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História Learning to Live (Clexa) - Nova York- parte 1


Escrita por: ClarkeLexazinha

Notas do Autor


Olá, pessoal. Só queria pedir perdão pela demora, mas saibam que eu sempre apareço aqui quando consigo. Tenho tido pouco tempo, então me desculpem por isso.

Apenas para não deixar vocês confusos. Há uma conversa da Anna com a Lexa nesse capítulo, onde elas falam sobre a Octavia. Lembrem-se que ela conta algo que ocorreu durante um salto temporal, então essa conversa nunca foi lida por vocês.

Capítulo 35 - Nova York- parte 1


Fanfic / Fanfiction Learning to Live (Clexa) - Nova York- parte 1

1 dia depois.


"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas, apenas existe. – Oscar Wilde."

Todos estavam aproveitando a manhã um pouco mais quente que o de costume e estavam nadando na lago que havia na Fazenda Woods. Eles estavam tentando tirar a tensão dos últimos dias que estava impregnado em suas peles. E estava dando certo, para a maioria.

– VAI, OCTAVIA! DEIXA DE SER MEDROSA. – Clarke, que já estava começando a ficar impaciente, gritou no ouvido da Blake que quase caiu de onde estava.

Octavia e Finn estavam sentados em dois pneus que estavam servindo de balanço e Clarke estava pronta para empurrá-los, assim os dando impulso para eles poderem pular na água logo à frente, onde Monty e Jasper estavam boiando, visto que já haviam usado os pneus.

– CALMA, CLARKE. CALMA. – Octavia gritou de volta enquanto sentia seu corpo tremer de pavor. Ela queria muito pular, mas o medo de morrer era verdadeiramente grande.

– Olha a cara da catreva. – Comentou Finn que via o medo estampado no rosto da menina de olhos claros ao seu lado. – Ela parece que morreu há uns seis meses e nem percebeu. – Então ele começou a gargalhar sozinho e Clarke bateu na cabeça dele.

– Octavia, se você não se preparar agora, eu vou cortar os seus dedos fora e você nunca mais vai poder fazer o que tanto gosta. – Disse Clarke que teve de deixar a vergonha sobre esse assunto de lado para ameaçar sua amiga que se tremeu dos pés a cabeça. Raven, que estava deitada um pouco próxima, ouviu a ameaça e negou com a cabeça, logo voltando a atenção para seu livro.

– Espera, Clarkezinha. Me dê só mais um minuto. – Pediu a menina amedrontada.

A Griffin olhou para trás a procura de Josephine e acenou para sua irmã que veio de fininho, então apareceu ao seu lado para fazer alguma travessura. Clarke sussurrou algo para a menina mais nova e ela assentiu, assim um sorriso travesso apareceu nos lábios de ambas as irmãs.

– VAI, JOSEPHINE! – Gritou a loira e as duas empurraram os pneus com todas as forças que tinham. Finn e Octavia gritaram muito, então caíram dentro da água e pode-se ouvir o barulho alto que seus corpos fizeram em contanto com a água. 

– Essa doeu. – Afirmou Josephine antes de começar a gargalhar da desgraça alheia. Gabriel, que estava observando as duas irmãs, apenas negou com a cabeça e sorriu.

– OCTAVIA? – Gritou Bellamy preocupado com a sua irmã mais nova, visto que nenhum dos garotos havia aparecido novamente. Porém, a garota emergiu e acenou para eles, mas Finn apareceu boiando e de barriga para baixo.

– Ele morreu? – Perguntou Troy que estava começando a ficar preocupado, pois se passaram alguns segundos e o garoto continuou na mesma posição.

– Que jeito mais merda de se desmaiar. – Disse Gabriel enquanto olhava para os jovens dentro da água, assim ele viu Monty e Jasper nadarem para próximo dos morenos que haviam caído dentro da água, para se certificarem que estava tudo bem.

– CADA UM DESMAIA DO JEITO QUE QUER. – Gritou Finn, assustando a todos os que pensaram que ele estava morto. Clarke e Raven apenas reviraram os olhos por conta do drama. – SE EU QUISER DESMAIAR COM UM PEDAÇO DE CARNE NA MÃO, EU VOU DESMAIAR.

– ELE VOLTOU. – Alertou Jasper e todos reviraram os olhos, já que haviam percebido tal fato.

– VOLTEI. VOLTEI PARA TE ARRASAR. – Finn quase berrou e pulou em cima de Jasper, fazendo com que ele afundasse. – MORRE, PRAGA!

– JASPER! – Gritou Monty vendo que seu amigo iria acabar indo para a cidade dos pés juntos.

Clarke começou a gargalhar quando olhou para Raven e viu que um dos patos da fazenda estava com o rosto muito próximo do dela, fazendo com que a mesma ficasse apavorada. A Reyes foi se levantando com cuidado, para não acabar assustando o animal, e o pato acompanhava seus movimentos, a amedrontando ainda mais. Clarke teve que se apoiar em Josephine, pois perdeu o equilíbrio por conta das risadas histéricas que se intensificaram quando Raven começou a correr porque o pato a estava perseguindo.

– AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH SOCORRO! – Gritaram Octavia e Raven ao mesmo tempo, mas o grito da Blake não foi por conta do pato, mas sim por causa do corpo que estava boiando ao seu lado. – É O MONSTRO DO LAGO NESS. – Finn, Monty e Jasper olharam para o corpo masculino e também começaram a gritar, já que pensaram que estavam nadando juntos a um cadáver, nisso a menina entendeu que não era um monstro. – Meu Zeus, eu quase morri. – Disse Octavia que ainda estava se tremendo.

– E ele já morreu. – Informou Jasper que cutucou o corpo que nada fez.

– Tirem ele daí. Eu quero fofocar. – Pediu Josephine que estava morrendo de curiosidade. Ela pôs as mãos por cima dos olhos para poder protegê-los do sol e tentar ver melhor o que acontecia.

– Calma que eu vou chamar a coveira para pegar o defunto. – Falou Clarke que estava se preparando para gritar, deixando os outros curiosos em relação a quem ela estava se preparando para gritar. Ela tomou ar o suficiente e gritou. – AAAAAAAALEXANDRIAAAAAAAA.



(...)



"Há momentos na vida em que você precisa entender que as escolhas que faz não interferem apenas em seu próprio destino. – Claudia Tiedemann, Dark."

Lexa, Alicia, Anya e Anna estavam trancadas no quarto de Lexa enquanto a mesma contava tudo sobre os últimos acontecimentos que tivera com Aden. Ela havia contado sobre a ligação que havia recebido dele e sobre a forma como ele estava agindo no dia anterior; distante e amedrontado. Então todas ficaram tensas e extremamente preocupadas com o pequeno menino de cabelos dourados.

– Temos que fazer alguma coisa, Lexa. Não podemos deixar ele lá. – Alertou Alicia que estava com os olhos marejados depois de tudo o que teve de ouvir. Ela passou as mãos pelos olhos e percebeu como estava tremendo.

– Deveríamos simplesmente chegar lá e pegá-lo. – Recomendou Anya que estava em uma postura séria e não parecia para brincadeiras, não quando o assunto era a família conturbada das gêmeas Woods. Esse era um assunto delicado.

– Acha que eu devo ir até lá? – Lexa direcionou a pergunta para Anna que era a única que estava em total silêncio e a única que ainda não havia opinado. A morena estava sentada na cama com as costas encostadas na cabeceira e seus olhos estavam fixos nos lençóis, enquanto parecia pensar em alguma coisa. – Está prestando atenção? – Perguntou ela que não iria ficar feliz se a resposta fosse negativa.

– Shiu. – Mandou a Molina que se levantou e foi para perto da janela do quarto enquanto sua mente maquinava alguma informação que ela havia deixado passar. Ela se virou para as garotas, mas ainda não olhava para nenhuma delas. – Na semana após o sequestro da Octavia e dos meninos, eu conversei com a O e me lembro de ela ter dito algo sobre uma suposta mulher que a ajudou.

– Por que mudou de assunto? – Perguntou Alicia que agora não estava apenas nervosa, estava também confusa, assim como as outras duas que ali estavam presentes.

– A O me disse que não se lembrava do nome da mãe da Raven, então quando ela chegou na casa noturna, uma mulher a ajudou a encontrar a Glass. – A cabeça de Anna estava a todo vapor ao tentar se lembrar dos detalhes daquela antiga conversa. – Eu não dei muita importância para isso no início porque era irrelevante, mas agora tudo se encaixa, Lexa.

– Do que você está falando? – Ela lançou a pergunta de uma forma nervosa e também ansiosa. A ponta de seu dedo indicador da mão direita começou a tamborilar em sua coxa e ela notou que aquela mania chata estava voltando, assim como as outras três jovens também notaram.

– A Octavia disse que uma mulher loira e alta a ajudou na procura da Glass. O nome dela era Nia. Eu não liguei porque existem várias Nias ao redor do mundo, mas essa só pode ser a mãe de vocês. – Lexa e Alicia ficaram geladas no mesmo instante, já fazia muito tempo que nenhuma das duas ouviam aquele nome que as trouxeram várias desgraças e aborrecimentos. Elas nem sequer pensavam naquele nome.

– Você está dizendo que ela está aqui em Polis, hermana? – Anya parecia perplexa e até mesmo Toicinho, que estava no colo dela, parecia atento a cada palavra que elas estavam conversando.

– Sim. Ela está aqui. – Anna voltou a afirmar e isso fez uma lágrima descer pela bochecha de Alicia. – Esse tempo todo, ela esteve bem debaixo dos nossos narizes e a Octavia é a única de nós que sabe onde ela trabalha.

– Por que... por que seria necessário saber que ela trabalha em um prostíbulo? Quer dizer, não que isso seja uma surpresa. – O tom de voz de Alicia soou de uma forma irônica e as lágrimas não paravam de descer dos olhos dela. Anna, que estava um pouco mais próxima emocionalmente dela, foi até a menina e fez questão de secar cada lágrima que descia. Dessa forma, Alicia percebeu como as mãos dela ainda estava quente, mostrando que ela estava com febre.

– Não é sobre a profissão dela, Ali. – Disse a espanhola de uma forma baixa e delicada.

– É sobre o local que ela vai estar vulnerável. – Lexa disse no lugar de sua amiga que olhou para si e assentiu, pois iria dizer exatamente isso. – O trabalho dela é um lugar onde ela não vai fazer chiliques e está longe o suficiente do Aden, então ele não vai descobrir tudo na hora errada.

– Vamos continuar escondendo isso dele? – Perguntou Anya que se levantou e se aproximou das outras. Ela parecia confusa.

