já fazia algumas horas. A morena estava dormindo em um colchão ao lado da cama que as irmãs Griffin estavam dormindo e isso a deixou em uma ótima posição para que a loira pudesse lhe observar o quanto quisesse. 

A Griffin não tinha conseguido pregar os olhos em momento algum. Sempre que ela tentava fechá-los, coisas ruins apareciam em sua cabeça e a principal delas estava deitada em um pequeno colchão no mesmo ambiente que ela mesma estava. Clarke não conseguia deixar de pensar nos motivos de Lexa estar a namorando.

Clarke não achava que poderia ser tão afetado por algo em toda a sua vida. Tudo estava sendo tão difícil para ela suportar; ela não suportava a ideia de que estava sendo usada, mas não conseguia contar para alguém como estava se sentindo e nem muito menos conseguia se separar de Alexandria para sempre, pois ela sentia que já não conseguia mais estar longe dela. Clarke havia se apaixonado pela garota que estava quebrando seu coração com um falso relacionamento.

Clarke não queria aquilo de forma alguma, mas sabia que teria de se afastar de Lexa antes que ela destruísse todo seu coração; ela podia ir agora com uma parte dele quebrado ou podia ficar para sempre ao lado dela e com ele totalmente destruído, mas ela não queria isso, pois não queria perder a si mesma.

A universitária assistiu Lexa abrir os olhos de uma forma preguiçosa e sorrir para si com um sorriso manhoso; aquele sorriso fez o coração da loira se derreter e também se quebrar um pouco mais, ela já nem se entendia mais e também não entendia o motivo de seu coração se quebrar tanto por conta daquela morena com os olhos verdes mais apaixonantes do mundo.

– Minha Pequena... – Lexa disse baixinho, enquanto se arrastava até sua namorada. – Você está chorando? – Perguntou ela quando notou os olhos azuis mergulhados em água e em tons avermelhados ao redor. A morena logo se preocupou com sua namorada, já Clarke nem ao menos sabia que estava chorando; isso até mesmo a surpreendeu. – É por causa do seu tio? Ou tem algo diferente te acontecendo?

– Malditos ninjas cortadores de cebola. – Exclamou Clarke que se levantou da cama e tentou enxugar seus olhos completamente marejados. Lexa ficou bastante confusa com a fala da outra garota, mas mesmo assim se sentou ao lado dela na cama e olhou para Josephine que ainda estava dormindo tranquilamente. 

– O quê? Mas que ninjas, Minha Pequena? – Lexa voltou a perguntar. Ela pôs uma de suas mãos nas costas de Clarke e começou a acariciar o local, isso fez o coração da loira se amolecer um pouco mais e ela odiava isso com todas as suas forças. – Quer conversar? Pode falar comigo sobre o que quiser.

– Eu estou bem, Alexandria. Foi só um cisco que caiu nos meus olhos. – Clarke se levantou e começou a coçar seus olhos para dar mais credibilidade para sua mentira.

Lexa ia falar algo sobre aquilo, mas seu celular começou a tocar. Então ela o pegou no colchão onde havia dormido e viu que era Kane quem a estava ligando. Ela atendeu o aparelho e o pôs em seu ouvido.

– Kane? Aconteceu algo? – A Woods perguntou enquanto ainda olhava para sua namorada que olhava para um canto qualquer do quarto e estava com seus braços cruzados.

– Lexa... algo aconteceu, sim. – Afirmou o homem que estava com a voz temerosa e a morena não soube dizer o motivo para aquilo. – Acabamos de descobrir que a fazenda... que a fazenda...

– FALA LOGO, HOMEM! – Lexa gritou, pois sua paciência já estava começando a se esgotar. Seu grito acordou Josephine, mas a mesma fingiu que ainda estava dormindo, pois sabia que algo estava acontecendo ali. 

– A fazenda foi a leilão, Lexa. Acabamos de descobrir. – Clarke observou o semblante de Lexa mudar totalmente. Seu rosto absorveu uma feição raivosa e ao mesmo tempo magoada; a loira não soube o que pensar sobre aquilo. – A hipoteca da fazenda venceu e então vão leiloa-la.

Lexa desligou seu celular e começou a passar as mãos em seus cabelos castanhos de uma forma raivosa. Ela murmurava coisas que Clarke não conseguia compreender, mas sabia que era algo nada bom. A loira segurou o rosto de Lexa entre suas mãos e a fez olhar em seus olhos azuis.

– Alexandria? O que está acontecendo? Algo aconteceu na sua fazenda? – Perguntou a Griffin que notou o semblante agora de dor no rosto de sua amada. Ela pôs uma mecha dos cabelos castanhos atrás da orelha de Lexa e esperou pacientemente que ela dissesse o que estava lhe acontecendo.

– Minha fazenda foi a leilão, Minha Pequena. – Sussurrou a Woods com um tom de voz amargurado. – Eu perdi a fazenda, Minha Pequena. Eu não tenho dinheiro para tê-la de volta.

Clarke soltou o rosto de Lexa e se afastou dela com um olhar perdido estampado em seu rosto. Clarke começou a pensar no que iria fazer; ela podia ajudar Lexa e também podia deixar que ela arranjasse o jeito dela. A loira queria muito ajudar sua namorada, mas se ajudasse iria estar fazendo a única coisa que a morena queria de si. Iria fazer exatamente o que ela queria; iria dar seu dinheiro que era a única coisa que Lexa queria de Clarke.

