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História Learning to Live (Clexa) - Preocupações


Escrita por: ClarkeLexazinha

Notas do Autor


Olá, queridos leitores. Bem, só para avisar que, como estou demorando bastante para postar novos capítulos, eles agora, em sua maioria, serão grandes para poder compensar.

Boa leitura para todos <3

Capítulo 37 - Preocupações


Fanfic / Fanfiction Learning to Live (Clexa) - Preocupações

– Ela não quer conversar. – Alertou Lexa que, depois de passar uma hora tentando abrir a porta do quarto de Clarke, voltou para a sala de estar onde todos ainda estavam. Eles estavam em um silêncio medonho, como se tivesse acabado de matar alguém; e haviam matado. Eles mataram a alma da garota que não queria ver ninguém naquele momento.

A única que transmitia tranquilidade era Costia, visto que a mesma sequer se importava com o drama familiar que estava acontecendo dentro daquela casa. Ela estava bebericando uma outra taça de vinho enquanto olhava para Lexa como se ela fosse a única presente dentro daquela sala de estar.

– Pai. – Chamou Josephine que estava falando pela primeira vez desde que entrou naquela sala de estar. Todos olharam para a menina loira pensando que ela iria iniciar uma briga em favor de sua irmã mais velha, ou querendo tirar satisfações sobre tudo, mas ela aparentava estar cansada demais para fazer isso. – Pode... pode me falar quem diabos é essa mulher e porquê ela está aqui?

Josephine fez aquela pergunta porque havia notado a proximidade que a mulher tinha de seu pai. Eles dois estavam sentados um ao lado do outro e às vezes ele deixava a mão espalmada no joelho dela, coisa que Josephine jamais viu seu pai fazer com alguém. Ela sequer o viu se envolver com alguém em toda sua vida. Isso havia a deixado confusa e um pouco enjoada.

Costia não pareceu ter se importado muito com a pergunta rude lançada pela loira. Ela apenas deu mais um pequeno gole em seu vinho e olhou para Josephine com um olhar cínico, o que já era de sua personalidade e as Woods e as Molina sabiam bem disso.

– Oh, me desculpe. Eu me esqueci disso completamente. – Jake falou de uma forma aérea e confusa, assim como estava se sentindo desde a última hora. Para falar a verdade, sua mente só estava em sua filha mais velha. Kane olhou o homem se levantar do sofá onde estava com Costia e teve apenas vontade de socá-lo, visto que, antes de todos chegarem, ele estava ameaçando Abby sobre o assunto de Clarke. E agora, por culpa dele, ela estava sofrendo ainda mais. – Essa é a Costia. Cos, essa é minha filha Josephine. Aqueles são Abby, Kane, Finn, Ontari, Monty, Jasper, Anya, Anna, Alicia e Lexa. – Jake foi indicando cada um deles enquanto falava seus nomes. – Aquele eu ainda não conheço.

– Sou Lincoln. – Explicou ele que agora usava apenas uma camiseta branca e uma calça jeans que haviam lhe emprestado antes de irem para a Fazenda Woods.

– É um prazer. – Costia falou antes de dar mais um gole em sua bebida. – Mas essas quatro eu já conheço. – Ela disse apontando para as Woods e Molinas.

Lexa discretamente fechou seus olhos e soltou ar por sua boca, como se com isso tentasse se manter calma. Alicia olhou para Anya e Anna que também a olharam de uma forma preocupada, mas ao mesmo tempo pensavam o motivo de Costia ter retornado para suas vidas. Ela não era exatamente bem-vinda.

– Nossa, que coincidência. De onde as conhece? – Perguntou Jake que estava tentando se manter tranquilo, mesmo com tudo de ruim que estava acontecendo desde que pisou naquela fazenda aquela noite.

– Lexa e eu estudamos com ela. – Disse Alicia que parecia nervosa, assim tirando a chance de Costia de se expressar. A morena sentada ao sofá apenas sorriu de uma forma irônica e voltou sua atenção para seu vinho. Ela adorava quando as pessoas ficavam nervosas em sua presença; era sua coisa favorita no mundo.

– Então é por isso que você estava olhando para Lexa como se ela fosse uma nota de cem? – Questionou Finn que só queria ver o circo pegar fogo. Ele até que estava com um pouco de pena de Clarke, mas então pensou "quem tem pena é galinha" e parou de se importar com o que estava acontecendo.

Costia assentiu para ele e escondeu seu sorriso travesso com a taça de vidro em sua mão. Lexa a olhou e pensou no motivo de ela estar em sua fazenda, já que fazia muito tempo que não se falavam ou se viam.

– Nesse momento, eu não me importo com a ligação que ela tenha com a Lexa. – Josephine falou com um tom de voz alto, demonstrando que não estava feliz e nem muito menos com paciência. Costia arqueou uma sobrancelha e pensou que aquela garota parecia ser mais arrogante do que ela mesma. Enquanto os outros apenas pareciam surpresos com a atitude dela. – Eu só quero saber porquê diabos ela está aqui com você!

– Ok. Bem, nós nos conhecemos em Las Vegas. Ambos estávamos tirando algumas férias. – Jake começou a explicar e olhou para Costia com um sorriso acolhedor. Lexa apenas baixou seu olhar para o chão e começou a fitá-lo como se fosse mais interessante do que qualquer outra coisa que estivesse acontecendo. – Então nós bebemos muito em uma noite. Ficamos tropeçando pelas ruas. – Josephine fechou seus olhos e massageou seu coro cabeludo; ela já estava tendo uma grande noção do que seu pai estava para falar. – Nos damos muito bem e acabamos nos casando em uma capela com um Elvis. E levamos isso a sério. Gostamos muito um do outro.

O maior pesadelo de Josephine havia acabado de se concretizar. Ela ainda se lembrava muito bem que antes de seu pai viajar, ela o havia dito "E não é como se o senhor fosse voltar casado." Mas ele acabou voltando casado e isso não alegrou a garota em nada. Ela ao menos sabia o que pensar.

– Olha só que legal, eu não só perdi mais uma integrante da família, como ganhei mais uma. Ou será que eu também sou filha da Abby e tudo o que me contaram é uma mentira? – Perguntou Josephine de uma forma irônica e com o tom de voz ácido, fazendo com que Jake ficasse com a mandíbula tensa e Abby derramasse ainda mais lágrimas. Lexa olhou para a menina loira e depois para a mulher que trabalhava em sua casa, enquanto apenas pensava em tudo o que acontecia.

– Abby. – Kane se agachou na frente da mulher que estava sentada sozinha e com o rosto escondido entre as mãos. – Venha, você precisa se deitar um pouco. – Ontari ficou olhando aquela cena como se não se importasse com nada, até que ela olhou para Costia e viu a forma como a mulher olhava para Lexa. Já Abby levantou o rosto e olhou para o homem em sua frente; homem esse que sempre esteve ali por ela, mas isso nunca pareceu valorizado o suficiente. – Venha.

Abby olhou para Jake uma última vez, demonstrando toda a mágoa e raiva que sentia por ele, então foi, junto a Kane, para seu quarto onde iria se deitar para poder por seus pensamentos nos lugares certos. Ela precisava mais disso do que de qualquer outra coisa no mundo. Ela necessitava pensar no que fazer a respeito de Clarke.

¡Ella no puede estar aquí, hermana! – Costia pôde ouvir Anya dizer para sua irmã mais nova e ela apenas ignorou, já que sabia bem que, em algum momento, teria de ouvir isso vindo de uma das quatro amigas.

– Lo sé, Anya. Mantenga la calma. – Anna pediu com um tom de voz baixo e calmo enquanto descia suas mãos pelos braços de sua irmã, como se assim conseguisse mantê-la calma. – Vamos embora, ok? Precisamos descansar.

– Ok. – Anya respondeu mesmo a contragosto. Ela apenas acenou para todos ali e beijou a testa de Alicia, que estava ao seu lado. – Adiós. – Ela se despediu e saiu da casa.

– Tchau. – Anna também acenou para todos e se deu o direito de abraçar Alicia, pois sentia falta dela mesmo estando perto uma da outra. Ela puxou a menina para perto de si e passou os braços pelas costas dela, já ela lhe abraçou pelo pescoço, enquanto sentia todo o cansaço daquele dia em seu corpo. – Tchau, Ali.

– Nossa, se passou tanto tempo e vocês ainda não estão juntas? – Perguntou Costia antes de dar mais um de seus pequenos goles no vinho e esconder o sorriso irônico que estava estampado em seu rosto. Alicia se soltou de Anna e direcionou seu olhar para a mulher sentada no sofá.

– Nossa, se passou tanto tempo e você continua sendo uma vadia? – Alicia rebateu e ao menos percebeu quando todos olharam espantados para ela, já Ontari apenas prendeu o riso. Costia apenas sorriu na direção dela e piscou para a mesma, fazendo com que a morena tivesse vontade de lhe enforcar.

– Fica calma, Ali. Não comece uma briga desnecessária. – Anna aconselhou para ela em um sussurro e se aproximou de Lexa para lhe dar um abraço. – Se cuida, Woods. Cuide da sua irmã também. – A espanhola se afastou e manteve seu rosto próximo do de sua melhor amiga. – A Clarke está ferida, então dê um tempo para ela, mas lembre-se de sempre cuidar dela. Esqueça a Costia, a Nia e qualquer outra pessoa, pense apenas na sua família. Na Clarke. – Ela beijou a testa de Lexa e, então, foi embora da fazenda com Anya, que lhe esperava do lado de fora.

Lexa divagou sobre as palavras da hispânica, até que passou as mãos pelo rosto de uma forma cansada e foi até a cozinha para poder beber um pouco de água. Mas ela ao menos notou que estava sendo acompanhada por Costia que saiu sem ninguém perceber.

– Tem algum vinho de qualidade por aqui, Alex? – Ela perguntou enquanto se aproximava da morena que estava parada perto de um dos balcões enquanto pensava no que fazer com Clarke que estava a mais de uma hora trancada no quarto.

– O que diabos você está fazendo aqui, Costia? – Lexa perguntou sem rodeios e sem se importar com a grosseria que estava presente em seu tom de voz. Ela também não se importou com fato da morena ter lhe chamado de "Alex", já que a mesma sempre lhe chamou dessa forma, por alguma razão.

– Não ouviu a explicação do Jake? – Rebateu ela com sarcasmo em sua voz, assim como sempre. Ela encostou seu quadril no balcão e olhou todo o rosto da Woods enquanto se perguntava como ela conseguia ser tão bonita.

– Eu conheço você muito bem, Costia. Sei que você ter supostamente se casado com o Jake não foi por acaso. Você sabia o que estava fazendo. – A jovem de olhos castanhos sorriu de canto e olhou para os lábios carnudos da outra, logo voltando para os olhos verdes.

– Mas que falta de confiança em mim. – Disse ela de um jeito debochado e isso fez Lexa revirar os olhos. – Meu mundo não gira em torno de você, Alex. Mas se você quiser que gire, eu posso dar um jeito nisso. – Costia se aproximou um pouco mais de Lexa, assim conseguindo sentir o cheiro bom que ela sempre tinha. – Você gostou da atenção que eu te dei na Itália quando você foi até lá para tratar da...

– Não fale sobre isso. Você não tem esse direito. – Lexa cortou a fala dela de uma forma grosseira e isso fez com que Costia sorrisse ainda mais. Ela era uma pessoa difícil de se abalar.

– Há alguns meses atrás você estava comigo na Itália e sei que gostou da atenção que eu te dei lá. Eu posso dar de novo, se você quiser. – Costia ofereceu como se não fosse nada demais e então se afastou, como se já soubesse que alguém estava se aproximando.

– Vamos, meu amor. – Costia olhou para Jake que havia acabado de entrar na cozinha e sorriu para o mesmo. Lexa apenas pensou no quão ridículo era Jake chamá-la de "meu amor", sendo que era óbvio que Costia não sentia nada por ele.

– Vamos, amor. – A mulher de cabelos escuros assentiu e foi até o homem para lhe dar um selinho. – Foi um enorme prazer te encontrar novamente, Alexandria. – E então eles foram embora da fazenda, deixando Lexa para trás com vários problemas e pensamentos.

"O inferno são os outros. – Sartre."



(...)



3 dias depois.



"É parecer fria e queimar por dentro." 

Já se faziam setenta e duas horas que Clarke estava trancada dentro daquele quarto, mas, ainda sim, não lhe parecia tempo o suficiente. Talvez nunca fosse parecer tempo o suficiente. Ela só queria ficar sozinha e sem precisar ver ninguém, e até que estava conseguindo isso, visto que só ia tomar banho pela madrugada, assim não encontrando com ninguém e Lexa, todos os dias, a levava uma bandeja de comida e a deixava na porta para quando a garota sentisse fome. Ela era grata por isso.

A morena, além de deixar algumas refeições para a loira, também batia na porta tendo a esperança de que aquela fosse a premiada vez em que Clarke iria abrir a porta e contar tudo o que estava sentido. Lexa só queria ajudá-la, porém nem isso ela estava conseguindo fazer pela garota por quem era perdidamente apaixonada e isso a estava deixando frustrada. E esses eram os únicos momentos em que Clarke ouvia a voz de sua esposa. Talvez ela nunca fosse admitir, mas gostava da voz dela.

Aqueles eram os únicos momentos em que a loira ouvia a voz de qualquer um. Alguém sempre aparecia na porta lhe chamando para que pudessem conversar sobre aquilo que afetou a garota de uma forma que ela não era capaz ao menos de descrever. Quem aparecia por ali, em sua maioria, era Josephine, Jake, Abby, Raven, Octavia e Lexa. Eles apareciam por ali mais de uma vez por dia e Clarke não sabia como se sentir a respeito disso, pois ela não queria ver ninguém, ao mesmo tempo que sentia certo conforto em saber que tinham pessoas que se importavam com ela. Até mesmo as pessoas que a fizeram sentir aquilo.

A Griffin se sentia tão sozinha durante todo o período de sua vida, mas, naquele momento, era legal saber que não estava tão sozinha quanto pensava. Haviam pessoas ali por ela, porém, ao mesmo tempo, ela se sentia solitária. Talvez fosse porquê havia se perdido.

A cabeça de Clarke estava uma verdadeira confusão. Bem mais confusa do que já era normalmente por problemas que já a afetavam há muitos anos. Ela simplesmente não sabia o que sentir. Antes ela não tinha ideia de como algo poderia lhe afetar tanto como aquilo estava lhe afetando. A garota estava se sentindo perturbada e um pedaço de si mesma havia sido arrancado de seu corpo, visto que ela não era como aquela pessoa que estava deitada na cama e em posição fetal.

