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História Learning to Live (Clexa) - É sempre você


Escrita por: ClarkeLexazinha

Notas do Autor


Alguns trechos desse capítulo foram tirados do “O livro dos ressignificados” de João Doederlein, também conhecido como “Akapoeta”.

Boa leitura <3

Capítulo 29 - É sempre você


Fanfic / Fanfiction Learning to Live (Clexa) - É sempre você

"Dizem que cada átomo do seu corpo, um dia, foi uma estrela."

Clarke enxugou suas lágrimas e desligou o chuveiro. A garota ficou olhando para o teto e se perdeu em seus pensamentos. Ela estava se sentindo exausta, tanto fisicamente quanto mentalmente, e também estava faminta. Naquele momento, ela era capaz de comer qualquer coisa só para poder se sentir satisfeita.

A jovem passou suas mãos por seus cabelos claros e curtos enquanto pensava em algo para lhe dar um pouco de ânimo para encarar o resto da noite, pois ela estava sentindo que não iria ser nada boa para ela. Mas nada de bom lhe veio em mente, apenas seus centenas de problemas apareceram e ela já estava farta de todos eles.

Clarke resolveu parar de pensar, já que não estava parecendo ser uma boa coisa, e abriu a porta de vidro do box, mas se arrependeu quase que imediatamente, pois viu um sapo parado ali na frente e a observando com aqueles olhos estranhos.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAALEXANDRIA. – Ela gritou com um enorme desesperado. Uma coisa que ela odiava, eram insetos e anfíbios também. A garota queria morrer naquele momento, pois não queria estar no mesmo ambiente que aquele bicho asqueroso.

Clarke viu Lexa entrando no banheiro como se estivesse muito calma, mais calma do que já esteve em toda a sua vida e aquilo a irritou um pouco, porém, seu medo era maior do que qualquer coisa, então ignorou a atitude de sua esposa.

– O que fo... – Lexa parou de falar quase que instantaneamente, pois olhou para o box e viu sua esposa nua, bem, ela não viu muita coisa, pois o vidro estava embaçado e ela o amaldiçoou mentalmente com todas as ofensas que conhecia. A morena não conseguia desviar seus olhos do corpo de sua esposa, ela conseguia enxergar as pernas, mas não conseguia ver o que tinha entre elas. Podia ver os desenhos de seus seios, porém não via nada além disso, só que, mesmo assim, nada nunca lhe pareceu tão certo e perfeito. – Clar...

Antes que ela pudesse dizer algo, Clarke notou que ainda estava totalmente nua e isso fez suas bochechas esquentarem de uma forma adorável. Ela puxou sua toalha que havia deixado ali estendida e a pôs ao redor de seu corpo, a deixando devidamente coberto.

– Alexandria, eu... – A loira passou as mãos por seus cabelos enquanto tentava raciocinar no motivo de a ter chamado, mas não foi preciso tanto esforço, já que logo viu o bicho pulando pelo chão e ficando cada vez mais perto de si, mesmo que não tivesse como ele passar para seu lado por conta do vidro. – Eu quero que você tire esse sapo nojento daqui. 

Lexa olhou para onde a garota estava apontando e então viu o bichinho vivendo sua vida normalmente, sem se importar com o que estava acontecendo ao seu redor e isso a deixou com um pouco de inveja, pois bem que ela queria levar a vida como a dele.

– Sapo? Isso não é um sapo não. – Informou a Woods que foi até o animal e o pegou com uma mão, logo o aproximando um pouco de seu rosto para poder analisá-lo com precisão. – É só uma rãzinha.

– E EU LÁ ME IMPORTO COM ISSO, SUA IMBECIL? – Clarke não se aguentou e acabou gritando de tanto nervoso que ela estava passando nas últimas horas. Lexa a olhou com uma expressão de tédio e esperou que ela continuasse a gritar, já que, aparentemente, era só isso que ela sabia fazer. – Alexandria, só tire esse bicho daqui.

– Tem medo? – Perguntou ela de uma forma um pouco neutra, mas um sorriso travesso estava no canto de seus lábios e Clarke não gostou nada daquilo. – Tem medo da rã?

– Não? – A fala de Clarke saiu meio que uma perguntar, o que pareceu muito duvidoso para a outra garota. Lexa, então, fez uma careta pensativa e se aproximou mais de onde sua querida esposa estava, logo abrindo a porta de vidro a olhando bem diretamente e jogando a rã lá dentro.

– Boa sorte com isso. – Desejou ela que saiu quase saltitando enquanto ouvia os gritos apavorados de Clarke.



(...)



"Eu me apaixonei por uma miragem."

Alicia e Josephine entraram na primeira lanchonete que pensaram e então procuraram um lugar para se sentar, logo encontrando uma mesa mais discreta e com menos pessoas ao redor, já que o ambiente estava um pouco cheio, mesmo que já fosse noite, e elas queriam um pouco de privacidade para poderem conversar.

Elas se sentaram em sua mesa escolhida e resolveram que já era o momento de conversar, pois elas realmente precisavam disso, principalmente Josephine que não parecia muito bem desde que se encontrou com Alicia há algum tempinho atrás.

– O que aconteceu, Josy? – Perguntou ela que estava se remoendo de tanta preocupação com sua amiga que tanto amava. – Você não parece bem e eu não estou gostando nada disso.

– É só que... ai, Ali, está acontecendo tanta merda comigo ultimamente. – Disse a garota que logo apoiou seus cotovelos na mesa e passou suas mãos por seu rosto. –  Eu tenho estado tão feliz desde que eu comecei a namorar o Gab, sabe? – Ela pôde ver Alicia assentir e então processou o que mais iria dizer para sua amiga. – Só que eu também estou com um pé atrás em relação a tudo o que acontece ao meu redor.

– E por quê? – Perguntou ela com ainda mais interesse na conversa. Alicia queria entender exatamente o que se passava pela cabeça tão conturbada de Josephine Griffin.

– Porque eu sinto que estou sendo vigiava a todo o momento. – Alicia ficou sem saber o que dizer, pois ela tinha a total certeza de que ninguém as estava seguindo; ela sentiria se estivessem. Ela deu uma olhada discreta pela lanchonete, assim como a menina do exorcista. – Não pense que eu estou louca, Ali. É só que sempre que eu estou com o Gabriel e eu olho ao redor, sempre acabo vendo o John. Eu sei que ele sempre está as espreitas para poder fazer alguma coisa e eu sinto que estou em perigo por conta disso. 

A Woods observou Josephine passar as mãos ainda mais pelo rosto, de uma forma nervosa, e fechar seus olhos por algum tempo, então ela aproveitou aquilo para olhar, de uma forma mais discreta, ao redor do local e notou que todas as pessoas estavam presas em suas próprias bolhas e ninguém estava tentando estourar a bolha que ela estava com Josephine, ao menos esta foi sua conclusão.

A morena começou a pensar no que a garota havia dito e ela sabia que ela não estava ficando louca, mas sim que ela estava certa. Alicia sabia que Murphy não iria deixar tudo o que aconteceu simplesmente terminar daquela forma; ele iria querer se vingar e isso a preocupava demais, pois ele podia acabar fazendo algo com sua irmã ou com as irmãs Griffin e ela não iria aceitar se algo acontecesse com qualquer uma delas. Também sabia que ele tentaria fazer algo ainda pior com Gabriel, já que agora ele estava namorando a garota por quem ele era apaixonado. Alicia sabia que todos estavam correndo algum risco por conta de John Murphy.

– Eu acredito em você, Josy. – Josephine parou de se lamentar e abriu seus olhos para poder se focar nos olhos verdes que estavam lhe transmitindo tanta verdade e amor, principalmente amor. – Também acho que o Murphy não vai deixar isso barato, mas, tenta não pensar muito nisso, certo? Apenas aproveite ao máximo enquanto está tudo bem entre você e o Gabriel, porque eu não vou deixar que nada aconteça com você. Nem eu e nem as meninas porque somos uma família. E família cuida um do outro. Quando o fardo é pesado demais, temos a família que vai nos ajudar a carregá-lo. Somos família, Josy e nós não vamos deixar que o Murphy atrapalhe a sua felicidade e se ele atrapalhar, bem, daí ele vai ter problemas porque você, junto com todas nós, vamos partir esse cara no meio e destruir a vida dele para sempre.

Um sorriso dominou o rosto de Josephine e seus dentes apareceram enfileirados e perfeitinhos, coisa que fez Alicia sorrir também, pois ela amava quando seus amigos sorriam, principalmente da forma como ela estava fazendo.

– Obrigada, Ali. Isso é muito importante mesmo para mim. – A Griffin pôs uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e pegou uma não de Alicia que estava em cima da mesa. – Mas agora me diga, o que aconteceu com você? Porque eu também estou preocupada.

Alicia ia falar algo, mas elas foram interrompidas pela garçonete que parou ao lado da mesa e parecia concentrada no bloquinho de anotação em suas mãos, então ela não parecia ter notado quem eram as pessoas na mesa, ou só não estava se importando muito.

– Anna? – Chamou Alicia que não estava entendendo o motivo de a garota estar parada ao seu lado. 

– Ali? – Perguntou ela que, finalmente, tirou seus olhos do bloco e olhou para as duas garotas em sua frente, logo agradecendo aos céus por Troy não estar ali também. – Josy, e aí. – Saldou ela com um sorriso para a menina loira.

– Oi, Anna. – Respondeu ela que sorriu para a espanhola de uma forma carinhosa.

– O que faz aqui? – Alicia perguntou sem rodeios, coisa que fez Josephine sorrir de uma forma mais contida e Anna ficar um pouco constrangida. 

– Eu trabalho aqui. – Ela disse por fim enquanto tentava não olhar para Alicia, para assim não ficar ainda mais envergonhada ou acontecer algo que ela não queria.

