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História Leather Lady - Eu senti sua falta!


Escrita por: mills_trevosa

Capítulo 28 - Eu senti sua falta!


POV - Narrador 

— Acham que elas vão se acertar de vez? — Sarah perguntou, quebrando o silêncio que preenchia a cozinha. 

— Não estamos ouvindo gritos, isso já é um ótimo começo — Charlize respondeu. 

— Talvez não seja um bom indicativo, afinal uma boa reconciliação é regada a muitos gritos e gemidos abafados — Cate soltou. 

— Catherine! — Sandra a repreendeu e lhe deu um tapa no braço — As gêmeas!

— Elas estão na sala, Anne — tentou se defender. 

— Como se isso impedisse elas de ouvirem através das paredes — Bullock frisou. 

— Essas meninas são um perigo — Paulson soltou. 

— Elas são filhas da Miranda, não poderíamos esperar menos delas — as quatro riram e ouviram um certo burburinho vindo da sala. Se entreolharam e seguiram para o cômodo onde as gêmeas estavam, querendo saber o que estava acontecendo. 

— Então agora você é nossa madrasta? Oficialmente? — Caroline perguntou. 

— Oficialmente não! — respondeu e as gêmeas a olharam sem entender — Miranda ainda não me pediu em namoro. 

— Mamãe, por que não pediu a Andy em namoro ainda? — Cassidy cruzou os braços à frente do peito. Próximas ao corredor que separava a sala do restante dos cômodos, as amigas de Miranda assistiam aquela cena, se divertindo e muito com cada detalhe. 

— Nos resolvemos há apenas 5 minutos, meu amor — Priestly respondeu sorrindo — Ainda não tive tempo. 

— Mamãe, dá para fazer muitas coisas em 5 minutos — Caroline soltou. 

— Eu vou ignorar esse seu comentário, Caroline Priestly. Não irei me aborrecer!

— Eu acho que ela está com medo, meninas — Andy cutucou e Miranda a fuzilou. 

— E o que te faz pensar que serei eu a lhe pedir em namoro e não o contrário? — a editora devolveu o desafio. 

— Você é tradicional demais, Miranda e isso me faz crer que fará isso primeiro. E, como eu sou uma ótima pessoa, não irei estragar o seu momento — Andy riu. Miranda estreitou os olhos, sabia que era um desafio explícito e não iria se abalar — Quer apostar, Priestly? 

— Não gosto de jogos de azar… — iniciou, fazendo Andy quase acreditar que não havia conseguido provocá-la — Mas, irei adorar ver você perdendo essa aposta, Sachs! — internamente, Miranda estava amando tudo aquilo. Ergueu uma sobrancelha, incentivando a morena a prosseguir. 

— Eu aposto que você irá sucumbir aos meus encantos e irá me pedir em namoro primeiro — Priestly gargalhou com a fala da morena e fora acompanhada por todas — Então, se eu ganhar, você terá que fazer algo que quero muito. 

— Apesar de toda sua confiança, Andrea, acredito que esteja se esquecendo que esta falando com Miranda Priestly e eu nunca perco um desafio — sua postura era fingidamente impassível — Se eu ganhar, terá que seguir as minhas regras — se olharam por um tempo, aumentando a tensão daquele momento.

— Eu aposto na Andy! — Sarah gritou e Sandra a acompanhou. 

— Miranda, eu queria muito apoiar você, mas não vai ser dessa vez — Charlie se manifestou — Estou com a Andy também. 

— Obrigada pelo apoio incondicional, meninas — Miranda usou o seu tom mais sarcástico — E vocês? Pelo menos minhas filhas apostam em mim? 

— Desculpa, mamãe! Acho que a Andy vai levar essa — Carol foi a primeira a lhe responder. 

— Eu acredito na minha garota, a mamãe vai detonar — se aproximou de Miranda e a obrigou a fazer um high five. 

— Só faltou você, Catherine! — Priestly olhou para sua amiga, que ainda estava só observando toda cena — Qual sua aposta? — Cate se desencostou da parede e olhou para Andrea, vendo em seus olhos o pedido silencioso de apoio. Mas, ela havia feito uma promessa e ela valia tanto para as coisas sérias, como para as levianas. Jamais abandonaria sua amiga. Se aproximou da editora, já deixando claro de quem seria seu apoio, mas não deixou de verbalizar. 

— Aposto que a Mirazinha aqui não vai me decepcionar — fez todas gargalharem. 