Ela sentia como se um pedaço de si tivesse sido roubado e, tinha uma estranha certeza, de que nunca lhe seria devolvido.

Clarke não era o tipo de pessoa que ficava em silêncio e era extremamente quebrada aos olhos de qualquer um que tivesse vontade de ver. Clarke tendia a ser fria, tendia a ser ignorante e fazer piadas ácidas sobre qualquer coisa que tivesse vontade, mas agora, nem ao menos isso ela queria fazer. Ela já não tinha mais forças para ser a pessoa que era antes e isso era frustrante; ela só queria ficar deitada naquela cama e nunca mais falar com pessoa alguma.

A Griffin ainda não conseguia acreditar que toda a sua vida era uma mentira, que ela sofreu pela morte de uma pessoa que ao menos era sua mãe verdadeira. Ela não acreditava que estava há meses ao lado de uma mulher que supostamente lhe deu a luz, mas que nunca esteve por perto em momento algum de sua vida.

Abby não esteve lá nos seus primeiros passos, nas suas primeiras palavras, no seu primeiro problema na escola, ou quando estava tendo um sonho com um monstro em baixo de sua cama. Ela nunca esteve presente, mas mesmo assim ainda era a sua mãe e isso, na visão da jovem, era absurdo e, até mesmo, assustador. Ela só estava com medo daquela realidade em que foi lançada.

Desde que descobriu aquela verdade assustadora, Clarke estava se sentindo solitária. Ela nunca havia se sentindo tão sozinha como estava se sentindo naquele exato momento. A garota tinha uma grande noção de que tinha um pai, uma irmã, amigos e uma esposa esperando por ela do outro lado daquela porta; agora tinha até mesmo uma mãe lhe esperando, mas isso não parecia o bastante e era por essa razão que ela se sentia tão sozinha. 

Para ser realista, ela não queria ninguém que estivesse do outro lado da porta, ela só queria ela mesma. Queria se encontrar, pois havia se perdido de vista há anos atrás e agora estava sentindo o verdadeiro peso disso. Como jamais havia sentido.

Clarke se sentou em sua cama e começou a encarar o chão escuro que enfeitava o ambiente. Várias coisas vieram para sua cabeça e uma delas foi que Abby, desde a primeira vez em que se viram, foi gentil e estava sempre por perto, e, também, quando ela viu Jake no jantar de noivado, ela não conseguia deixar de olhar para ele e agora tudo fazia o maior sentido possível na cabeça da loira.

Abby era sempre tão gentil porque sempre soube que Clarke era sua filha. Ela sabia disso, mas sequer se importou em contar e Clarke já nem ao menos sabia se iria querer saber desse fato antes, visto que ela seria capaz de fazer qualquer coisa só para deixar de sentir aqueles sentimentos perturbadores que estavam lhe rondando.

Os olhos azuis e vazios de Clarke vagaram pelo quarto até que pararam em uma foto onde estava sua mãe; se é que ela poderia ser chamada assim. Uma lágrimas desceu pela bochecha da Griffin e a vontade de chorar voltou a se instalar em seu corpo, mas ela não queria mais chorar, pois estava se sentindo cansada até mesmo para isso.

– Eu odeio você. – Disse ela enquanto olhava o porta-retrato. – Odeio por ter me feito acreditar que você era mesmo a minha mãe e odeio a Abby simplesmente por odiar. 

Ela dizia em sussurros, mas ao mesmo tempo esperava que alguém lhe ouvisse só para poder ter ajuda para sair daquela solidão e tristeza sem fim, visto que jamais conseguiria sozinha.

"As pessoas pensam que estar sozinho faz de você um solitário, mas eu não acho que isto seja verdade. Estar rodeado por pessoas erradas é a coisa mais solitária do mundo. – Kim Cullbertson."



(...)



"Às vezes a gente fica meio bagunçado por dentro."

Lexa coçou seus olhos e entrou na cozinha, assim encontrando com Abby que secou as lágrimas que estavam descendo por suas bochechas e se levantou da cadeira, em uma tentativa de demonstrar que estava tudo bem, mesmo todos sabendo que não estava.

– Bom dia, Lexa. O café já está pronto. – Avisou ela com um sorriso forçado, logo se encaminhando para pegar as coisas necessárias para por a mesa, enquanto Lexa continuava parada vendo-a por as coisas em seus devidos lugares para que todos pudessem apenas se sentar e se alimentar devidamente.

A Woods percebeu como as mãos de Abby estavam tremendo enquanto ela pegava cada coisa. Até mesmo corria o risco de ela quebrar alguma coisa, e foi o que acabou acontecendo; a mulher deixou cair um dos pratos, assim fazendo com que um grito de susto escapasse de sua própria garganta.

– Ei. – Lexa se agitou para poder se agachar ao mesmo tempo que a mais velha, assim vendo que ela estava ficando ainda mais nervosa. – Abby.

– Me desculpa, Lexa. Me desculpa. – Ela começou a pedir sem parar e era como se não prestasse atenção na morena ao seu lado que lhe chamava com a preocupação instalada no tom de voz.

– ABBY! – Lexa teve de gritar para conseguir a atenção da mulher para si. – Se acalma, ok? – Pediu ela já com a voz mais calma, assim recebendo um, quase imperceptível, assentir. A garota começou a juntar os cacos do prato que havia se quebrado, enquanto isso Abby tentava respirar adequadamente. – Eu entendo que essa situação está te perturbando mais do que a qualquer um aqui, mas você precisa se manter calma. Se não por si mesma, então faça pela Clarke.

Abby, com as mãos ainda trêmulas, secou as lágrimas que voltaram a lhe descer pelo rosto e respirou fundo, em uma tentativa de se acalmar um pouco mais. Ela olhou para Lexa que parecia atenta aos cacos de vidro e uma pergunta começou a martelar em sua cabeça.

– Por que nenhum de vocês me perguntou como é possível eu ser mãe dela? – Abby fez a sua pergunta como se estivesse pisando em um terreno hostil, coisa que fez Lexa a olhar e sorrir de uma forma acolhedora, mas logo voltar a se atentar aos cacos.

– Eu pedi para que ninguém fizesse perguntas porque essa história não é nossa. É sua e da Clarke, então ela deve saber primeiro. – Lexa juntou o último caco, agradecendo que o prato não havia se estilhaçado tanto. – Você e o Jake devem isso a ela. – A morena terminou sua fala em um murmúrio e se levantou com os cacos na mão para poder jogá-los fora em uma lixeira adequada. Com esse item já feito, ela pegou a bandeja de café da manhã que já estava arrumada para Clarke. Lexa notou que Abby iria pedir para levar, por isso resolveu se adiantar. – Melhor não, Abby.

A mais velha apenas respirou fundo e assentiu mesmo a contragosto, assim vendo a garota sair da cozinha com a bandeja em mãos. Abby voltou a se sentar na cadeira que ocupava antes de ser interrompida e voltou a pensar em como faria para explicar toda aquela situação para Clarke, visto que Lexa estava certa; ela devia isso para sua filha.

– Eu sinto tanto, Clarke. – Disse ela baixinho para si mesma, enquanto tinha a esperança de a loira lhe dar uma pequena chance para poder se explicar, pois tudo o que ela queria era ter uma chance de ser a verdadeira mãe dela, assim como sempre devia ter sido.

– Ei, Abby. – Ela levantou o olhar e pôde ver que Lexa havia voltado para a cozinha. Ela estava parada na porta de entrada e com os olhos verdes na figura da mulher sentada, e acabada. – Você deveria lutar pela Clarke. Essa decisão será acompanhada de muito sacrifício, mas a verdadeira vitória vem junto de muito sacrifício, certo? E eu, mais do que ninguém, sei que ela vale a pena.

E então a garota saiu da cozinha mais uma vez, deixando Abby sozinha com suas palavras rondando pela cabeça.

"A verdadeira vitória vem junto de muito sacrifício. – Lexa, The 100."



(...)



"Somos feitos de poeira das estrelas. – Carl Sagan, 1986."

Lexa, assim como estava fazendo nos últimos dias, pôs a bandeja de comida na frente da porta de Clarke e respirou fundo antes de dar uma leve batida na madeira que não a permitia entrar no local que tanto queria, e nem ver a pessoa que tanto queria.

– Bom dia, Minha Pequena. – Desejou ela com seu tom de voz rouco um pouco alto para que se fizesse ouvida pela jovem do outro lado, visto que ela tinha a total certeza de que Clarke estava acordada, pois quando ela própria descobriu que tinha a mesma mãe de Aden, ela quase não conseguia dormir por conta de tudo o que se passava em sua cabeça. Ela tinha noção de que Clarke e ela eram muito parecidas em diversos quesitos; e aquele era um deles. – Eu estarei aqui quando você quiser falar com alguém, ok? Não se esqueça disso.

Lexa falou a mesma coisa que vinha dizendo há dias para a garota trancada ao quarto. Ela estava começando a sentir falta da loira; sentia falta até mesmo de todo o mau humor e piadas ácidas dela. Ela só queria poder ver os olhos de Clarke mais uma vez e poder abraçá-la até que ela conseguisse entender que Lexa sempre estaria ali por ela. Queria que a garota entendesse que, apesar de tudo, ela se importava com tudo sobre si.

A Woods suspirou de uma forma triste e se afastou da porta do quarto, logo caminhando para a sala de estar onde todos os seus amigos estavam, com exceção de Alicia e de Anna. Eles pareciam preocupados e nem ao menos estavam falando sobre as maluquices que tendiam falar sempre que tinham a oportunidade.

– Conseguiu falar com ela? – Josephine se levantou do sofá e perguntou de um jeito ansioso, visto que tudo o que mais queria era falar com sua irmã, pois sentia falta dela e queria esclarecer tudo o que estava acontecendo ultimamente. Ela queria compreender tudo ao lado de sua irmã mais velha e ela sabia que Clarke iria querer o mesmo, isso se estivesse pensando direito.

– A porta continua trancada. – Alertou Lexa que olhou ao redor e sentiu falta de sua irmã e de Anna que não estavam ali, mas Anya estava enquanto comia um pote enorme de pasta de amendoim. A espanhola percebeu que estava sendo observada e resolveu falar algo.

– Diferente da pasta de dente que não é feita de dentes, isso aqui é feito de amendoim mesmo. – Explicou ela que pôs mais uma colherada enorme em sua boca e isso fez Lexa pensar em como sua amiga ainda se encontrava viva, visto que ela estava sempre comendo essas coisas que poderiam por a saúde em risco.

– Alguém sabe da Alicia? – Perguntou Lexa que estava ficando preocupada com a ausência de sua irmã, pois nesses últimos dias que a casa estava cheia, ela sempre ficava junto com todos para dar apoio emocional.

– Há uns minutos atrás eu fui lá atazanar ela e a bruaca estava se arrumando. – Disse Finn que estava cutucando Anya com a ponta de seu sapato, mas a espanhola não parecia se importar com nada além daquele pote de doce. – Acabei vendo aquela magrela de lingerie. – Reclamou ele que recebeu olhares estranhos de todos.

– E a Anna? – Lexa questionou sobre a ausência de sua amiga.

– Ela me mandou mensagem dizendo que teve que passar em um lugar, mas já vai chegar. – Raven explicou e olhou para Lexa, assim percebendo que ela estava com as expressões faciais cansadas. Ela não dormia direito há dias e estava sempre inquieta. A morena chegou à conclusão que era devida a enorme preocupação que ela estava tendo com Clarke. – A Anna já deve est...

– AI, MEU ZEUS, UM BEBÊ. – Octavia gritou interrompendo a fala de Raven, que levou um susto com a gritaria. Todos olharam para a porta, onde Octavia estava apontando e viram Anna ali junto a um bebê. A Blake correu na direção deles e começou a brincar com a criança que foi bem receptiva. – Eu tenho razão em furar os preservativos na farmácia. Olha a preciosidade que veio ao mundo.

– Claro que você tem, O. – Anna respondeu, com ironia, a divagação da menina ao seu lado que brincava com o bebê que estava sorrindo para ela. Um sorriso praticamente banguela e adorável.

Lexa analisou sua melhor amiga e chegou à conclusão que ela estava melhorando desde que chegou de Nova York. Ela já não estava mais doente, estava procurando coisas em que pudesse trabalhar, ajudava mais sua irmã com coisas da faculdade, estava feliz por ter voltado a ser amiga de Alicia e estava sempre ali presente caso Clarke aparecesse, já que ela estava preocupada com sua amiga também.

– E de onde você tirou esse bebê? – Lexa perguntou para a espanhola que estava sorrindo ao ver Octavia brincando com a criança em seus braços. Raven também sorria ao admirar sua amada.

– Sequestrou? Já digo, por experiência própria, que essa não é uma boa ideia. – Falou Lincoln que entrou na sala de estar enquanto tomava uma enorme xícara de café. Isso fez Lexa se perguntar o motivo de ele ter, literalmente, se instalado em sua fazenda.

– Na verdade, eu virei babá. Essa é a primeira criança que eu estou cuidando e talvez seja a última. – Explicou Anna que recebeu aqueles olhos quase negros e pequenos da criança só para si. Ele sorriu para ela e ficou segurando seu rosto com as duas mãos. 

– E por quê? – Finn perguntou. Ele pegou a colher da mão de Anya e a jogou longe, assim fazendo a espanhola sair de seu lugar para buscar a tal colher, enquanto o xingava em seu idioma natal, por isso Finn preferiu ignorar, já que não compreendia nada do que ela estava falando.

– Porque eu fui, literalmente, ameaçada por uma das mães dessa criança. – Ela explicou e sorriu para o bebê que lhe observava com atenção. – Uma das mães dele é um amor de pessoa, extremamente gentil. Mas a outra me ameaçou em espanhol e falou algo sobre um lugar que tem o nome parecido com uma fruta. Era limão? Eu não faço ideia, só sei que fiquei assustada com ela.

– E qual é o nome dele? – Perguntou Josephine que observou Octavia começar a fazer careta para a criança que deu uma gargalhada gostosa de se ouvir. Isso tirou um sorriso de seu rosto, o primeiro em dias e isso a fez se sentir um pouco melhor, apesar de tudo. Tirou um sorriso de Raven também, pois ela achou extremamente adorável o fato de Octavia ter gargalhado junto com a criança.

Anna estreitou os olhos enquanto parecia pensar na resposta para a pergunta de Josephine e isso fez todos pensarem no quão lerda poderia ser a espanhola, pois era perceptível o fato de ela não saber o nome da criança de quem estava cuidando.

– Bem, eu não lembro. Acho que começa com "J"? – Ela mais pareceu fazer uma pergunta ao invés de responder com propriedade e os outros apenas negaram com a cabeça.