– Desde quando? – Dessa vez a pergunta havia vindo de Josephine e ela parecia muito interessada; ela realmente estava, pois se preocupava com tudo o que estava acontecendo com sua amiga.

– Desde hoje. – Disse ela com um sorriso tímido no rosto. Ainda lhe parecia estranho viver daquela forma e saber que suas amigas sabiam de tudo; ela preferia quando tudo estava às escondidas. – Mas me digam, o que vão querer comer?

– Hambúrguer e batatas fritas. – Alicia disse por ela e por Josephine, pois sabia que seria esse seu pedido e até mesmo ganhou uma cara mais animada vindo da garota que levantava os dois polegares em frente ao seu rosto, coisa que Alicia e Anna acharam extremamente adorável.

– Certo, garotas. Eu logo volto com os pedidos de vocês. – A espanhola sorriu para as duas e se preparou para voltar ao balcão para entregar os pedidos, mas notou que Alicia se levantou de uma forma um pouco rápida e perdeu seu equilíbrio, então ela a segurou pela cintura e a soltou, mais rápido ainda, quando ela já estava devidamente equilibrada. – Tudo bem? – Perguntou ela com um sorriso um pouco tímido, mas mesmo assim achando graça da situação.

– Sim, é só que... – As bochechas de Alicia coraram de uma bela forma aos olhos de Anna, mesmo sem saber o motivo para aquilo, porém continuou a olhando na espera de que ela dissesse algo. – É só que eu acho que deveríamos conversar sobre... sobre as coisas que o Troy te disse na festa.

– Ah. – Foi apenas isso que saiu pela boca de Anna e Josephine negou com a cabeça, em sinal de total reprovação pela atitude de Alicia. Ela não gostava da forma como ela tratava a espanhola, como uma peça frágil e defeituosa. – Não tem nada para conversar, Alicia. Ele não me disse nada que eu já não soubesse e eu estou bem. 

Todas as três sabiam que aquilo era uma mentira e isso deixou a Woods um pouco mais para baixo. Porém, quando ela ia dizer algo, uma mão passou pela cintura de Anna e isso chamou a atenção dela, já que não havia gostado nada disso, então resolveu checar quem havia feito tal atrocidade.

Os olhos verdes de Alicia pararam em um rapaz que estava ao lado de Anna, que forçou um sorriso em sua direção, mas seus olhos não sorriram juntos e também não continha brilho algum neles, era como olhar os olhos de um cadáver. Voltando para o rapaz, ele, assim como ela mesma, tinha os olhos verdes e cabelos castanhos. Ele tinha um sorriso energético nos lábios e uma cara bonita, mas ele não lhe transmitiu confiança alguma, então Alicia logo não gostou dele. Talvez fosse apenas seus ciúmes falando mais alto, só que ela não se importava com isso, então ela não o queria por perto, pois já estava se sentindo verdadeiramente incomodada com a presença dele.

– Desculpe atrapalhar, mas eu preciso que me ajude com as outras mesas. – Falou Noah com um sorriso nos lábios; sorriso esse que Alicia julgou como presunçoso e não gostou nada disso. Ela sempre teve implicância com todas as pessoas que entraram na vida de Anna, ela tinha suas razões para isso, mas Noah parecia ser o que mais lhe incomodava, até mais do que Luna. Ele simplesmente não lhe descia.

– Eu estou falando com ela agora e é algo importante. – Alicia, nem Josephine e Anna, sabiam de onde ela havia tirado toda aquela audácia, já que a garota sempre fora tão tímida e não conseguia nem dizer um "olá" para alguém desconhecido.

– Me desculpe por isso, mas ela está no horário de trabalho agora. – Noah disse de uma forma mais firme, já não gostando daquela garota em sua frente. Ele achou que havia agido certo em ir chamar Anna para voltar ao trabalho, mesmo sem precisar necessariamente; ele só não queria a jovem perto daquela morena que lhe parecia uma ameaça, pois algo pairava ao redor delas duas.

A Molina notou que Alicia iria rebater a sua fala, então resolveu interferir antes que acabasse perdendo seu emprego por culpa de alguma discussão idiota.

– Alicia, eu já falei que não temos nada para conversar sobre o que aconteceu na festa. Está tudo bem e o seu namorado já me disse o que eu precisava ter ouvido antes. – Anna disse por fim, ansiosa que aquilo acabasse logo. – Fiquem aqui que eu logo volto com seus lanches. – Ela se aproximou um pouco mais da mesa para desferir um beijo na testa de Josephine, então pegou o mão de Noah, que ainda estava em sua cintura, e o guiou de volta para o balcão. Ela não se importou em beijar a testa de Alicia, e mesmo sabendo que era o certo, a Woods não gostou nada.

Alicia bufou de raiva e se sentou novamente em seu lugar, mas seus olhos continuaram nos dois que haviam saído. Ela não tinha gostado nada de Noah e não o queria perto de Anna de forma alguma.

– Uau, me parece que alguém está morrendo de ciúmes. – Brincou Josephine que gargalhou quando notou a expressão assassina no rosto de sua amiga.



(...)



"Estamos levando baldes de água fria a todo momento, mas eu já morri de hipotermia faz tempo."

Clarke já havia saído do banheiro e abandonado aquela rã nojenta lá mesmo, mas ainda estava trancafiada no quarto de Lexa. Não porque queria, mas sim porque tinha se dado conta de que não tinha roupas para vestir e, por essa razão, ela ainda estava usando a toalha que havia usado para se secar.

A loira estava refletindo sobre o que iria fazer para resolver aquela situação desagradável para si, mas logo resolveu de que teria de se obrigar a usar uma roupa de Lexa, pois ela que não iria ficar usando uma toalha até que suas malas chegassem a fazenda.

Clarke caminhou até o guarda-roupas preto que havia naquele quarto e o abriu, logo se deparando com jaquetas e moletons pretas, azuis marinho, marrons e cinzas; calças pretas, brancas e azuis; alguns bonés que estavam em uma prateleira, tênis e coturnos pretos e marrons na parte de baixo do guarda roupas, camisetas, blusas e também camisas quadriculadas.

– Típica roupa de sapatão de mal com a vida. – Observou Clarke enquanto pensava no que iria utilizar. – Camisa quadriculada. – Zombou das roupas enquanto ria do estilo que ela tinha de sapatão. 

Então a Griffin resolveu pegar um moletom preto enorme que estava ali e o vestiu. Estava com um pouco de nojo de estar usando as mesmas roupas íntimas, mas era a vida e ela então vestiu o moletom preto e se sentiu confortável dentro dele. Ela tinha que admitir que os moletons e jaquetas de Lexa eram extremamente confortáveis e lindos.



Play em It's you (Ali Gatie)


It's you, it's always you

(É você, é sempre você)

If I'm ever gonna fall in love, I know it's gonna be you

(Se um dia eu me apaixonar, eu sei que vai ser por você)

It's you, it's always you

(É você, é sempre você)

Met a lot of people, but nobody feels like you

(Conheci muitas pessoas, mas nenhuma é como você)

So, please, don't break my heart

(Então, por favor, não quebre meu coração)

Don't tear me apart

(Não me faça despedaçar)

I know how it starts, trust me, I've been broken before

(Eu sei como isso começa, confie em mim, eu já me machuquei antes)

Don't break me again, I am delicate

(Não me quebre de novo, eu sou delicado)

Please, don't break my heart

(Por favor, não quebre meu coração)

Trust me, I've been broken before

(Confie em mim, eu já me machuquei antes)

– Clarke. – Chamou Lexa que parou no exato segundo em que seus olhos pousaram em sua esposa que estava usando as suas roupas. A morena poderia até não admitir, mas uma de suas vontades havia se cumprido, pois ela sempre quis ver Clarke vestida com suas roupas. Um sorrisinho satisfeito apareceu no canto de seus lábios e isso fez as bochechas da outra garota ficarem avermelhadas, já que ela estava morrendo de vergonha por ter sido pega daquela forma. – Uau. 

Aquele simples sussurro deixou a jovem Griffin totalmente constrangida e ela esqueceu de tentar não demonstrar isso fisicamente, então Lexa pode perceber o que estava se passando com ela. 

A Woods, sem pensar muito no que estava fazendo naquele instante, caminhou até sua esposa e pegou o rosto dela entre suas mãos. Os olhos azuis pousaram em seus olhos verdes e isso a fez sorrir, pois ela admirava demais a conexão que seus olhos tinham com o dela. Lexa, de livre e espontânea vontade, beijou a ponta do nariz de Clarke que ficou enrugado no mesmo momento.

I've been broken, yeah, I know how it feels

(Eu já me machuquei antes, sim, eu conheço a sensação)

To be open and then find out your love isn't real

(De se abrir e depois descobrir que o amor não era real)

I'm still hurting, yeah, I'm hurting inside

(Eu ainda estou sofrendo, sim, eu estou sofrendo por dentro)

I'm so scared to fall in love, but if it's for you, then I will try

(Eu estou com tanto medo de me apaixonar, mas se for por você, eu vou tentar)

– Alexandria... – Ela parou de falar no mesmo segundo, pois percebeu o tipo de pedido que estava prestes a sair de sua boca. Ela queria que Lexa a beijasse, mas sua vergonha extrema não lhe permitia fazer um pedido assim. Nem mesmo a raiva que ela estava sentindo de sua esposa apareceu em seus pensamentos, ela estava focada apenas no desejo de sentir a boca dela na sua, pois ela adorava a sensação que era trazida para seu corpo. Era uma sensação que ela jamais havia sentido e só sentiu com Lexa, então queria que ela lhe desse mais daquilo, elas estivessem brigadas ou não.

– O que quer, Clarke? – Lexa perguntou em um sussurro rouco.