– Ele não pode saber agora, Anya. Primeiro temos que lidar com a Nia e depois, quando for realmente a hora certa, contamos para ele e arrumamos uma forma de ele vir morar na fazenda. – Disse Lexa que já estava começando a pensar em algum plano para por em prática. – Não vamos por a polícia e nem muito menos a justiça no meio disso. Eu não quero que o Aden acabe em um orfanato. Vamos cuidar disso de uma forma civilizada, mesmo que estejamos lidando com o inimigo.

– Esse inimigo é muito mais esperto do que sabemos, Lexa. – Lembrou Anna que estava querendo refrescar a memória de sua melhor amiga.

– Essa é uma decisão que vai mexer no destino de muitos de nós, Anna. Eu não posso simplesmente aparecer e dizer para uma criança de oito anos tudo o que ele não faz ideia. Isso precisa ser feito com cuidado. – Lexa falou enquanto massageava sua têmpora.

– Você acha que com suborno ela o deixaria ir? – Perguntou Alicia que sentiu as mãos de Anna saírem de seu rosto e sentiu um pouco de falta do calor que o contato trazia, mas não iria dizer nada sobre isso nunca. – Podemos arranjar dinheiro de algum lugar e dar a ela, daí pegamos o Aden.

– Ela voltaria quando o dinheiro acabasse e aí poderia acontecer algo ruim. – Divagou a espanhola mais nova que viu Lexa assentir em concordância com sua fala. – Precisamos agir com cautela e sabedoria.

– Vamos jogar no estilo da Nia. Vou pagar por uma noite com ela e assim ela vai ficar surpresa quando descobrir que sou eu. – Lexa já estava montando um plano com base naquilo.

– Claro que ela vai ficar surpresa, né. Quem paga por uma noite com a própria mãe. – Disse Anya que levou um tapa na cabeça desferido por sua irmã. Anna estava com saudades de bater na cabeça da mais velha.

– Eu quero pagar para poder ter privacidade para falar sobre o Aden. – Explicou Lexa que não conseguia entender como sua amiga podia ser tão tapada.

– Ah bom. – As outras três reviraram os olhos quando a espanhola enfim compreendeu.

– AAAAAAAALEXANDRIAAAAAAAA. – Lexa se tremeu todinha quando ouviu o grito agudo de Clarke. Ela olhou para suas amigas e irmã que pareciam muito confusas e todas elas saíram correndo para fora da casa para saberem o que estava acontecendo.

– QUÊ? QUE FOI? – Lexa gritou e logo gargalhou junto com sua irmã e as espanholas; elas riam por conta de Raven que estava sendo perseguida por um pato e gritava mais do que um cantor de ópera. Kane e Abby corriam atrás do pato, mas aquela missão parecia impossível.

– Que tipo de pessoa é perseguida por patos? – Anya perguntou em meio as risadas, mas parou de rir quando Alicia e Anna a olharam como se ela fosse doida. – O quê? Da última vez eu fui perseguida por um ganso. É diferente.

– ALEXANDRIA, TEM UM CADÁVER NA ÁGUA, SUA BOCÓ. – Clarke gritou enquanto apontava freneticamente em direção a algo que boiava na água.

Octavia, Finn, Monty e Jasper saíram da água o mais rápido possível e se recusaram a mexer no corpo. Eles não haviam chegado nesse nível de loucura ainda.

– Tem um cadáver na água? – Lexa coçou a cabeça e estreitou os olhos para enxergar melhor, até que ela entendeu o que estava sendo dito. – TEM UM CADÁVER NA ÁGUA. – Gritou ela desesperada enquanto apontava, assim como sua esposa havia feito.

– VAI TIRAR ELE DE LÁ PORQUE EU ESTOU CURIOSA, ALEXANDRIA. – Clarke berrou e assim viu a morena se jogar na água, e ir nadando para onde o corpo estava. – Burra para cacete.

– VAI, MAICA PHELPS. – Gritou Anya animado e isso fez Clarke bufar.



(...)



Com muito esforço o homem foi levado para dentro da fazenda Woods e foi posto em um dos sofás. Ao contrário do que todos pensavam, ele estava apenas inconsciente e logo ele iria acordar e explicar o motivo de aparecer nas águas da fazenda.

Todos estavam dentro daquela sala de estar enquanto esperavam o homem acordar, exceto Ontari que havia continuado do lado de fora.

– Olhem só, ele teve Irene. – Anya comentou ao notar que o homem jogado no sofá não tinha cabelo. Lexa ficou confusa com a fala e Clarke soltou uma risadinha contida.

– Tirem as roupas dele. Está molhando o sofá todinho e devem estar geladas, também. – Falou Raven que estava sentada em outro sofá enquanto retomava o fôlego que havia perdido em sua corrida com o pato.

– Está pervertida em, Raven. – Disse Clarke apenas para provocar sua amiga e conseguiu, já que ela lhe enviou um olhar mortal. – Que otária. – Murmurou ela enquanto dava baixas risadinhas.

– Vem, me ajuda a tirar as roupas dele. – Pediu Lexa que logo viu Anna se aproximar e tirar os sapatos e bermuda do homem, enquanto ela tirou a blusa branca que ele usava. Elas fizeram isso com certa dificuldade, visto que o homem era grande e muito forte.

Octavia, ao vê-lo apenas de cueca branca, arregalou seus olhos e se escondeu atrás de Anya que não parecia se importar muito com o que estava acontecendo ao seu redor, ela apenas cantava uma música que a Blake desconhecia.

– Melô do Jônas, melô do Jônas. É o melô que de deixa dançando por várias horas. Lambada quiente! – Cantou a espanhola animada.

– Nossa, mas ele é gostoso, em. – Comentou Anna que ganhou olhares desconfiados de Alicia e de Bellamy. Alicia se aproximou da morena e olhou o corpo seminu do homem e não viu grande coisa. Anna a olhou e não entendeu o motivo de a Woods estar com uma expressão esnobe no rosto. Já Finn pareceu salivar quando viu o que estava marcando a cueca do homem.

– Isso aqui não é um pau, é um pincel e eu estou pronta para ser a obra de arte. – Finn disse enquanto avaliava a cueca na maior atenção possível e todos o olharam de uma forma estranha, exceto Anna e Octavia que estavam com os olhos fixos no homem desmaiado.

Octavia foi andando parecendo uma menina assustada, ela realmente era, e se agarrou no braço da espanhola mais nova que não pareceu entender o motivo de ela estar agindo daquela forma.

– Por... por... por... – Octavia tentava falar, mas nada saia.

– Virou gaga? E não a Lady? – Perguntou Anna que esperava ela desembuchar.

– Por... por que eu o acho bonito? – Octavia perguntou em um sussurro quase inaudível e isso fez a Molina sorrir.

– Você o acha bonito porque ele é bonito. – Raven e Clarke arregalaram os olhos e se entreolharam. Como assim a Blake havia achado algum homem bonito? Isso jamais aconteceu. – Veja, o único pensamento que se passa na minha cabeça enquanto o olho é: eu quero me perder naquele corpo até o minha foto aparecer num cartaz de "desaparecida."

– Sossega que esse macho é meu! – Exclamou Finn que não estava gostando da competição. Ele se aproximou do homem e cheirou a testa dele, logo fazendo uma careta como se dissesse que sabe de tudo. – Esse aqui é viado. O cheiro que ele exala é de viado.

– Quê? – Todos perguntaram ao mesmo tempo. Como Finn poderia saber disso apenas ao cheira-lo?

– Ele é claramente viado. Eu sinto de longo e cheiro da rosca queimada. – Lexa, Alicia e Clarke fizeram uma careta ao ouvir o comentário dele, mas preferiram ficar em silêncio.

– Finn, não é só porque você quer que ele seja gay, que ele é gay. – Disse Josephine que não acreditava na teoria de seu amigo. Ela se encostou em Gabriel e sentiu o mesmo passar os braços por sua cintura.

– Nós temos que desconstruir essa imagem do homem hétero. – Finn bufou e se tremeu, por algum motivo. Ele mais parecia que estava sendo possuído. – Você acha mesmo que existe homem hétero? O tal homem hétero quando se masturba está se sentindo excitado ao tocar um pênis. Isso significa que ele é gay? Significa.

Bellamy, Troy e Gabriel se entreolharam, pensando se a teoria do Finn estava certa e isso fez todas as garotas revirarem os olhos de uma forma entediada. Octavia ainda estava grudada em Anna e olhando para o homem inconsciente.

– Lexa, eu acho melhor nós devolvermos ele para a água, vai que ele é uma oferenda. – Recomendou Octavia que não estava gostando do fato de sentir algo enquanto olhava para aquele homem misterioso. Raven também não estava nada feliz com aquilo.

– Calma. Ele está acordando. – Alertou Kane ao notar o homem resmungar alguma coisa enquanto se remexia levemente.

– Quer ver que quando ele acordar vai dizer "onde eu estou?" – Finn disse e levou um tapa desferido por Clarke. Todos a olharam confusos, mas ela nem ao menos se importava.

– Para de repetir o roteiro. – Clarke mandou ao se lembrar que ele havia dito a mesma coisa quando Anya desmaiou, há um ou dois dias atrás.

– Ele está acordando. – Lexa repetiu o mesmo que Kane e ficou próxima a ele e a Abby que parecia nervosa ao olhar aquele homem. Ela estava com medo de ser um fugitivo ou algo pior.

– Onde eu estou? – O homem recém-acordado perguntou, fazendo com que Finn olhasse para Clarke como se dissesse "eu avisei" e ela apenas revirou os olhos de uma forma lenta, demonstrando que estava entediada.

– Quantos dedos tem aqui? – Perguntou Clarke que pôs quatro dedos na frente do homem que mostrou a confusão em seu semblante. Ele passou uma mão na cabeça e tentou se lembrar de como havia ido parar ali.

– Qua-quatro. – Disse ele depois de alguns segundos pensando.

– Tem cinco. Eu não perdi nenhum dedo,  não. – Afirmou ela aborrecida, fazendo com que Lexa bufasse em resposta. – Não bufe na minha presença, Alexandria. – Falou em um tom ameaçador.

– Ah, então você pode repetir suas falas do roteiro? – Finn perguntou bravo quando notou que Clarke já havia dito aquilo, ou algo muito parecido; ele não recordava com exatidão.

– Posso e fica na sua, gay branquela. – Clarke quase pôs a mão na cara dele e ele ficou irritado com a atitude, mas virou o rosto como uma criança mimada.

Alicia suspirou enquanto olhava toda aquela cena e resolveu arrancar informações do homem que havia acabado de acordar, mas ainda parecia estar extremamente confuso com tudo e, até mesmo, um pouco assustado com a presença de todas aquelas pessoas ao seu redor.

– Oi, eu sou a Alicia. – Ela se apresentou de uma forma gentil, assim como sempre era e isso tirou um sorriso de Troy e de Anna, também. Ela se agachou ao lado do homem e viu os olhos castanhos dele se concentrarem apenas em si. – Qual o seu nome?