Mas também existia centenas de motivos para a Griffin ajudar a Woods com o dinheiro. Um deles era que não podia deixar sua amada sem moradia. Mesmo que isso doesse em sua alma de várias formas diferentes, ela também sentia uma imensa vontade de ajudá-la, pois gostava muito dela para não ajudá-la e a deixar desamparada.

Clarke foi até seu quarto rapidamente e voltou com um colar de brilhantes. Lexa olhou para aquilo sem entender nada. Então Clarke o pôs em suas mãos e as fechou para que segurassem o caro colar. A loira suspirou e soltou as mãos de sua namorada; sabia que aquilo era o certo a se fazer, mas não sabia que o certo poderia doer tanto.

– Minha Pequena...

– Venda esse colar e fique com o dinheiro para resgatar sua fazenda. – Clarke estava sentindo uma dor enorme em seu coração, mas sorriu de uma forma triste, coisa que Lexa não entendeu o motivo. – Esse colar era da minha mãe e sei que ele vale muito. 

– Clarke... não precisa fazer isso. – Disse Lexa que não estava sabendo como agir naquele momento.

– As pessoas tendem a dizer que eu sou ruim, mas eu nunca deixaria alguém sem uma casa. Eu quero te dar isso porque eu sou humana, Alexandria, não tem nenhum motivo por trás disso. – Lexa, sem nem ao menos pensar, abraçou Clarke com todas as suas forças e a soltou para beijar todo o seu rosto.

– Casa comigo, Minha Pequena. Case-se comigo. – Pediu a Woods que nunca esteve tão feliz em toda sua vida.

– Ok. – Respondeu Clarke que deixou, não só Lexa extremamente surpresa, como também deixou Josephine surpresa. A garota mais nova se sentou na cama e abriu o maior sorriso de todos, só não era maior que o de Lexa, coisas que fizeram Clarke revirar os olhos. – Vou me casar com você. – Falou ela dessa vez olhando nas órbitas verdes de Lexa. – Josephine, você não precisa mais fazer essa sua greve de fome ridícula e você, Alexandria Woods, não precisa mais infernizar a minha vida para que eu me case com você.

– TUDO! CLARKE, VOCÊ É TUDO PARA MIM. – Lexa gritou e levantou Clarke em seus braços enquanto girava com ela. A Griffin se sentiu feliz por aquele momento, mas ele também estava acabando com ela, pois ela sabia o verdadeiro motivo para Lexa estar tão feliz.

– Eu estou fazendo isso pela minha irmã. Não quero que ela fique doente. – Disse Clarke assim que a morena lhe soltou do aperto.

– Eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo, Minha Pequena. – Lexa falou e ignorou as palavras de sua namorada. – Agora deixe-me beija-la. – Pediu com um enorme sorriso.

– Ok, mas quero que feche seus olhos. – Clarke sorriu travessa quando viu Lexa fechar seus olhos. A loira pegou o travesseiro que havia usado para apoiar a cabeça e viu sua irmã negar com a cabeça. Clarke bateu com o travesseiro no rosto de Lexa e viu a mesma abrir seus olhos na mesma hora.

– Isso não valeu, Clarke! Eu sou sua noiva agora e você tem que me deixar beija-la. – Exigiu a morena. 

– Não. Você não vai mais me beijar, caipira. – Clarke cruzou os braços demonstrando que estava brava.

– Eu tinha que dar para você uma ferradura de cavalo, sabia? Porque você é muito grosseira. – Falou Lexa que estava acariciando as bochechas.

– Mas aí vai ficar faltando uma para você. – Clarke riu de sua própria resposta e não percebeu quando Lexa segurou seu rosto e lhe beijou nos lábios.

– Eu consegui, viu só? – Lexa começou a saltitar pela quarto, arrancando risadas de Josephine e revirar de olhos de Clarke. – Eu estou tão feliz que a fazenda já nem importa... MEU DEUS, A MINHA FAZENDA. – A Woods calçou seus sapatos de uma forma rápida e deu mais um beijo nos lábios de Clarke. Ela saiu correndo, mas trocou um pé pelo outro e acabou caindo, então levantou o mais rápido que pôde e voltou a correr. Ela teve sorte de o jarro que a loira lançou não pegou em sua cabeça.

A Griffin grunhiu de raiva e teve vontade de acabar com a vida de Alexandria Woods.

– Pelo visto alguém está apaixonadinha. – Disse Josephine que ganhou um travesseiro em seu rosto.

– Sem comentários sobre isso, Josephine Griffin, sem comentários. – Avisou Clarke que saiu raivosa do quarto.



(...)



"Eu a deixei ir porque sua vontade não era de ficar"

Anna estava olhando para o teto branco daquele quarto há mais de horas. Naquele momento nada lhe era mais atrativo do que o teto daquele quarto; ela já nem se importava mais com a garota que estava dormindo profundamente ao seu lado. A morena suspirou quando se lembro, mais um vez dentro de minutos, de sua noite com Alicia. Aquele foi um dos piores momentos da amizade delas e isso era a pior coisa de todas, pois ela amava a menina de olhos verdes mais do que tudo no mundo e sabia que nunca iria tê-la novamente.

– Bom dia. – Murmurou Luna que abriu seus olhos e se espreguiçou na cama, assim chamando a atenção de Anna que virou o rosto em sua direção e a olhou de uma forma totalmente neutra, não demonstrando sentimento algum, pois não estava sabendo como agir com ela naquele momento. – Tudo bem?

Anna pensou em várias respostas para aquela simples pergunta, mas preferiu apenas se levantar e começar a se vestir. Ela sabia que estava sendo uma insensível por nem ao menos falar com a garota com quem passou uma noite inteira, mas ela estava se sentindo envergonhada por tê-la usado para suas próprias necessidades.