It's you, it's always you

(É você, é sempre você)

If I'm ever gonna fall in love, I know it's 

gonna be you

(Se um dia eu me apaixonar, eu sei que vai ser por você)

It's you, it's always you

(É você, é sempre você)

Met a lot of people, but nobody feels like you

(Conheci muitas pessoas, mas nenhuma é como você)

So, please, don't break my heart

(Então, por favor, não quebre meu coração)

Don't tear me apart

(Não me faça despedaçar)

I know how it starts, trust me, I've been broken before

(Eu sei como isso começa, confie em mim, eu já me machuquei antes)

Don't break me again, I am delicate

(Não me quebre de novo, eu sou delicado)

Please, don't break my heart

(Por favor, não quebre meu coração)

Trust me, I've been broken before

(Confie em mim, eu já me machuquei antes)

Ela também não estava conseguindo controlar seu desejo por sua esposa e nem mesmo a raiva que ela sentia dela estava lhe importando. Ela só queria sentir seus corpos unidos e seus olhos com uma conexão mais forte do que já tinham normalmente. Lexa abaixou um pouco sua cabeça para ficar mais perto da de Clarke e roçou seu nariz no dela, assim ouvindo um fraco som sair pela garganta da outra garota.

Ela havia demonstrando que estava sentindo prazer com o contato e isso fez com que todo o raciocínio da mente de Lexa evaporasse por completo. A Woods tocou mais uma vez seu nariz ao dela e pôde perceber que Clarke havia aproximado mais sua cabeça da dela para assim ter ainda mais contato, o que fez a morena sorrir internamente, pois, mesmo sem entender o motivo, ela gostava quando Clarke agia daquela confirma consigo.

– Que me beije. – Uma fala tímida saiu pela boca tão atrativa de Clarke e aquilo fez o restante de sanidade de Lexa ir embora para sempre.

Ela, em resposta ao seu pedido, apenas assentiu e foi aproximando, lenta e gradativamente, seus lábios dos de Clarke. Até que eles se colaram e elas sentiram algo como fogos de artifícios estourarem em seus ventres. Um frio desconhecido surgiu na barriga de Clarke e suas bochechas ficaram um pouquinho mais avermelhadas, se é que aquilo era realmente possível.

Primeiramente os lábios de Lexa começaram a se mexer e logo suas mãos desceram do rosto de Clarke para sua cintura que ela achava tão atraente. Quando suas mãos chegaram, enfim, ao seu destino, ela aproveitou e puxou o outro corpo para um pouco mais próximo do seu e isso fez com que Clarke ficasse com ainda mais desejo de sua esposa tão estranha, no seu ponto de vista.

Lexa apenas mexia seus lábios e não se dispôs a mexer sua língua, pois queria que Clarke fizesse isso e então seu pedido silencioso foi atendido. A loira, da forma mais tímida possível, tocou os lábios de Lexa com a ponta de sua língua, em uma tentativa de abrir passagem e logo conseguiu o que tanto desejava.

Clarke, um pouco mais fora de órbita do que de costume, empurrou ainda mais seu corpo contra o da morena, a fazendo cambalear para trás e, dessa forma, ela pôde sentir suas pernas encostarem na ponta de sua cama, o que fez com que uma ideia brotasse em sua cabeça. Lexa, então, virou Clarke para que ela ficasse com as pernas encostando na cama e foi a empurrando gradativamente, de uma forma lenta, para que assim ambas pudessem refletir se aquilo era a coisa certa a se fazer, principalmente Clarke que sempre surtava quando Lexa a tocava daquela maneira.

I know I'm not the best at choosing lovers

(Eu sei que não sou o melhor em escolher amantes)

We both know my past speaks for itself

(Nós sabemos que meu passado fala por si)

If you don't think that we're right for each other

(Se você não acha que fomos feitos um pro outro)

Then, please, don't let history repeat itself

(Por favor, não deixe a história se repetir)

'Cause I want you, yeah, I want you, yeah

There's nothing else I want

(Porque eu quero você, sim, eu quero você, sim)

I want you, yeah, I want you, yeah

(Eu quero você, sim, eu quero você, sim)

And you're the only thing I want

(E você é a única coisa que eu quero)

Como ninguém protestou nada, a Woods passou uma mão pelas costas de Clarke e a outra foi para sua nuca para que ela não se machucasse ao cair na cama. Então todo o corpo da loira tocou o colchão e Lexa admirou os curtos cabelos loiros esparramados em sua cama. Um sorriso de pura admiração brotou nos lábios de Lexa e isso fez com que o coração de Clarke se aquecesse um pouco.

A Griffin sentiu, de um jeito extremamente prazeroso, Lexa se sentar em sua cintura e descer o rosto para, mais uma terceira vez, beijar seu nariz que se enrugava no mesmo instante em que era tocado pelos lábios carnudos da outra jovem. Clarke sentiu um calor se formar em seu corpo quando viu sua esposa sorrir um pouco mais e um sorriso tímido brotou em seus lábios. Lexa tirou a mão da nuca do universitária e a pôs no rosto da mesma e plantou um selinho nela.

De um jeito envergonhado, Clarke levou suas duas mãos para os cabelos grandes e castanhos de Lexa, assim acariciando-lhe o coro cabeludo e ela pôde notar a morena fechar os olhos e ficar com uma expressão prazeroso em seu rosto. A loira então decidiu continuar com o carinho, até que Lexa escondeu o rosto em seu pescoço e ficou beijando a região.

It's you, it's always you

(É você, é sempre você)

If I'm ever gonna fall in love, I know it's gonna be you

(Se um dia eu me apaixonar, eu sei que vai ser por você)

It's you, it's always you

(É você, é sempre você)

Met a lot of people, but nobody feels like you

(Conheci muitas pessoas, mas nenhuma é como você)

So, please, don't break my heart

(Então, por favor, não quebre meu coração)

Don't tear me apart

(Não me faça despedaçar)

I know how it starts, trust me, I've been broken before 

(Eu sei como isso começa, confie em mim, eu já me machuquei antes)

Lexa queria dar um passo a mais naquela situação, mas não sabia se Clarke ainda estava pronta; ela nem mesmo sabia se ela mesma estava pronta, pois um dos seus maiores desejos era ter Clarke para si, mas não conseguia definir aquele como o momento mais apropriado para isso. Ela logo parou de pensar naquilo quando a loira puxou seus cabelos um pouco forte, na intenção de poder olhar em seu rosto e beijar seus lábios mais uma vez.

– Por que você está olhando para os meus peitos, Alexandria? – Perguntou quando pararam de se beijar e Clarke pôde perceber que ela não a estava olhando lhe nos olhos como era de sua vontade.

– Não estou olhando para os seus peitos, eu estou apenas olhando para o seu grande... coração. – Disse Lexa com um sorriso travesso, quase infantil, coisa que fez a jovem revirar os olhos, pois ela não conseguia entender como a morena conseguia ser tão adorável quando queria e até mesmo quando não queria. A Woods voltou a beijar os lábios de sua esposa de uma forma delicada e percebeu que ela ainda estava muito envergonhada com tudo, então resolveu que seria melhor dizer mais alguma coisa para aliviar a tensão que estava no corpo dela. – Eu ainda estou com o cheiro do meu perfume desde o nosso casamento. Sinta só.

Clarke viu o pescoço exposto de Lexa para que ela pudesse cheirar e então pensou: Quem ela está achando que é? Quem ela estava achando que eu sou? Que eu sou uma menina barata? Sem dignidade? Que cairia em qualquer truque dela? Que não iria me dar ao respeito e simplesmente cheira-la?

– Nossa, que perfume que você usa? – Perguntou depois de cheira-la e perceber que Lexa estava com um cheiro mais gostoso do que de costume, mas ela mesma não esperou por uma resposta e sentiu suas bochechas corarem ao perceber a posição em que estava com Lexa. Ela não estava cumprindo com o fato de que iria ficar longe de Lexa, pois não queria se apaixonar ainda mais por ela. Então preferiu intervir. – Eu estou com fome, Alexandria. Quero jantar.

– Ah... ok. – Lexa disse apenas isso, pois notou que o clima que estava entre elas já havia mudado e voltado para a clima ruim que pairava sobre as cabeças delas. Isso a chateou um pouco, pois ela sempre quis ter um casamento normal como as outras pessoas e não um onde pisava em ovos a todo o instante. – Eu tinha vindo aqui para te chamar para isso.

Lexa se levantou de cima de Clarke e não a olhou nos olhos, pois sabia que iria se sentir pior, e apenas caminhou de uma forma derrotada para a porta enquanto a loira assistia a tudo sem saber como se sentir em relação a tudo. Ela olhou para o teto e ficou pensando em tudo o que havia acabado de acontecer dentro daquelas quatro paredes.

Don't break me again, I am delicate

(Não me quebre de novo, eu sou delicado)

Please, don't break my heart

(Por favor, não quebre meu coração)

Trust me, I've been broken before

(Confie em mim, eu já me machuquei antes)

"Já sentiu como se você estivesse desaparecendo?"




(...)



"Se você ama alguém, fale. Corações podem ser partidos por palavras que nunca foram ditas."

Raven, Octavia e Bellamy estavam sentados no sofá de casa enquanto assistiam algum filme na tv. 

Octavia estava em silêncio desde o início da noite, o que era estranho já que ela sempre parecia uma maritaca. Mas seu silêncio era porque ela não sabia como se sentir com a presença de Raven. Ela estava muito feliz, melhor dizendo, ela estava radiante, mas também estava triste com tudo o que aconteceu nos últimos tempos entre elas duas e essa mágoa não ia embora de sua mente de forma alguma, coisa que a deixava ainda pior.