– Sou o Lincoln... mas não o Abraham. – Ele complementou e ninguém entendeu o motivo para aquilo.

– Dá para notar que você não é ele. Afinal, você é bem mais gostoso. – Disse Anna enquanto avaliava o rapaz de cima a baixo, então, ele notou que estava seminu e tentou esconder a parte necessária com as mãos.

– Porra, catreva. Fez ele tapar a visão do céu. – Finn reclamou e estapeou a espanhola que lhe deu um chute na barriga, assim sentindo a dor em seu quadril; dor essa que ela estava tentando fingir que não existia. – Vaca, cobra, lombriga, cadela.

Bellamy, em uma certa habilidade, se aproximou dela e a ajudou a se sentar no sofá que Raven estava. Anna agradeceu o jovem com um sorriso fraco e Raven pôs uma mão em seu pescoço para se certificar que ela estivesse melhorando da febre, mas não estava.

– Ainda está quente. – Raven confirmou e todos pareceram chateados, exceto Lincoln que ainda estava muito confuso com tudo o que estava acontecendo.

Anna respirou fundo e notou que todos a estavam observando, mas o olhar de Monty foi o que chamou sua atenção e ela sorriu para ele, tentando tranquilizá-lo e, em troca, ganhou um dos lindos sorrisos que ele tinha.

– Monty. – Chamou ela, não notando a forma como Alicia observava aquela cena. Afinal, ela não fazia ideia que o coreano gostasse dela além de amiga.

– Eu? – Perguntou ele.

– Não. Minha vó. – Josephine murmurou e ganhou um olhar estranho do menino que voltou a dar atenção apenas para a espanhola mais nova.

– Vem cá. – Anna pediu e logo Monty sentou ao seu lado, a deixando entre ele e Raven que não pareceu se importar com o que estava acontecendo, mas notou o olhar um tanto entristecido de Alicia, mas ela conseguiu esconder antes que a Reyes pudesse dizer alguma coisa. Era claro que ela ainda não havia conseguido superar tudo o que aconteceu. Já Anna, que estava verdadeiramente alheia a tudo, aconchegou seu corpo febril ao de Monty e ficou acariciando o cabelo escuro dele.

– Você se lembra como veio parar no meu lago? – Lexa perguntou ao se agachar ao lado de sua irmã que parecia triste; elas nunca conseguiam esconder sentimentos uma da outra, pois se conheciam como ninguém. Lexa iria tentar conversar com ela depois, visto que ainda não haviam verdadeiramente se reconciliado.

Octavia se atentou ao que o moreno deitado ia falar e isso não passou despercebido por Raven, que não estava gostando daquela curiosidade toda. Já Clarke estava pensando "ela não era gay?"

Lincoln ao menos teve tempo de responder, já que um grito, vindo lá de fora, foi escutado por todos. Era Ontari quem estava gritando.

– LEEEEEEEEEEXAAAAAAAAAA. – A Woods arregalou os olhos e ficou preocupada, assim como Kane e Jasper. Eles correram para fora e todos os outros os acompanharam, menos Lincoln que não estava com disposição para aquilo e preferiu ficar deitado pensando.

– Que não seja outro corpo. Que não seja outro corpo. – Lexa pedia enquanto corria na direção onde Ontari estava lhe chamado de uma forma desesperada.

– É OUTRO CORPO! – Lexa grunhiu de raiva e se jogou no chão, assim arrancando risadas de Anya, Octavia e Clarke que haviam pensado que ela havia caído no chão. Elas três se jogaram em cima da Woods e ela pensou que iria morrer ali, sem oxigênio. Ela já conseguia visualizar a luz no fim do túnel.

– Gente, vocês estão matando ela. – Avisou Bellamy que não parecia se importar muito, enquanto Troy, Gabriel e Alicia tentavam tirar as três garotas de cima de Lexa o mais rápido possível.

– Ela já ficou de todas as cores do arco-íris. – Comentou Raven enquanto olhava toda aquela palhaçada em sua frente. Ela se apoiou em Anna e respirou fundo, ainda cansada de sua corrida para fugir do pato endiabrado.

– ATÉ QUANDO ISSO, MEU DEUS? – Lexa gritou assim que tiraram as garotas de cima dela e ela voltou a respirar, com um pouquinho de dificuldades.

– Lexa, a moça na água. – Abby lembrou enquanto olhava para ao corpo feminino que estava boiando, dessa vez de barriga para cima, então tinha chances de que ela estivesse apenas inconsciente.

A Woods correu na direção da água e se jogou na mesma, assim nadando na direção da mulher que estava boiando.

– VAI, LEXA SENNA. – Anya gritou empolgada.

– Esse era piloto de corrida. – Informou Troy que se aproximou de sua namorada e passou um braço pelos ombros dela. A menina se encostou em seu corpo e ficou olhando para sua irmã na água, já Anna não tirava os olhos do casal.

– VAI, LEXA CIELO. – Todos reviraram os olhos com o novo nome que Anya chamou.



(...)



Clarke revirava e revirava os olhos enquanto bufava quando viu Lexa sair da água com uma linda mulher em seus braços. Mesmo desmaiada, a mulher parecia muito a vontade nos braços da esposa da loira e isso não a estava agradando nenhum pouco. Se aquela moça não estivesse morta, então Clarke iria por fim em sua vida.

A Woods entrou em sua casa com a mulher e não deixou que ninguém lançasse alguma pergunta ou conferisse de quem se tratava, pois queria deixá-la confortável o mais rápido possível. Ela deitou a mulher morena no sofá que Lincoln não estava deitado e se agachou ao lado dela, enquanto tirava os fios de cabelo de seu bonito rosto. Ela lhe era familiar, mas não estava se lembrando de onde.

– Estou te falando que ele é hétero. – Anna discutia em sussurros com Finn, enquanto Octavia estava apenas agarrada neles como se sua vida dependesse disso.

– Ele é hétero com "h" de homossexual, né? – Perguntou Finn fazendo a espanhola revirar os olhos com sua fala. Octavia apenas ficou confusa com o que ele estava querendo dizer.

– Tem como ser hétero com "h" de homossexual? – Octavia perguntou enquanto tentava entender a linha de raciocínio do garoto. Finn deu um tapa na testa dela e ela ficou com as expressões faciais tristes; estava chateada agora.

Todos entraram na sala de estar e ficaram ao redor de Lincoln e da moça desmaiada. Ela era familiar para muitos deles, só não sabiam de onde ainda. Abby resolveu se retirar e ir para a cozinha fazer um café para todos os que ali estavam, Kane resolveu lhe acompanhar e ir comer alguma coisa.

Raven ficou olhando para a mulher desacordada e viu a forma como Lexa parecia preocupada com ela; bem mais preocupada que estava quando trouxe Lincoln para dentro de sua casa. A Woods pôs a orelha perto da boca dela e a ouviu respirar, coisa que lhe deixou bem mais tranquila. Então, a Reyes olhou para Clarke e viu como ela parecia enciumada com a cena de sua esposa com a outra mulher. Raven sorriu ao notar como ela estava verdadeiramente brava e resolveu provocá-la.

– Faz respiração boca a boca nela, Lexa. Vai que assim ela acorda. – Raven disse para provocar sua melhor amiga, então Clarke e Ontari arregalaram os olhos; nenhuma das duas queriam sua amada tocando nos lábios de outra pessoa. Só que, ao contrário de Clarke, Ontari nada podia fazer.

A loira até pensou em ignorar, pois ainda estava brigada com Lexa por conta da quase morte de Carijó, mas a sua raiva estourou quando ela viu que sua esposa estava mesmo disposta a fazer respiração boca a boca na outra mulher. Clarke foi até Lexa e a empurrou no chão antes que ela pudesse ter a chance de tocar na dita cuja. A morena lhe olhou como se ela tivesse ficado louca, mas a Griffin ignorou aquele olhar.

– Você não precisa beijar ninguém. Já conversamos sobre isso. – Lembrou Clarke se referindo ao dia em que ela pediu que sua esposa a respeitasse quando se tratasse de envolver alguma outra pessoa na relação delas e Lexa respeitou isso. Um sorriso apareceu em seus lábios, era um sorriso amoroso e gentil, e isso irritou a loira que se jogou em cima dela, ambas se deitaram no chão e Clarke começou a socar o tórax de Lexa.

– Toda bonitinha ela. – Comentou a Woods que gargalhou quando a Griffin começou a imitá-la.

– Tidi binitinhi ili. – Dizia Clarke que odiava quando alguém ficava lhe elogiando daquela forma.

– É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim que faz eu pensar em você e esquecer de mim. – Finn, Anya e Octavia começaram a cantar, enquanto Lincoln tentava entender onde havia se metido. Aquelas pessoas eram obviamente loucas.

Clarke bufou e começou a murmurar vários tipos de xingamentos diferentes. Ela saiu de cima de Lexa e estendeu a mão para a ajudar a levantar. Então, a morena segurou sua mão, Clarke a puxou e a jogou no chão mais uma vez.

– Otária. – Disse antes de rir da careta de descontentamento no rosto da Woods.

– Ai, Ontari, ela está te chamando. – Finn alertou e Ontari começou a estapea-lo. – Mocreia, vagabunda. – Todos fizeram questão de ignorar eles dois brigando.

Octavia, foi de fininho para perto de Lincoln e ele a olhou de uma forma estranha, pensando que ela era alguma doida varrida.

– Só vou dizer isso para esclarecer as coisas, ok? Porque eu sou linda e tals e afins. Só não me venha com cantadas baratas de pedreiro porque eu sou sapatão, entendeu? – Octavia disse para Lincoln que estreitou os olhos, pensando em qual foi a motivação dela em lhe dizer aquilo, até que ela correu para o lado de Anna e Finn.

– Ei, calma. – Pediu Josephine que se aproximou e prestou atenção no rosto da mulher desmaiada, então tentou se lembrar exatamente de onde a conhecia, pois ela tinha certeza que ela lhe era familiar. – Eu conheço ela. Ela é famosa. O nome dela é... é Anitta.

– Minha hermana? – Perguntou Anya achando tudo muito suspeito e sua irmã apenas revirou os olhos, pensando em como ela era tão tapada.

– Anitta, a cantora. – Especificou Josephine enquanto olhava incrédula para a espanhola mais velha que ainda parecia confusa demais.

– Ué, mas eu nem sabia que minha hermanita cantava. – Anya olhou para a mulher e foi como se uma lâmpada se acendesse em cima de sua cabeça. – Ata, ela não é a minha hermana. Vocês deveriam ter deixado isso claro desde o início.

– Puta que pariu. Garota burra do caralho. – Clarke e Raven disseram ao mesmo tempo.