– Pode ser Jean? – Tentou Raven que viu a espanhola pensar um pouco para logo negar com a cabeça, tendo a certeza de que aquele não era o nome.

– John? – Disse Lincoln que estava analisando Anna ficar envergonhada por não saber o nome daquela pequena criança em seus braços.

– Jonathan da nova geração? – Anya falou  e não entendeu os olhares estranhos que seus amigos lhe enviaram. – Que foi?

– Vamos chamá-lo de "peixinho", ok? – Pediu a jovem que só queria que eles parassem de falar nomes que ela tinha a certeza de que não eram os do menino que estava sorrindo para Octavia.

– Mas ele está vestido de Nemo, então devíamos chamá-lo de "Nemo". – Falou Octavia que analisava a fantasia que ele usava, já Lexa apenas tentava entender o motivo de um bebê estar usando fantasia de peixe. Então, ela chegou à conclusão de que as mães dele não deveriam bater muito bem.

– Nem todo peixe palhaço se chama "Nemo". O pai dele também era um peixe palhaço, mas nem por isso ele se chamava "Nemo". – Disse Anna que não entendia a fixação que as pessoas tinham por aquele peixe. Anya, que estava lambendo os dedos sujos de pasta de amendoim, teve de concordar com o ponto de vista de sua irmã mais nova. – A Anya concorda comigo.

– Claro que concorda, ela é burra. – Pontuou Finn que viu Anna negar com a cabeça e Anya o olhar de uma forma estranha.

– Olha só, eu vou fazer uma pergunta, mas você só pode responder com "sim" ou "não". – Falou a espanhola com um tom de voz meio bravo.

– Ok. – Finn disse apenas, não se importando se havia ofendido a estudante.

– Por que você me chama de burra toda hora? – Todos estreitaram os olhos na direção de Anya que não pareceu ter se importado muito para aquilo. Ela apenas queria ouvir a resposta do menino.

– Sim. – Finn respondeu depois de pensar um pouco. A espanhola apenas assentiu de uma forma desconfiada e os outros negaram com as cabeças.

– Por que você está sendo babá? Ontem você estava trabalhando em um restaurante, não era? – Perguntou Lexa que só queria mudar de assunto e deixar Anya e Finn com suas loucuras para eles mesmos.

– Estava... mas não deu muito certo. – Disse ela com um sorriso constrangido no seu rosto ao se lembrar do que a fez ser demitida.



Flashback on.



Anna estava trabalhando em um restaurante italiano que ficava um pouco longe de seu apartamento. Aquele havia sido o único lugar onde ela havia encontrado vaga para emprego e o único lugar onde ela podia xingar os clientes em espanhol, visto que ninguém iria lhe compreender. Ela queria que o restaurante mexicano onde trabalhou na noite anterior também fosse assim.

A garota parou de pensar nisso quando um som de mensagem saiu do computador no qual estava trabalhando. Ela abriu a conversa que havia começado e resolveu atender mais um dos clientes daquele restaurante.

"Boa noite! Peguei esse número na internet. Esse é o número do restaurante italiano?"

Anna leu a mensagem e pensou que tinha mais informações do que ela se importava, mas resolveu ser cordial e respeitosa em sua resposta.

"Boa noite. Sim. O que deseja?"

Perguntou ela que ficou esperando por uma resposta vinda do outro lado. Ela ficou observando suas unhas e pensou se seria uma ideia ruim se pegasse a lixa de unha em sua bolsa.

"Que tipo de comida vocês vendem aí?"

Anna teve que revirar os olhos lentamente depois de ler aquela mensagem estupida. Ela pensou em como as pessoas podiam ser idiotas às vezes. A espanhola até tentou formular uma resposta educada, mas nada conseguiu passar por sua cabeça.

"Comida indiana."

"Nossa. Para que toda essa ignorância?"

A espanhola revirou os olhos mais uma vez e olhou ao redor para checar se tinha alguém lhe observando, já que ela tinha noção de que não podia ser rude com os clientes, até mesmo com os daquele tipo.

"Mil perdões. Enfim, o que deseja?"

Sua pergunta soou um pouco mais educada, por mais que ela quisesse dizer mais alguma ignorância para aquele ser com quem estava trocando mensagens.

"Eu só desejo saber se aí vendem outros tipos de comidas."

Anna bufou e espalmou a mão na mesa onde estava o computador. Ela não acreditava que realmente existiam pessoas como aquele ser.

"Sim. O restaurante só é descrito como "italiano" de brincadeira. Imbecil."

E depois daquilo a espanhola não ficou nem uma hora a mais trabalhando naquele lugar.



Flashback off.



Todos gargalharam com a explicação dela, até mesmo o bebê, que não entendia nada, estava rindo e isso a fez sorrir também, já que ela o achou o ser mais adorável que já havia visto em toda sua vida. A garota beijou a ponta do nariz dele e viu o mesmo dar um gritinho animado.

– Ai, peixinho, por que você é tão adorável? – Ela perguntou com uma voz mais infantil e o bebê apenas bateu palminhas.

– Quem é adorável? – Perguntou Alicia que havia acabado de entrar na sala de estar e viu seus amigos por ali, mas isso não pareceu lhe fazer sorrir. Lexa, que estava ao seu lado, não entendeu o comportamento de sua irmã. Ela começou a ficar um pouco preocupada com ela, visto que, ultimamente, todos ali estavam tendo muitos problemas.

– Você que não é, burucutu. – Respondeu Finn fazendo Anya e Lincoln gargalharem, já os outros apenas ignoraram.

– Esse rapazinho aqui é adorável. – Indicou Octavia que apontou para o menino e depois lançou um sorriso para ele que também sorriu. Ele, com toda a certeza, era uma criança muito feliz e animada.

Lexa ficou em silêncio apenas observando sua gêmea que foi até Anna e o bebê, assim dando um beijinho na testa do menino que tentou falar algo que não era possível a compreensão por ninguém. Lexa estava começando a ficar ainda mais preocupada com sua irmã, visto que a mesma estava muito para baixo desde que Troy e ela deram um tempo. A morena não sabia o motivo de ela ter ficado tão sentida, sendo que nunca o amou, mas mesmo assim queria ajudá-la de alguma forma, pois odiava ver as pessoas que amava tão tristes.

Anna percebeu isso e olhou para sua melhor amiga, assim ambas conversaram por olhares e a preocupação das duas por Alicia era quase palpável. Elas sabiam que precisavam ajudar a Woods de alguma forma, só não sabiam como e não sabiam se teriam tempo para pensar nisso, pois Lexa estava estudando uma forma de entrar em contato com Clarke e Anna estava muito ocupada cuidando do peixinho.

– E de onde você saiu, pequeno rapaz? – Perguntou Alicia que tirou a criança dos braços da espanhola e o pôs nos seus. Ele colocou as mãos nos ombros dela enquanto observava os olhos verdes da mesma, isso fez Alicia sorrir e admirar os lindos olhos escuros dele.

Já Anna notou aquela cena ao seu lado e começou a pensar no que devia fazer para ajudar Alicia. Ela tinha que ajudá-la, não importava se estava cuidando de um bebê ou não. Ela tinha noção de que aquela ideia que surgiu em sua mente parecia bastante estupida, mas ela já havia aceitado que não tinha mais uma possibilidade para ela e Alicia ficarem juntas, e, além do mais, elas eram melhores amigas e algo como aquilo é o que amigas fazem. Anna só queria voltar a ver sua amada sorrir, por mais que fosse um sorriso direcionado a outra pessoa que não fosse si mesma.

Ela pegou seu celular, assim entrando em seu aplicativo de mensagens e mandou a seguinte mensagem para alguém em específico: "preciso de você."

"Talvez nós devêssemos nos encontrar, mas não ser."



(...)



"Nós caímos para aprendermos a nos levantar. – Batman."

Kane entrou na cozinha e pôde ver Abby cozinhando algo ao fogão, mas ela não parecia atenta ao que estava fazendo. Por essa razão, ele continuou ali parado observando o que ela fazia, até que, por um enorme acidente e extremo descuido, ela deixou a panela cair espalhando tudo pelo chão do local e sujando o que ela já havia limpado anteriormente.

– Que droga! – Ela quase gritou de tanta raiva, mas sua cabeça doía o suficiente para evitar com que ela acabasse gritando. A mulher sequer se abaixou para limpar o chão, ela apenas começou a chorar e isso partiu o coração do homem que lhe observava. Era perceptível o quão ferida ela estava.

Ela pôs as mãos na frente do rosto, dessa forma não conseguiu perceber quando seu melhor amigo se aproximou e tocou em seus ombros. Abby quase se assustou com a presença e toque, mas Kane tirou as mãos do rosto dela para poder enxergar aqueles olhos que tanto gostava.

– Ei, está tudo bem. – Afirmou ele enquanto descia e subia suas mãos pelos braços dela, em uma forma de relaxá-la e demonstrando um pouco do enorme carinho que nutria por ela. – Sente-se um pouco. – Pediu Kane que a guiou até uma das cadeiras e se agachou na frente dela, sem parecer se importar com o fato de ter comida espalhada pelo chão.

– Eu não sei mais o que fazer, Marcus. – Disse ela entre lágrimas. Abby só queria se deitar em sua cama e passar o resto da vida chorando. Isso parecia mais fácil do que tentar se comunicar com Clarke, já que ela não parecia se importar com sua mãe biológica e Abby ao menos conseguia julgá-la por isso.

Kane secou, cuidadosamente, as lágrimas que desciam livres pelas bochechas da mulher e se atentou aos olhos dela que estavam tristes, assim como todas as suas expressões e fisionomia. Ele estava tão preocupado com a mulher que amava e se sentia inútil ao pensar que não podia fazer nada para lhe ajudar a voltar aos trilhos da vida. Ele faria qualquer coisa só para que ela pudesse sorrir novamente.

– Eu sei que esse momento é um dos mais difíceis da sua vida, Abby. – Começou ele que viu os olhos escuros dela se prenderem as próprias mãos que estavam brincando com o tecido de seu avental. Ele beijou as mãos dela e ofereceu um sorriso acolhedor para a mesma. – Sei que às vezes dá vontade de desistir de tudo e se afundar na tristeza, mas essa é a única coisa que você não pode fazer. – Abby levantou seu olhar unicamente para seu amigo e viu um brilho que só via nele; um brilho que ela, particularmente, amava. – Você está sofrendo, mas precisa parar de pensar nisso, se levantar dessa cadeira e lutar pela sua felicidade. Pela felicidade da Clarke também. Vocês duas merecem isso, então faça isso por vocês. – Mais uma lágrima desceu pela bochecha dela e ele fez questão de secá-la, também. – Eu não sei qual é a história de vocês, mas, a única coisa que eu tenho certeza, é que você não pode desistir assim tão fácil. – Kane beijou a testa de sua amada e sorriu para ela. – Você precisa parar de se lamentar e de se arrepender, precisa se levantar e ir a luta.

Abby, sem conseguir se segurar mais, se jogou em seu amigo, o prendendo em um abraço que ela necessitava. Kane não recuou, na verdade, ele a abraçou com ainda mais força e fechou seus olhos para poder curtir aquele contato que era tão escasso para si.

– Obrigada, Marcus. – Ela sussurrou baixinho e beijou o ombro de seu melhor amigo. Então, ficou pensando nas palavras que ele havia acabado de lhe dizer e não ousou soltá-lo em instante algum.

"Arrependimento não é quando você chora. É quando você muda."



(...)



Lexa estava mesmo corretamente certa sobre seus pensamentos a respeito da volta de Costia e isso fez a morena de olhos escuros pensar no quão bem Lexa a conhecia, já que havia lhe desvendado com tamanha facilidade e em tão pouco tempo. Mas, por sorte sua, sempre havia uma carta em sua manga e era isso que ela usaria.

Desde que a Woods saiu de sua casa, na Itália, e voltou para Polis, Costia mandou uma pessoa de confiança para que vigiasse a ela e a todas as pessoas ao redor dela. Então, a mulher tinha dossiês em mãos sobre todas as pessoas com quem Lexa mantinha contato, até mesmo Jake.

Ela sabia sobre os relacionamentos amorosos de cada uma das amigas de Lexa. Tinham coisas que ela não compreendia exatamente, já que aquele pessoal não era normal, mas ela e sua pessoa de confiança estavam tentando entender tudo com perfeição; como a razão de Finn afastar Becca de Anya, sendo que ele é gay. Ela queria entender as motivações do rapaz.

Costia deu um gole em seu vinho e continuou a ler todas as informações que tinha em mãos. Ela tinha um certo vício em beber vinho e não passava um dia sem beber, pelo menos, uma taça. Isso a fazia pensar melhor.

A jovem estava lendo sobre Clarke e achou que ela era bem mais interessante do que o esperado; ainda mais naquele momento em que a vida da menina deu a maior reviravolta possível. Com isso, Costia começou a pensar no que iria fazer para afastar Clarke Griffin de Alexandria Woods.

– Você vai ser minha, Alex. – Murmurou ela para si mesma enquanto sorria de uma forma maléfica, um hábito que tinha. Ela queria Lexa para si e faria o possível para ter novamente, já que sempre fora apaixonada pela morena de olhos verdes e iria aproveitar para infernizar a vida de todos que entrassem em seu caminho, assim como o habitual em sua vida.



(...)



"No amor, primeira engana a si mesmo. E depois aos outros."

– Ok, a Luna está me esperando na cozinha. – Anna informou para Octavia, Lincoln, Anya e Finn que eram os únicos que estavam na sala de estar da fazenda. A mensagem que ela havia mandado tinha sido para Luna e a garota veio assim que viu o chamado de sua amiga. – Eu preciso falar com ela, então vocês ficam responsáveis pelo peixinho. Se essa criança sumir, se cortar ou machucar um dedinho que seja, eu juro que mato vocês porque a mãe assustadora dele vai me matar. Então, antes de morrer, eu mato todos vocês.

– Por que você não fica com a criança? – Perguntou Lincoln que não queria ficar de babá e não queria sofrer pelas consequências se caso algo acontecesse com aquele pequeno menino. Ele tinha a estranha sensação de que algo nada bom iria sair dali.

– Octavia, você adora crianças, então tenha senso e não o perca nem por nada nesse mundo. – Anna ignorou Lincoln, que revirou os olhos com isso, e deu sua atenção apenas para Octavia que estava sentada no chão e brincando com peixinho que estava em um colchãozinho, se divertindo com os próprios brinquedos.

– Sim, senhora capitã. – A Blake assentiu e deu um beijo na bochecha da criança que deu um gritinho, assim mostrando seu sorriso quase banguela. Anna sorriu com aquilo e se virou para ir até a cozinha.