Ela tentava entender o motivo de Raven ter lhe escondido tudo como havia feito. Pensava nas palavra dela e nas de Anna, mas nada parecia fazer sentido para si, pois tudo o que ela sempre quis era ser o porto seguro de Raven, ela queria ser a pessoa que ela procurava para ajudar a segurar o peso do mundo quando tudo parecia demais para suportar, mas ela simplesmente foi excluída disso e foi resumida a tão pouco, sendo que sempre pensou que fosse muito.

Octavia sempre foi uma pessoa extremamente feliz e cheia de vida, mas desde que havia descoberto tudo aquilo, se sentia como um nada e aquela felicidade revigorante que tinha em seu corpo já não habitava mais ali. Ela não culpava Raven e nem ninguém por isso, ela só culpava ela mesma por ter sido tão pouco durando tanto tempo. Ela se sentia medíocre e era estranho se sentir daquela forma, pois era algo totalmente novo para si.

Ela estava se afogando com essa onda de sentimentos novos e sufocantes, assim perdendo de vista o que realmente importava. Raven havia desaparecido um pouco de sua vista e todo aquele amor também, isso a machucava profundamente e ela não sabia mais o que fazer para voltar ao que era, ou para evoluir, o que era o que ela mais queria. Octavia queria ser um novo alguém, tentar ser alguém que as pessoas gostavam de ter por perto.

– Ei, O. – Chamou Bellamy que logo ganhou a sua atenção. – Você tatuaria alguma coisa referente a sua série ou filme favorito? – Ela piscou algumas vezes enquanto pensava em uma resposta, mas a melhor de todas veio em sua mente.

– A única coisa que eu fiz referente a minha série favorita foi virar sapatão. – Disse antes de enfiar um punhado de pipoca dentro de sua boca.

– Vou pegar mais refrigerante para você não acabar morrendo engasgada comendo desse jeito. – Comentou Bellamy que revirou os olhos e caminhou na direção da cozinha para pegar mais de sua bebida desejada.

Enquanto isso, Raven, que estava fingindo dormir há algum certo tempo, se esticou no sofá e sua cabeça se apoiou na coxa de Octavia que quase pulou de susto com aquilo. Ela pensou que fosse alguma alma penada lhe puxando, porém se sentiu aliviada quando notou que era Raven, mas depois achou que a alma penada fosse melhor, já que ela nunca iria cair de amores e se sentir decepcionada com a alma.

Ela, em um movimento involuntário, levou uma mão para os cabelos castanhos da Reyes e começou a acariciar o local enquanto sua mente pensava em qualquer coisa e lhe desse forças para não chorar por qualquer motivo que não lhe parecia interessante agora.

– Eu queria tanto ter sido o seu porto seguro, Rae. – Murmurou ela baixinho, pensando que Raven não podia lhe ouvir, porém ela ouviu suas exatas palavras e um pedaço de seu coração se partiu. Ela teve raiva de si mesma por fazer tão mal para Octavia.

"Todos nós estamos envolvidos em desgosto como numa segunda pele."



(...)



"Cada pessoa é um mundo. – Clarice Lispector."

Finn estava soltando fogo pelas ventas desde que soube que Anya iria em um encontro com a tal Rebecca Pramheda. Ele não parava quieto e parecia uma arara furiosa, mas, ao meso tempo em que estava furioso, ele também estava arquitetando um plano para acabar com a noite das duas "bruacas sujas" como ele as havia chamado.

Ele havia se arrumado de uma forma totalmente horrível, em seu ponto de vista, e ele estava determinado em usar aquela roupa até o fim da noite, pois não iria falhar em seu plano e estava completamente disposto a acabar com a vida de Rebecca. Finn estava todo engomadinho naquele momento; ele estava usando um terno preto bem arrumado, camisa branca por dentro, gravata vermelha da cor do sangue de sua arqui-inimiga, seu cabelo estava penteado para trás estilo boi lambeu e sapatos que eram bons o suficiente para esmagar o crânio de Rebecca.

Conclusão: sim, Finn estava vestido da única coisa que ele não era, ele usava roupa de homem. 

"Eu estou horrorosa H-O-R-R-O-R-O-S-A com "h" de homem feio e pobretão."

Pensava ele. Porém, a única coisa que o deixava feliz como um viado queimando a rosca era que ele, enfim, poderia acabar com aquele pensamento de Anya em ter um relacionamento com a bruaca descabelada, holograma dos infernos, demônio da tasmânia, ou vadia de vestido vermelho, ou vabaga ordinária, ou chucrute em forma de vagaba ou vários outros apelidos que ele deu para sua inimiga.

Finn anotou mentalmente para se lembrar de escrever um dicionário apenas com palavras ofensivas direcionas a palito de dente. Mas naquele momento ele conseguia se contentar apenas com o sucesso do seu plano diabólico.

– Boa noite, senhor. Em que posso servir ao senhor hoje? – Finn parou de pensar assim que ouviu a voz do garçom ao seu lado. Ele o classificou como tripa seca, porém poderia dá-lo uma chance, já que estava na seca há algum certo tempo.

– Tirando minha roupa e... – O garoto parou de falar no mesmo segundo e também pôde perceber que estava usando sua voz afeminada habitual, então tossiu uma vez para se preparar para a mudança de voz. – Whisky. Me traga um whisky, o mais caro que tiver.

O homem assentiu e então se retirou, já Finn ficou tossindo feito como condenado enquanto tentava desengasgar da própria saliva. Ele socou seu peito para ver se ajudava e quase tombou para trás quando sentiu o impacto, logo ele pensou: isso faz de mim muito forte ou muito fraco? Mas sua resposta é que ele era uma princesa extremamente delicada.

Ele olhou ao redor para se certificar de que ninguém o estava olhando, principalmente se fosse alguém conhecido, pois pessoa alguma poderia lhe ver vestido daquela forma fracassada. Ele estava se sentindo um fracassado por estar usando aquelas roupas, mas se contentava já que era por um bem maior.

Anya foi a primeira a chegar no restaurante designado e Finn pôs um cardápio na frente de seu rosto para não ser percebido por ela, porém sabia que ela nunca iria notar que ele estava ali, já que seu intelecto não era tão sofisticado para isso. Finn soltou uma risadinha e logo olhou para a porta do restaurante que havia sido aberta por sua inimiga número um. Sim, a bruaca palitona havia chegado e usava um vestido vermelho que era bem cafona na opinião do garoto.

– Senhor, aqui está a sua bebida. – O garçom pôs o copo em cima da mesa e Finn, que ainda observava as duas, o pegou e deu um gole, assim se engasgando mais uma vez com aquela bebida horrorosa e, sem querer querendo, cuspiu tudo na cara do garçom quando se virou para olhá-lo.

Chérie... Me trás um blood mary. Anda, anda. – Finn xotou o homem, que ainda bem bravo, saiu marchando de volta com a cara molhada. – SKSKSKSKKSKKSKSK. – Finn começou a rir como se estivesse morrendo engasgado quando viu Anya quase tombar de sua cadeira no momento em que a tarântula ambulante estava indo em sua direção.

Ele riu ainda mais, quase entregando a sua posição, quando Rebecca revirou os olhos e se sentou na cadeira de uma forma contrariada. Já Anya estava suando assim como uma bica aberta. 

– Gata, meu nome é Arnaldo, mas você pode me chamar apenas de Naldo, pois o Ar eu perdi quando te vi. – Rebecca e Finn reviraram os olhos quase que simultaneamente e isso fez com que o garoto risse ainda mais.

Ele pegou a bebida que havia acabado de chegar e ficou bebendo enquanto observava suas duas inimigas. Sim, agora Anya também era uma de suas inimigas.

Finn quase pulou de alegria quando seu plano entrou pela porta do restaurante. Um homem com quase dois metros de altura, postura de bandidão e um monte de tatuagens espelhadas pelo corpo entrou enquanto segurava as mãos de duas crianças descabeladas, com as roupas sujas de comida e com a cara cheia de meleca.

Eles três caminharam até ficar perto da mesa de Anya e Rebecca, já Finn estava quase quicando em sua cadeira de tanta euforia que estava dentro de seu corpo. Ele quase caiu para trás de tanta emoção, mas se conteve e ficou chupando a bebida em seu copo.

– VAGABUNDA! – O homem já chegou gritando e as crianças faziam força para chorar. – VOCÊ ME LARGOU EM CASA COM NOSSOS FILHOS PARA SAIR E JUNTAR COM ESSA... ESSA CAPIVARA AMBULANTE? 

– O QUÊ? – As duas mulheres perguntaram em um grito quase ao mesmo tempo.

– SKSKSKSKSKKSKSKSKSKSKSKSKSKKS. – Finn começou a rachar o bico como se estivesse morrendo engasgado mais uma vez e realmente estava, pois entrou muita bebida em sua boca, só que a diversão daquela cena era maior e melhor do que qualquer coisa.

– Isso mesmo que você ouviu, Anya Molina. Sua salafrária e pilantra. – O homem deu uma olhada nas duas crianças, como se as mostrasse para as duas moças. – Agora só falta me dizer que nunca me viu na vida e que não tem filhos. VAI DIZER ISSO, VAGABA? 

– MAS EU NEM TE CONHEÇO. – Anya gritou e logo se encolheu na cadeira, pois tremeu na base quando notou a forma que homem lhe olhava. – E... e eu não tenho filhos! 

– Mamãe, vamos para a casa. – Uma das crianças disse enquanto a chamava com uma mão.

Vamonos, mamá. – Pediu a outra criança e Anya quase caiu para trás quando notou que ela estava falando em seu idioma natal.

Rebecca olhou para Anya de uma forma mortal e isso fez Finn rachar o bico mais uma vez.

– Você é mesmo casada, Anya? Isso é verdade? – Perguntou a artista de uma forma séria e irritada, coisa que fez a espanhola se encolher ainda mais na cadeira.