— Prepare-se, Priestly! Irei acabar com você — Miranda gargalhou outra vez, com vontade, mas não deixou que durasse muito. Cessou sua risada e deixou que apenas um sorriso de lado brincasse em seus lábios. 

— Eu mal posso esperar, Sachs! 

— A pizza é por minha conta! — Cate exclamou e as gêmeas vibraram com aquela fala. Mas, para Andrea e Miranda, o momento era delas e por alguns segundos, somente as duas existiam naquela sala. Andy sorriu largamente e Miranda piscou um de seus olhos para ela. Estavam aliviadas, afinal foram dias intensos. Agora estavam ali, vivendo um momento leve e regado a amor e risadas, junto a família de Miranda, que já estava se tornando também de Andy.

******

Miranda, Sandra e Sarah já haviam ficado satisfeitas no primeiro pedaço, mas parecia que as outras três não iriam parar enquanto toda a pizza não acabasse. Até mesmo as gêmeas, não aguentaram partir para a terceira fatia. Era como se Andy, Cate e Charlie tivessem travado uma disputa silenciosa. 

— Vocês irão passar mal e se vomitarem na minha casa, irei limpar o chão com a cara das três — Priestly estava começando a ficar preocupada, enquanto as gêmeas pareciam cada vez mais empolgadas. 

— Eu não vou segurar a cabeça de ninguém mais tarde — Sandra falou. 

— Se o vômito fosse a única preocupação, estava tudo bem — Sarah começou, bebendo um pouco de suco — Mas vocês já pararam para pensar nos gases? — fez todas rirem e isso desconcentrou Charlize, que quase se engasgou com o pedaço de pizza que havia acabado de morder. 

— Eu não consigo mais… Já chega! — Theron falou, deixando a fatia pela metade no prato. 

— Menos uma! — Caroline falou. 

— Vamos, Andy! Não deixe a tia Cate vencer, alguém precisa tirar ela do topo — Cassy incentivou. 

— Você representa as Priestlys agora e nós não somos perdedoras, Andrea — a gêmea mais velha acrescentou. 

— Isso é bem estimulante — Andrea respondeu com a boca cheia. Elas não estavam comendo como duas desesperadas, mas era nítido o tom de desafio que exalava das duas mulheres. Mas, em seus olhos, elas já deixavam claro que não  aguentavam mais comer — Desiste, Cate! Você não vai aguentar! 

— Desiste você, Sachs! — Catherine respondeu sem muitas forças. 

— Por Deus! As duas já estão com os olhos vermelhos e esbugalhados de tanto que comeram — Miranda falou e pôde ver que as duas mulheres não estavam parando. Os olhos verdes estavam presos nos castanhos, sem nem piscar — Por Deus, parem! — foi incisiva. 

Catherine e Andrea olharam para Miranda, que estava com o olhar sério e impassível. Voltaram a se olhar e, silenciosamente, concordaram em parar. Deixaram o que sobrou das fatias que estavam comendo no prato. Mastigaram com certa dificuldade o que estava em suas bocas e não desviaram o olhar uma da outra. Sabiam que se olhassem para mais alguém ali, desistiram. Focar na oponente era uma boa estratégia de incentivo. Assim que conseguiram engolir, tomaram quase todo o copo de suco. 

— Sinto que se um respirar um pouco mais fundo, eu explodo — Cate falou, passando uma das mãos no rosto. 

— Eu não consigo nem raciocinar direito — completou Andy. 

— Isso normalmente acontece quando comemos mais do que nosso estômago aguenta — Miranda falou. 

— Eu não sei como não passaram mal, eu já estaria colocando tudo pra fora — Sarah falou. 

— Eu estou quase… — Charlie pontuou — E olha que nem comi tanto como essas duas. 

— Espero que tenha valido a pena, pelo menos — Bullock falou e sorriu em seguida. 

— Sem dúvidas valeu — responderam juntas e riram um pouco — Eu não aguento dar risada — Cate completou. 

— Quanto ficou o placar, meninas? — Andy perguntou. 

— Tia Charlie ficou em terceiro com cinco pedaços e meio… — Cassy começou. 

— Tia Cate com sete pedaços e meio, ficou em segundo lugar — Carol anunciou, causando uma certa decepção em Cate e euforia em Andrea — E a Andy, venceu com 8 pedaços e meio — ergueu a mão para um high five com as gêmeas. 