– Anitta quem? – Dessa vez quem perguntou foi Lincoln, deixando todos os outros confusos com o seu interesse pela outra mulher. Será que eles estavam juntos? Isso explicaria o motivo de eles terem aparecido no lago de Lexa, no mesmo dia e em horas aproximadas.

– Anitta, a cantora brasileira. – Especificou Clarke que ficou ao lado de sua irmã mais nova e apoiou um braço no ombro dela. – Povo burro e desinformado. – Ela murmurou para Josephine que dessa vez teve de concordar com a mais velha.

– Para tudo. – Mandou Lincoln que se sentou no sofá e fechou os olhos, como se estivesse forçando sua cabeça a funcionar devidamente.

– É gay. – Finn disse para Anna e Octavia quando ouviu a fala do moreno alto, em resposta as duas reviraram os olhos. A Blake encostou sua cabeça no braço da espanhola que era um pouco mais alta que ela e ficou olhando Lincoln tentar se lembrar de algo que parecia ser importante.

– Caralho, lembrei de tudo, viado. – Lincoln se levantou e mexeu as mãos de uma forma exagerada. Ele fez um biquinho e ficou se remexendo. – Lembrei dos babados todos.

– No teatro da vida quem faz papel de trouxa sou eu. – Anna murmurou ao ter a total certeza de que Finn estava mesmo coberto de razão. Lincoln era gay.

– Ai, Zeus. Muito obrigada. – Octavia disse animada enquanto olhava para o teto, como se estivesse olhando para o céu e isso deixou todos confusos.

– Você é tudo, uó. – Finn deu pulinhos no mesmo lugar. Ele estava radiante por saber que seu gaydar não falhou com aquele homem e, principalmente, por saber que tinha chances com aquele homem que era muito gostoso em seu ponto de vista.

– Tudo o que você não tem, né, bicha. – Falou Lincoln que virou a cara e fingiu desprezo para Finn que se sentiu extremamente ofendido.

– Ah, não. Outro gay, não. – Clarke e Lexa disseram e bateram pé no chão, coisa que arrancou risadas de Anya que estava gravando tudo o que estava acontecendo, até que do nada ela parou e grunhiu de raiva.

– Outro gay para eu aturar? Quero isso não. Pode me matar já. – Anya estendeu o pulso para qualquer um, até que Finn, por alguma razão nada lógica, tirou uma faca do bolso e se preparou para matar a garota que arregalou os olhos no mesmo instante. – TU TÁ MALUCO?

– RESPEITA O MOÇO, PATENTE ALTA, DÁ AULA, BIGODE GROSSO. – Octavia praticamente gritou enquanto cantava e começou a rebolar, porém mais parecia que ela estava tendo um ataque epilético.

– Puta que pariu. Caralho. Quase que eu fico cega com tanta feiura. – Reclamou Raven que nunca havia visto alguém dançar tão mal em toda sua vida, exceto no dia em que saiu para jantar com Octavia, Finn e Anya.

Josephine tirou a faca que estava nas mãos de Finn e entregou a Gabriel que pegou, mesmo sem entender o propósito para tal. Ela estapeou a cabeça do Collins e colocou Toicinho nos braços de Anya para que ela ficasse mais calma, assim parando com as maluquices dela.

– Lincoln, dá para você explicar, de uma vez por todas, o que está acontecendo. – Pediu ela que estava se sentindo extremamente pequena perto dele e de seu namorado, já que ambos eram muito altos, mas Gabriel conseguia ser bem maior que Lincoln.

– Vou explicar, viada. – Garantiu ele que se sentou em um sofá e cruzou as pernas. – Bem, eu tenho esse show hoje e eu queria ser a maior estrela da noite. Então eu pensei que para ser a maior estrela, iria precisar de outra estrela. Por isso eu sequestrei a Anitta e iria obrigar ela a cantar na minha apresentação, já que ela está passando alguns dias aqui de férias.

Clarke e Lexa se entreolharam e pensaram que estavam prestes a entrar em um grande problema, coisa que elas, por algum motivo desconhecido, faziam sempre. Alicia prestou atenção na história e também entendeu que iriam se meter em alguma encrenca; ela pensou que só faltava ser presa.

– Ok... e onde é essa apresentação? – Perguntou Troy que não sabia se estava preparado para a resposta que receberia, já Anna apenas o imitava de uma forma engraçada que arrancou risadinhas de Octavia que era a única que estava lhe observando.

– Em Nova York. – Disse Lincoln que arregalou os olhos e se levantou de uma forma apressada. – É EM NOVA YORK. É MUITO LONGE E EU VOU PERDER A CHANCE DE MOSTRAR MEU TALENTO.

– Relaxa, a gente te leva. – Garantiu Anya que viu todos, exceto Finn, a olhar como se ela fosse estupida, pois ninguém queria fazer aquela longa viagem, visto que eles tinham tirado o dia para relaxar.

– Levamos mesmo. – Finn notou os olhares raivosos direcionados para si e apenas deu de ombros. – O que foi? Eu sou uma bicha de palavra.

– Onde eu estou? – Todos se viraram quando ouviram, pela primeira vez, a voz da mulher que falava em português, um idioma que eles não entendiam.

– Fala em inglês porque a gente não te entende. – Pediu Alicia que não estava gostando na forma como Anna estava olhando para a mulher, ou será que era apenas coisa da sua cabeça? Ela havia mudado desde o beijo que trocou com a morena, na cama de Bellamy.

– O quê? Quem são vocês? – Perguntou ela no idioma mandado, mesmo sem saber como o estava falando, assim que se sentou no sofá e sentiu um pouco de dor em sua cabeça. 

– Achamos você desmaiada. – Explicou Bellamy que se sentou ao lado de Anitta e esperou que ela recobrasse devidamente a consciência. 

– Tudo bem, Anitta? – Perguntou Gabriel que estava começando a se preocupar.

– Anitta? Quem é essa? Meu nome é Larissa. – Explicou ela que estava começando a se sentir confusa. Todos se entreolharam e não entenderam mais nada do que estava acontecendo.

– Qual é a última coisa que você se lembra? – Perguntou Lexa que se sentou do outro lado da mulher e olhou a cabeça dela, procurando por algum machucado.

– Qiil í i iltimi ciisi qii vicî si limbri? – Clarke imitou sua esposa, já que não estava gostando da forma como ela estava tratando a outra. – Fala, ô desmemoriada.

– Eu só me lembro de ter batido a cabeça e que meu nome é Larissa. – Disse a mulher que não lembrava de nada depois da fama.

– Olha lá, ela só lembra da vida antes de fama. – Falou Josephine que achou graça da situação.

– Ela faz a perda de memória dela. – Jasper disse e gargalhou junto a Monty, Finn, Anya e Octavia.

– O QUÊ? E COMO EU VOU FAZER MEU SHOW SEM A ANITTA? – Lincoln começou a espernear.

– Querem que eu ligue para a minha hermana? – Perguntou Anya que ganhou um tapa na cabeça dado por sua irmã mais nova. Ela bateu pé no chão como uma menina mimada e cruzou os braços.

– Só vamos para Nova York e resolvemos tudo no caminho, ok? – Propôs Lexa que sorriu para a mulher que lhe olhou procurando algum conforto, coisa que deixou Clarke possessa.

– É NOVA YORK, BABY! – Gritaram Anya e Octavia animadas.



(...)



"Eles me disseram que para fazê-la se apaixonar, eu tinha que fazê-la rir. Mas toda vez que ela ri, sou eu quem se apaixona. – Tommaso Ferraris."

Clarke estava sentada no chão do seu quarto enquanto fazia carinho em Woody Woods. A garota precisou se trancar ali sozinha, pois precisava de um momento só seu com os seus pensamentos que a estavam deixando tão confusa desde o dia anterior.

Ela só conseguia pensar no menino de olhos azuis com Lexa e agora em seu ciúmes bobo de sua esposa com a mulher desmemoriada. Nada mais útil ocupava seus pensamentos e ela preferiu focar toda a sua atenção no menino de olhos claros do qual ela nem ao menos sabia o nome.

A garota passou a noite anterior tentando se lembrar de onde conhecia aquele menino, pois ele lhe era familiar demais. E, depois de tanto pensar, ela se lembrou do dia em que Finn se assumiu gay e ela esbarrou em um menininho em uma praça qualquer. Aquelas duas crianças eram a mesma pessoa, disso ela tinha a mais absoluta certeza, mas isso não parecia o suficiente na cabeça de Clarke porque parecia que ela já o conhecia antes disso.

Tinha algo nele que a fazia pensar que ele era estranhamente conhecido e ela não sabia explicar o motivo. Era como se o conhecesse há anos, ao mesmo tempo que tinha a certeza de nunca tê-lo visto na vida. Clarke não sabia explicar, ela apenas conseguia sentir.

Talvez ele lhe fosse familiar porque ele era filho de Lexa? Era a única explicação plausível que rondava a cabeça da Griffin e fazia sentido para si, pois ela o viu junto com sua esposa; viu como eles pareciam próximos e o carinho um pelo o outro era evidente. A forma amorosa e protetora como Lexa olhava para ele era evidente, até mesmo a forma como ela o abraçava mostrava o amor que havia entre eles. Isso deixava Clarke apreensiva, já que ela estava perdida em uma história que tinha a certeza que também lhe pertencia. Ela também fazia parte de tudo aquilo.

Ela sentia a necessidade de saber de tudo, pois era como se ela também sentisse que fizesse parte de todo aquele enredo e ela não poderia estar enganada sobre isso; ela não queria estar. Clarke estava determinada a saber quem era o menino de olhos azuis que lhe atraia de uma forma que ela ao menos sabia explicar.

Lexa entrou no quarto delicadamente, para não acabar sendo recebido por gritos e jarros voadores. Ela viu Carijó e seus pintinhos em um canto, e Clarke e Woody em um outro canto. 

A loira parecia estar em outro mundo e não pareceu ter notado que sua esposa havia adentrado o quarto, coisa que fez Lexa pensar se estava aliviada ou amedrontada. Aliviada por não estar recebendo nenhum tipo de gritaria desnecessária e amedrontada por não estar recebendo nenhum tipo de gritaria desnecessária.

– Minha Pequena? – Chamou ela sentindo como era bom voltar a chamar a loira dessa forma, mas ao mesmo tempo ela não sabia se era certo, já que tinha um motivo para ter parado de chamá-la assim.

Clarke não pareceu ter lhe escutado, já que continuou apenas acariciando Woody e olhando para o chão enquanto pensava na morte da bezerra. Lexa olhou ao redor e pensou que seria legal dar um susto em sua esposa. Clarke poderia matá-la depois, mas valeria a pena. Um sorriso travesso passou por seus lábios com essa ideia.