– Não, Rebequinha. É claro que não! – Protestou ela que ficou com ainda mais medo quando o homem lhe olhou de uma forma assassina e as crianças começaram a berrar enquanto choravam. – Eu não me lembro de ter me casado, ok?

O homem e Rebecca reviraram os olhos, as crianças espalmaram a mão na cara como se reprovasse a fala dela e Finn tentava parar de rir, mas não conseguia.

– ACHO MELHOR VOCÊ SARTAR FORA, PALITONA. ESSA DAÍ NÃO PRESTA NÃO. TODA NOITE FALA QUE VAI TRABALHAR E FICA SE ESFREGANDO COM QUALQUER VAGABUNDA QUE APARECE. VOCÊ FOI A VAGABUNDA DA VEZ.

Rebecca bem que podia se sentir ofendida com as palavras do parrudão, mas ela sabia que ele estava certo. Então ela se levantou e arrumou seu vestido de bruaca.

– Você deveria estar envergonhada, Anya. Você fica aí desmentindo a clara verdade que esse... esse senhor está dizendo. – Ela pegou sua bolsa e a usou para dar na cara de Anya que rodou igual ao seu Madruga depois de um tapa dado pela Dona Florinda. – Não me procure mais, magricela de quinta categoria.

Finn desmunhecou geral e caiu em uma gargalhada igual a de uma vovó histérica. Ele começou a socar a mesa enquanto tentava se controlar, até que ele pôde notar que todo o restaurante estava o olhando, assim como Anya. Então ele tirou a gravata, aquele blaser fora de moda, a camisa braca e ficou apenas de sutiã rosa choque, assim se sentindo uma verdadeira mulher.

– FOI VOCÊ QUEM FEZ ISSO, BICHA HORRENDA? – Anya berrou em sua direção.

– FUI EU, SIM. RACHA IMUNDA E  FRACASSADA. FUI EU COM A MINHA MENTE DE VILÃ DE NOVELA MEXICANA. MUUAHAHAHAHAHAHAHAHAHA. – Finn começou a gargalhar como uma vilã da novela das quatro. – VOCÊ NUNCA VAI FICAR COM A VADIA DO VESTIDO VERMELHO. AQUELE TROÇO AMBULANTE SÓ TEM AQUELE VESTIDO FORA DE MODA? – Perguntou ele enquanto tirava o sapato e o lançava para qualquer lugar no restaurante.

– EU VOU TE MATAAAAAAAAR. – Anya começou a correr na direção dele e isso o fez engolir em seco.

– AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH. – Gritou Finn com sua voz afeminada enquanto corria para fora do restaurante.



(...)



"Ter uma alma gêmea não é sempre sobre um amor. Você pode encontrar uma alma gêmea em uma amizade também. – Desconhecido." 

– Mas agora me fala, Ali. O que te aconteceu para você estar com essa cara de capivara atropelada? – Perguntou Josephine depois que terminaram de falar sobre amenidades e terem comido metade de seus lanches.

Alicia pôs uma mecha de cabelo atrás de sua orelha enquanto tentava não permitir que suas bochechas corassem, porém foi inútil e Josephine tentou esconder o sorriso quando notou o quão vermelha sua amiga estava.

– Bem, eu... eu... – Ela passou a língua por seus lábios enquanto tentava formular o que iria dizer. – Eu estava quase... transando com o Troy e...

– O QUÊ? TRANSOU COM ELE? – Josephine não se importou nada em ter gritado e chamado a atenção de todos que estavam dentro daquela lanchonete. 

Algumas mães taparam as orelhas de seus filhos, alguns adolescentes ficaram rindo e outros fingiram que não ouviram. Já Anna, que estava à uma mesa de distância das garotas, sentiu seu corpo congelar e sua cabeça começar a girar. Ela estava morrendo de medo de saber que Alicia havia perdido sua virgindade, ainda mais com alguém que não fosse ela. Anna se aproximou um pouco mais da mesa para ouvir melhor a conversa e agradeceu aos céus quando percebeu que Alicia e Josephine estavam concentradas demais para notarem sua presença.

– Grita mais alto, Josy. Acho que não te ouviram no outro quarteirão. – Disse a Woods de uma forma brava, porém a outra jovem estava pouco se importando, ela só ligava para saber o que havia acontecido entre Alicia e Troy.

– Conta logo, Ali. Vocês transaram ou não?

– Nós dois estávamos na cama e... – Anna bestificou no mesmo lugar e sentia a ansiedade em seu corpo crescer. Ela estava prestes a ter um treco enquanto ouvia Alicia falar sobre sua vida sexual. – E eu comecei a me sentir muito bem, sabe? – Josephine começou a assentir freneticamente, enquanto estava toda besta ouvindo sua amiga falar sobre os detalhes sórdidos. Já Anna sentia o piripaque se apossando de seu corpo. – Só que quando eu abri meus olhos, não era o Troy que estava lá.

– Credo. E quem era? – Josephine perguntou e começou a bater as mãos na mesa de tanta ansiedade.

Anna sentiu seu corpo começar a suar e ela tinha a total certeza de que uma gota de suor estava descendo por sua bunda. Ela pensou que bem que precisava de um pano de bunda, mas chegou à conclusão de que ela mesma fosse o tal pano de bunda. A espanhola passou uma mão por sua testa para tirar a umidade. Ela estava mesmo muito nervosa, pois já que não era Troy na cama de Alicia, então quem era?

– Era... era a Anna. – Anna quase tombou para trás ao ouvir aquilo. Suas pernas pareciam bambus e ela sabia que a qualquer momento iria cair. 

– Menina, eu estou passada, chocada. – Josephine fingiu todo aquele tom de voz surpreso, pois sabia que isso iria acontecer e estava mais do que satisfeita com aquilo, já que ela queria ver suas duas amigas como um casal. – Mas, me diga, como você se sentiu?

– Eu... – As bochechas de Alicia coraram ainda mais e ela ficou sem saber o que dizer naquele momento. – Acho que eu nunca me senti tão bem. – Sua fala saiu quase em um sussurro, mas Josephine e Anna puderam ouvir perfeitamente. A espanhola engoliu em seco e se sentiu extremamente mal, pois mesmo distante, ainda estava prejudicando a Alicia. Ela pôde notar a dor na voz dela e isso a magoou por completo. – Eu não queria, mas eu me senti bem porque eu sempre quis ela. Ainda quero. É sempre ela e... e eu não sei como tirá-la da minha cabeça, por mais que eu queira isso.

– Você já parou para pensar que talvez o melhor é não tirá-la da cabeça? E sim deixar que ela volte para a sua vida? – Josephine inseriu sua pergunta de uma forma delicada, pois não queria machucar sua amiga de forma alguma. 

– Não sei, Josy. Ela já me machucou muito e eu deixei de me amar por tanto tempo por causa dela. Não quero voltar a ser aquela Alicia. – Falou ela de uma forma dolorida.

Anna começou a sentir seu corpo pesado e sua cabeça estava à mil. Ela estava se sentindo realmente péssima e teve vontade de voltar para sua casa e nunca mais sair de lá. Seus olhos não estavam marejados, mas ela sentia uma extrema necessidade de chorar.

– Ali, você não pode a definir pelos erros que ela cometeu. Pessoas cometem erros o tempo inteiro e aprendem com eles, mas você nem sequer a deixa mostrar o que aprendeu com tudo. – Alicia abaixou sua cabeça e ficou encarando a mesa, enquanto prestava atenção nas palavras da garota em sua frente. – Você fica me dizendo que está preocupada com ela e com tudo o que está acontecendo com ela, mas nem sequer a deixa demonstrar o que sente por você. Ela nem ao menos tem um brilho no olhar mais, você me disse isso. Ela está morta e você também sabe disso.

– Mas eu não quero morrer junto com ela. – Alicia enviou um olhar cortante para Josephine que bufou em resposta e enfiou algumas batatas fritas em sua boca.

Anna se sentou à mesa que havia acabado de ficar livre e tentou regular sua respiração. Era coisa demais para sua cabeça e tudo estava começando a doer muito. Ela deitou seu rosto em suas mãos e ficou prestando atenção na conversa das garotas em sua frente.

Dios. – Sussurrou para si mesma e pôde perceber como sua voz estava falhada.

– Eu estou feliz com o Troy, Josy. Ele me faz bem e gosta de mim. Eu quero ficar com ele porque não foi ele quem não me deu valor por mais de dez anos. Não foi ele quem dormiu com Deus e o mundo, mas nunca sentiu nada por mim. – Alicia tentava se explicar, mas seu coração estava doendo bastante. – Ele também foi super compreensivo comigo quando eu disse que ainda não estava pronta e ele falou que vai me mandar uma mensagem para saber quando eu estiver pronta porque vai me dar um espaço para pensar no assunto.

Josephine apenas assentiu, já cansada daquela conversa. Anna se levantou da cadeira e foi ficar ao lado de Noah que sorriu assim que a viu em seu lado atrás do balcão.

– Podemos ir para a minha casa? Você pode ir dormir comigo? Não quero ficar sozinha essa noite. – Pediu a Griffin ao se lembrar do que aconteceu aquela tarde e queria ter mais tempo para convencer Alicia de dar uma chance para a espanhola.

– Claro, Josy. – Respondeu ela com um pequeno sorriso no rosto.

"Uma das piores sensações que existe é quando você quer chorar, mas já não existe lágrima alguma em seu corpo."



(...)



"Você se surpreende ao perceber o quanto pode suportar. – Dr. House."

Depois de todo aquele momento com Lexa, Clarke finalmente havia saído do quarto e se encaminhado para a sala de jantar onde havia bastante comida posta à mesa. Sua fome, que não havia sido saciada desde o início daquela tarde turbulenta, voltou com tudo para seu corpo e ela se preparou para se sentar em uma das cadeiras ali dispostas para, enfim, poder se degustar com as delícias espalhadas naquela mesa enorme.