— O time Priestly é o novo campeão — Cassy comemorou junto com a morena e sua irmã. 

— Para onde vai toda essa comida? — Miranda estava, claramente, espantada.

— Mira, não é fácil manter nosso corpinho escultural, não é Andy? — Cate foi quem respondeu. 

— Não mesmo! É muito trabalhoso ter que comer tudo o que vejo pela frente, só para manter minhas curvas maravilhosas — todas riram. 

— Você era o que faltava para estarmos completas, Andy — Sarah falou. 

— Não iríamos aguentar mais uma como essas três aí — Charlie comentou. 

— Isso é pra Miranda pagar com a língua... — Sandra começou — Por todas as vezes que ela nos perguntou como a gente aguentava vocês.

— Vai ficar com a pior de nós três — Cate completou. 

— Eu discordo! — falou convicta — Andrea é, sem dúvida, a melhor de vocês três — respondeu sorrindo para a morena, que estava sentada ao seu lado. 

— Já tá toda besta, já! Parabéns, Andy! — Paulson foi sincera em sua parabenização. 

— Sabe, eu não precisei me esforçar muito… — Andy estava adorando aquela conversa. Apesar de já ter tido momentos descontraídos ao lado daquelas mulheres, agora era diferente e melhor. Afinal, ela e Miranda estavam cientes sobre seus sentimentos e isso as deixava livres — Foi só aparecer mal vestida e rir de alguma explicação séria, que ela se apaixonou da hora — Sachs olhou para Miranda, esperando uma negativa, mas não foi bem isso que recebeu em troca. 

— Você está coberta de razão, querida! — piscou para Andy, deixando-a um pouco constrangida. 

— Elas são fofas, não são? — Sandra perguntou, quebrando a atmosfera entre as duas e fazendo as outras cinco concordarem. 

— Nós temos a melhor família de todas — Cassy falou, chamando a atenção de todas — Uma mãe incrível. 

— Tias maravilhosas — Carol ajudou — E a melhor madrasta de todas — completaram juntas. Andy não sabia como reagir, senão sorrindo e ficando emocionada. Aquele comentário sincero das gêmeas fez um breve silêncio se espalhar pela cozinha. 

— A conversa tá ótima, o sentimentalismo tá mesmo tocante e eu tô adorando tudo isso, mas precisamos ir embora — Charlie falou. 

— É, amanhã será um dia bem cheio — corroborou Sarah. As duas se levantaram, incentivando todas as outras a fazerem o mesmo.

— Anne e eu também precisamos ir — Cate anunciou. As seis mulheres e as duas garotas seguiram em direção a sala, já começando as despedidas. 

— Tchau, tia Charlie e tia Sarah! — se despediram das duas, que foram as primeiras a irem embora. 

— Não me admira já estarem todas querendo ir embora, já são quase 21h00 — Miranda falou, após constatar as horas em seu relógio de pulso — Meninas, se despeçam e vão se arrumar para dormir. Já está na hora de vocês! — sem qualquer tipo de protesto, as gêmeas obedeceram. 

— Durmam bem, meus amores!! — Sandra desejou, já abraçando as duas. 

— Tchau, tia Anne! — falaram. Além de Cate, elas eram as únicas que podiam chamá-la por aquele nome. 

— Tchau, madrinha! — Carol falou. 

— Tchau, pestinha! — abraçou uma de suas afilhadas e lhe deu um beijo na testa. 

— Quando iremos na casa da senhora? — Cassy perguntou, enquanto abraçava Cate. 

— Quando sua mãe deixar — respondeu e repetiu o processo que havia feito antes. As gêmeas olharam para Miranda, que respirou fundo e olhou para Catherine. Ela sempre fazia isso. 

— Depois conversamos sobre isso! — respondeu. As gêmeas sorriram e foram em direção a Andy. 

— Andy, pode subir com a gente? — Cassidy perguntou. 

— Precisamos matar a saudade — Caroline prosseguiu. 

— Claro, meu amores! Vamos lá!! — Sachs sorriu e seguiu em direção a escada, tendo suas mãos sendo puxadas pelas ruivinhas — Até mais, meninas! — se despediu de Cate e Sandra, mesmo de longe. Andrea sumiu escada acima com as gêmeas.

— Catherine, eu preciso… — fora interrompida.

— Eu sei! Enquanto estavam lá em cima conversando, eu te mandei um e-mail com o contato de uma boa profissional da área e o currículo dela, para analisar. 