– BUUUU. – Lexa quase gritou e pôs as mãos no ombro de Clarke que deu um grito acompanhado de um pulo amedrontado. – Te assustei foi? – Perguntou ela de uma forma divertida, antes de começar a gargalhar, mas parou quando a loira lhe mostrou os olhos medonhos dela. Lexa engoliu em seco e se afastou, sem fazer movimentos bruscos. – Minha Pequena...

– Eu te mato, Alexandria. TE MATO. – Clarke se levantou e começou a correr atrás da morena que ia de um lado para o outro do cômodo. Até que ela simplesmente parou, deixando a loira confusa, já que não esperava esse tipo de comportamento. – Quê?

– Minha Pequena, não pode ter violência, não. – Lexa mexeu um dedo indicador mostrando que aquela atitude era incorreta. Clarke arqueou uma sobrancelha e pensou no quão estranha sua esposa poderia ser. 

– O que você está fazendo? – Perguntou a loira quando notou sua esposa se aproximar com um sorriso lindo no rosto. A Griffin sempre precisou de toda sua força de vontade para resistir aquele sorriso que era tão perfeito e a fazia ter vontade de vê-lo sempre.

– Não estou fazendo o que eu queria, isso pode ter certeza. – Clarke não entendeu a resposta de Lexa, mas quase fechou os olhos quando as mãos quentes dela seguraram seu rosto com cuidado. A Woods estava ansiando tanto pelo contato com a garota. Ela queria tanto tocá-la e arranjar uma forma de tudo dar certo entre elas. Ela só queria Clarke da forma mais pura, não da forma quebrada como ela se mostrava para todos. – Você é tão especial, Minha Pequena. – Clarke já a ouviu dizer aquelas coisas antes, mas mesmo assim era tão bom de se ouvir, era como se fosse a primeira vez. Era como se nada mais no mundo tivesse uma real importância, até mesmo as coisas que fizeram de ruim uma para a outra. Tudo parecia tão mais fácil e tão mais certo quando estavam em momentos como aqueles. Ambas precisavam disso, por mais que negassem até a morte. – Quando você me olha, algo especial acontece dentro de mim. – Admitiu a morena que não conseguia parar de olhar para a face tão perfeita de sua amada.

Clarke, sem conseguir se segurar mais, encostou sua testa na de Lexa e fechou seus olhos enquanto sentia como era bom, e certo, estar nos braços dela daquela forma. A loira já não estava se importando mais com o acontecimento com Carijó, ou com a maldita aliança que prendia Lexa a Murphy. Ela só queria beijar sua esposa e tentar fazer tudo dar certo, por mais que tivesse certeza que isso nunca fosse acontecer, por sua culpa, pela de Lexa, e pelas duas como um todo.

– Alexandria... – Clarke sussurrou e não terminou o que iria falar. Ela só queria continuar naquele momento; momento esse que ela tinha a certeza de que iria acabar no próximo instante, já que sua felicidade sempre durou pouco, principalmente quando se tratava de sua felicidade com Lexa.

A Woods também pôde notar que o momento estava se esvaindo aos poucos e não sabia mais como se sentir em relação a isso. Ela teria que dar um jeito em todas as áreas da sua vida o mais rápido possível, pois não iria suportar ficar daquela forma por muito mais tempo.

Então, a morena resolver dizer algo bobo para fazer Clarke sorrir porque foi a única coisa que se passou pela sua cabeça e ela tinha que concordar com algo que Alicia lhe disse. 

"Você bem que deveria tentar conquistar a Clarke. Dessa vez de verdade."

Lexa pensava naquele conselho com mais frequência do que gostaria de admitir. Ela sabia que Alicia estava coberta de razão, mas ela não sabia o que deveria fazer para chegar até o coração de Clarke. Talvez ela devesse primeiro conhecer a loira de verdade. Saber quem vivia por baixo daquela máscara de garota má e sem coração.

– Você sabia que o filho de um boi e de uma galinha é igual a você, um boiolinha. – Clarke franziu o cenho ao ouvir aquilo, até que começou a gargalhar e negou com a cabeça pelo que havia escutado. Já Lexa apenas sorria, pois ela amava quando Clarke sorria daquela forma tão espontânea e verdadeira.

– Você é muito tapada. – Declarou a Griffin que saiu do quarto enquanto ria da fala de sua esposa e Lexa pensou que conseguiu fazer pelo menos alguma coisa boa em seu dia.

"Em você, eu me encontrei e me perdi. Ao mesmo tempo. – Khushi Julka."



(...)



"Eu realmente pensei que algum milagre poderia nos ajudar. Mas talvez o milagre foi ter tido pelo menos um momento com você."

Algumas pessoas do grupo estavam na cozinha tentando ajudar Anitta a se lembrar de sua vida. Ela estava sentada em um dos balcões da cozinha, já Anna estava apenas sentada em uma cadeira e tomando um comprimido para dor, pois seu quadril a estava irritando. Ela queria matar Noah por ter causado tanto dor corporal como aquela. A dor emocional ela estava tentando ignorar a todo custo, mesmo sabendo que isso a fazia mal.

– Melhor? – Perguntou Bellamy que se agachou ao seu lado e pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. Ele lhe ofereceu um de seus sorrisos calorosos que fizeram a garota retribuir na mesma intensidade, enquanto ela se perguntava se era certo ficar com ele daquela forma enquanto seu coração era inteiro de Alicia e de mais ninguém. E ele também não gostava dela, gostava de Clarke. Eles nunca iriam conseguir se gostar além de amigos com benefícios.

– Logo eu melhoro. Só fiquei mal de novo porque o efeito do remédio passou. – Explicou ela que voltou a sentir aquele calor intenso. Ela passou a mão por sua testa e a sentiu quente, assim como todo o resto de seu corpo. Bellamy, ao notar isso, pôs as costas da mão na testa dela e a sentiu febril.

– Vou ligar para a Niylah. Não é possível. – O rapaz nem ao menos esperou que a espanhola dissesse algo, ele só tirou o celular do bolso e saiu da cozinha. 

Anna sabia que aquela febre só iria parar quando ela voltasse a se sentir verdadeiramente bem. Seu corpo e sua mente precisavam daquilo. Ela precisava daquilo e o queria também. Anna só queria se sentir bem pela primeira vez em tanto tempo, mas como fazer isso quando sua felicidade era feliz com outra pessoa?

A Molina olhou para Alicia que estava tentando conversar com Anitta e Troy a abraçou por trás, e beijou a lateral do rosto dela. A garota lhe deu um daqueles lindos sorrisos amorosos para o garoto e isso fez Anna se quebrar um pouco mais porque ela sentia falta de receber aqueles mesmos sorrisos, mas ela sabia que jamais iria recebê-los novamente e nem merecia os receber.

A morena sabia que Alicia ainda a amava, ela sentia isso, mas já não era mais com toda aquela intensidade de antes e elas já não tinham mais chances uma com a outra, não importa o que fizessem para tentar mudar isso. Tudo estava simplesmente destinado ao fracasso eminente.

Olhando para a imagem daquele casal apaixonado, a Molina se lembrou das palavras que Alicia lhe disse após se beijarem pela primeira vez. Palavras essas que nunca mais saíram de sua mente, a fizeram morrer por dentro e a fizeram entrar em um inferno que ela já não sabia mais como sair.

"Anna, eu sempre fui completamente apaixonada por você, eu sempre fiz de tudo para agradar você, até mesmo me rebaixava só para você me olhar e sorrir com aquele sorriso perfeito que eu amo tanto. Eu corro atrás de você por mais de dez anos, até guardei a minha virgindade para você, mas eu estou cansada disso. Estou exausta de amar você, então... Fique longe de mim, não fale comigo, não me toque, não olhe para mim. Finja que não me conhece porque, agora eu sei que, a minha sanidade mental é mais importante do que qualquer coisa."

Anna não poderia negar, ela estava orgulhosa de Alicia por ter tomado aquela posição, pois ela havia aprendido algo valioso na jornada humana: o amor próprio.

A espanhola queria ter aprendido um pouco disso ao longo de sua vida também, mas fez tantas coisas consigo mesma que já não achava mais ser possível ter aquele sentimento de libertação. Ela estava destinada a uma vida miserável e desprezível, então iria tentar se acostumar com ela, ou iria aprender a ter uma vida que valesse a pena, com ou sem Alicia, de preferência com; ela ainda estava tendo tal discussão interna.

Aqueles olhos verdes que ela tanto amava acabaram lhe dando um pouco de atenção e isso a fez se sentir um pouco nervosa, pois se esqueceu de que estava encarando Alicia e Troy como uma maluca. Porém, a Woods apenas lhe direcionou um sorriso amigável. Um sorriso que destruiu Anna ao mesmo tempo que a reconstruiu novamente.

"’Eu só quero que você seja feliz.' Disse ela com lágrimas nos olhos, querendo ser a felicidade dele. – Regressou."



(...)



– Calma lá, gente. Não é porque eu tenho aparência de rica, elegância de rica, me visto bem, sou linda, gostosa e sensual que signifique que eu sou uma cantora brasileira conhecida internacionalmente. – Rebateu Anitta depois de toda a história que ouviu.

Ela bebeu mais um copo de água para se acalmar e pegou o remédio para dor de cabeça que Abby estava lhe oferecendo. Ela agradeceu, mesmo sem saber como estava conseguindo falar um idioma que nunca aprendeu, e engoliu o comprimido com gosto.

– Credo e você precisa de mais provas que isso. – Perguntou Alicia que estava se sentindo um pouco confusa, pois como aquela mulher não estava conseguindo acreditar na história verídica que todos a estavam contando?

Troy apertou um pouco mais seu corpo contra o dela e acariciou a cintura da mesma. Ela sorriu para ele e viu como o rapaz lhe ofereceu um lindo sorriso de volta. Troy a fazia bem; ela estava bem. Alicia precisava aceitar que estava bem.

Antes de voltar a olhar para Anitta, seus olhos foram até Anna e ela viu que a mesma já não estava lhe observando, apenas encarava o chão enquanto mexia suas mãos de uma forma agoniada.

– Ué, você é tudo isso também e com toda a certeza não é nenhuma famosa. – Declarou Anitta que fez a Woods arquear uma sobrancelha enquanto pensava o motivo de a cantora estar flertando consigo na cara dura e sem se importar com o fato de ela estar, literalmente, agarrada em seu namorado.

– Qual é a última coisa que você se lembra, em? – Perguntou Clarke que entrou na cozinha com Lexa em seu encalço. A loira se certificou que as morenas não estavam se entreolhando e pegou um copo para beber água.

– Eu só lembro de ter batido a cabeça, mas não sei nada disso de Anitta e fama. Não sei se acredito na história de vocês. – Declarou a desmemoriada que viu Anya se aproximar parecendo pensar sobre algo.