Porém, duas mãos foram postas em seus ombros, assim a afastando da mesa, coisa que a fez choramingar internamente. Clarke estava com tanta fome que temia acabar desmaiando, não só de fome especificamente, mas também porque todos os seus sentimentos e pensamentos estavam à mil e isso não a estava fazendo bem.

– O q... – A pergunta sussurrada foi parada antes que fosse completa. Os olhos azuis de Clarke observavam a nova distância posta sob ela e sua comida. – O que foi? – Enfim ela havia conseguido lançar aquela pergunta para sua esposa que ainda a segurava e a mantinha longe de toda aquela tentação em forma de comida.

– Essa comida não é para você, Clarke. –Explicou a morena que estava sorridente, como se nada tivesse lhe acontecido há alguns minutos atrás dentro de seu quarto.

Clarke achava que havia se casado com uma maluca, pois os sentimentos de Lexa eram mais estranhos do que os seus próprios. A cada momento ela sentia e agia diferente, o que a tornava difícil de ser acompanhada. A loira suspeitava que nem ela mesma conseguia se acompanhar ou, até mesmo, se compreender.

Ela conseguia se ver em Lexa, por mais que odiasse admitir isso.

– Mas... mas como assim? – A voz de Clarke saia baixa e num muxoxo deprimente. Ela não estava feliz em saber que não poderia comer, mas a raiva em seu corpo não estava sendo manifestada, pois ela estava cansada demais com tudo.

– Clarke, você vem de uma família rica e fru-fru, então tem que ser tratada da forma como sempre foi acostumada. Então, eu comecei a avaliar a comida feita por Abby e notei que ela não está no seu nível. – Clarke tentava acompanhar tudo, mas sua cabeça estava girando em confusão e sua cara estampava um expressão abestada. Ela olhou para o lado e viu que Abby e Kane estavam um ao lado do outro, parados como serviçais de ricassos metidos a besta.

– Eu... eu não ligo para isso não. Eu posso comer. A comida está bonita e está claramente no meu nível. – A voz da loira estava meia perturbada, assim como seu rosto demonstrava. Ela estava com muita fome e não tirava os olhos da comida, coisa que deixou Abby esperançosa, pois ela queria muito a aprovação de Clarke, já que ela ficou por horas se dedicando em prantos que pudessem lhe agradar.

– Não, não, Clarke. Não está no seu nível e eu quero que você seja tratada como uma princesa da realeza, assim como era em sua casa. Por isso volto a repetir, você não vai comer essa comida... de pobre. – Lexa cuspiu as palavras, fazendo com que Kane duvidasse da sanidade da garota, Abby se entristecesse e Clarke ficasse completamente abismada.

– Eu posso virar princesa amanhã, Alexandria. – Afirmou Clarke que tentou se soltar de Lexa para poder abocanhar toda aquela comida que pareciam tão suculentas, mas a morena foi mais rápida e a empurrou um pouco mais para trás, assim ganhando tempo de caminhar até a mesa, pegar uma tigela de arroz e jogar no chão.

Três gemidos de insatisfação foram ouvidos: o de Kane que notou todo aquele arroz sendo desperdiçado, o de Abby percebendo que todo o seu esforço estava sendo jogado no chão como lixo e o de Clarke que estava quase desmaiando de tanta fome. A garota estava até mesmo mais pálida do que o normal.

– Lexa... o... o que você está fazendo? – Kane perguntou incrédulo. Ele nunca a viu agindo daquela forma e queria que continuasse daquela forma passada.

– Essa comida não está ao nível da Clarke, então não presta. – Disse Lexa logo antes de jogar a tigela de salada no chão. 

Clarke estava se sentindo a pior dos seres humanos, pois estava até sem forças para impedir sua esposa desnaturada. A única coisa que passava por sua cabeça é que ela queria se ajoelhar no chão e comer tudo o que estava ali, assim como algumas galinhas que apareceram ali estavam fazendo.

– Alexandria... não faz isso. – Pediu Abby com a voz chorosa. Ela estava muito triste por ver sua comida sendo jogada fora daquela forma tão deprimente. Mas a morena simplesmente não lhe deu ouvidos e jogou toda a comida que restava no chão.

– Clarkezinha, acho melhor você ir dormir. Precisa ter energias para amanhã e já está ficando tarde. – Alertou Lexa que tinha um sorriso orgulhoso e psicótico no rosto.

– Mas... – Clarke tentou argumentar, mas nada passava por sua cabeça e seus olhos ainda não saiam da comida jogada no chão. Ela estava morta de fome!

– Vamos lá. Vamos lá. – Lexa voltou a pôr as mãos nos ombros de Clarke e a levou para o corredor onde tinha algumas portas, assim a guiando para a última porta do lugar e a abrindo, dando a visão de um quarto um tanto pequeno, apenas com uma cama centralizada e uma cômoda velha de madeira. – Aqui será seu quarto, Clarkezinha.

A universitária adentrou o quarto e inspecionou cada canto que seus olhos enxergavam, logo comprovando que odiou cada detalhe, assim como já sabia que odiaria, porém ela melhor do que dormir na mesma cama que sua esposa que ela odiava mais do que tudo naquele momento miserável.

Os olhos azuis e acusatórios pararam em um ser que estava habitando seu quarto antes dela mesma. Um ser com penas marrons, um bico que a estava deixando um pouco apavorada e pernas estranhas. Sim, uma galinha estava no quarto e era como se estivesse ali há algum certo tempo, pois até mesmo um ninho ela havia feito ali.

– Por que tem uma galinha aqui, Alexandria? – Perguntou ela brava e batendo pé no chão. Aquela foi a primeira pergunta que ela havia conseguido fazer sem gaguejar desde que viu toda sua comida sendo jogada fora.

– Como eu sou esquecida! – Lexa bateu sua mão na testa de uma forma teatral e tediosa no ponto de vista de Clarke. A morena caminhou lentamente até a ave burra que não conseguia voar e conseguiu pegá-la em seus braços. – Essa, Clarkezinha, é a Carijó. Uma galinha muito especial da fazenda. Eu a estava procurando um dia desses e a encontrei com seu ninho bem nesse quarto, então pensei comigo mesma que não podia tirá-la daqui. Pode prejudicar os filhotes dela.

Clarke não se importava nem um pouquinho que fosse com a galinha e seus pintinhos, ela só os queria longe dali, pois tinha medo de ser bicada por um deles ou algo do tipo. Ela abraçou seu próprio corpo enquanto seu rosto ficava vermelho, não de vergonha como antes, mas sim de puro ódio. Ela queria trucidar Lexa. Ela conseguia visualizar perfeitamente aquele quarto inundado com o sangue da provável defunta.

– E daí? Tira esse troço burro daqui, sua burra. – Clarke voltou a bater pé no chão, enquanto olhava para a morena de uma forma assassina. Bem que ela queria ter uma arma naquele momento, pois não queria sujar suas mãos com o sangue de sua inimiga/esposa desnaturada.

– Clarkezinha, quando os pintinhos nascerem, eu vou tirá-los daqui, mas enquanto isso eles ficam aqui. Eu não vou ser cruel ao ponto de trocá-los de habitação. – Lexa explicava enquanto colocava Carijó dentro do ninho para ficar com seus ovos.

A Griffin passou as mãos por seus cabelos loiros enquanto tentava não surtar e matar tudo o que estava dentro daquele cômodo, inclusive a ela mesma, pois não podia suportar viver naquelas condições. Ela fechou seus olhos para tentar pensar, mas nada passava por sua cabeça além do cadáver ensanguentado de Lexa no chão.

– Sai! – Ordenou Clarke assim que abriu os olhos que estavam quase negros de tanta ira que habitava sua alma naquele instante. Lexa continuou parada no mesmo lugar e com as mãos na cintura. – Alexandria, sai daqui, agora. – Clarke falava baixo, mas o ódio na sua voz não passava despercebido de forma alguma. E esse ódio aumentou ainda mais quando sua ordem não foi obedecida. Até que ela surtou de vez e foi para cima de Lexa, lhe acertando um tapa na cara e chutes que a xotaram para fora. – PORRA, QUE MERDA. – A loira bateu a porta do quarto com uma força descomunal e marchou até sua cama, onde se deitou e tentou respirar para se acalmou um pouco, porém tudo voltou a dar errado. A cama quebrou com ela em cima e ela estava caída com o colchão no chão. – Eu não aguento mais. Alguém me mata. – Sussurrou ela em um pedido agoniado. – ALEXANDRIA.

– Sim. – Lexa entrou no quarto com bastante calma, como se não tivesse acabado de levar um tapa e ter sido xotada dali. Ela estava com as mãos atrás das costas e andava como um cavalheiro idiota.

– A CAMA QUEBROU. – Ela gritou o óbvio e apenas ganhou um assentir de cabeça vindo de sua esposa. 

– Uhum. – Lexa emitiu apenas isso e, naquele exato momento, Clarke teve uma imensa vontade de morrer. – A única solução que tenho para isso é você começar dormir no meu quarto, mas nem ao menos isso você quer. Então não tem nada que eu possa fazer. 

A verdade era que a cama se quebrou propositalmente. Quando Lexa e Kane começaram a montá-la, a garota a deixou com algumas partes soltas para que acontecesse exatamente o que aconteceu. A cama se partiu ao meio e o que Lexa queria com aquilo era que Clarke fosse para seu quarto como uma esposa normal.

– Então eu vou dormir no chão? – Perguntou Clarke que simplesmente ignorou a fala de Lexa sobre ela sair daquele quarto e ir para o dela.