– Vamos ir em uma montanha russa com ele? – Finn deu a proposta e viu Lincoln negar com a cabeça, enquanto Anya parecia concordar. Já Anna se virou em sua direção com um olhar mortal. – Por mil Ricky Martins, não posso nem mais fazer um comentário.

– Seu eu voltar e essa criança não estiver aqui... – Anna não terminou sua ameaça, pois Anya tirou a colher com pasta de amendoim da boca para poder falar algo.

– Vai tranquila, hermana. O pez pequeño vai estar aqui quando você voltar. – Garantiu a espanhola que viu sua irmã mais nova bufar e caminhar para fora da sala de estar, não sem antes olhar uma última vez para o peixinho.

Anna estava andando pelo corredor para poder chegar até a cozinha da casa, onde Luna lhe esperava para uma conversa que ela sequer sabia sobre o que se tratava. A alemã só foi até lá porque sentia falta de sua amiga e gostava de olhar para ela, gostava da presença da espanhola.

– Ai, que bom que eu te encontrei! – Exclamou Josephine que vinha na direção de Anna e a segurou pelos braços. A morena apenas arqueou uma sobrancelha enquanto esperava sua amiga dizer o motivo de ter sido bom encontrá-la. – A Alicia é minha amiga, certo? – Anna assentiu em resposta. – Então, ela deveria compartilhar os problemas comigo, certo? – Ela pensou um pouco e assentiu novamente. – Mas ela não quer fazer isso. Não quer dizer o motivo para estar tão triste. Então, você como amor e melhor amiga dela, é obrigada a arrancar essa informação dela e depois me contar tudo porque estou curiosa. – Josephine ao menos deixou Anna se expressar, ela apenas começou a caminhar na direção da sala de estar. – Ela está no quarto. – Informou ela antes de sumir.

Josephine estava agindo de uma forma muito aérea desde que os problemas em sua familiar começaram a se intensificar.

A espanhola respirou fundo e olhou para a porta do quarto de sua amada. A mesma estava fechada e isso a fez pensar se deveria mesmo entrar ali. Ela tinha medo de estar sozinha com Alicia e ela se arrepender de ter lhe dado uma segunda chance. Porém, com medo ou não, ela tinha a obrigação de sempre cuidar da Woods por quem era perdidamente apaixonada.

– LUNA, EU VOU FAZER UMA COISA, MAS JÁ ESTOU INDO. – Ela gritou para que a alemã pudesse ouvir de onde estava. Em resposta ela ouviu um "ok" bem alto e isso a fez andar na direção do quarto de sua amada. Ela respirou fundo e bateu de leve na porta, mas não esperou uma resposta, pois sabia que não receberia nenhuma, apenas entrou e encontrou Alicia deitada na cama em posição fetal. – Ei, Ali.

A menina levantou os olhos para poder enxergar a hispânica com perfeição e viu que ela parecia preocupada, coisa que a deixou ainda mais chateada, já que ela sabia a razão para ela estar com aquela expressão dominando todo seu rosto.

Alicia já não sabia mais o que devia fazer. Ela estava mais do que satisfeita em ter voltado a ser amiga de Anna, mas, com essa decisão, ela havia perdido seu namorado. Pelo visto ela só conseguia manter um deles em sua vida e isso lhe deixava triste, confusa, e sem saber o que devia fazer para resolver tudo.

Ela jamais voltaria atrás com sua decisão de ter dado uma segunda chance para a espanhola, visto que isso estava fazendo bem para ambas, especialmente para Anna, e ela também sentia falta da presença de sua melhor amiga. Só que agora, por conta de seu voto de confiança, ela havia perdido Troy e sentia mais falta dele do que poderia imaginar. Nem ela mesma sabia que ele era tão importante para si. Ele sempre a ajudava a deixar os sentimentos pela espanhola de lado.

Alicia assistiu a Anna se sentar na beirada de sua cama e se sentou também, em uma tentativa de demonstrar que estava bem, mesmo não estando e a outra garota sabia muito bem disso, já que a conhecia como ninguém.

– Voltamos a ser melhores amigas como antes, não é? – A Molina perguntou, mesmo sabendo que nada voltaria a ser como antes, e viu a morena assentir, mas demonstrando um pouco de confusão em seu semblante. Anna segurou uma das mãos de Alicia, tentando passar um pouco de confiança para ela e sorriu para a garota que lhe enviou um de seus sorrisos tortos. – Então por que você não está sendo sincera comigo? – A Woods juntou suas sobrancelhas, mostrando que não havia compreendido. – Você está sofrendo, Ali, e não conversa mais comigo sobre isso. 

Alicia fechou seus olhos e apertou um pouco mais forte a mão da espanhola que ainda lhe segurava. Ela sentiu Anna se aproximar e se sentar ao seu lado na cama, assim passando um braço por seus ombros e puxando sua cabeça para ficar encostada com a dela própria. Alicia sentiu um extremo conforto naquele abraço e se lembrou de uma das razões que a faziam sentir tanta falta daquela jovem.

– Antes de darmos um tempo, o Troy perguntou se eu o amava. – Alicia falou depois de algum longo tempo em silêncio. Anna fechou seus olhos ao ouvir o peso daquela declaração e não soube o que dizer por algum instante. Ela pensou em soltar Alicia, pois não queria que ela notasse o nervoso que estava sentindo, mas decidiu apenas acariciar o braço dela, já que era disso que a menina precisava.

– E o que você disse? – A hispânica perguntou, mesmo que estivesse com completo receio da resposta que pudesse vir da boca de sua amada. Ela tinha medo de que o coração de Alicia pertencesse a Troy, pois, mesmo que nunca admitisse, ela ainda esperava que elas se amasse, mesmo que fosse secretamente. Ela queria Alicia, mesmo sabendo que não deveria mais esperar por isso.

– Eu não consegui responder, até porque eu nem sabia o que dizer naquele momento. – Um sorriso doloroso apareceu nos lábios carnudos de Alicia e isso não passou despercebido pela espanhola que não sabia o que iria dizer. Estava sendo bem difícil tentar fazer a coisa certa na sua posição de amiga e Alicia sabia disso, por essa razão ela apreciava o que Anna estava tentando fazer.

– E agora você sabe? Digo, se ele te perguntasse nesse instante, você saberia o que responder? – A espanhola engoliu em seco e se preparou mentalmente para a resposta que iria acabar com o pouco de sanidade que ainda tinha. Ela ficou passando as pontas de seus dedos pelo braço de Alicia, em uma tentativa de mantê-la tranquila, assim como a si própria.

A Woods soltou o ar que ao menos tinha consciência de que estava segurando e pensou bem naquela pergunta, embora já tenha pensando nela milhares de vezes desde que se separou de Troy. Ela já sabia a resposta que queria dar, mas tinha medo de também perder sua melhor amiga por conta de suas emoções confusas.

– Eu o amo. – Disse ela com um pouco de dificuldade e medo de ferir a outra garota. Anna começou a olhar para todos os cantos daquele quarto, em uma tentativa de fazer com que seus olhos não marejassem. Um aperto foi sentido em seu coração e ela preferia que fosse um ataque cardíaco, ao invés daquela dor que estava sentindo; uma dor que já se fazia presente há tanto tempo, mas que nunca iria se tornar algo natural, ou, muito menos, bom. – Eu sei que não entendo exatamente o que é esse tipo de amor, já que a única pessoa que eu amei foi você... e sabemos como terminou. – Alicia continuou a falar e Anna estava sentindo que ia desmaiar de tanto desgosto. Seus dedos pararam de acariciar o braço de Alicia e seus olhos ficaram fixos no lençol que cobria a cama. Ela teve vontade de perguntar se o amor entre elas havia acabado, mas não conseguia ser tão ruim assim. – Também sei que só comecei a namorar com ele porque queria te esquecer, mas, mesmo assim, ele me fez sentir tão bem. Como se eu valesse a pena.

– Você vale a pena, Ali. – Afirmou a espanhola que se sentiu enojada consigo mesma por ter feito sua amada se sentir como um nada por tanto tempo. Desde o início, ela lutou para que seu amor por Alicia não crescesse, pois não queria magoá-la, mas acabou fazendo isso de qualquer forma.

– Eu sei disso agora. – Respondeu a morena em um quase murmúrio sofrido.

Anna balançou sua cabeça, como se tentasse dissipar tudo o que estava sentindo e se esforçou ao máximo para não derramar lágrima alguma, por conta de não querer parecer fraca. Então, ela se soltou de Alicia com cuidado e viu a mesma lhe olhar de uma forma confusa. A  Molina se levantou e pôs as mãos em sua própria cintura.

– Bem, eu te amo demais, Alicia Woods e vou pensar em algo para fazer você se sentir melhor, porque é isso que amigas fazem. – Uma lágrima escorreu pela bochecha rosada de Alicia e ela não soube o que dizer naquele momento, principalmente diante de uma declaração como aquela. Anna olhou para um canto do cômodo, até que se permitiu olhar novamente para sua amada e viu como estava ela, por isso, apoiou um joelho na cama e segurou o queixo dela. – Somos amigas, certo? E eu vou estar aqui por você para sempre e nunca, nunca mais, vou te perder de vista e vou fazer você feliz, não me importa o que isso signifique.

Anna olhou para os lábios, mas beijou a testa de Alicia e olhou nos olhos verdes da mesma, assim notando que ela iria cair no choro em qualquer instante. Ela sorriu para a jovem e saiu do quarto, antes que acabasse se arrependendo e dando um beijo nela, então foi para a cozinha, onde Luna estava sentada em uma das cadeiras da mesa, a sua espera.

– Nossa, minhas pernas já estavam criando raizes de tanto que eu esperei. – Reclamou Luna assim que percebeu a presença da outra jovem. – Für die Liebe Gottes. – Disse em um murmúrio em sua língua natal.

– É um prazer te ver também, Luna. – Falou Anna com uma certa ironia em seu tom de voz e um pouco confusa com o murmúrio, visto que não entendia alemão e entendeu como os outros se sentiam quando ela falava em espanhol. Isso a fez chegar à conclusão de que teria de falar mais em espanhol para poder implicar com seus amigos.

– Então, para que precisa de mim? – Luna perguntou, agora um pouco mais calma e com seu habitual tom de voz baixo, também rouco.

– Preciso de ajuda para reconciliar a Alicia e o Troy. – A Molina explicou com extrema simplicidade enquanto a alemã a olhava como se ela fosse algum tipo de idiota, coisa que a deixou confusa e, até mesmo, envergonhada.

– Você é idiota ou se finge? – Anna ainda não compreendia como conseguia se surpreender com aquelas coisas que Luna falava. Já Luna ao menos se importava se estava sendo rude ou qualquer coisa do tipo. – Ela está solteira agora e você tem, literalmente, ela na palma da sua mão e você ainda pretende fazer com que ela volte com o príncipe encantado? – Anna assentiu e Luna se perguntou o motivo de sua amiga ter perdido a cabeça daquela forma. – Quem te ensinou isso?

– Você. – A espanhola respondeu e viu a alemã estreitar os olhos em sua direção. – Quando você e eu nos afastamos e eu queria a Alicia de volta, foi você quem saiu do caminho e me deu apoio. E agora é você quem está aqui para me ajudar.

– É sério que você só aprendeu isso comigo? Nossa, que tipo de amiga eu sou? – Luna parecia incrédula com as falas de Anna, e ela realmente estava.

– Lu, isso não vem ao caso. O importante aqui é que eu quero fazê-la feliz, mesmo que isso signifique que ela tenha que ficar com ele. – A explicação de Anna deixou até mesmo a alemã chateada. Mesmo que ainda sentisse algo por ela, também queria que ela fosse feliz, mesmo que fosse com outra pessoa.

– Ai, ok. – A espanhola sorriu de canto e viu sua amiga se aproximar um pouco, com uma das mãos estendida. – Me dê seu celular. – Pediu ela que logo ganhou o aparelho. – Vamos ligar para o troiano e dizer que Alicia está morrendo. – Anna olhou para Luna de uma forma estranha, mas isso não pareceu a incomodar. – Não é estranho você ter o número dele?

– Liga logo. – Pediu ela querendo mudar de assunto e Luna sorriu de uma forma brincalhona. Anna viu o celular começar a chamar e se preparou para o que teria de dizer.

"Penso que não a nada mais artístico do que amar verdadeiramente as pessoas. – Com amor, Van Gogh."



(...)



– Acho que ele fez xixi. – Alertou Octavia que estava com o bebê no colo. Ela o afastou um pouco de si e o ficou segurando em uma distância segura, enquanto ele apenas a olhava e sorria de uma forma adorável.

– Bem que ele podia estar sem frauda. – Finn desejou em voz alta e viu a garota de olhos claros o mandar um olhar estranho, coisa que ele fez questão de ignorar e voltou a observar suas unhas que estava ajeitando.

Já Lincoln e Anya estavam jogando algum jogo em dupla em seus celulares, não parecendo se importar com o que acontecia ao redor deles. Finn olhou para eles e se perguntou o motivo de não terem lhe convidado para jogar também. Ele pensou que talvez fosse porquê, na última vez que jogaram, ele fez com que acabassem perdendo as partidas e xingar a todos.

– Alguém pode me ajudar com essa criança? Eu não sei o que fazer. – Pediu Octavia quando notou que ninguém se importou com sua fala inicial. Ela os viu bufar e se levantarem, logo se aproximando de si e do peixinho. – O que eu tenho que fazer?

– Precisa trocar a frauda, amore. – Indicou Lincoln que se perguntou como ela não sabia o mais básico para se cuidar de uma criança daquele tamanho.

– Mas eu não sei fazer isso, não. – Explicou ela que ficou com uma expressão facial apavorada. Ela estava com medo de fazer algo errado e as mães daquela criança lhe assassinarem, assim como Anna disse que fariam. – Anya, você tem irmãos mais novos. Então, você sabe o que fazer, né?

– Eu não fazia essas coisas não. Minha hermana fazia, já eu só ensinava piadas. – Disse ela que estava sentindo o maior orgulho de si mesma, os outros apenas negaram com as cabeças pensando no motivo da espanhola ser estranha daquele jeito.

– E o que eu tenho que fazer? MEU ZEUS! – Octavia gritou de tanto pavor, já o peixinho lhe acompanhou com um gritinho animado e não entendendo nada do que estava acontecendo ao seu redor.

– Deita o bebê na mesa, catreva dos infernos. – Mandou Finn que estava perdendo a paciência com as pessoas que, por algum motivo, ele chamava de amigos.

A Blake deitou o peixinho na mesa de centro que havia na sala de estar e ele ficou olhando para os quatro adultos que o ficaram observando como se ele fosse algum alienígena.