A espanhola notou o olhar confuso no rosto da alemã e isso fez seu coração apertar, pois ela gostava muito daquela garota e não queria mais ficar longe dela como fez todo esse tempo, mas também não conseguia esquecer tudo o que ela fez com Alicia e Anna não aceitava que alguém fizesse algo com a morena de olhos verdes.

– Acho que precisamos conversar um pouco, Luna. – Disse Anna que se sentou na cama usando todas as suas roupas de baixo e sutiã.

– Sobre o que eu estava fazendo com a Alicia? – Perguntou Luna baixinho. Ela se encostou na cabeceira de sua cama e ficou observando a morena que estava olhando para um ponto fixo não chão, e suas expressões faciais mostravam que ela estava cansada emocionalmente.

– Sim, sobre isso. – Afirmou Anna com seu tom de voz um pouco baixo. – Você me magoou muito quando fez aquilo com ela.

– Essas semanas em que eu estive longe de você, eu pensei muito sobre algumas coisas e cheguei a conclusão de que não me importo mais com isso da Alicia; ela pode ficar com quem quiser e se for para ela ficar com você, então tudo bem porque eu sei que você a ama e que ambas vão ficar bem. – Respondeu a alemã que estava olhando para os cabelos castanhos da garota que parecia tão perdida. – Tudo bem se você ficar bem com ela.

– Por que você estava fazendo aquelas coisas com ela, Luna? – Anna perguntou e se virou para a garota que estava abraçando suas próprias pernas.

– Porque eu te amo. – Luna a olhou nos olhos e a espanhola pôde notar o tom avermelhado dominando tudo por ali. – Eu queria tanto ter você só para mim, mas eu sempre soube que você queria a Alicia, apenas a Alicia. Isso me deixava com tantos ciúmes, só que eu não sabia o que fazer porque nós sempre mantivemos essa relação estranha, então eu achei que se afastasse a Alicia, eu poderia tomar o lugar dela no seu coração.

Anna fechou seus olhos e sentiu mais uma das suas dores emocionais lhe dominar. Ela não esperava por aquilo, pois Luna nunca demonstrou que a amava, mas saber disso agora lhe deixou extremamente mal, já que nunca a tratou como ela realmente merecia.

– Lu... – A espanhola se arrastou na cama e se sentou na frente da mulher de cabelos avermelhados. Ela pôs o rosto dela em suas mãos e beijou sua testa. – Por que você não me disse isso antes?

– E iria fazer alguma diferença? Te contando isso não iria fazer com que eu ganhasse seu coração e ele é a única coisa que eu quero. – Falou Luna com o tom de voz baixinho.

– Me desculpe, Luna, por tudo. – Anna suspirou e se levantou novamente. – Nossa eu estou me sentindo uma merda.

– Ei... – Luna se levantou, pôs a blusa da espanhola porque foi a primeira coisa que encontrou e segurou o rosto dela em suas mãos, assim como ela estava fazendo antes. – Por que está se sentindo assim?

– Porque as duas pessoas que me amam ganharam o pior de mim, mas você... você é diferente porque eu tinha a obrigação de te tratar o melhor possível e sei que não fiz isso. – Anna baixou seu olhar, porém Luna lhe deu um rápido beijo nos lábios e a fez olhá-la novamente. – Eu estraguei tudo o que tínhamos por alguém que nem sequer me olha nos olhos mais.

– Você não estragou nada. – Luna abraçou Anna e acariciou seus cabelos. – Fui eu quem estraguei e sinto muito por isso. – Ambas ficaram em silêncio e tocando uma no cabelo da outra. – Eu sinto tanto por ter acabado com a gente. Nossa, eu sou uma tremenda idiota.

– Então somos duas tremendas idiotas. – Disse Anna que se soltou do abraço da garota e sorriu quando olhou seu belo rosto. – Nós duas bem que poderíamos ser amigas, isso seria muito importante para mim.

– Para mim também. – Afirmou Luna com um pequeno sorriso. – Mas eu nunca poderei ser nada mais do que uma simples amiga, não é?

– Quem disse que você é só minha amiga? – Perguntou Anna que sorriu quando a alemã arqueou uma sobrancelha. – Vamos estabelecer algo aqui, certo? 

– Certo.

– Então ok. Bom, a Lexa é minha melhor amiga, Anya é minha irmã, as outras garotas são minhas amigas, a Alicia ... a Alicia é a pessoa por quem eu estou apaixonada. – Anna falou a última parte com o tom de voz um pouco triste. – Mas você é minha alma gêmea.

– Alma gêmea? – Perguntou Luna que fez uma careta e enrugou o nariz, coisa que a espanhola achou adorável.

– Sim, alma gêmea. Nós somos iguais, Lu. Você é mais do que uma uma simples amiga. Eu te conheço há anos e te considero muito, Luna. – Anna sorriu e pôs uma mecha do cabelo da garota para trás da orelha. – Você aceita ser minha alma gêmea?

Ela parou para pensar um pouco e logo voltou a olhar para Anna de uma forma alegre.

– Aceito. – Luna sorriu e ganhou um beijo em sua bochecha dado por Anna. A alemã estava feliz, pois mesmo que não fosse ter o coração dela só para si, teria sua alma que também valia de muita coisa para ela.

O celular da espanhola começou a tocar, então a garota se afastou de Luna e pegou seu celular em cima do criado-mudo que ficava ao lado da grande cama do quarto.