– Uhum. – A loira já estava se irritando com a falta de diálogo normal com Lexa. – Ao menos que você vá para o meu quarto, assim o tornando nosso.

– Tchau, Alexandria. – Clarke ficou com os olhos nela, esperando que ela saísse dali, coisa que logo foi feita.

A garota então percebeu que naquela cama só havia o lençol que o forrava. Não tinha travesseiros e nem sequer um simples cobertor para que ela pudesse espantar o frio da noite, isso a deixou com uma sensação ainda pior sobre tudo. Ela estava se sentindo como um cachorro maltratado e isso a magoou muito. Uma singela lágrima desceu de seu olho, assim desencadeando uma choro agonizante e silencioso. Ela abraçou seu corpo e ficou como um pequenino monte no meio daquele colchão velho e fedido. Clarke estava sentindo o peso de tudo naquele momento, assim como tinha sentido no dia anterior ao seu casamento. Na realidade, aquela sensação nunca foi embora, ela só estava sendo ignorada, até o ponto que já não estava sendo mais possível.

Era como um soco no estômago, pois centenas de sentimentos lhe invadiram, mas os principais deles foram o medo; medo de tudo o que estava para acontecer em sua vida, raiva; raiva de Lexa e de todos os que a fizeram chegar naquela situação crítica, saudades; saudades de sua mãe em específico, pois ela poderia lhe dar uma luz em meio as trevas que era sua vida, e o vazio; vazio esse que sempre esteve ali, mas naquele momento parecia ainda mais perturbador.

"Vazio(s.m.)

É paralisia emocional. É um túnel sem fim, por onde escorre o meu ser e tudo o que me faz vivo. É desaprender sentimentos. É o nada do próprio nada. É quando a ausência alcança seu estágio final. Voraz. É o umbral do próprio crescimento. É ser consumido.

É quando o esquecimento beija a eternidade e juntos abraçam a minha alma."

"As pessoas choram, não porque são fracas. E sim porque tem sido fortes por muito tempo. – Johnny Depp."



(...)



"Amadurecer(v.)

É saber admitir que errei com quem eu amo e parar de jogar a culpa no destino e no medo. É não fugir de certas memórias, e voltar a ouvir a banda que eu parei de ouvir por causa de outra pessoa. É aprender o real valor dos nossos pais. É perceber que, infelizmente, nem tudo tem conserto.

É viver o suficiente pra aprender que sou uma versão melhor de mim, não pela quantidade de vezes que acertei, mas pela quantidade de vezes que errei."

Raven estava ali há horas e não estava conseguindo dormir de maneira alguma. Ela estava apenas deitada naquela cama do quarto de hóspedes da mansão dos Blake enquanto sua mente trabalhava com todo o vapor que tinha. Ela até mesmo podia sentir as engrenagens se movimentando e a fumaça saindo, assim como em um desenho animado.

A verdade é que ela não conseguia dormir, pois só conseguia pensar em Octavia e na dor que lhe causou ao longo de todos esses malditos anos. Ela, desde sempre, achou que a estava protegendo de tudo, de uma vida ruim, de sua situação, de uma enorme decepção ao entender quem era Raven Reyes, quando na verdade a estava machucando e a distanciando completamente de sua vida. Octavia nunca se importou com quem Raven era, mas sim com o que ela era e a garota só pôde entender aquilo agora. Raven também não conseguia entender como nunca viu isso antes e só pôde enxergar quando já era tarde demais, quando já havia perdido Octavia de sua vida. Quando todas as esperanças pareciam ter sido esgotadas.

"Eu queria tanto ter sido o seu porto seguro, Rae."

O sussurro extremamente ferido e acabado da Blake ainda ressoava por sua cabeça, assim fazendo com que se sentisse extremamente mal e furiosa consigo mesma. Ela sentia uma dor que nunca havia sentido em sua vida e chegou a se perguntar se foi aquilo que Octavia sentiu por todos esses anos. 

Se realmente foi aquilo que a garota sentiu, então ela estava começando a se odiar ainda mais, pois ser humano algum merece uma tortura psicológica como aquela que ela estava sentindo fazia semanas e que ficou ainda mais forte há algumas horas atrás.

Mas, então, Raven chegou à conclusão de que não podia ficar ali deitada se remoendo por algo que já passou. Então ela decidiu se levantar e ir até o quarto de Octavia Blake.

Raven caminhava na ponta do pé para não acabar acordando alguém e ser impertinente, pois ela estava ali como uma hóspede e não queria perturbar ninguém. A Reyes adentrou o quarto da Blake mais nova e pôde visualiza-la dormindo e ressonando devagar, mostrando que ela estava tendo uma noite de sono tranquila, coisa que deixou a morena feliz, pois ela se sentiu bem em saber que pelo menos o sono de sua amada era tranquilo.

– Eu só não quero ser confundida com hétero. – Octavia murmurou enquanto dormia e isso fez Raven querer rir, pois ela era estranha até mesmo quando estava dormindo.

Porém a Reyes deixou isso de lado e se ajoelhou ao lado de cama de Octavia, deixando seus rostos próximos como não estiveram desde que elas se beijaram na festa de casamento de Clarke e Lexa. Raven ficou ali observando o rosto sereno da Blake enquanto um sorrisinho apaixonado brincava em seus lábios. Ela beijou a testa de Octavia e tocou seus cabelos negros, em um carinho que pareceu tê-la deixado um pouco mais tranquila.

– É sempre você, O. – Sussurrou ela antes de beijar seus lábios de leve.

"Fiquei sozinha a vida toda. Eu dizia para mim mesma que gostava disso, mas não gosto. – Eleanor, The good place."



(...)



"Tristeza(s.f.)

É o ardido de um desamor. É errar o compasso da dança. É, na verdade, não ter te chamado para dançar. É um soco no meu ânimo. É o tema principal na minha playlist do spotify. É um pé-de-lágrimas plantado no meu quintal, que  vez ou outra dá frutos (que se bem acompanhado, não são tão ruins).

É aquilo que nem mesmo o poeta que inventou, teve a fineza de 'desinventar'."

O expediente de Anna havia acabado fazia algum tempo e ela acabou dispensando uma oferta de Noah de sair, coisa que a deixou um pouco magoada, pois, se continuasse dessa forma, não iria conseguir seguir para frente nunca e, sinceramente, ela já nem sabia mais se era isso o que queria, pois seguir em frente significava deixar Alicia no passado e ela não queria que Alicia fosse apenas alguém que passou por sua vida; isso era inaceitável.

Talvez fosse por isso que Anna dispensou Noah e seguiu sozinha para a estrada escura que dava à Fazenda Woods. Ela teve sorte de ter encontrado alguém com um bom coração que a levasse até uma parte do caminho em segurança, já que estava sem carro e não aguentaria fazer todo o percurso a pé.

Ela agradeceu aquele bom homem e seguiu o caminho que lhe faltava para chegar em seu destino final. Enquanto caminhava pela mata escura, ela divagava sobre todos os acontecimentos que rondaram sua vida nos últimos meses. Tudo lhe machucava tanto e ela não sabia distinguir qual poderia ser mais doloroso, mesmo que quisesse pensar que fora a separação de Alicia. Mas seu eu interior que era acostumada ao luxo e ao dinheiro havia morrido totalmente, sua parte irmã estava em uma espécie de coma e não sabia quando, ou se, iria acordar novamente, seu eu que amava com todo o coração estava ainda lá dentro, porém inerte em um sono pesado que era recheado com pesadelos terríveis, também havia a Anna que estava morta, apenas morta e não havia um pingo de esperança para que ela voltasse a vida, afinal, nada morto poderia viver novamente e, naquele corpo, sobrara apenas um vazio imenso acompanhado de uma tristeza profunda e eterna.

A Molina teve que dar uma pausa em seus pensamentos sofridos quando entrou nas terras que formavam a Fazenda Woods. Ela caminhava por aquele caminho que era rodeado de verde e flores, principalmente de rosas brancas, que eram as favoritas de Lexa. A garota parou de olhar para o chão e olhou para a casa que ainda era iluminada por algumas luzes, mas isso não a importava, pois ela estava procurando apenas uma pessoa em especial.

Ela logo avistou duas pessoas sentadas nos degraus que levavam a porta da frente. Monty e Jasper estavam ali fumando, o que provavelmente fosse maconha, mas ela não ligava para isso, pois já estava familiarizada com aquela cena. Ela foi se aproximando até que os dois a avistaram e sorriram para a mesma que logo retribuiu.

– E aí, Anna. – Saldou Jasper com um sorriso no rosto, coisa que a espanhola olhou com admiração, já que iria adorar voltar a sorrir de orelha à orelha como Jasper e Monty sempre faziam.

– An... Anna, oi. – Saldou Monty um pouquinho nervoso com a presença da garota. Ele se levantou e Jasper o olhou enquanto lhe lançava uma careta de reprovação.

– Oi, meninos. – Saldou ela que tirou as mãos dos bolsos traseiros de sua calça e foi até ambos para poder cumprimenta-los como sempre fazia. Ela se abaixou um pouco para beijar a testa de Jasper e se levantou novamente para beijar a testa de Monty. Em resposta ele quase tombou para trás, por isso achou melhor se sentar e logo a espanhola se sentou entre os dois.

Anna levou uma de suas mãos para os cabelos negros de Monty e ficou acariciando o local; essa era uma coisa que ela adorava fazer e ele adorava receber.

– E o que lhe trás em nossa tão amada fazenda? – Perguntou ele antes de dar um trago.

– Bem... na real eu vim até aqui porque preciso de sua ajuda, Monty. – Anna o olhou e viu a expressão surpresa em seu rosto, pois ele não imaginava que ela tinha feito tal viagem apenas para lhe ver.