– Eu tive uma ideia. – Avisou a espanhola que viu todos ali presentes, exceto Anitta, suspirarem, porém ela não entendeu o motivo, mas era porque eles sabiam que alguma bobagem estava por vir. – Ela disse que bateu a cabeça e perdeu a memória. Então a gente bate na cabeça dela de novo e ela se lembra de tudo. – Anya balançou as mãos para dar ênfase ao seu comentário.

– Não podemos fazer isso. – Disse Troy que viu sua namorada concordar com um movimento de cabeça. Ela se afastou dele e bebeu água do copo que estava na mão de Clarke. A loira revirou os olhos, mas não pareceu se importar. – Isso pode acabar danificando o cérebro dela. Precisamos deixar que as coisas simplesmente fluam.

– Ai, que coisa chata. Não podemos nem nos inspirar nos desenhos animados mais! – A espanhola bufou e saiu da cozinha batendo pé. Anna sorriu com aquilo, mas logo começou a observar, em silêncio, o que se passava dentro daquele cômodo.

– E se colocarmos alguma música dela para ajudá-la a se lembrar? – Ofertou Lexa que se aproximou de Anitta e viu a mesma lhe enviar um sorriso. A cantora havia simpatizado bastante com a morena e isso não passava despercebido por ninguém, especialmente por Clarke que já estava procurando um jarro para jogar na cabeça dela.

– Vamos ver se a teoria da Anya funciona mesmo. – Avisou a Griffin que pegou uma panela qualquer e caminhou até Anitta para acertá-la na cabeça, mas Monty e Jasper se jogaram em cima da loira e os três foram de encontro ao chão. – EU VOU DESTRUIR VOCÊS. DESTRUIR.

– Ô, calma lá, né. – Pediu Jasper que se tremeu dos pés a cabeça ao ouvir a ameaça da jovem.

– Acho que me chamaram lá da sala. – Falou Monty que se levantou e saiu correndo para fugir dali, nisso seu amigo foi atrás dele.

– CLAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARKE, LEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEXA. – O grito de Raven foi escutado por todos ali, mas foi acompanhado de uma risada escandalosa. Todos correram até a sala de estar e encontraram a garota quase caindo de tanto rir. – Olha o Finn.

Eles dois estavam todos produzidos para o tal show que Lincoln estava para fazer em Nova York. Porém, o que era tão engraçado para a Reyes era que Finn estava com uma maquiagem de galinha que Lincoln havia feito apenas para caçoar da cara dele, e o pior era que o garoto ainda não havia notado nada. O recém-chegado não queria ter que disputar um lugar com o outro. Clarke e Lexa começaram a rir, enquanto Anitta tentava prender o riso para não ser rude com ninguém.

– Ai, para de inveja, tribufu. Eu sou a diva que você quer copiar. – Raven se apoiou em Gabriel e riu com ainda mais vontade, coisa que deixou Finn irritado. Ele jogou um sapato na direção dela, mas por sorte não atingiu ninguém.

– EU TE MATO, BICHA FRACASSADA. – Raven ia pular o sofá para espancar o jovem até a morte, só que Gabriel a pegou no ar e ela ficou tentando se debater para se soltar, sem sucesso algum.

– Se acalma. – Pediu o espanhol que ainda não tinha certeza se já podia soltar a garota.

– Parece um peixe morrendo. – Clarke caçoou de sua amiga e apoiou um braço no ombro de Anna que havia parado ao seu lado.

– Cadê essas vadias que saíram para chamar o tal ônibus e até agora nada? – Perguntou Lincoln que estava estressado e ansioso com tudo. – RACHAS!

Ontari, Josephine e Octavia entraram ao mesmo tempo que o jovem gritou e a loira apenas deu dedo do meio para Lincoln que bufou contrariado, murmurando todos os palavrões que conhecia.

– Só consegui entrar em contato com uma pessoa que pode nos levar para Nova York. – Avisou Josephine que fez todos ficarem apreensivos, já sabendo que algo nada bom estava por vir.



(...)



– JURACI CHINELÃO. – Eles gritaram assim que viram a porta do ônibus se abrir e ela surgir sentada em seu banco, na maior tranquilidade do mundo, o que eles desejavam que durasse até o fim da viagem.

– Entrem logo que eu não tenho o dia todo, cambada de Zé-ruela. – Ordenou Juraci que havia voltado para seu modo chato e estranho.

Raven, Clarke e Lexa se entreolharam enquanto pensavam se a motorista tinha algum transtorno mental e se isso poderia ser um risco para a viagem deles, mas todos apenas tiraram as preocupações das cabeças e adentravam o veículo, assim Juraci fechou a porta o mais rápido possível, sem dar chances para que ninguém pudesse sair, ou sequer pensasse nessa possibilidade.

– Meu Deus, ela está de boina. Alguém mata essa mulher porque ela já perdeu o senso do ridículo. – Finn resmungou, antes de olhar todo o veículo. – AH, NÃO! AH, NÃO! – Esperneou ele vendo o estado em que aquele ônibus se encontrava, mas o garoto deu um pulo quando ouviu um grito ao seu lado.

AI, DIOS MIO. EU ESQUEÇO DESSAS GÊMEAS MACABRAS. – Esperneou Anna que se jogou nos braços de Raven e ambas quase caíram no chão imundo, coisa que as fizeram dar um gritinho de medo e frustração.

– Anna! – Exclamou Octavia que estava furiosa por algum motivo. A espanhola e Raven a olharam de uma forma estranha enquanto esperavam ela se pronunciar, mas ela apenas coçou a cabeça e piscou várias vezes. – Ata, é para eu completar. – Ela deu um de seus sorrisos amarelos. – Por que você está se jogando em cima da Raven? Ela e eu tínhamos uma história, sabia? Nossa, nem Judas foi tão falso assim.

– Cala a boca, Octavia! Sabe que eu estou pegando o seu irmão. – Disse Anna que viu a menina arregalar os olhos de uma forma um pouco peculiar e isso a fez perceber que ela era a única que ainda não sabia da novidade; só não sabia porque foi lerda demais para ver. – Dame paciencia. 

– Ei, nós já transamos, então, automaticamente, você está proibida de ficar com a Raven e com o meu irmão. – Octavia bateu pé no chão e Bellamy revirou os olhos enquanto ouvia o que sua irmã mais nova dizia. Já Raven e Alicia sentiram um pouco de raiva ao lembrar que aquelas duas já haviam tido certas intimidades desnecessárias.

– Ai, O. – Anna se soltou da Reyes e passou um braço pelos ombros de Octavia que estava com um bico fofo nos lábios. – Eu não quero a chatona ali. – Ela murmurou no ouvido dela, assim conseguindo tirar um risinho. – E estou tendo a sorte da vida de já ter ido para a cama com os dois Blake gostosões, então não tire isso de mim.

– Está bem. – Declarou Octavia, mesmo ainda estando um pouco contrariada com aquela decisão própria e isso fez Alicia revirar os olhos.

– Octavia, se quiser eu posso pegar você e resolvemos isso de uma vez por todas. – Ofereceu Raven que só queria provocar a Blake e conseguiu, pois a mesma ficou com as bochechas extremamente coradas e se escondeu atrás da espanhola.

– PODEMOS VOLTAR AO FOCO PRINCIPAL AQUI? – Perguntou Clarke que já estava se sentindo estressada ao olhar toda aquela imundice do ônibus. Ela havia se esquecido que o lugar conseguia ser tão sujo daquela forma e se sentiu meia estranha ao ver como as "gêmeas sinistras" lhe observavam, mesmo sabendo que elas só faziam isso por hobby.

– POR FAVOR, NÉ. PORQUE EU NÃO VOU FICAR NESSE MUQUIFO NÃO! – Declarou Lincoln aos berros. Ele empurrou Anitta de sua frente, já que a mesma não lhe servia mais porque estava sem memória, e ela acabou caindo em cima de Lexa que lhe segurou devidamente.

Clarke, ao ver o que estava acontecendo entre a mulher e sua esposa, resolveu que não iria deixar barato. Ela se encostou um pouco em Bellamy e viu os olhos verdes de Lexa saltarem de seu rosto, fazendo com que ela ficasse com uma careta engraçada.

– Clarke Griffin-Woods! – Exclamou Lexa que se soltou de Anitta e puxou sua esposa para seus braços. A loira não pareceu se importar muito com isso, também não reclamou da proximidade de seus corpos. Ela até que estava gostando. Clarke parou para refletir e aquela era a primeira vez que alguém lhe chamava daquela forma, então não soube como se sentir, mas tinha que admitir que os sobrenomes combinavam daquela forma.

– Eu também não quero ficar aqui não. Desisto da viagem. – Disse Ontari quando notou o olhar de Lexa ir até si. A morena havia ficado preocupada, já que naquela viagem ela seria sua responsabilidade.

– NÃO! NINGUÉM VAI DESISTIR DE NADA NÃO. – Juraci gritou aquela frase que soou tão familiar para os ouvidos de quase todos ali. Clarke e Lexa se entreolharam e gritaram quando o ônibus arrancou com tudo e elas foram ao chão, acompanhadas de alguns de seus amigos.

– Senhora, não dá para viajar nessas condições. – Explicou Gabriel da forma mais educado possível, assim como era em quase todas as suas situações de vida.

– É, CARALHO. NÃO DÁ PARA VIAJAR NESSA LATA DE SARDINHAS NÃO! – Josephine usou toda sua má criação, totalmente ao contrário de seu namorado. Ela ainda estava tentando entender onde estava com a cabeça quando ligou para Juraci.

– TODO MUNDO SENTA ESSAS PORRA DE BUNDA AGORA QUE EU ESTOU MANDANDO, MORO? – Juraci gritou enquanto dava ainda mais velocidade no ônibus, coisa que fez Anya gargalhar enquanto rodava com Toicinho. Alicia e Troy gemerem de dor enquanto estavam caídos no chão do veículo. Já Bellamy estava segurando Anna pela cintura, pois estava preocupado que ela acabasse se machucando mais um pouco. Octavia e Finn, assim como da última vez, se sentaram o mais rápido possível porque morriam de medo daquele motorista.

– EU NÃO VOU CONSEGUIR VIAJAR NESSA GERINGONÇA DE NOVO. – Alicia gritou porque estava apavorado, caso contrário ela jamais teria conseguido fazer tal coisa.

– SENTEM NESSAS PORRAS DESSES BANCOS AÍ AGORA. QUERIAM IR VIAJAR, ENTÃO AGORA VÃO VIAJAR OU EU NÃO ME CHAMO JURACI CHINELÃO. – A motorista gritou assim como da última vez e isso fez Clarke e Lexa se entreolharam, apavoradas com tudo.