— Obrigada!! — foi sincera. 

— Não precisa agradecer, você vai precisar de alguém muito mais competente daqui pra frente. 

— Será uma caminhada difícil! 

— Será sim, querida! — Bullock concordou — Mas, vocês irão tirar de letra e sempre nos terão como apoio — Priestly abraçou Sandra, realmente agradecida. 

Já no quarto das gêmeas, Andy estava sentada na cama de Cassidy, enquanto as duas trocavam de roupa e escovam os dentes. Estava feliz com o resultado daquela conversa, mas principalmente com a fala das duas sobre ser a melhor madrasta. 

— E então, conseguiram pensar em algo? — a morena perguntou. 

— Como pedido de desculpas? — Cassidy perguntou e Andy assentiu com a cabeça — Ainda não pensamos em nada tão grandioso, Sachs. 

— Mas não pense, nem por um segundo, que você sairá impune, pois não vai — Caroline praticamente a ameaçou — Você pagará caro pelo o que fez! — riram, mas aos poucos as risadas cessaram e o silêncio imperou. 

— Venham aqui! — as chamou e as duas ruivinhas se sentaram próximas a seu corpo — Eu sei que já falei com vocês hoje, mas acho que não foi o suficiente — as ruivinhas assentiram e Andy prosseguiu — Em momento algum, eu quis magoar vocês. Sei que as deixei triste e que toda essa distância as machucou, mas não pensem que foi fácil pra mim, pois não foi. Eu senti falta da Miranda, claramente, mas senti muito mais de vocês — os olhinhos esverdeados já estavam tão marejados quanto os castanhos — A nossa relação existe desde antes de existir Andrea e Miranda. Antes até de pensarmos em algo assim — respirou fundo — O que eu fiz não foi certo, eu sei. Só que eu realmente precisava de um tempo, de um espaço e não daria para pensar com clareza, se eu tivesse mantido contato com vocês. Infelizmente, eu não iria conseguir — Caroline e Cassidy estavam com os olhos fixos em Andy, esperando que ela continuasse — Mas, eu jamais iria desaparecer completamente da vida de vocês. Não posso dizer com certeza quando voltaria, mas eu voltaria pra vocês. Sempre! — acarinhou os rostos das duas ao mesmo tempo — Antes de amar a Miranda, eu amei vocês. As duas sempre serão prioridade pra mim — as puxou para um abraço. 

— Eu amo você, Andy! — falaram juntas — Obrigada, por isso!!! — Carol prosseguiu. 

— Não tem o que agradecer, meu amor! — beijou a testa das duas — Agora vão dormir, antes que a Miranda venha conferir se já estão deitadas e prontas — se levantou e deixou as duas se ajeitarem em suas respectivas camas — Boa noite, pequena Miranda! — deu um beijo na testa da mais nova e ajeitou seu cobertor. 

— Boa noite, Andy! 

— Andy, por que só a Cassy tem apelido? — Carol perguntou. 

— Porque ela me ama mais — implicou com sua irmã mais velha. 

— Ei, nada disso! Eu amo as duas igual — Cassidy riu travessa — E a Cassy só tem um apelido porque a personalidade dela é igual a da mãe de vocês e isso é bom, quase sempre… — riram — Você é a mais tranquila das três. 

— Entendi! — pensou um pouco — Então eu poderia ser a pequena Andrea, né? Você também é tranquila Andy.

— É, você é tranquila como eu, pequena Andrea — respondeu, feliz com o pedido da ruiva. 

— Ei, não é justo isso! — Cassidy protestou — Ela não é um anjinho, não deveria ter um apelido que diz que ela é a paz em pessoa. 

— Oh, mas eu não sou um anjinho, muito menos a paz em pessoa — começou a responder — Posso ser pior que a Miranda se precisar e quiser — as gêmeas arregalaram os olhos, não esperavam por aquela resposta — Agora vão dormir! — assistiu as duas se aconchegarem, apagou a luz, fechou a porta e seguiu para o andar de baixo. 

Caminhou a passos calmos até a sala, esperando encontrar Miranda, mas não a encontrou. Foi até a cozinha e nada também. Sorriu para si, imaginando onde ela poderia estar. Só haviam duas opções: escritório e masmorra. As gêmeas estavam em casa, logo o quarto de jogos não era bem uma opção. Seguiu para o escritório, o encontrando com a porta semiaberta. Empurrou a porta devagar e encontrou Miranda sentada no sofá, com as pernas em formato borboleta e duas taças nas mãos, já preenchidas com vinho. Andy estreitou os olhos. 