– Lexa? 

– Anna, onde você está? – Perguntou a Woods do outro lado da ligação.

– No apartamento da Luna, por quê? – Anna não viu, mas tinha a total certeza de que sua amiga havia revirado os olhos.

– Minha fazenda está indo a leilão nesse exato momento e eu não sei o que fazer. Eu nem sei o motivo de ter te ligado, acho que só preciso da mente da minha melhor amiga. – Lexa tentou explicar, mas estava se sentindo perdida demais.

– Vai para o meu apartamento, ok? Eu já chego lá e você me explica tudo direito. – Anna ouviu um "ok" vindo de Lexa e desligou a ligação. Ela começou a procurar por sua blusa, mas encontrou no corpo de Luna, então ela só fechou seu casaco e deixou a blusa com a garota. – Eu tenho que ir, mas peço que devolva minha blusa depois. Essa é uma das minhas favoritas.

– O que tem de tão especial nela? Digo, é só uma blusa preta. – Perguntou a alemã.

– É exatamente por isso que ela é especial. – Luna sorriu e ganhou um beijo na bochecha dado por Anna que se despediu e saiu do apartamento dela.

Luna se jogou em sua cama e ficou encarando o teto, pensando em como faria para acabar com todo aquele amor que tinha por Anna, já que elas não teriam mais nenhum tipo de relação romântica.



(...)



"Nem todas as verdades nuas e cruas são bonitas. – É assim que acaba, Colleen Hoover."

Octavia bateu na porta da casa Reyes de uma forma agressiva e ela nem se importava com isso, pois estava mesmo se sentindo um pouco daquela forma.

O sangue ainda descia da ferida em sua cabeça, mas ela estava com o sangue quente e nem ao menos estava mais sentindo a dor que estava vindo daquele machucado. O seu desejo de proteger Raven era maior do que qualquer coisa e agora ela estava sentindo a necessidade de cuidar de sua amada como nunca pôde cuidar antes.

– Octavia? – Perguntou Raven assim que viu a garota na porta de sua casa. Ela estava se sentindo um pouco desconfortável, já que não deixava nenhuma de suas amigas irem até sua casa e ver como ela vivia, pois ela tinha vergonha da vida que levava por conta de sua mãe. A Blake conseguiu ver toda a confusão nos olhos da garota e percebeu que ela não estava sabendo o que dizer, já que não esperava sua presença ali agora. – Octavia, o que foi isso na sua cabeça?

A morena de olhos claros ignorou a pergunta de sua amada e entrou na casa, sem se importar se fora convidada ou não. Ela olhou a pequena casa e constatou que estavam sozinhas; isso era bom, pois ela não queria encontrar nem com a Glass e nem muito menos com Wick.

– Octavia? Você pode me falar o que diabos aconteceu com a sua cabeça? – Perguntou Raven mais uma vez, só que usou um tom de voz mais alto, para mostrar que estava mesmo preocupada com sua amiga e aquele machucado repentino.

– Wick. – Respondeu Octavia olhando nos olhos castanhos de Raven; ela queria ver exatamente qual seria a reação que dominaria o rosto dela e o que ganhou foi uma expressão de surpresa, ela até podia dizer que tinha um pouco de culpa ali e não queria saber o motivo daquela culpa, pois sabia que iria se sentir ainda pior se soubesse o detalhe que a garota estava escondendo.

– Wick? Kyle Wick? – Raven estava com um olhar perdido em seu rosto, já os olhos de Octavia demonstraram que era exatamente aquilo que era queria ouvir, pois agora havia descoberto o primeiro do homem que estava sendo intitulado como seu inimigo.

– Kyle... Kyle Wick. – Sussurrou Octavia para si própria. Ela estava sentindo o sabor daquele nome em seus lábios e se sentiu extremamente bem em ter descoberto aquilo. Ela, finalmente, iria poder destruir a pessoa que estava destruindo sua amada.

– Me fale o que está acontecendo. Como... como você o conheceu? – Raven estava com sua voz nervosa e isso não passou despercebido por Octavia, mas a dor na sua cabeça estava tanta que ela acabou caindo sentada em uma cadeira que ali estava e levou uma mão ao seu ferimento; ela pôde notar que tinha muito sangue ali.

Raven foi até uma gaveta em sua cozinha e pegou um pano, logo o colocando no machucado da outra garota, em uma tentativa de estancar o sangue que ainda escorria. Ela ficou com medo de Octavia estar um pouco desorientada, já que as roupas dela estavam com uma quantidade significativa de sangue.

– Eu estava na casa noturna que a sua mãe trabalha. – Disse Octavia que não conseguiu ver a expressão assustada que dominou o rosto de Raven; ela ia dizer algo sobre o assunto, mas a Blake não deixou que ela falasse. – Fui lá para mandar ela tirar qualquer macho dela daqui de dentro, porque eu não queria que nenhum deles tocassem em você de novo... de novo porque eu sei que já fizeram algo com você. – A Reyes fechou seus olhos e respirou fundo; doeu ter escutado aquelas coisas saírem da boca da garota de olhos claros. – Sua mãe disse que não iria tirar ninguém daqui e se você estivesse incomodada, então você que saísse dessa casa. Eu cheguei a conclusão de que sua mãe nem liga para você, Rae. Daí eu explodi, só que veio o Wick e me jogou em cima de uma mesa. Foi assim que eu consegui esse machucado de guerra.

– Por que você fez isso, Octavia? – Perguntou Raven com a voz baixa, demonstrando que não sabia se queria mesmo ouvir a resposta da universitária.