– E agora o que fazemos com o pez pequeño? – Dessa vez Anya perguntou e ganhou apenas um revirar de olhos vindo de Finn.

– Tira essa fantasia dele. – Ordenou o rapaz que olhou para seus amigos e viu que os mesmos lhe encaravam de uma forma estranha. – Quê?

– Sabe o quão desconfortável isso é? Tirar a roupa dele para quê? – Perguntou Octavia que não estava compreendendo nada do que se passava ao seu redor.

– Para tirar a frauda, sua imbecil. – Ele quase gritou, quase sem paciência alguma. Em troca, ele apenas recebeu um "ah" em uníssono que o fez revirar os olhos de uma forma entediada.

Octavia se agachou e, com a ajuda de Anya, tirou a fantasia de peixe que o bebê usava, junto com a frauda suja. Com isso feito, ele bateu palmilhas e deu um sorriso enorme para eles, coisa que os fizeram pensar no quão adorável era aquela criança. A Blake e a Molina se levantaram e olharam para Finn, como se ele fosse o ser mais inteligente dentro daquela sala de estar, talvez realmente fosse.

– Precisamos de fraldas limpas. – Lincoln se pronunciou e viu o outro rapaz concordar com um movimento de cabeça. Eles dois e Anya começaram a procurar pela bolsa que Anna havia trazido junto ao bebê, já Octavia apenas ficou parada no lugar e se perguntando como se trocava a fralda de uma criança. Ela precisava aprender, visto que queria ter seus sete filhos futuramente.

– AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH. – A jovem começou a gritar, atraindo a atenção dos outros que gargalharam assim que notaram o que estava se passando. Como o peixinho estava sem frauda, ele acabou fazendo xixi e indo tudo em Octavia que estava na frente dele. – SOCORRO! SOCORRO!

Finn, Lincoln e Anya se apoiaram uns nos outros enquanto gargalhavam para valer do que estava acontecendo com Octavia. Já ela apenas saiu correndo na direção deles e desencadeando uma discussão. O bebê apenas ficou lá deitado esperando que algo acontecesse, visto que ele não entendia bem o que se passava.



(...)



"Às vezes a vida é assustadora e escura. É por isso que temos de encontrar a luz. – BMO, Hora de Aventura."

Monty, Jasper e Lexa estavam no celeiro tirando leite das vacas que estavam por ali. Todos pareciam concentrados em seus devidos trabalhos, exceto por Lexa que não conseguia parar de pensar em Clarke em momento algum. Ela mais pensava do que trabalhava e sabia que isso não era uma coisa boa. Mas ela simplesmente não conseguia se concentrar em mais nada que não fosse sobre a mulher com um belo par de olhos azuis.

Ela não conseguia deixar de pensar na expressão que dominou o rosto da loira quando ela ouviu Abby dizer: "Você não pode tirar ela de perto de mim, Jake. Clarke é minha filha também." Ainda lhe era nítida a forma como os olhos dela ficaram avermelhados para, logo em seguida, ficarem úmidos por lágrimas que não foram derramadas na frente de ninguém; nem mesmo em sua frente. Isso lhe deixou um pouco chateada, porque queria ter estado junto quando ela desabasse, assim poderia lhe dar abrigo, como sempre quis ter dado.

Aquela dor no semblante de Clarke fez com que Lexa divagasse sobre várias coisas que estavam acontecendo ao seu redor; coisas que ela mesma precisava ajudar a resolver e não podia mais adiar as coisas, não podia mais ter medo das consequências que iriam vir com suas decisões. Deveria parar de ter medo de tudo e apenas ajudar as pessoas que amava, antes que acabasse sendo tarde demais. Antes que tivesse que ver mais expressões como a de Clarke.

Lexa precisava ajudar Aden. Precisava resolver o que fazer quanto ao assunto de seu irmão mais novo. Ela não podia mais deixá-lo com Nia nem por um segundo que fosse, pois ela ficava aflita a todo o momento em que não tinha notícias do menino e tinha medo de que algo de ruim acabasse acontecendo com ele. E se acontecesse, seria o fim. Ela precisava, de uma vez por todas, enfrentar sua mãe e o passado que seria trazido para seu presente, com consequências sobre seu futuro. Precisava encarar seus demônios. Porém, o mais importante naquele instante, era Clarke. Ela era sua maior prioridade. Teria que deixar tudo de lado por ela.

Ela precisava cuidar da loira, pois não conseguia ficar bem sabendo que ela estava tão mal, tão destruída. Lexa não sabia, até aquele momento, que se importava tanto com a jovem. Ela já tinha alguma noção, porém não sabia que era naquela magnitude. Esses pensamentos sobre a Griffin a fizeram pensar em uma coisa que Kane havia lhe dito há algum tempo atrás.

"Por que você, dessa vez, não tenta agir com a Clarke de uma forma cuidadosa? Carinhosa, para ser mais sincero? Mostre para ela que você está aqui por ela para todos os momentos. Para qualquer coisa que seja. Mostre que se importa. Mostre que a ama, Lexa." 

A morena se lembrou de como discutiu com Kane, e consigo mesma, depois dele dizer aquelas coisas, se lembrava de como seus pensamentos ficaram ainda mais confusos e intensos. Mas agora ela tinha que admitir que o homem tinha razão; ela precisava mostrar para Clarke que estava ali por ela, não importava o que estivesse acontecendo e ela faria isso, pois se importava demais com a garota e não queria mais perdê-la, não depois de ter aprendido tanto sobre ela e, consequentemente, sobre si mesma.

Lexa também queria que Clarke tivesse uma vida que lhe trouxesse orgulho, que valesse a pena. Ela também queria que sua própria vida trouxesse orgulho, pois já estava cansada de viver uma vida pela metade, com alegria e amor pela metade. Isso não era justo e ela iria lutar para que tivesse tudo por completo. Esse desejo incluía Clarke, sempre incluiria. Ela a amava, inconscientemente ou não.

A Woods se levantou do banquinho onde estava sentada e se preparou para ir falar com Clarke. Isso era a coisa mais necessária naquele momento e ela não passaria mais nenhum instante sem o fazer.

– Ei. – Raven, que havia acabado de entrar no celeiro, cumprimentou a garota que estava para sair e precisava ser o quanto antes.

– Ei, Rae. – Ela cumprimentou de volta e passou as mãos em sua calça, em uma tentativa de limpá-las, enquanto parecia meia avoada. – Precisa de algo? – Ela perguntou, pois estranhou o fato de sua amiga estar no celeiro ao invés de estar dentro da casa com os outros.

– Sim, Lexa. Eu preciso de algo. Como eu vou fofocar sendo que você dá espaço pessoal para a Clarke? – A morena estreitou os olhos para Raven que não pareceu se importar muito, ela só queria saber a história que Abby tinha para contar, já que envolvia a vida de sua melhor amiga e ela estava extremamente preocupada com a loira, mais do que sempre esteve.

– Eu vou apenas ignorar. – Disse Lexa que negou com a cabeça e saiu do celeiro, logo se apressando para entrar em sua casa e ir até o quarto de sua amada, mas foi impedida por algo que estava acontecendo em sua sala de estar.

Ela ficou olhando Finn, Anya, Lincoln e Octavia, que estava toda molhada por alguma razão desconhecida por si, brigarem de uma forma infantil e falando, ou melhor, gritando, ao mesmo tempo, coisa que a fez se perguntar como eles poderiam estar entendendo uns aos outros. Eles faziam gestos e gritavam de uma forma estranha.

– É uma pena que só se possa ingerir veneno em grande quantidade uma vez na vida. – Ela ouviu Finn gritar mais alto que todos e apenas negou com a cabeça, enquanto uma expressão confusa dominava seu rosto. Ela não havia entendido nada e achou que fosse melhor continuar sem entender.

Até que seus olhos pararam no peixinho que estava deitado em cima de sua mesa de centro. A morena negou com a cabeça novamente, se sentindo brava por eles terem deixando o menino nu e desprotegido ali sozinho. Ela pegou a bolsa dele que estava atrás de uma das poltronas e pôs uma fralda limpa nele, não sem antes o limpar devidamente. Então, o vestiu novamente com a fantasia. Enquanto se perguntava o motivo de seus amigos terem largado um bebê daquela forma.

– Agora você está lindo e cheiroso novamente. – Lexa falou para o bebê que, em resposta, bateu palminhas animadas. Ela sorriu com isso e se levantou com ele em seu colo. A Woods plantou um beijo na bochecha dele e se perguntou o que faria com ele, visto que precisava ir falar com Clarke e não sabia se seria uma boa ideia levá-lo junto. Até que ela olhou para seus quatro amigos brigando e achou que o mais responsável era ficar com ele. – Bem, hoje você vai conhecer a Minha Pequena, mas só eu posso chamá-la assim. Para você pode ser Tia Clarke.

Ele murmurou algo na língua dos bebês e Lexa apenas assentiu, como se ele tivesse dito algo com a maior seriedade do mundo. A verdade, era que a Woods estava adorando o fato de ter uma criança tão pequena por perto. Mesmo não parecendo, ela adorava crianças e sonhava em formar uma família no futuro. Um futuro que ela esperava que fosse próximo.

Eles dois caminharam até o corredor onde a porta trancada do quarto de Clarke se encontrava. Lexa olhou para a criança em seu colo e viu que o mesmo apenas lhe observava, como se esperasse que ela tomasse alguma atitude e ela tomaria, mas ainda estava juntando coragem. Ele apoiou uma mão no ombro da garota, assim atraindo a atenção dela mais uma vez, e encostou sua boca no rosto dela, como se tentasse lhe dar um beijo desajeitado.

– Será que suas mães me deixam te adotar? – Lexa perguntou para ele, pois realmente estava gostando muito da presença daquela criança tão adorável e carinhosa. O peixinho murmurou algo que a fez sorrir. Então, ela respirou fundo para tomar a maior quantidade de coragem possível e bateu levemente na porta do quarto. – Ei, Clarke? – Seu tom de voz saiu de uma forma doce, pois não queria assustar e nem pressionar a loira.

Ela não conseguiu ouvir nada relevante vindo do outro lado daquela madeira que as separava. Nenhum som era feito lá dentro, fazendo com que qualquer um pensasse que o cômodo estava vazio, mas Lexa sabia que ela estava lá dentro porque tinha uma ideia do quanto Clarke ficava silenciosa quando estava em um momento ruim. Para ela era engraçado pensar que, mesmo Clarke sendo uma pessoa tão vaga, ela sabia várias coisas sobre a garota. Coisas que nem mesmo as melhores amigas dela sabiam.

Várias memórias sobre Clarke vieram em sua cabeça. Memórias essas que ela passou meses tentando esquecer, pois não queria gostar da loira como gostava, mas jamais conseguiu fazer tal coisa e, naquele segundo em especial, achou que isso foi bom de alguma forma. Já que, com aquelas lembranças em mente, ela tinha forças e paciência para lutar pela garota de cabelos dourados.

Novamente a memória da última vez que viu Clarke veio parar em sua cabeça e isso a deixou triste, porque a expressão dela era destroçada, como se tivessem roubado tudo dela em questão de segundos. Lexa fechou os olhos e tentou deixar aquilo de lado, pois precisava estar bem para fazer Clarke bem.

– Eu sei que você está passando por um dos piores momentos da sua vida, senão o pior deles, mas quero que você saiba que eu estou aqui por você, Minha Pequena. – Lexa disse de uma forma calma enquanto pedia internamente que a loira entendesse o significado de todas aquelas palavras. – Eu quero tanto ser sua casa agora, Clarke. – Ela não sabia dizer se aquela parte foi feita ouvida e não soube como se sentir a respeito disso.

O peixinho deitou sua cabeça no ombro da morena enquanto a observava com atenção. Ele não entendia o que estava se passando, mas continuava a olhar para Lexa como se pudesse lhe ajudar de alguma forma. Já ela viu a forma como era observada e deu um beijo na testa dele, assim logo encostando sua própria testa na madeira da porta. Ela ao menos sabia o que dizer para a garota do outro lado. Enquanto pensava, ela começou a acariciar as costas da criança em seus braços e ele pareceu ter gostado, já que a olhou com ainda mais atenção.

Clarke, que estava deitada no meio de sua cama, parou de observar uma parede qualquer e se sentou com as pernas cruzadas como de índio, para assim poder olhar a porta que a separava do resto do mundo. Ela, que passou a vida inteira se afastando das pessoas, estava se sentindo completamente sozinha em um cômodo tão pequeno e isso não parecia tão bom como ela achava antes. Por isso, lhe foi estranhamente reconfortante ouvir a voz de sua esposa. Mesmo que já tivesse ouvido há algum tempo mais cedo, naquele momento pareceu mais importante do que antes. Mais necessário para si.

Era estranho para si própria ver como seus sentimentos à respeito de Lexa haviam evoluído ao longo de todo o tempo em que passou ao lado dela e Clarke não sabia como deveria se sentir sobre isso. Ela estava totalmente confusa sobre muitas coisas e isso, com toda a certeza, era uma delas.

A loira se levantou da cama com cuidado e caminhou, à passos lentos e silenciosos,  até perto da porta, onde se sentou no chão frio e se encostou naquela madeira com cuidado. Ela fez isso porque queria ouvir a voz de Lexa com mais atenção e sentí-la mais próxima, mesmo que estivesse longe, de alguma forma.

– Bem, já que você está me ignorando, eu vou apenas sentar aqui e contar sobre as ultimas atualizações do nosso grupo. Eu já sou acostumada a ser ignorada por você mesmo. – Explicou Lexa que revirou os olhos ao notar o que havia saído de sua boca. Ela se sentou no chão, junta a peixinho que continuava deitado em seu ombro, e se encostou na porta. Já Clarke sorriu pela primeira vez em três dias. Fora um sorriso quase imperceptível, mas havia sido um sorriso. E havia sido graças a Lexa. – A Octavia e a Raven continuam na mesma, mas eu tenho certeza que logo a Rae vai perder a paciência e mandar a O namorar com ela. – A Woods começou falando sobre um casal que esperava que ficassem juntos logo e sabia que Clarke também queria, por isso começou falando sobre elas.

A Griffin estreitou seus olhos enquanto pensava se isso iria demorar muito, pois ela não aguentava mais ver suas melhores amigas separadas e tristes. Se pudesse, ela já teria mudado isso há muito tempo, visto que só queria ver suas amigas bem e juntas, como deveria ter sido desde o início. Ela bem sabia que Raven sempre retribuiu os sentimentos de Octavia, mesmo que fosse secretamente.