– Ah, não! De novo não. – Elas disseram em conjunto, enquanto ainda estavam deitadas no chão sujo e fedido. Ainda estavam ali porque a velocidade do ônibus não lhes permitia levantar.

– Se acomodem eu seus assentos, queridos passageiros. A viagem será longa e espero que descansem bem em todo o nosso percurso. – Disse Juraci completamente calma e tranquila, o que deixou todos apavorados com a loucura dela. Mais uma vez.

– Estamos vivendo em Dark ou algo assim? – Perguntou Anya confusa e se agarrando em um dos bancos para não acabar indo de encontro ao chão.

Juraci colocou ainda mais velocidade no ônibus, fazendo com que Lincoln caísse em cima de Clarke, que estava em cima de Lexa e a morena começou a ficar com a pele arroxeada, enquanto o oxigênio começava a faltar em seus pulmões.

– Ai, Alexandria. A gente só se ferra. – Murmurou Clarke com o último vestígio de fôlego que habitava em seu corpo naquele instante.



(...)



"Tudo que é pequeno é só uma versão menor de algo grande. – Finn, Hora de Aventura."

Algum período de tempo já havia se passado desde que todos começaram a viagem, um pouco forçados por Juraci e, até mesmo, por Lincoln que só queria chegar em Nova York e fazer sua tão sonhada apresentação, coisa que Lexa não tinha um bom pressentimento sobre.

A morena olhou para sua esposa ao seu lado e viu que a mesma estava adormecida. Ela acariciou a mão dela de uma forma carinhosa e pensou no que a loira poderia estar sonhando, visto que ela estava com uma careta estranha em seu rosto.

Clarke se remexeu um pouco em seu lugar e se aprofundou ainda mais em seu sono, coisa que deixou a Woods bastante curiosa, já que ela queria saber as motivações para a loira estar com aquele semblante extremamente satisfeito, como se estivesse recebendo algum tipo de prazer.

– Alexandria... – Clarke gemeu enquanto sentia que estava chegando em seu ápice. Ela jogou a cabeça contra o travesseiro abaixo de si e revirou os olhos, não conseguindo lidar com toda aquela onda de endorfina sendo liberada em seu corpo.

– Você é tão perfeita. – Murmurou Lexa que fazia um pouco mais de pressão com seus dedos; dois deles estavam fazendo o movimento de vai e vem na loira, enquanto seu dedo polegar pressionava o clítoris já bastante inchado de sua esposa.

A mão livre de Lexa fez um caminho pecaminoso da barriga de Clarke, até os seios, onde lhe acariciou um dos mamilos eretos e aproveitou para baixar o rosto e pegar um deles dentre seus lábios. A Griffin gemeu alto enquanto sentia tudo de uma única vez e abriu mais suas pernas, para que a morena pudesse ir ainda mais fundo, assim como ela queria. Suas duas mãos trêmulas e um tanto descontroladas foram de encontro ao rosto de Lexa, o pegando e levando até mais perto de seu rosto. Precisava beijá-la.

Lexa suspirou enquanto tentava controlar sua mente e sentiu os lábios de Clarke mais próximo do seu. Eles começaram a roçar um no outro, fazendo-as gemer baixinho e começarem um beijo de tirar o fôlego, coisa que elas quase não tinham. Clarke tentou respirar, sem sucesso algum, e gemeu, arqueando suas costas, quando sentiu o prazer lhe atravessar de todas as formas possíveis.

– AI, MISERICÓRDIA. PUTA QUE PARIU, EU VOU MORRER! – Clarke abriu seus olhos que aquela altura estavam arregalados e gritou de uma forma que chamou as atenções de todos presentes naquele ônibus.

– "AI" DIGO EU! ESCANDALOSA PARA CARALHO. – Finn esperneou, raivoso por ter levado um susto desnecessário. Ele ainda estava com as mãos no peito e respirando com dificuldades.

– Minha Pequena? – Lexa chamou por Clarke que ainda estava com os olhos arregalados e tentando respirar. Era perceptível o seu nervosismo e isso preocupou a morena no mesmo instante. – Clarke? Ei, Clarke... está tudo bem. Eu estou aqui.

A loira inflou seus pulmões com todo o ar que conseguiu e expirou o mesmo, assim conseguindo se acalmar um pouco. Ela passou uma mão pela testa levemente úmida e se encostou no banco onde estava sentada. Então, acabou notando a forma como Lexa lhe estava observando; era tão carinhosa e amorosa, coisa que a deixou confusa, pois ela tinha a certeza de que a morena não a amava. Ou ela não achava que poderia fazer com que alguém a amasse. Ela era problemática demais para acreditar que alguém pudesse amá-la verdadeiramente.

– Alexandria, eu vi a morte, Alexandria! – Exclamou a garota que ainda estava com a respiração desregulada e não dizia coisa com coisa. Lexa franziu o cenho e a olhou como se ela fosse algum tipo de extraterrestre.

– Você está bem? – Perguntou Lexa pensando em quão grave deve ter sido o sonho da universitária, já que ela ainda parecia muito afoita com tudo ao seu redor. Até que os olhos azuis de Clarke pousaram em seus verdes e ela lhe puxou para um beijo bruto, muito desengonçado. A morena queria muito aproveitar aquele beijo e se entregar por completo, porém ela estava realmente preocupada com sua esposa. – Clarke? Está tudo bem, Minha Pequena?

– Misericórdia. Eu pensei que fosse morrer, Alexandria. – Clarke disse por fim e não falou mais com a Woods, apenas a ignorou e ficou pensando no motivo de ter sonhado com algo como aquilo, visto que não conseguia amar e não achava que gostasse tanto assim de Alexandria Woods.

"Às vezes precisamos ir bem fundo dentro de nós para resolver nossos problemas. – Patrick Estrela, Bob Esponja."



(...)



"Tudo que é bonito acaba sendo destruído. O mundo chama isso de romance. – Oscar Wilde."

Alicia estava sentada na parte da frente com Troy, mas seus olhos preocupados não desgrudava de Anna que, mesmo fazendo frio dentro do ônibus, estava sem camisa e suando as bicas. A espanhola estava com seus olhos fechados e parecia cochilar, coisa que deixou a menina um pouco mais tranquila.

Ela também notou que Bellamy estava com uma mão na coxa dela e, mesmo já tendo visto essa mesma cena centenas de vezes e com centenas de pessoas diferentes, ela acabou se sentindo mal como se fosse a primeira vez. Alicia queria ser quem zelava pelo sono de Anna, queria poder checar a temperatura dela, lhe oferecer água, companheirismo e amor também, mas não sabia se estava preparada para isso. 

Alicia simplesmente não conseguia abandonar seus sentimentos pela espanhola e sabia que isso não era uma boa coisa. Iria acabar lhe fazendo mais mal do que já fazia constantemente; era por essa razão que não conseguia mais manter sequer uma amizade com a menina que tanto amava. Ela queria ter forças para ignorar seus sentimentos e somente ser amiga da outra jovem, mas também queria ter forças o suficiente para lhe oferecer uma chance e ficar com ela para sempre, assim como sempre quis.

– Eu tento ignorar isso, só que às vezes é difícil demais, Alicia. – Murmurou Troy que ainda de olhos fechados, conversava com sua namorada que logo o olhou de uma forma um tanto assustada.

– O quê? – Sua pergunta saiu quase em um sussurro e o rapaz, mesmo sem olhá-la, sabia que ela estava com um semblante assustado em seu belo rosto que ele tanto apreciava.

– Você estava indo bem nesses últimos meses. Estava conseguindo abandonar essa relação doentia que você mantém com a Anna, mas agora nem parece se importar mais em fingir.  – Troy abriu seus olhos e viu como ela havia ficado totalmente desconfortável com o que ele havia dito, também era claro que ela não havia gostado nada do termo "relação doentia."

– Ela e eu nunca tivemos nada de doentio. – Declarou Alicia em um tom de voz baixo e bastante bravo, assim como o brilho estranho de seus olhos verdes. – Temos as nossas diferenças e desavenças? Sim, é claro que temos. Mas isso não dá o direito para ninguém dizer que o que tivemos era doentio!

– Se não é doentio, então por que antes você não conseguia olhá-la sem se sentir enjoada? – Os olhos dele encontraram os seus e ficaram fixos um no outro, mas ele pôde notar a garota trincar seu maxilar.

– Já que quer tanto falar mal de alguma relação, então por que não falamos sobre a nossa relação, por exemplo? – Alicia ofertou de uma forma debochada e irritadiça. Ela estava muito brava e isso era perceptível à quilômetros de distância. Troy fechou seu semblante e a olhou de uma forma estranha; uma forma que nunca a olhou antes. – Porque essa relação que temos não é exatamente saudável. Você está comigo por pena, porque quer me ajudar a parar de sofrer e eu estou com você porque quero me livrar de um peso do passado. Acha isso saudável? 

Troy fechou as mãos em forma de punho e o ódio em seu corpo era notável. Alicia pôde ver isso, mas não ficou abalada, então ela só se levantou e foi se sentar ao lado de Anitta que estava dormindo um pouco, pois estava se sentindo muito cansada desde que acordou do desmaio.

"Bem, sabe o que dizem sobre a esperança. Trás tristeza eterna. – Spencer Hastings, Pretty little liars."



(...)



Clarke estava perdendo a cabeça enquanto olhava tudo o que acontecia dentro daquele ônibus que devia ser proibido para qualquer tipo de uso. Ela olhava Lincoln que, mesmo com a perda de Anitta, estava ensaiando para sua tal apresentação e Finn lhe ajudava, mesmo que ambos ficassem brigando um com o outro. Alicia estava com uma expressão irritada em seu rosto e a mulher desmemoriada dormia ao seu lado. Octavia e Anya olhavam para as gêmeas que também as observavam de uma forma estranha, na opinião da loira. Lexa estava jogando em seu celular, como se não se importasse com a presença de sua esposa, coisa que fazia sentido em sua cabeça deturpada. Jasper e Monty estavam fumando, coisa que estava deixando Clarke totalmente sem paciência.

– Ai, que saudades de quando homem ia para a guerra e não voltava. – Murmurou a Griffin mais velha enquanto observava Monty e Jasper rirem de exatamente nada e Lincoln e Finn dançando de uma forma vergonhosa.

Clarke começou a ficar entediada, ela estava sentindo a necessidade de causar uma grande confusão ou senão iria acabar enlouquecendo de vez. Então, ela pegou o celular das mãos de Lexa e o jogou longe, assim ouvindo um grito assustado de sua irmã mais nova que acabou acordando a todos os que estavam tentando descansar durante aquela viagem.

– EI! – Reclamou Lexa que viu seu celular espatifado, sem razão alguma, no chão. Ela olhou para sua esposa que se levantou e começou a andar de uma forma brava na direção da frente do veículo. – O que está fazendo?