Octavia se levantou em um rompante e tirou, grosseiramente, as mãos de Raven de seu machucado. Ela olhou para a morena, sabendo que ela não tinha gostado do que ela havia feito por sua amada; coisa que a deixou brava.

– Por que eu fiz isso? – Octavia perguntou retoricamente. – Eu fiz isso porque eu te amo, Raven. Eu quero tanto cuidar de você como você nunca me deixou fazer. Sabe... enquanto estávamos viajando, eu descobri um pouco da sua vida por conta da mensagem desse Wick. Me doeu tanto ler aquilo, não só porque algo estava acontecendo com você, mas também porque algo estava acontecendo com você e você nem sequer teve vontade de me dizer, entende? Eu amo você, Raven Reyes. Mas você simplesmente ignorou a minha existência por anos e nem sequer pensou que eu poderia cuidar de você. – Octavia secou uma lágrima que havia descido de seu olho e olhou novamente para Raven que estava encarando o chão. – Eu sei que sou uma idiota. Sei que não sou inteligente e nem sempre entendo o que as pessoas me falam, mas se você tivesse me contado isso, eu não agiria como a Octavia que eu sou sempre. Eu teria feito melhor porque eu quero tanto cuidar de você.

Raven passou as mãos por seus olhos marejados e ajeitou seu rabo de cavalo. Ela estava tentando não olhar para Octavia, pois sabia que se olhasse iria ter seu coração partido mais um pouco.

– Octavia... – A Blake cortou a fala dela, pois realmente não queria ouvir o que ela tinha a dizer.

– Só que acho que agora eu entendo o motivo de você nunca ter me contado. Porque eu falhei com você. Descobri isso depois de anos e já me dei conta de que nunca vou poder ter ajudar e que nunca vou ser suficiente para você. – Octavia respirou fundo e secou mais algumas de suas lágrimas. – A pior coisa do mundo é falhar tentando proteger a pessoa que você mais ama.

– Não. Você não falhou coisa nenhuma, Octavia. – Raven tentou continuar sua fala, mas a Blake negou com a cabeça, como se pedisse para ela ficar em silêncio.

– Eu vou me afastar de você, Raven. Vou me afastar porque eu estou cansada de sofrer. Sofrer porque você não gosta de mim e sofrer por eu nunca poder cuidar de você. – Octavia pôs a mão em sua cabeça e respirou fundo para conter a dor que estava sentindo. Raven tentou se aproximar para ajudar, mas a garota afastou-a. – A minha vida inteira você me rejeita. Você sempre me fez sofrer e era sempre eu quem pedia desculpas, mas agora não é mais assim, Reyes, não pode mais ser assim.

– Octavia, me deixa cuidar do seu machucado, por favor. – Pediu a morena que tentou se aproximar, mas Octavia a empurrou fraco para que ela, enfim, percebesse que não estava sendo bem-vinda por perto. 

– Esquece essa porcaria de machucado. – A Blake abriu a porta da casa para ir embora, mas, antes de sair, olhou mais uma última vez para Raven que ainda parecia muito preocupada. – Tenho que te contar uma coisa também. – Octavia suspirou e se preparou para falar o que tanto queria. – Eu descobri que lá na Finlândia pessoas que se consideram homo sapiens já podem se casar entre si e como eu sou homo, vou encontrar outra homo para eu me casar porque ela não vai mais ser você.

E então Octavia andou cambaleando para seu carro, logo dando partida e indo embora. Raven ficou parada na porta de sua casa. Seus olhos estavam marejados e ela estava sentindo seu coração se partir, mas ao mesmo tempo pensava em como Octavia era idiota por falar algo tão estupido como sua última frase.



(...)



"É tão estranho como a mesma pessoa, pode te fazer feliz e te trazer tanta dor. É estranho como a mesma pessoa pode fazer você amar até doer. – Fifth Harmony."

Clarke pegou um jarro que estava ao lado de sua cama e o jogou contra a porta com toda a força que tinha. Ela apenas escutou o grito do seu pai que tentou abrir a porta, mas a fechou antes que pudesse ser atingido pelo objeto voador.

– Clarke, perdeu a sanidade de vez? – Jake perguntou e era perceptível que ela estava com um pouco de medo das reações que sua filha poderia ter, já que ela nunca foi cem por cento normal. – Minha filha... você está chorando? – Ele se aproximou da garota e pôde notar os olhos marejados e avermelhados.

– Estou chorando sim, MAS ESTOU CHORANDO DE RAIVA. – Clarke gritou e chutou sua cama, o que causou uma dor absurda em seu dedo mindinho. Ela se jogou na cama e gemeu de dor. – ESTOU CHORANDO DE DOR TAMBÉM. O MUNDO QUER ACABAR COMIGO? É ISSO?

– Clarke, pare de se debater assim. Está parecendo uma vaca pronta para o abate. – Falou Jake que recebeu um olhar assassino da loira que parou de se mexer e fixou seu olhar de louca nele. – Digo... por que você está chorando, filha?

– Pai, e se... e se... e se eu aceitar me casar com a Alexandria? O que eu ganho com isso? – Perguntou a garota que preferiu ignorar a pergunta que seu pai havia feito.

Clarke pensou muito nos últimos minutos sobre esse tal casamento e acabou chegando a conclusão de que iria tirar algum proveito desse casamento indesejado, já que quando aceitou aquilo não estava pensado direito, ela nem sequer estava pensando, mas Clarke nunca voltava atrás com suas palavras e não iria começar a fazer aquilo agora.