– O Finn fica dando em cima do Lincoln agora e continua implicando com a Anya sobre a Becca. – Continuou Lexa que viu o bebê em seus braços se aconchegar um pouco mais e levar uma de suas mãos gordinhas para os seus cabelos castanhos, assim começando a brincar com os fios. – Eu realmente não entendo aquele gay. – Divagou ela enquanto se perguntava a razão para ele agir daquela forma quanto a Anya e Becca. – Bem, agora vem uma atualização difícil. – Alertou ela com um tom de voz beirando o constrangido, coisa que a loira não entendeu a razão. – Lembra da Costia? – Clarke havia se esquecido completamente da existência dela e ficou muito irritada consigo mesma por isso. Ela havia deixado sua própria esposa à mercê de uma mulher que claramente a queria; Clarke pôde ver isso nos olhos dela e não gostou nada. A Griffin teve vontade de abrir a porta naquele exato instante apenas para poder bater em Lexa e em Costia, se fosse possível. – Ela... ela está casada com o seu pai.

Clarke arregalou os olhos, de uma forma extremamente exagerada, assim que ouviu a nova notícia e sentiu um frio percorrer por toda sua espinha, enquanto ficava se questionando como aquilo era possível. Seu pai nunca foi de tomar decisões sérias dessa forma e ela não entendia a razão para ele ter feito agora. Sua vida realmente não estava fazendo sentido nesses últimos tempos e ela pensava que nunca mais faria.

– Seu pai parece gostar mesmo dela, mas... – Lexa ia falar que não confiava em Costia, porém preferiu não falar sobre isso naquele momento, já Clarke ficou à espera da finalização para aquela frase que jamais seria completa. – Sei lá. Acho que ele deve ir com calma, não é? Ele só a conhece há um mês, talvez? – A morena não estava nem um pouco preocupada com ele, Jake sequer era sua pessoa favorita no mundo, mas ela sabia que qualquer pessoa entrava em risco quando conhecia Costia. Ela sabia muito bem. – A Josephine está sentindo muito a sua falta. Isso é mais perceptível do que qualquer outra coisa no mundo. – Lexa queria muito falar que ela também estava com muitas saudades da loira e tudo o que ela mais queria era abraçá-la para, assim, poder sentir seu cheiro e seu calor. – Ela quer tanto ver você e te abraçar, sabe? Essas coisas de pessoas que se importam. – Clarke encostou sua cabeça na porta e fechou seus olhos enquanto escutava as palavras de sua esposa. Ela também queria muito ver sua irmã mais nova, mas não sabia se estava preparada para tal. A jovem também queria saber se Lexa estava sentindo sua falta, pois, por alguma razão, ela estava sentindo falta da morena. Lexa ajeitou o corpo do bebê em seus braços e notou que ele estava concentrado brincando com o seu cabelo; ela até que estava gostando da atenção. – A Josephine precisa de você, Clarke. – A Woods deu uma pausa e se concentrou nas próximas palavras que deveriam sair de sua boca. – Eu... eu preciso de você, Minha Pequena.

A Griffin sentiu uma sensação diferente ao ouvir o que sua esposa havia falado. Ela não sabia que simples palavras poderiam ser tão gratificantes de se ouvir. Isso queria dizer que Lexa também gostava dela? Assim como ela gostava da morena? Ela queria que sim, pois estava cansada de estar tão apaixonada e nunca ser correspondida.

Clarke sempre acreditou que Lexa não sentia nada por ela e esse não era um sentimento do qual ela gostasse. Na verdade, era algo horrível de se sentir e a estava deixando cada vez mais cansada.

A Woods ficou encarando o bebê em seus braços enquanto se perguntava se havia dito a coisa certa, visto que a garota dentro do quarto não pareceu se importar muito, já que não abriu a porta. Ela beijou a ponta do nariz do peixinho que apenas sorriu para ela. Ele claramente seria uma criança bem legal de se ter por perto.

Clarke ficou divagando sobre a fala de Lexa e notou como era perceptível a tristeza em seu tom de voz. A loira estava sofrendo muito, mas não pensou que as pessoas ao seu redor também poderia estar passando por uma experiência ruim com o seu problema de família. Então, ela se levantou cuidadosamente do chão e destrancou a porta. 

O semblante de Lexa foi de pura surpresa quando ela se deu conta do som que a chave estava fazendo. Ela se levantou do chão com cuidado para não machucar a criança em seu colo e se preparou para abrir a porta, enquanto Clarke se sentava no centro da cama e com as pernas cruzadas. A Woods olhou uma última vez pra peixinho que lhe observava com seus olhos escuros e, então, entrou no quarto lentamente.

A primeira coisa que seus olhos verdes notaram foram a escuridão em que aquele ambiente se encontrava. Apenas era possível enxergar por conta de uma pequena fresta de luz solar que invadia o ambiente pela janela. Carijó e seus pintinhos estavam em um canto do quarto e não pareciam querer sair de lá. A bandeja com a última refeição levada estava ao lado da cama e estava vazia, pois Clarke comeu tudo e isso alegrou Lexa um pouco. Era bom saber que ela estava conseguindo comer devidamente.

Logo que seus olhos pararam de correr por todo o quarto, eles pararam na figura sentada na cama de um jeito solitário e de partir o coração. Os olhos de Clarke estavam avermelhados, indicando que ela estava chorando em algum determinado momento e isso fez com que a morena ficasse ainda mais preocupada sobre ela.

A loira estava observando todo o quarto, exceto a pessoa que estava ali, pois ainda não tinha reunido muita coragem para olhar para Lexa e mostrar toda a sua vulnerabilidade de uma forma que nunca havia mostrando para ninguém em toda a sua vida. Mas, quando olhou para ela sua esposa, pôde ver que ela não estava sozinha e ficou extremamente curiosa quanto ao bebê que a acompanhava. Assim que notou a expressão de Clarke, Lexa tratou de explicar quem era aquela pequena criança.

– Minha Pequena, esse é o peixinho. – Disse ela enquanto se ajoelhava ao lado da cama que ainda estava quebrada. – Bem, estamos chamando ele desse jeito porque não sabemos o nome dele de verdade. – Clarke estreitou os olhos, indicando que não estava entendendo nada. Já o bebê direcionou seus olhos para ela e ficou a observando. – A Anna está sendo babá agora e ele é a primeira criança que ela está cuidando, mas pelo visto a mãe dele a ameaçou e, com isso, ela sequer ouviu qual é o nome do bebê. – Um mínimo sorriso apareceu no canto dos lábios da loira, pois era engraçado pensar que seus amigos ainda estavam se metendo em confusões e Lexa sorriu assim que notou a nova expressão facial dela.

Clarke ficou olhando para o peixinho que ainda se mantinha atento em si. Ela viu quando eles se segurou nos braços de Lexa para poder ficar de pé. Ambas as garotas sorriram com isso e o viram tentar andar até a Griffin que o segurou pelas mãos, assim fazendo com que a Woods o soltasse. Ele se jogou no colo de Clarke e a abraçou como pôde, assim trazendo um estranho conforto para ela.

A universitária passou suas mãos pelas costas dele e o abraçou enquanto sentia o mesmo passar seus pequenos braços por seu pescoço. A sensação de ter alguém ali para si foi tão boa para Clarke e isso acabou fazendo com que ela abaixasse sua cabeça e começasse a chorar. Ela estava chorando tudo o que estava entalado dentro de sua alma.

A Woods nunca havia visto tanta sinceridade e vulnerabilidade em uma pessoa como havia acabado de ver na jovem. Ela nunca havia visto tanta verdade em alguém e não soube como se sentir à respeito disso, mas sabia que era uma coisa completamente nova pata ambas.

Lexa se sentou na cama ao lado dela e passou seus braços entorno dela, a abraçando e englobando o peixinho junto a ela. Os três ficaram naquele abraço por muito tempo e foi estranhamente reconfortante para elas. O bebê levou uma de suas mãos para os curtos cabelos de Clarke e começou a acariciá-los. Aquele era uma coisa que ele devia gostar de fazer, pensou a morena.

A Woods beijou o ombro de Clarke para logo beijar seus cabelos. Ela notou o peixinho olhar atentamente para elas e isso lhe trouxe uma ideia. Lexa não iria falar com Clarke agora, não queria fazê-la falar sobre seus problemas, pois não queria pressioná-lá. Queria deixar tudo no devido tempo da Griffin e era isso que ela faria.

– Acho que você precisa sair um pouco do seu quarto. Que tal você, o peixinho e eu irmos dar uma volta. Só nós três? – Ofertou ela que notou como Clarke estava gostando de ficar com o bebê. Ela a olhou com seus olhos azuis e pareceu pensar sobre a proposta.

"Estamos todos na sarjeta, mas alguns de nós olham para as estrelas. – Com amor, Van Gogh."



(...)



"As coisas que não importam sempre importam. Mas a gente só sabe disso, quando não as têm mais. – Charles Barkley."

O dia estava particularmente bonito e calmo, algo totalmente diferente do que acontecia na mente de Josephine que estava uma bagunça completa. Mesmo estando sentada no píer que havia no lago da fazenda Woods e deixando seus pés tocarem a água gelada devido ao outono, ela não conseguia se manter distraída, pois seus problemas de família não lhe deixavam em paz. Talvez nunca mais deixassem; ela pensou.

Já se faziam três dias em que ela não falava com seu pai, evitava a nova esposa dele e nem muito menos dormia em sua casa. Ela foi acolhida na mansão Blake, onde as melhores amigas de sua irmã lhe obrigaram a ficar porque queriam cuidar dela, assim como Clarke gostaria que fizessem.

Era legal saber que ela tinha tantas pessoas ali por ela, mesmo quando se sentisse imensamente sozinha. 

Josephine pensou muito sobre sua nova descoberta sobre sua família e, com isso, acabou aprendendo muito mais sobre si mesma e sobre todos que lhe rodeavam. Ela ainda não conseguia entender perfeitamente bem a história que envolvia Abby e sua família, mas sabia que, independente de qualquer coisa, Clarke sempre seria sua irmã e nada no mundo poderia mudar isso.

Clarke era a pessoa que ela mais amava no mundo e isso, também, ninguém poderia mudar. Ninguém era capaz de mudar tudo o que ela sentia pela loira mais velha.

Além do mais, a garota havia aprendido que não tinha apenas uma família. Ela entendeu que havia ali para si uma família que não lhe era conectada por sangue, mas era conectado por uma coisa muito mais forte do que isso; era conectada por amor e, acima disso, por opção.

Ela sabia que, independente, de qualquer coisa, aquela família opcional sempre estaria ali por ela e isso era extremamente gratificante de se pensar, ainda mais para si que jamais pensou que teria uma família, depois de destruir a sua de sangue.

Josephine olhou para o horizonte e sentiu a brisa de ar gelado bater contra seu rosto. Foi bom sentir aquilo, pois lhe deu uma sensação diferente da que estava sentindo há segundos atrás. Com isso, ela começou a pensar em sua falecida mãe. Ela queria tanto ter a chance de vê-la e de perguntar como era possível que ela também não fosse mãe biológica de Clarke.

A garota desviou sua atenção do horizonte quando sentiu alguém se sentar ao seu lado. Ela olhou para a pessoa que estava ali e pôde ver Raven por os pés descalços dentro da água gelada, assim suspirando quando seu corpo sentiu a baixa temperatura. A morena fechou seus olhos enquanto se adaptava ao frio e logo os abriu, assim mantendo sua visão na vista em sua frente, mesmo sabendo que Josephine estivesse lhe observando e esperando que dissesse algo.

– Quando a Octavia foi sequestrada, eu aprendi uma coisa muito valiosa para mim. – A forma como Raven falou mais pareceu com uma divagação e a expressão seu rosto era pensativa enquanto ela fitava tudo o que havia em sua frente. Josephine não lhe questionou, apenas esperou pacientemente que ela falasse em seu devido tempo. – Aprendi que sangue não significa nada. Alguém pode ter o mesmo sangue que corre nas suas veias, mas isso não significa necessariamente que aquela pessoa é sua família. – A morena respirou fundo e sentiu a brisa em seu rosto. – Aprendi que mãe de sangue não é família, em algumas ocasiões. Mas, uma figura materna pode muito bem ser alguém que não tem seu sangue.

A loira olhou para o píer abaixo de si enquanto digeria as palavras de sua amiga, até que olhou para ela e viu que a mesma enviou sua atenção para si. Um sorriso acolhedor surgiu em seus lábios por alguns instantes e isso fez Josy se sentir um pouco melhor.

– O que quer dizer com isso? – A Griffin perguntou, mesmo ja sabendo onde a Reyes queria chegar com seu monólogo. 

– A Clarke pode até ser filha biológica de outra mãe que não seja a sua, mas a sua mãe também é mãe dela, independente de qualquer coisa. Vocês duas são irmãs e nada pode mudar isso. – Josephine sorriu, pois também pensava como a outra garota. Ela se aproximou um pouco mais de Raven e deitou sua cabeça no ombro dela. – Já você e eu não temos, literalmente, nenhum tipo de laço sanguíneo, mas, mesmo assim, você é minha família.

– Você é minha família também. – Josy falou um pouco mais baixo, enquanto sentia seu corpo relaxar contra o de sua amiga. Ela precisava daquele contato mais do que achava que estava precisando. Josephine estava se sentindo carente desde que chegou de Nova York. Elas duas ficaram em um silêncio confortável por bastante tempo e ficaram olhando para o conjunto de água em sua frente. – Está pensando na Octavia?

Raven suspirou baixinho, mas a loira pôde ouvir perfeitamente por conta de sua proximidade com ela e se sentiu triste pelo sofrimento da morena.

– Estou. – Sua fala saiu quase em um sussurro arrastado. A Reyes estava se sentindo um pouco mal, pois estava passando tanto tempo perto de Octavia, mas mesmo assim não podia tê-la para si e isso já estava lhe matando por dentro. Ela não aguentava mais tamanha necessidade que ela sentia da Blake.

Josephine notou o diálogo interno que Raven estava tendo e começou a pensar no que poderia fazer para juntar aquelas duas. Ela precisava mostrar para Octavia que Raven estava verdadeiramente arrependida e que havia mudado para melhor; ela só não sabia como mostrar isso para alguém tão lerdo quanto aquela menina.

– Vocês ainda vão ficar juntas, Rae. – Alertou a Griffin com um pequeno sorriso em seus lábios. – Com ou sem destino vocês vão ficar juntas, ou eu não me chamo Josephine Griffin.

Raven sorriu com aquilo e apenas negou com a cabeça, assim a encostando contra a da loira e pensando no quanto queria que ela estivesse certa sobre si e Octavia.

"Se o silêncio realmente falasse, como dizem os poetas, provavelmente ele mesmo iria até tua casa te contar da saudade que sinto."