– Causando um alvoroço. – Declarou a jovem que chegou perto de Juraci. Elas duas se olharam por algum tempo indeterminado, até que Clarke simplesmente soltou um grito pavoroso e começou a brigar com a motorista pelo controle do transporte. – EU QUERO SAIR DAQUI AGORA, ENTÃO PARA ESSA MERDA DE ÔNIBUS PORQUE EU QUERO DESCER! 

– NÃO VAI DESCER NINGUÉM, NÃO! EU VOU LEVAR VOCÊS PARA NOVA YORK E PONTO FINAL. – Berrou Juraci que detestava quando alguém queria descer do ônibus antes da viagem terminar. Ela virou o volante para um lado e Clarke para o outro, assim fazendo com que um zigue-zague começasse; isso a fez sorrir de uma forma estranha e Clarke ficou ainda mais brava.

Lexa encostou sua cabeça no banco e se perguntou o motivo de toda viagem com Juraci terminar em um zigue-zague doentio onde todos ficavam com suas vidas em risco. Ela olhou ao redor e viu que Monty e Jasper já estavam começando a passar mal de tanto que riam, Finn e Lincoln não conseguiam ficar parados por conta da movimentação do ônibus e ficavam andando como baratas tontas, Anitta havia se agarrado em Alicia que estava com uma expressão apavorada em seu rosto, Octavia e Anya gritavam mais alto do que jamais haviam conseguido, assim deixando todos com problemas de audição.

– Ô, MOTORISTA, PODE CORRER! A QUINTA SÉRIE NÃO TEM MEDO DE MORRER! – Finn gritou animado enquanto cambaleava de um lado para o outro. Raven abriu um sorriso enorme, coisa que a deixou estranhamente adorável, e começou a saltitar no banco onde estava sentada.

Lexa olhou para a janela ao seu lado e viu que o automóvel estava no lado errado da pista e isso a fez se tremer da cabeça aos pés. Ela viu que vários carros passavam pelo ônibus de uma forma rápida enquanto tentavam impedir um terrível acidente. Juraci e Clarke ainda estavam brigando pelo volante, até mesmo estavam se estapeando; coisa que Anya fez questão de começar a gravar.

– AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH. – Todos os viajantes presentes naquele ônibus, exceto por Clarke, começaram a gritar quando viram um ônibus vindo de frente para eles. Lexa congelou no lugar e pensou que aquele era o fim eminente de sua jornada com seus amigos diferenciados.

– Tudo eu! Tudo eu! – Lexa começou a murmurar reclamações quando viu que estava na hora de fazer algo para salvar o dia. Ela se levantou de seu banco e correu para a direção onde sua esposa desmiolada estava se atracando com a motorista mais desmiolada ainda. Lexa passou os braços pela cintura da garota e começou a tentar puxá-la pata longe, isso sem sucesso algum. – SOLTA, CLARKE, SOLTA!

– ME SOLTA, ALEXANDRIA, ME SOLTA! – A loira começou a rebater com gritos histéricos e de doer os ouvidos.

– CALA A BOCA! EU ESTOU TENTANDO DORMIR AQUI, COBRA PEÇONHENTA. – Anna se arrependeu assim que soltou aquela frase, pois Clarke lhe enviou o olhar mais mortal que ela já teve a oportunidade de ver em toda a sua vida. – Dios mio. 

– EU VOU MATAR TODO MUNDO NESSA MERDA! – Alertou Clarke que sentiu Lexa lhe levantar do chão, então ela aproveitou para chutar Juraci e tentou se soltar de sua esposa para poder matar a espanhola mais nova que correu para os fundos do ônibus e soltou um grupo apavorado quando viu as gêmeas a observando. 

Clarke não estava conseguindo se soltar de Lexa, então, ela teve que por em prática a única ideia que veio em sua cabeça. Uma ideia que não era nada coerente, mas ela não se importava muito com isso. A jovem deu impulso e empurrou sua namorada, assim ela a soltou, mas algo horrível aconteceu. Ela bateu a cabeça em uma parte do ônibus e desmaiou.

– Lexa? – Chamou Alicia preocupada. Ela e Anitta correram até a morena desmaiada e se ajoelharam ao lado dela, assim checando a respiração e pulsação. 

– Ela está viva. – Garantiu Anitta que ficou observando o rosto desfalecido da garota ao chão. Ela era mesmo linda.

– Alexandria... – Clarke deu um chutinho na sua esposa para ela acordar, mas nada aconteceu e isso a deixou com um pouco de medo, pois não estava nos seus planos ser presa por assassinato. Juraci, ao notar o desespero da garota, soltou uma risadinha baixa, coisa que Clarke fez questão de ignorar antes que acabasse matando mais alguém. – Acorda, mulher. 

Long live the king, yo I'm from the Empire State, that's. – Anya começou a cantar em um tom de voz semelhante ao constrangido, assim dando jus ao momento extremamente constrangedor que estava se apossando daquele ônibus.

In New York (ayy). Concrete jungle where dreams are made of. There's nothin' you can't do (that boy good). Now you're in New York (welcome to the bright light, baby). These streets will make you feel brand-new. Big lights will inspire you. Let's hear it for New York, New York, New York. – Todos começaram a cantar em conjunto, até mesmo Anitta que não fazia ideia de como sabia a letra daquela música até então desconhecida por ela.

New York, New York... – Lexa começou a resmungar a letra da música e todos sorriram aliviados por saber que ela estava viva, até mesmo Clarke que tentou fingir não se importar sobre aquilo.



(...)



Depois de uma viagem estranha e estressante, todos se despediram de Juraci e das gêmeas estranhas, assim agora estavam dentro de uma boate na qual Lincoln iria se apresentar naquela noite.

– Minha cabeça está me matando. – Murmurou Lexa enquanto colocava o copo da bebida gelada na região onde estava muito dolorida.

– É como dizem, né, em um dia a gente está na merda e no outros estamos na bosta. – Explicou Anya que recebeu olhares estranhos de todos os que ali estavam presentes. – Que foi?

– Então temos mesmo a certeza de que o Lincoln não pode ser bi? – Perguntou Anna querendo mudar de assunto e isso a fez receber olhares questionadores de alguns ali, principalmente de Alicia e de Bellamy, coisa que ela não entendeu a razão.

– "Bi", isso daí sequer existe. – Rebateu Finn que já estava cansado daquela discussão com a espanhola e com Octavia que às vezes se intrometia na conversa deles dois.

– Ah, claro. O "b" de "LGBTQI+" é de boiola. – Anna disse de uma forma debochada e bebeu um pouco mais da cerveja que estava bebericando desde que chegou. Ela notou que Anya e Octavia estavam prontas para fazer perguntas sobre sua fala, então ela apenas se levantou e foi na direção do banheiro, mas Lincoln apareceu em sua frente e a levou para a mesa novamente. – Nossa, que isso?

– Nossa, que isso? – Clarke repetiu a frase quando notou o modelito que Lincoln estava usando para sua tal apresentação.  Ele estava usando uma calcinha fio dental de couro, um sutiã do mesmo modelo, um salto agulha enorme, uma peruca preta gigante, maquiagem extremamente extravagante e também haviam algumas correntes espalhadas por seu corpo.

– Não, não tem chances de ser bi. – Disse Bellamy com um sorriso brincalhão e bebeu mais de sua bebida, enquanto notava a espanhola mais nova revirar os olhos e olhar para a roupa que Lincoln estava usando.

– "Bi" o quê? – Perguntou Lincoln que estava se sentindo perdido no meio daquela conversa sem sentido.

– Bisnaguinha que eu estou comendo. – Explicou Octavia, mas acabou notando que no havia nenhuma bisnaguinha na mesa. Ela ofereceu um sorriso constrangido para o garoto que apenas revirou os olhos e fez questão de ignorar a loucura.

– E quem é você? – Clarke perguntou enquanto avaliava o modelito de Lincoln. Ela se assustou com o volume na calcinha e olhou para Lexa de uma forma constrangida, mas a morena apenas deu de ombros, sem se importar com mais nada e voltou a atenção para seu machucado.

– Natasha Caldeirão. – Informou ele antes de dar uma voltinha e olhar para o palco onde iria se apresentar.

– "Caldeirão?" – Raven repetiu e fez uma careta estranha. Anya aproveitou o momento para tirar uma foto do rosto dela para fazer montagens quando tivesse a chance.

Ontari olhou ao redor do lugar e notou que algo estranho estava acontecendo. Ela viu algumas pessoas começaram a sair de fininho e se perguntou internamente o motivo para aquilo. Então, ela notou que Lexa começou a lhe observar e resolveu dividir sua divagação com ela.

– Lexa, tem algo estranho acontecendo. – Disse ela antes que a porta principal do lugar fosse aberta com uma força descomunal.


– POLÍCIA DE NOVA YORK! – Um dos homens gritou e isso fez com que uma gritaria se apossasse de todo aquele lugar. Pessoas começaram a correr para todos os lados, inclusive o pessoal do grupo de Polis.

– TEMOS QUE IR! TEMOS QUE IR! – Finn começou a gritar enquanto puxava o primeiro braço que conseguiu agarrar e era o de Ontari. Eles dois começaram a correr na direção de uma das saídas.

Lexa olhou ao redor e não conseguia ver seus amigos, até que viu Finn e Ontari correndo. Então, ela achou Clarke e a puxou para perto, mas a garota parecia determinada a correr para outro lugar que não fosse a saída.

– CLARKE, NÓS TEMOS QUE IR! – Explicou a morena aos gritos para que pudesse se fazer ouvida. Ela ganhou os olhos azuis apavorados de sua esposa só para si e se preocupou com ela. – Temos que ir, Minha Pequena.

– E a minha irmã, Alexandria? Eu não posso deixá-la. São nossos amigos aqui! – Clarke começou a olhar para todas as direções a procura de sua irmã ou qualquer um dos seus amigos. Ela não conseguia acreditar que Lexa não estivesse surtando por seus amigos, principalmente por Alicia que era sua irmã gêmea.

– Clarke, olha para mim, ok? – Lexa agarrou o rosto dela entre suas mãos e fez com que ela a olhasse com toda a atenção que conseguia. Ela viu que os polícias estavam entrando em peso, mas se fixou apenas em sua esposa amedrontada. – Temos que ir. Não vamos conseguir ajudá-los se formos presos também. Nós vamos achá-los e vamos levar todos para casa, tudo bem?

Clarke apenas assentiu e segurou a mão que a Woods estendeu para si, então elas começaram a correr na direção onde Finn e Ontari haviam ido.

"A vida é dançar conforme o caos. – Z. Magiezi."


Notas Finais


Essa aparição da Anitta e alguns trechos dela vieram de inspiração do programa "Vai que Cola"


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