– O que você disse, Clarke? Tenho que ter certeza se eu ouvi direito. – Pediu Jake que estava prestes de explodir com toda a felicidade que estava começando a sentir.

– O quê? Do que eu ganho com isso? – Clarke olhou para o loiro mais velho sem entender exatamente o que ele havia dito.

– Sobre aceitar se casar com a Alexandria, filha. – Respondeu ele que revirou os olhos.

– Se já sabe o que eu falei por que quer me ouvir dizer de novo? Não me faça dizer isso nunca mais, Jake Griffin. – A loira apontou o dedo no rosto do homem que nem se importou com isso, ele estava radiante demais. – Mas e aí? De sua opinião, homem! O que eu ganho com isso aí?

– Uma esposa? – Disse ele sem saber exatamente o que falar.

– O que eu ganho de você, pai. Eu mereço um presente por estar me matando dessa forma. Eu vou literalmente morar com a minha maior inimiga e isso não era algo que estava nos meus planos. – Explicou ela.

– Você pode ter o que você quiser, baste me pedir, minha filhinha linda. – Jake acabou não se segurando e começou a dançar pelo quarto da garota mais nova. – A CLARKE VAI CASAR A A A. VAI CASAR A A A IUPIIIIIIIIIIIIIIIIIII. – O Griffin pegou Clarke no colo e começou a pular com ela por todo o lugar que conseguia. – VAI CASAR A A A O O O E E E A A A. 

– Eu quero que o James saia dessa casa. – Avisou a loira que logo notou seu pai parar de se mexer e a por no chão. Ele estava surpreso e não soube se iria acatar aquele pedido da jovem universitária.

– Ele é meu irmão, Clarke, e é seu tio. – Falou Jake que não estava sabendo como agir naquele momento. – Por que quer isso? Por que... por que você o odeia tanto, filha? 

– Minha mãe sempre o odiou por algum motivo, então eu também o odeio. – Explicou ela que se aproximou mais de seu pai e o olhou em seus olhos azuis. – Eu não o quero perto de mim, eu não o quero perto da Josy e também não o quero nessa casa porque minha mãe viveu aqui, então se ele não era bem-vindo quando ela era viva, não vai se tornar bem-vindo só porque ela está morta. 

– Ok, Clarke... eu... eu vou dar um jeito nisso. – Jake passou as mãos em seu rosto e respirou fundo. – Mas pelo menos eu sei de uma coisa... – Clarke o olhou como se seu pai estivesse louco por conta do sorriso que ele abriu. – A CLARKE VAI CASAR A A A. – Ele a pegou no colo novamente e começou a pular pelo quarto. – A A A.

– Para com isso, pai. Está parecendo... parecendo... uma lesma aleijada. – Disse Clarke que sentiu satisfação em devolver o que seu pai havia dito antes, mas mesmo assim o homem não parou de cantar nem de pular.



(...)



"Já perdeu as contas de quantas vezes disse 'desisto' e continuou tentando?"

Anna parou seu carro assim que viu um restaurante com uma placa escrito "estamos contratando". Ela estacionou seu carro e desceu do mesmo, logo respirando fundo e tomando coragem para entrar.

Era a primeira vez que Anna estava tendo a chance de conseguir um emprego e isso a estava assustando bastante, pois seus pais sempre disseram que ela nunca iria precisar trabalhar daquela forma, mas lá estava ela desejando mais do que tudo conseguir um emprego para poder sustentar sua vida e a de sua irmã mais velha.

Ela olhou ao seu redor e viu carros passando e as outras pessoas cuidando de suas vidas, ela pensou se algum dia iria se acostumar a viver assim, já que sua criação foi em um berço de ouro e sempre tendo tudo o que quis.

A espanhola parou de pensar naquilo e entrou no restaurante que continha poucas pessoas, ela pensou que devia ser por causa do horário. Porém continuou andando até o balcão que ali havia. Ela olhou para a senhora que ali estava e sorriu para a mesma de uma forma educada.

– Bom dia, eu estou aqui por uma vaga de emprego. – Disse ela de uma forma confiante, mesmo que por dentro estivesse quase explodindo de tanto medo de fazer algo errado.

– Oh, bom dia. Deixe-me chamar meu chefe. – A mulher de idade mais avançada se levantou e saiu, deixando a morena ali sozinha, mas ela logo voltou com um senhor com poucos cabelos e com expressões faciais irritadas.

– Bom d...

– Qual seu nome? – Perguntou o homem que não se importou em ter cortado a fala da garota em sua frente. Anna respirou fundo para manter a calma e olhou nos olhos escuros do senhor.

– Anna Molina.

– O que sabe fazer, Amy Limonada? – Ele perguntou, também não se importando se não tinha acertado o nome da espanhola. Anna tentou entender o que aquele nome tinha a ver com o seu, mas preferiu ignorar.

– Eu sei falar dois idiomas. Inglês e espanhol. – Falou ela com orgulho. 

– Isso é algo que preste porque todos os dias recebemos clientes estrangeiros. – O dono do restaurante parou para pensar enquanto passava as mãos em sua careca, que Anna pensou que se parecia muito com uma bola de sinuca. – Pode estar aqui todos os dias?

– Claro, só não posso em fins de semana, feriados e em dias de semana também porque tenho faculdade. – Explicou a morena que viu como o homem ficou ainda mais estressado e apontou para a saída, como se ela fosse algum tipo de cachorro desobediente. – Nossa, não se pode nem fazer uma piadinha mais nesse mundo. Eu desisto. Desisto. – Ela reclamou e saiu do restaurante com a cara emburrada.