– No... no que eu posso ajudar? – Perguntou ele de uma forma um pouco nervosa, o que a jovem achou extremamente adorável. Ela gostava da forma como ele agia com as pessoas e principalmente com ela mesma.

Anna comprimiu os lábios e pensou em quais palavras iria usar para explicar seu plano repentino e mirabolante. Desde que ela havia escutado a conversa entre Alicia e Josephine, uma coisa em especial ficou presa em sua mente e a deixou inquieta pelo restante da noite, assim fazendo com que ela criasse um plano maluco e extravagante.

"Ele também foi super compreensivo comigo quando eu disse que ainda não estava pronta e ele falou que vai me mandar uma mensagem para saber quando eu estiver pronta..."

A voz de Alicia ecoou mais uma vez em sua cabeça e o plano criado por si também deu uma certa rondada por seus pensamentos. Ela parou de olhar para os dois rapazes ao seu lado e olhou para o chão enquanto pensava se havia agido corretamente ao aparecer na fazenda com algum plano idiota e doentio.

– Eu queria que você... que você hackeasse o celular da Alicia. – Anna falou enfim e olhou para os dois que a observavam como se ela fosse algum tipo de alienígena.

– Ela é nossa chefe, Anna. – Disse Jasper como se aquilo fosse algum tipo de argumento que pudesse fazer Anna repensar sobre o que havia pedido. 

– Sei disso, mas é que... – Ela parou mais uma vez para pensar em suas palavras. A única razão que ela estava fazendo aquele pedido era porque estava com ciúmes e também porque ainda sentia uma certa possessão sobre Alicia. Ela ainda não conseguia imaginar outra pessoa tocando na menina Woods que não fosse ela. Não conseguia vê-la perdendo a virgindade com outro alguém e Anna sabia que se isso acontecesse, então seu fim teria chegado finalmente. – É porque eu estou tentando cuidar dela, entendem?

– Não. – Disseram Monty e Jasper ao mesmo tempo.

– Eu preciso cuidar dela. – Sussurrou a espanhola mais para si do que para os outros dois.

– Anna, eu não posso fazer isso. – Avisou Monty mesmo que ainda quisesse ajudar a garota que gostava. – Isso é crime e eu não quero ser preso, não quero que você seja presa. – Anna o olhou nos olhos e pôde ver a ternura que havia ali, isso fez seu coração se aquecer um pouquinho. – Por que você simplesmente não deixa essa ideia de lado?

– Eu preciso pensar sobre isso. – Falou ela por fim. A garota passou as mãos por suas coxas e se levantou, logo voltando a se virar para seus amigos. – Posso voltar amanhã com uma decisão final?

– É claro que pode. – Disse Jasper que também tinha uma certa ternura nos olhos e isso deixou a Molina feliz, pois gostava muito daqueles dois e também gostava de saber que eles se importavam com ela.

– Obrigada mesmo. – Ela beijou mais uma vez as testas deles e os viu levantar. – Agora parem de usar essa merda e vão dormir. – Eles logo soltaram a maconha e se encaminharam para dentro da casa.

Ela se virou e desceu os degraus, enquanto pensava como diabos iria voltar para casa. Esse detalhe não estava incluso em seus planos e ela se sentiu uma extrema tapada.

– AAAAAAAAHHHHHHHHH. – Anna ouviu um grito agudo e pôde notar Finn correndo e Anya o perseguindo. Ele estava todo suado, assim como sua irmã e ambos estavam com a aparência meio nojenta. – RACHAAAAAAAAAAA. – Anna quase caiu no chão quando Finn se jogou em seus braços, como se ela pudesse lhe proteger de alguma coisa. – Me salva, racha, me salva.

– Eu te peguei, viadão. – Disse Anya que quase caiu no chão de tanta exaustão. Nem ela mesma sabia explicar de onde tirara tanta força de vontade para correr atrás de Finn por mais de uma hora.

– Afinal, por que vocês estão nesse estado? – Anna perguntou enquanto tentava se soltar do aperto forte de Finn em seu corpo.

– Acredita que eu já nem me lembro mais. – Declarou o garoto que olhou para sua unha rosa e purpunirada. 

SU CABRÓN. Eu vou acabar com a sua raça. – Anya tentou chutá-lo, mas desistiu, pois aquilo requeria muito esforço físico.

– Me joga na parede e me chama de lagartixa, meu amor. – Finn empinou sua bunda e aquilo fez Anna revirar os olhos, enquanto tentava entender tamanha cena gay.

– Cara... – Anna até tentou falar, mas apenas desistiu e se soltou do menino.

Hermana, você precisa me ajudar a acabar com esse pavão cafona. – A Molina mais nova se surpreendeu ao notar que sua irmã estava lhe direcionando uma fala sem ofensa alguma. Isso a fez se sentir um pouco melhor. – Ele destruiu meu encontro com o amor da minha vida e ainda contratou um michê maluco.

– Cara... – Anna tentou falar mais uma vez, mas parou ao notar Finn sorrir com aquela cara deslavada que sempre estampava seu semblante. – E por que você fez isso? – Perguntou ela que cruzou os braços e esperou por uma desculpa, ao menos, razoável.

– Porque. Ela. É. Minha. – Finn usava um tom de voz sínico e falava como se tudo fosse completamente óbvio para a compreensão das duas garotas.

Anna olhou para Anya e viu que ela estava prestes a surtar.

– Eu pego pelos braços e você pelas pernas. – Murmurou ela pelo canto da boca e logo notou um sorriso maligno aparecer nos lábios de sua irmã mais velha.

– O QUE ESTÃO FAZENDO, MUNDIÇAS NOJENTAS? – Gritou Finn que teve seu corpo tirado do chão e percebeu que estava sendo carregado para o lago que havia na fazenda. – RACHAS, NÃO! POR FAVOR, RACHAS, NÃO! O MONSTRO DO LAGO NESS VAI COMER MEU CORPINHO E NÃO É DO JEITO QUE EU GOSTO.

Anya e Anna reviraram os olhos com aquela gritaria sem fim e o jogaram no lago, assim rindo dele jogando os braços para cima de uma forma espalhafatosa.



(...)



"Fantasma(s.m.)

É uma imagem do passado que ainda vive. É um vulto que se mexe quando a gente não está olhando. É uma prova de que o que foi vivido pode ser um eco sem fim em nosso coração. É aquilo que nasce de algo que não foi terminado por completo.

É um pedaço do passado que assombra o seu presente."

Lexa estava apropriadamente vestida para mais um dia de vida e trabalho. Ela colocou o boné preto em sua cabeça e pôde observar os três quadros distribuídos na mesma parede em que sua cama estava encostada. Ela avaliou cada foto, principalmente as manchas pretas nos dois primeiros quadros, até que chegou o último onde mostrava Clarke e ela.

A morena ainda não conseguia compreender o motivo de não ter tirado aquele quadro dali antes que sua querida esposa chegasse na fazenda, mas apenas não teve forças para fazer tal coisa. Ela sabia que Clarke havia visto todos os quadros e, sinceramente, não sabia como se sentir em relação a isso. Porém ignorou esse diálogo interno e saiu do quarto, indo em direção a última porta do corredor.

Ela abriu a porta do quarto de Clarke e adentrou o local. Ainda era muito cedo, nem os galos haviam cantado ainda, por isso ela não se surpreendeu ao ver a garota apagada no colchão. Lexa observou os olhos da garota e notou que ambos estavam inchados, ela não saberia dizer se era por conta do sono profundo ou por conta de ela ter chorado durante toda a noite.

Lexa se aproximou do colchão e se agachou ao lado do mesmo, assim tendo uma visão melhor do rosto de Clarke. Mesmo adormecida, sua expressão era de confusão, raiva e, lá no fundo, tristeza. Tristeza essa que Lexa já havia notado várias vezes em seu semblante. Uma tristeza que ela via todos os dias quando se olhava no espelho.

Ela se via em Clarke e não sabia como se sentir em relação aquilo.

Lexa sabia que tinha algo de errado na vida da garota e talvez fosse algo semelhante ao seu problema. Ela pensou que talvez fosse por isso que continuou na vida de Clarke, pois ela queria compreendê-la, queria entender o que se passava na cabeça dela e queria entender o motivo de se ver, e ver toda a sua história, refletida nos olhos azuis de Clarke.

Ah, os olhos. Eram as coisas mais sinceras em Clarke e eram as órbitas mais sinceras que Lexa já pôde ver na vida. Eram olhos perfeitos e que contavam milhares de história de vida, ao mesmo tempo que não contavam nada e que as vezes contava apenas uma história, mas em nada ele era compreendido por algum ser humano e Lexa queria ser a pessoa que iria compreendê-la. Não para elevar seu ego, mas sim porque ela queria ser importante para Clarke, assim como a garota era importante em sua vida.

– Sinto muito por isso, Clarke. – Lexa sussurrou o mais baixo possível, mesmo que de alguma forma quisesse que a garota ouvisse. Ela sabia que estava fazendo mal a Clarke e que aquela tristeza que ela estava sentindo era por culpa sua, mas ela queria tanto que a Griffin sentisse a dor que lhe causou que acabou ficando cega por uma vingança sem sentido. – Mas é que eu só queria ser algo para você, assim como você é algo para mim. É você, Clarke. É sempre você.

E então Lexa se levantou e saiu do quarto.

"O vazio ocupa um espaço imenso."


Notas Finais


Pessoal, preciso tirar uma dúvida aqui com vocês. Bem, Glee é uma das minhas séries favoritas e a Santana e a Brittany são uma das minhas personagens favoritas de todas, as atrizes também são muito queridas por mim. Então, eu pensei que talvez pudesse futuramente fazer um capítulo especial com elas duas, essa também seria minha forma de demonstrar o carinho pelas duas, especialmente pela Naya. Preciso saber se vocês apoiariam essa ideia. <3


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