(...)



"São seus defeitos que fazem de você uma pessoa única. – A Bela e a Fera."

Anna estava andando de um lado para o outro na entrada da fazenda Woods. Era visível, em quilômetros de distância, o quão perturbada, irritada e nervosa a garota estava, e tudo isso era por conta de apenas uma coisas; ela estava daquela forma porque estava esperando Troy chegar na fazenda.

A garota sabia que estava fazendo a coisa certa. Ela estava tentando fazer as coisas da maneira correta pela primeira vez em sua vida. Ela queria se sentir orgulhosa de si mesma por isso, porém apenas sentia que estava cometendo um erro e que poderia acabar se arrependendo disso.

Essa sensação era porque estava com ciúmes e queria ter Alicia só para si, mas ela tinha a necessidade de parar com esse tal egoísmo e deixar que sua amada fosse feliz com outra pessoa. Com uma pessoa que realmente podia proporcionar isso a ela. 

Era difícil para si saber que Alicia teria uma boa vida ao lado de Troy, mas nunca teria uma boa vida se ficassem juntas no fim das contas. É claro que ela queria namorar com Alicia, se casar com ela e envelhecer ao seu lado, porém sabia que isso não seria saudável para a Woods e, em toda essa história, a menina de olhos verdes era a única que importava.

– Por que tentar ser uma boa pessoa é tão difícil? – Ela murmurou para si mesma enquanto batia as unhas em seu celular que estava entre suas mãos. – Dios mío. – A espanhola bufou enquanto andava, sem parar, de um lado para o outro. Naquele momento, era possível que ela enforcasse alguém por conta de todo o seu estresse.

A morena não soube como se sentir quando o carro de Troy adentrou as terras da fazenda. Ela queria se sentir aliviada por saber que estava fazendo algo legal para o mundo, mas, na verdade, ela só sentia vontade de socar sua própria cara com a maior força possível.

– Onde ela está? – O rapaz perguntou afoito enquanto saia do carro de uma forma nervosa. Ele tentou passar por Anna, mas a mesma pôs as mãos na barriga dele e o empurrou, sem por muita força, para trás, assim ganhando a atenção dele. – O que aconteceu com ela?

– Alicia está bem. – Afirmou a espanhola como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo, coisa que deixou Troy extremamente confuso e sem saber o que estava acontecendo.

– Mas você me disse que ela havia sofrido um acidente muito grave e que estava entre a vida e a morte. – Ela assentiu enquanto ouvia cada palavra que saia da boca do jovem e ele piscou várias vezes, tentando entender o que estava se passando. Anna apenas achou graça da expressão facial que dominava o rosto dele. – Por que você mentiu? Sabe o quão grave é um assunto como esse?

– Eu estou tentando ser uma boa pessoa aqui. – Anna declarou com o tom de voz bravo, ela não estava gostando da forma como o rapaz estava lhe tratando. – E a culpa não é minha se você é tonto o suficiente para achar que Alicia estaria em casa se tivesse entre a vida e a morte. É claro que ela estaria em um hospital.

– Eu estava nervoso demais para prestar atenção nisso. – Troy rebateu, também com o tom de voz irritado. Ele não entendia o motivo para estar passando por aquilo. – Sabe como é perder uma pessoa por quem você se importa tanto?

– Sim, eu sei. – Disse ela sem rodeios e, foi mais do que óbvio para ambos, que a garota estava falando sobre Alicia. – Olha só, eu não vim aqui discutir com você. Por mais que eu queira quebrar a sua cara desde a primeira vez que eu te vi, agora estou aqui para te ajudar.

– E por que eu precisaria da sua ajuda? – Perguntou ele de uma forma debochada e isso fez a espanhola ter vontade de lhe chutar bem forte, porém foi obrigada a se conter.

– Porque você quer a Alicia de volta. – Aquelas simples palavras fizeram Anna ganhar toda e qualquer atenção que ainda não tinha de Troy. Ele respirou fundo e mostrou um sorriso irônico para ela que estava apenas tentando ser paciente.

– Eu só não tenho a Alicia porque você está sempre no caminho. Só estamos separados agora por sua causa. – Troy a culpou e, em resposta, ela apenas revirou os olhos.

– Não, vocês só estão separados agora porque você é um imbécil hijo de puta. – Acusou Anna que viu o garoto arquear a sobrancelha e ficar com uma expressão confusa, já que o mesmo não entendia absolutamente nada em espanhol. – Você não entende que a Alicia está passando por um péssimo momento na vida dela e que ela só procura suporta em mim porque eu sou a única que entende o que ela está sentindo.

– Do que diabos você está falando? – A irritação na voz de Troy era a coisa mais perceptível naquele momento e era claro que ele estava começando a ficar nervoso. Era estranho para ele não saber o que estava realmente acontecendo.

– Você saberia se confiasse nela e não ficasse só pensando que eu estou transando com ela em algum lugar. La puta madre. – Disse Anna com toda a raiva que estava guardando desde que resolveu agir supostamente como uma boa pessoa. – Você deveria passar confiança para a Alicia e não só ficar se perguntando por quem ela é apaixonada.

– E você deveria se tocar e ficar longe dela. – Troy rebateu e viu a espanhola bufar de raiva. Ela estava prestes a bater naquele jovem como nunca havia batido em ninguém antes.

– Eu nunca vou sair de perto da Alicia, então vá se acostumando. – Alertou ela que já não estava mais com um pingo de paciência e se arrependendo das boas intenções que tinha. – A Alicia e eu voltamos a ser amigas porque os problemas dela estão piores do que nunca e eu os conheço muito bem, então posso ajudá-la.

– Que tipo de problemas ela tem? – Perguntou ele a contragosto, porém sua preocupação por Alicia era maior do que qualquer coisa, até mesmo que sua raiva pela garota em sua frente.

– Do tipo sério. – Informou Anna, dessa vez aparentando estar um pouco mais calma. – Olhe, a família dela é problemática e os problemas nunca acabam, por isso ela tem estado distante. Ela e eu somos amigas há anos, então eu conheço todos esses problemas e consigo ajudá-la no que posso. Mas ela ficou pior depois que vocês deram um tempo. – A espanhola disse aquilo sem vontade alguma. – Então, vamos por nossa rivalidade de lado e vamos apenas nos unir para cuidar da Alicia, ok? Eu quero ajudar vocês dois a ficarem juntos novamente e em troca eu quero que você não se importe com a minha amizade com ela. – Anna estendeu sua mão para que ele pudesse apertar. – Apenas isso.

Troy ficou olhando para a mão estendida da morena e ficou pensando nas palavras dela. Ele queria muito ter Alicia de volta, pois estava morrendo de saudades dela desde que se afastaram e agora estava mais preocupado com ela do que nunca. Apenas por essa razão, ele apertou a mão da espanhola.

– Tudo bem. – Disse ele apenas.

Gilipollas. – Ele estreitou os olhos em sua direção e ela apenas revirou os olhos enquanto sorria de uma forma constrangida. – Eu disse "que bom".

"Tudo mudo quando você muda."



(...)



"Eles não concordavam em muita coisa, de fato, eles não concordavam em nada. Brigavam o tempo todo e se desafiavam todos os dias. Mas apesar das diferenças, eles tinham uma coisa muito importante em comum. Eram loucos um pelo outro. – Diário de uma Paixão."

Lexa desceu de seu carro e sentiu a brisa do campo bater contra seu rosto, isso pareceu muito bom e estranhamente reconfortante. Esse pensamento a fez se sentir um pouco mais leve. Ela esperava que Clarke também gostasse e se sentisse melhor com aquela brisa. Ambos precisavam se sentir bem com alguma coisa tão simples como aquela. Ela abriu a porta do passageiro do carro para a loira, que estava com o peixinho aconchegado em seus braços, pudesse sair sem muito esforço. 

– Obrigada, chofer. – Falou Clarke em agradecimento. O seu típico humor ácido era notável em seu tom de voz e isso tirou um pequeno sorriso dos lábios de Lexa, que também revirou os olhos em resposta. Mas ela estava feliz, já que aquela havia sido a primeira vez que a garota se pronunciou desde que saíram de casa.

Clarke olhou ao redor e não entendeu o motivo de estarem em uma colina, mas tinha que admitir que havia gostado da localização e também achou o lugar muito bonito. Uma sensação um tanto quanto reconfortante se apossou de seu corpo, pelo menos por alguns instantes e isso pareceu bom para ela, já que qualquer tipo de boa sensação estava sendo bem-vinda por si.

Lexa tirou um pano da parte traseira de sua caminhonete e o forrou na grama para que ficasse um pouco mais confortável quando a Griffin fosse se sentar junto com o bebê em seus braços. A morena aproveitou e pegou uma cesta de comida que arrumou antes de sair e a pôs em cima do pano estendido. Então, Clarke, Lexa e o peixinho, que ainda estava agarrado na loira como se sua vida dependesse disso, se sentaram ali e sentiram o vento frio bater contra seus rostos.

– Eu ainda não entendo como saímos de casa com o peixinho e ninguém nos notou. Nós sequer tentamos criar um mistério. – Divagou Lexa que estava tentando deixar o clima agradável para Clarke ser como era antes; aquela garota que não pensava antes de falar e sempre falava algo engraçado, mas ao mesmo tempo duvidoso. Era estranho admitir, porém ela sentia falta do temperamento péssimo da jovem. 

– Não é como se eles estivessem fazendo questão de cuidar dele. – Refletiu Clarke ao pensar na forma como alguns de seus amigos estavam brigando na sala de estar e sequer prestaram atenção quando elas avisaram que iriam sair com o peixinho. Já os outros ela sequer sabiam onde estavam. Ela até que estava feliz por não ter precisado ver nenhum deles, especialmente Abby, mas ela estava com saudades de sua irmã mais nova e também estava com medo do que a relação delas iria se tornar depois de tudo o que aconteceu.

Ela não queria que nada mudasse entre Josephine e ela, porém ela podia sentir que isso ia acontecer e isso a assustava mais do que qualquer coisa naquele momento. Ainda tinha a questão de que Josephine era apenas sua meia irmã e esse pensamento era tão estranho de se ter. Estava lhe assombrando há dias.

Clarke fechou seus olhos quando sentiu uma pontada em sua cabeça. O ar que estava em seus pulmões saíram lentamente por sua boca, demonstrando que ela estava tentando se manter calma. Lexa olhou para ela e viu que a garota estava tentando se sentir bem. Ela ficou triste com isso, pois ela não deveria ter que forçar um sentimento que devia ser tão natural para os seres vivos.

Ela sabia que a maior preocupação de Clarke era Josephine e sua relação com ela. Lexa sabia que a loira podia passar por qualquer coisa ruim, mas isso não poderia afetar Josephine e nem mesmo a relação que elas duas tinham. Era por isso que Clarke estava reagindo da pior forma possível sobre esse assunto. O medo de perder sua irmã, sua família, era pesado demais para carregar.

– Minha Pequena? Você está bem? – A Woods perguntou cautelosamente, pois não queria assustar sua esposa de forma alguma. Então, ela olhou para o bebê para poder conferí-lo e viu que ele havia encostado a lateral da cabeça no peito de Clarke, assim seus olhos escuros ficaram fixados na morena.

A Griffin abriu seus olhos a respirou fundo para sentir que não iria acabar chorando, assim como estava acontecendo todo momento dos últimos três dias. A universitária olhou para baixo, na direção da criança em seus braços, e passou uma mão pelo cabelo ralo dele, assim fazendo com que ele lhe desse atenção. Ela sorriu quando notou como os olhos dele lhe observavam de uma forma tão pura. A pureza que só uma criança poderia ter.

Clarke beijou a testa dele e viu a forma como ele sorriu para si em resposta. Uma lágrima escorreu por sua bochecha, mas não era exatamente uma lágrima de tristeza, porém ela não sabia do que era. Não sabia o significado daquilo e não soube como se sentir à respeito. Ela só estava se sentindo cansada e não estava sabendo como distinguir seus sentimentos e sensações.

Em sua cabeça só exista o fato de ter uma mãe viva e ter passado a vida inteira sofrendo por alguém que não era sua mãe biológica. Ela sequer conseguia se lembrar de qualquer outro problema ou questões pendentes que estavam em sua vida fazia tempos.

– Eu não sei. – Disse ela em resposta à pergunta de Lexa. Mais uma lágrima desceu por sua bochecha e a sensação de cansaço lhe dominou ainda mais. O peixinho murmurou algo para a loira que lhe olhou e viu que ele estava sorrindo para ela. – Eu sequer sei como devo me sentir e eu só estou tão cansada.

– Ei... – Lexa se aproximou ainda mais de Clarke quando a mesma começou a chorar. Ela acariciou as costas dela com uma de suas mãos e trincou a mandíbula ao ver a tristeza emanar por todos os poros do corpo da jovem. – Vem cá. – A morena ajudou a loira a deitar sua cabeça no ombro dela e ficou fazendo carinho nos cabelos claros dela, enquanto o bebê se aconchegava ainda mais em Clarke que lhe abraçou devidamente. – Eu sei que tudo isso está sendo difícil para você, mas tenta não pensar nisso agora. Você não precisa se matar com isso o tempo todo, Minha Pequena. Por agora, apenas descanse e se divirta com esse lindo bebê que está te observando com os lindos olhos dele. – Pediu ela com um sorriso no canto dos lábios. – Nós dois estamos aqui por você.

Clarke fungou e se aconchegou ainda mais no ombro de Lexa. Logo, seus olhos pararam no peixinho que estava sorrindo para o casal em sua frente. Podia até parecer que a Griffin detestava crianças, mas, para falar a verdade, ela adorava; especialmente os bebês. Ela sorriu com seu pensamento e beijou o topo da cabeça dele. Lexa fez o mesmo, e também beijou a lateral do rosto da loira.

Para Clarke aquele momento foi reconfortante e foi a primeira coisa boa que sentiu em dias. Ela estava feliz que o momento havia sido com Lexa e não com outra pessoa.

"O amor está em gestos simples como abraçar forte, deitar no ombro ou fazer um cafuné. Às vezes um "relaxa, tô aqui" vale mais do que uma serenata na janela. – Aleff Tauã."



(...)



"Tentar mudar o mundo nos leva ao sofrimento. Tudo o que podemos mudar é nós mesmos. – Sense8."

Anna e Luna, na não tão boa, pelo menos para espanhola, campainha de Troy conseguiram montar um almoço de reconciliação para ele e Alicia. Ele estava, notavelmente, uma pilha de nervos e andava de um lado para o outro no espaço ao ar livre onde eles haviam preparado tudo.