(...)



"Você não conhece as pessoa por acidente."

Anya soltou um grito e começou a rebolar, em uma dança da vitória, quando finalmente achou a mulher que tanto procurava pela internet. Ela estava procurando há tempos e estava quase desistindo, pois nunca teve tanta dificuldade para encontrar alguém. Anya já havia pesquisado a mulher na internet de diversas formas diferentes, como:

"Mulher que esbarrou em Anya na cafeteria"

"Gatona de vestido vermelho"

"Gatona de vestido vermelho e batom vermelho"

"Dona de um holograma que vai destruir a terra"

"Moça da cafeteira"

O problema é que nenhuma dessas frases mostrou a mulher que ela tanto procurava; ela estava ficando frustrada. Até que ela teve a ideia de tentar desbloquear o celular e depois de quase uma hora ela conseguiu. Encontrou um número e o digitou na internet, assim encontrando o nome de "Rebecca Pramheda".

Anya fez uma reverência para a tela de seu computador e beijou a tela, logo voltando a dançar ao som de "Macarena" que tocava em seu quarto. Mas ela logo parou quando Toicinho entrou no local com um pedaço de bacon da boca e saiu correndo de novo para a sala de estar.

– EI, AMIGÃO TOICINHO. – A espanhola gritou enquanto corria atrás de seu animal de estimação, mas ela acabou se desequilibrando e caiu no chão. – Preciso fingir que nem doeu né, porque eu sou atriz... A tristeza da família. – Anya se levantou e começou a gargalhar de sua própria frase, coisa que chamou a atenção de Anahy e Anitta.

– Do que está rindo, mi hija? Perguntou a mãe das garotas que estava sentada no sofá enquanto lia algum livro. 

Nada, mamá, nada. – Falou Anya que olhou para a cozinha e viu sua irmã mais nova fritando alguns bacons em uma panela e dando alguns para Toicinho que parecia muito feliz enquanto comia seu semelhante, coisa que deixou Anya decepcionada. – Hermanita, você não pode dar bacon para o Toicinho, porque senão ele vai estar comentando canibalismo e isso é uma coisa que eu não permito! – Anya bateu pé no chão e cruzou os braços como se estivesse brava com aquela cena; ela realmente estava. 

– Mas ele está gostando, olhe. – Anitta deu mais um bacon para o animal que estava mesmo feliz.

– Você tá fazendo um jogo comigo, garota? Olha não me arrasa não. – Anya foi até seu porco e o pegou no colo. – Eu não quero que o Toicinho coma essas coisas porque senão ele vai estar... vai estar cometendo um... porcobalismo. 

Anitta negou com a cabeça e jogou um bacon em sua boca. Ela olhou para a porta, que foi aberta, e viu que Anna e Lexa haviam acabado de chegar juntas.

– Oi, pessoal. – Falou a Woods assim que entrou.

– Nossa, às vezes eu sinto como se a Lexa estivesse aqui. – Todas reviraram os olhos e preferiram ignorar a espanhola.

– Eu tenho que contar uma coisa para vocês que está me acontecendo e preciso de ajuda. – Declarou Lexa assim que notou que todas ali a estavam olhando. – Depois as irmãs Molina vão comigo para a fazenda porque preciso delas, certo?

– Fale o que está acontecendo, Lexa. – Pediu Anahy que se aproximou da garota e pôs uma mão em suas costas, como se tentasse conforta-la de alguma forma.

– A minha... a minha fazenda foi a leilão. – Disse ela com pesar na voz e isso não passou despercebido por ninguém. – E eu não tenho dinheiro para consegui-la de volta. Então... então eu pensei que talvez vocês pudessem me ajudar porque eu não posso ficar sem aquela fazenda. 

– Claro, Lexa. Mamá, dê o dinheiro para ela. – Pediu Anya que soltou seu porco no chão e olhou para sua mãe. – Enquanto isso eu vou no banheiro.

Anahy observou sua filha mais velha ir para o banheiro, então se virou para Lexa, pois tinha que falar algo para ela que Anya não sabia, já que Anna pediu para que não contasse.

– Nós não podemos, Lexa. – A Woods a olhou com os olhos tristes, pois as Molinas sempre a ajudaram. – Nós não podemos porque... porque...

– Porque estamos pobres. – Completou Anitta quando notou que sua mãe estava ainda mais triste por dar aquela notícia. – Nossa família faliu, Lexa.

Lexa andou um pouco para trás, seus olhos verdes pareciam perdidos e ainda mais machucados, pois aquelas pessoas ali eram sua família e ela nunca desejou o mal de nenhum deles. Ela olhou para Anna que estava em silêncio e sentada no braço de seu sofá.

– Era por isso que você estava procurando um emprego no celular? – Perguntou ela baixinho. Anna soltou o ar que nem sabia que estava prendendo e assentiu. Lexa passou seus dedos por seus olhos e respirou fundo para se acalmar. – Nossa, eu sinto tanto por isso.

– Está tudo bem, Lexa. Vamos ficar bem. Sempre ficamos. – Falou Anahy que tentou dar um sorriso acolhedor.



(...)



"Eu não fui embora porque deixei de te amar, eu fui embora porque quanto mais eu ficava, menos eu me amava."

Alicia e Finn estavam se perguntando como ambos haviam chegado naquela situação em que agora estavam se encontrando. Os dois estavam jogando damas e sentados na cama do quarto da garota Woods.