A espanhola já estava ficando irritada ao ver o rapaz andar para lá e para cá. Para ser sincera, ela já estava um tanto arrependida de seu plano de se tornar uma pessoa melhor. Talvez ela pudesse ter feito alguma outra coisa para tentar melhorar, mas não precisava, necessariamente, ajudar a mulher que amava a ficar com outra pessoa, só que agora já não tinha mais como voltar atrás com sua decisão e isso lhe dava vontade de bater em si mesma.

– Isso que dá tomar decisões no calor do momento. – Murmurou Anna para si mesma, mas não notou que Luna também havia escutado, porém ficou um pouco confusa com sua declaração e isso era perceptível em seus olhos que lhe observavam. – Nem existe mais isso de gente boa. – Ela continuou a murmurar enquanto a alemã estreitava os olhos e pensava no que diabos a outra jovem estava falando.

– Do que diabos você está falando, honig? (querida em alemão). – Luna perguntou, pois já estava começando a ficar curiosa com o monólogo de sua amiga. A espanhola a olhou de uma forma estranha, como se não tivesse entendido sua pergunta. – O que você está falando aí sozinha?

– Ah, não é nada. – Afirmou a espanhola com um sorriso constrangido por ter sido pega no flagra. Ela pigarreou para disfarçar e se preparou para trazer Alicia para o último lugar que estava querendo. – Bem, eu vou ir buscar a Ali. – Ela avisou para ambos. Troy parou de andar e lhe olhou apreensivo. Ele até mesmo parecia um pouco apavorado.

– Acha que ela vai gostar? – O rapaz perguntou e o medo em sua voz era mais do que notável. Ele estava com a testa úmida de suor. Luna olhou para a espanhola enquanto esperava que ela o tranquilizasse, visto que eles só estavam ali por conta dela.

– Tomara que não. – Anna murmurou mais para si do que para os outros e saiu andando na direção da casa Woods, assim entrando pela porta dos fundos. Troy olhou para Luna de uma forma perplexa e ela apenas fingiu mexer no celular para não acabar gargalhando da expressão facial dele.

Como Anna entrou pelos fundos do casarão, ela, consequentemente, não acabou esbarrando com ninguém, o que parecia ser uma coisa boa, mas ela queria checar se o peixinho estava bem, só que não tinha tempo para isso. Então, ela apenas foi até o quarto de Alicia e bateu na porta esperando que ela lhe desse permissão para entrar, pois não queria entrar em algum momento inapropriado; seu dia já havia sido estranho o suficiente.

– Entre apenas se for a Anna. – Mandou Alicia que não estava querendo a presença de ninguém naquele momento, pois estava pensando e ela só aceitaria a espanhola porque ela já havia ido até lá em algum momento mais cedo. A Molina sorriu timidamente quando ouviu a declaração vinda do outro lado da porta e adentrou ao ambiente que tinha cheiro de flores. – O que foi? – Perguntou a garota que havia tirado seus olhos dos livros de medicina que estavam ao seu redor na cama.

– Quero te pedir uma coisa. – Declarou a espanhola que viu a outra jovem soltar o lápis que estava em sua mão e olhar para si com um pouco mais de atenção, como se estivesse genuinamente interessada e isso fez a hispânica se sentir melhor, pois sentia falta de ter tanto da atenção de sua amada daquela forma e sentia falta do jeito que aqueles olhos verdes lhe observavam sempre que tinham a chance. Anna se sentou na ponta da cama e sorriu para sua amada. – Quero que você me dê a mão e venha comigo, mas vai estar o tempo todo vendada.

Um frio percorreu a espinha de Alicia e ela não soube o que responder para a morena em sua frente. Ela não estava sentindo algo muito bom com aquele pedido. Não que ela não confiasse em Anna, para falar a verdade, ela era uma das pessoas que Alicia mais tinha confiança, porém, naquele momento, ela não estava sentindo algo muito bom sobre o pedido.

– O que você está aprontando, senhorita Molina? – Perguntou Alicia que fez uma careta pensativa enquanto tentava pensar no que a jovem estava fazendo que tinha que ser uma surpresa.

– Você confia em mim, Ali? – Questionou a espanhola que só tinha olhos para sua amada. A Woods assentiu depois de alguns segundos, assim tirando um sorriso do rosto da outra. – Então, faça o que eu estou pedindo.

Anna se levantou da cama e estendeu uma de suas mãos para Alicia que, hesitantemente, a segurou, logo tendo ajuda para ficar de pé. A espanhola tirou uma venda que ela havia deixado no bolso de trás de sua calça e pôs na frente dos olhos verdes da morena.

– Eu sinto que vou me arrepender disso. – Murmurou Alicia que sorriu enquanto sentia deus olhos serem vendados. Aquela situação estava sendo um pouco engraçada para si.

– Quem me dera. – Anna sussurrou mais para si mesma, tendo a esperança de que a outra não tivesse ouvido seu murmúrio sofrido e lamentoso. – Prontinho. – Avisou ela assim que terminou de amarrar e viu Alicia por as pontas dos dedos na venda, como se estivesse inspecionando algo. – Deixa de ser curiosa, Ali. E agora venha comigo. 

– Não me deixa cair. – Pediu a Woods que parecia um pouco apavorada a partir do momento em que a hispânica abriu a porta e a fez começar a andar. Em resposta, Anna apenas riu dela e a ajudou a sair do quarto, sempre com o cuidado para zelar a segurança de sua amada.

Então, desse jeito, as duas garotas foram andando até a porta dos fundos da casa e foram para fora. Alicia até chegou a soltar um gritinho apavorado quando viu que estavam fora de casa, mas Anna a tranquilizou devidamente. Já Troy parou de andar para lá e para cá quando notou a Woods, por quem era apaixonado, estava se aproximando. Luna apenas ficou observando elas duas virem ao seu encontro, sem se importar muito com o que acontecia.

– Preparada? – Anna perguntou assim que elas pararam próxima a mesa que havia sido preparada para o encontro. Alicia assentiu levemente e sentiu um frio gostoso em sua barriga; ela estava começando a ficar um pouco ansiosa com o que estivesse por vir. 

– O que você está preparando para mim em? – A universitária perguntou com expectativa e isso fez Troy ficar ainda mais nervoso. Luna prendeu uma risada ao notar que a menina estava ficando ansiosa porque achava que a espanhola estava preparando algo romântico que elas pudessem dividir.

– Só confia em mim. – Pediu ela antes de tirar a venda de cima dos olhos verdes que tanto amava. 

A primeira coisa que a Woods fez foi piscar várias vezes até que sua vista de adaptasse aquela claridade que vinha do sol. Então, ela logo notou toda a arrumação na mesa em sua frente, até que seus olhos pararam em Troy que lhe observava de uma forma nervosa, como se estivesse com medo sua reação e realmente estava.

– O que... o que está acontecendo? – Foi a única coisa que Alicia conseguiu verbalizar depois de alguns segundos apenas observando tudo. Seus olhos pararam sobre Anna e pareciam um pouco assustados com o que haviam visto anteriormente.

– Eu pensei muito no que você falou para mim hoje mais cedo. – Anna começou a falar e gesticular de uma forma nervosa. Estava agindo desse jeito porque estava com medo do que estava fazendo, por mais que pensasse que fosse o correto a se fazer, especialmente porque se tratava de Alicia Woods. – Eu entendi que você realmente gosta dele e está infeliz sem ele. – Uma singela lágrima desceu pela bochecha de Alicia ao notar do que aquilo se tratava. – Eu disse que faria você feliz independentemente do que isso significasse e eu estava falando sério sobre isso.

Sem conseguir se aguentar mais, a morena abraçou a espanhola e escondeu seu rosto no pescoço dela. Era muito bom pensar em como ela havia evoluído como pessoa e ela tinha orgulho de Anna quanto a isso.

– Obrigada. – Alicia agradeceu porque sabia o quão doloroso aquilo estava sendo para ela e isso a fez ter ainda mais orgulho dela. – Mas... por que você fez isso? – Ela perguntou, pois não sabia se teria coragem de fazer o mesmo por ela.

– Porque eu te amo e quero o seu bem acima de tudo. – Anna falou com toda a certeza que tinha em seu corpo e isso fez mais uma lágrima descer dos olhos verdes da outra jovem. – Ei, não chora. – A ex-universitária secou a lágrima que havia descido e segurou seu rosto, assim dando um beijo na testa dela. – Apenas vá curtir esse almoço de reconciliação com seu namorado e volte a ser aquela linda menina feliz que todo mundo ama e aprecia.

Alicia a abraçou mais uma vez, só que dessa vez foi com toda a força que conseguiu. Ela não poderia estar mais orgulhosa de Anna como estava naquele momento. Isso era muito importante para si e jamais poderia explicar tudo o que sentia por aquela espanhola que constantemente lhe surpreendia.

– Eu tenho muito orgulho de você. – E naquele momento, Anna teve a total certeza de que estava fazendo a coisa certa, por mais que pudesse acabar com o seu coração que já estava tão ferido. Alicia beijou a bochecha dela e foi até Troy que ainda lhe observava com tamanha expectativa.

Anna viu sua amada ter sua primeira atitude com o rapaz, que foi abraçá-lo com força e isso lhe deixou triste de alguma forma. Então, ela apenas chamou Luna com a cabeça e ambas começaram a se afastar daquele casal que estava para se acertar.

– Sabe, você passa tanto tempo achando que é uma pessoa ruim, mas uma pessoa ruim jamais teria feito isso que você fez. – Luna dividiu sua divagação com a espanhola que lhe observou de uma forma um pouco chateada. – Você é boa, Anna. Sempre foi. Só precisa começar a enxergar isso um pouco mais.

– Para com isso, senão eu vou ficar envergonhada. – Pediu Anna que logo parou de andar, assim fazendo Luna parar também. Elas duas olharam para Raven e Josephine que estavam abraçadas enquanto estavam sentadas no píer.  – VIRARAM CASAL SAPATÃO? SABIA! A JOSEPHINE NÃO ME ENGANA. – As duas garotas olharam para ela e mandaram dedo do meio, logo se levantando e indo na direção das duas morenas. – Até parece que vai ter uma hétero no meio de tanta gente do lado colorido da força.

Luna sorriu com o comentário dela e deu um empurrãozinho nela com o ombro.

– Bem, eu tenho que ir porque preciso resolver algumas coisas. – Declarou a alemã assim que as duas jovens se aproximaram. Ela se despediu das três garotas e foi embora na direção de seu carro, pois ainda haviam coisas que precisavam ser feitas naquele dia.

– Cadê o bebê? – Perguntou Josephine assim que viu a espanhola olhar na direção de Alicia e Troy que estavam sentados à mesa. Raven acompanhou os olhares e apenas negou com a cabeça enquanto se perguntava o motivo de aquilo estar acontecendo, visto que eles haviam dado um tempo e ela queria que Alicia desse uma chance para Anna.

– O PEIXINHO! – Anna praticamente gritou e saiu correndo na direção da entrada principal da casa. Seu desespero era notável. Josephine e Raven se entreolharam e correram junto com ela, já imaginando que algo nada ruim estava acontecendo.

– Quer apostar que ela perdeu a criança? – Ofertou Raven que viu a loira rir do comentário, até que parou para pensar e também chegou à conclusão de que ela havia mesmo perdido o bebê. Então, uma expressão duvidosa dominou seu semblante.

Elas três entraram na casa e a primeira coisa que viram foi Octavia, Finn, Anya e Lincoln discutindo como se suas vidas dependessem disso. Parecia que eles estavam brigando fazia bastante tempo, já que Finn nunca esteve tão vermelho com estava naquele momento.

– Presten atención. Carajo. – Ela quase gritou mais uma vez e isso fez com que os quatro parassem de brigar e lhe dessem a devida atenção, mesmo que eles, exceto Anya, não tivessem entendido o que ela havia falado. – Onde está o peixinho? – Ela perguntou depois de olhar todo o cômodo e não ver a pequena figura risonha. Logo sua testa ficou úmida de suor e o medo começou a se instalar em seu corpo.

– ¿Pez pequeño? – Anya perguntou parecendo em dúvida enquanto olhava para todos os lados da sala de estar.

– Meu Zeus! – Exclamou Octavia quando sentiu falta da presença da criança. Ela coçou a cabeça enquanto se perguntava o que havia acabado de acontecer.

– Onde. Está. O. Bebê? – Anna perguntou mais uma vez e ela já estava à ponto de surtar, pois não imaginava que sobreviveria se aquela criança sumisse ou até mesmo que só se arranhasse. As mães dele a matariam na primeira oportunidade, disso ela não tinha dúvidas.

– O que você estava pensando quando deixou um bebê com eles quatro? – Raven divagou enquanto olhava para a espanhola mais nova que estava se tremendo dos pés a cabeça, já a garota apenas ignorou sua pergunta.

– Não entendi o que ela quis dizer. – Falou Lincoln que viu a Reyes apenas lhe mandar dedo do meio, visto que ele não era uma de suas pessoas favoritas e isso era culpa de Octavia com o surto que ela ele quando o viram pela primeira vez.

– A gente nem percebeu que o bebê sumiu. – Disse Finn que olhava de um lado para outro para ter a certeza de que a criança havia mesmo sumido.

– Eu deixei vocês com o bebê há mais de uma hora E VOCÊS SÓ NOTARAM QUE ELE SUMIU AGORA? – Anna gritou e tentou bater naqueles quatro, mas Josephine e Raven a seguraram como puderam. Não seria uma boa ideia aquela fazenda se tornar uma cena de crime. Elas a arrastaram para longe da porta de entrada, consequentemente para longe dos quatro que haviam perdido o bebê. – Ele já pode estar no Afeganistão numa hora dessas.

Eles estreitaram os olhos na direção da espanhola que não pareceu ter se importado com os olhares. Ela só queria bater naqueles quarto e recuperar o bebê perdido.

– Pelo menos agora podemos procurar o Nemo né. – Falou Anya em uma tentativa de melhorar o clima que havia se instalado no ambiente.

– Isso. – Octavia estalou os dedos e tentou não olhar para a hispânica mais nova, já que estava com medo dela. – Procurando Nemo.

– Eu vou matar vocês. – Anna começou a praguejar em espanhol enquanto tentava se soltar do aperto de Raven e Josephine que estavam fazendo o possível para que ninguém acabasse morrendo. Mas todos eles pararam de fazer qualquer coisa quando a porta da frente da casa se abriu e duas pessoas desconhecidas apareceram ali. O corpo de Anna ficou extremamente gelado e pálido, isso fez com que a Griffin e a Reyes se entreolhassem preocupadas, sabendo que a situação estava para piorar. – Senhoras Pierce-Lopez?



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