– Nossa, isso aqui está mais chato e pesado que a sua energia. – Disse Finn que bagunçou as peças do tabuleiro e se levantou da cama, deixando Alicia ainda mais emburrada.

– E o que você quer fazer? Uma coisa muito legal? – Perguntou ela com o tom de voz irônico.

– Trilegal, bah né. – Finn deixou escapar e logo pôs as mãos na boca, sabendo que havia dito algo errado.

– Espera... eu conheço isso... – Alicia se levantou de sua cama em um rompante e olhou para o garoto de uma forma assassina. – ERA VOCÊ, SEU... SEU... SEU PILANTRA! – Finn revirou os olhos com a falta de criatividade da menina. – Por que fez aquilo no meu encontro, em?

– Ai, garota, se toca. – Disse ele que já estava cansado de todo aquele drama. – Esse seu negócio com a AnnaBelle é uma papagaiada que só. Alicia, aceite que você e o cavaleiro de Tróia não tem química para um relacionamento. Aceite que você é sapatão. Eu sinto de longe o cheiro do coro.

– Eu gosto do Troy, ok? – Alicia falou com o tom de voz bravo.

– Garota? Não seja uma perua decadente. Seja uma perua que brilha junto com a piranha. – Pediu Finn.

– Me chamaram? – Perguntou Anna que havia acabado de chegar na casa e tinha ido chamar aqueles dois que estavam no quarto.

– Menina, você está com a audição boa em. – Disse Finn com um sorriso que a espanhola estranhou. – Minha espanholinha está aqui. Posso sentir o cheiro sapatonico fluindo dela. – O rapaz saiu do quarto cheirando o ar, coisa que fez as duas garotas revirarem os olhos.

Alicia passou direto por Anna, sem ao menos olhar no rosto dela e isso fez a espanhola ficar magoada, mas ela preferiu não dizer nada, pois seu coração já estava quebrado e não iria fazer mal se ele continuasse quebrado por Alicia Woods.

Anna caminhou para a sala de estar, onde todos da fazenda já se encontravam. Ela se sentou na mesa de centro, sem se importar se aquilo poderia quebrar ou não e ninguém disse nada sobre ela estar ali. Anna puxou Monty para seu colo e ficou acariciando os cabelos negros dele. O garoto não reclamou, já que ela sempre fez isso nele e era algo que ele gostava, mas Alicia, pela primeira vez, se sentiu um pouco incomodada, mas tentou não dar atenção para aquilo, mesmo que fosse difícil.

– Lexa, o que vamos fazer agora? – Perguntou Ontari que estava olhando sua amada andar de um lado para o outro.

– Eu não sei, On, eu realmente não sei. – Lexa passou as mãos por seus cabelos e viu sua irmã quieta em um canto da sala de estar. Ela caminhou até Alicia e pôs as mãos no rosto dela. – Mas eu sei que vamos sair dessa, porque sempre saímos.

– Tive uma ideia. – Falou Anna que estava olhando concentrada para os cabelos de Monty. 

Todos olharam para a espanhola, mas a mesma continuou em silêncio e mexendo nos cabelos do rapaz asiático.

– Qual é a ideia? – Abby e Kane perguntaram ao mesmo tempo.

– Ah, me distrai. Foi mal. – Anna sorriu constrangida. – Da primeira vez que a Octavia dormiu aqui. – Alicia fechou a cara assim que ouviu o nome da Blake, pois sabia que ela estava namorando Anna. – Na manhã seguinte, um homem veio aqui com aquela intimação, se lembram? – Todos assentiram. – Eu me lembro do nome da empresa que estava escrito naquele papel e enquanto estávamos vindo para cá, eu li em um site que um dos homens mais poderosos dessa empresa vai estar em um restaurante na cidade. Acho que talvez possamos ir até lá, arrancarmos algumas coisas dele e também vamos descobrir onde exatamente esse leilão vai acontecer.

– Essa é uma boa ideia mesmo. – Murmurou Alicia que ainda estava com a cara emburrada e com os braços cruzados. Ela não estava feliz com Anna mexendo no cabelo de Monty e o abraçando pelas costas.

– Ok, deixa eu melhorar o humor de vocês. – Jasper respirou fundo e pensou em algo para contar as pessoas que estavam ali. – Vocês sabiam que existem mais aviões no mar do que submarinos no céu?

– Chega disso, não dá mais. – Alicia foi até Jasper e o segurou pelos ombros. – Jasper e Monty também, vocês precisam dizer "não" as drogas.

– Como vou dizer "não" se ela não me perguntou nada? – Falou Monty que começou a rir de sua própria frase. Jasper, Anya, Anitta e Anna riram também, mas Anna prendeu o riso e escondeu seu rosto no ombro de Monty para não acabar levando uma bronca ou algo assim.

– Agora podemos ir atrás desse cara para eu ter minha fazenda de novo? – Perguntou Lexa que estava irritada por conta das coisas que estavam acontecendo com sua vida. 

– LEXAAAAAAAAAA. – Todos ouviram alguém gritar fora da casa. Eles se entreolharam, mas não conseguiram saber quem estava gritando, até que o grito foi ouvido mais uma vez.

– É a Octavia. – Anna se soltou de Monty e foi até a porta junto com o resto das pessoas que ali estavam.

– Olha que bonitinha ela brincando com os patos. – Disse Anitta, mas logo se arrependeu do que disse, pois viu um dos patos morder a perna dela e a jovem correr com ainda mais desespero, até que ela caiu no chão e não se levantou mais.

– OCTAVIA? – Lexa, Alicia, Anya e Anna gritaram.



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