— Apenas uma taça — a editora respondeu o protesto silencioso de Sachs — O dia de hoje merece um brinde. 

— Eu concordo! — se aproximou de onde Priestly estava e se sentou ao seu lado — E a o que iremos brindar? — Miranda entregou a taça para Andrea.

— À nós! À felicidade! Ao nosso amor… 

— Acho uma ótima idéia — tocaram levemente suas taças e tomaram um gole da bebida. Ficaram se olhando por alguns instantes, buscando palavras para expressar o que estavam sentindo e pensando — Eu senti sua falta! 

— Eu também senti, querida! — respondeu, apoiando sua mão esquerda na perna direita de Andy — Andrea, eu não consigo imaginar como foram esses últimos dias para você, mas se for ter como base como foram pra mim, aposto que foi um senhor pesadelo. 

— Oh, sem a menor dúvida foi um horrível pesadelo! — se lembrou de como ficou — Eu bebi uma garrafa de whisky, confraternizei com alguns usuários de substâncias ilícitas, caminhei até a frente do Elias-Clarke e cortei a perna — usou um tom leve e com um toque de humor. Miranda a olhou, esperando que ela dissesse que estava brincando ou que desse risada, mas não aconteceu. 

— Andrea, você não está brincando?! — perguntou séria e sentindo seu coração ficar um pouco apertado. 

— Eu gostaria de estar! — sorriu leve — Essa droga de corte ainda me incomoda — ergueu um pouco a barra da calça, mostrando o machucado em processo de cicatrização. 

— Acho que eu não quero saber o resto dessa história — se mexeu incomodada. 

— Eu voltei para casa a pé, porque não tinha dinheiro para pagar um táxi, nem para pegar um metrô — riu e Miranda a acompanhou, mesmo se sentindo preocupada com aquela situação.

— Eu sinto muito que tenha passado por isso, meu amor! Eu realmente não tive a intenção de lhe causar nenhum mal. Eu só não… — Priestly parou sua fala quando notou um sorriso brotando nos lábios de Sachs — Do que está rindo? 

— Não estou rindo, estou sorrindo… — seu sorriso se alargou.

— E por que está sorrindo, então? — a editora perguntou. 

— Você me chamou de amor — respondeu e logo notou o semblante surpreso de Miranda.

— Eu não percebi o que disse. 

— Eu sei, foi muito involuntário… — levou sua mão direita ao rosto alvo de Priestly e acariciou o local — Eu adorei! Pareceu muito certo pra mim. 

— E é — respondeu — Você já ocupa esse espaço há um tempo, mas agora, você é oficialmente meu amor — Andy negou com a cabeça, fazendo as sobrancelhas de Miranda se erguerem.

— Ainda não, Priestly! Só quando você resolver fazer o pedido — a editora gargalhou com vontade. 

— Você é realmente muito engraçada, Andrea! — limpou as lágrimas que surgiram nos cantos de seus olhos — Eu até poderia lhe pedir em namoro, realmente iria adorar. Mas, você cometeu o erro de tornar isso um desafio e eu jamais perco, então eu espero que já tenha um plano em sua mente. 

— Vamos ver quem vai levar a melhor, querida! — riram mais um pouco e um silêncio confortável tomou conta do momento. Andy olhou para o relógio de pulso de Miranda e se espantou ao perceber que já eram quase 22h — Eu preciso ir, está ficando tarde. 

— Não quer dormir aqui? 

— Eu quero! — respondeu e Miranda sorriu — Mas não posso. Minha irmã está em casa e amanhã tenho uma entrevista bem cedo. 

— Irmã? — franziu a sobrancelha. 

— Não é irmã de sangue. Nós nos conhecemos no jardim de infância e nunca mais nos separamos. Somos a família uma da outra. 

— Oh sim! Não pode deixá-la sozinha, então. 

— Eu até poderia! Aposto que a Amy não iria se importar, ainda mais sabendo onde estou e com quem estou — riram — Mas, eu realmente preciso ir — Priestly concordou — Sem contar que seria uma tortura dormir ao seu lado e não matar a saudade que estou sentindo do seu corpo. 

— Tem que admitir que seria uma deliciosa tortura… — Miranda se aproximou e beijou os lábios de Andrea de maneira calma, cadenciada. Após alguns segundos matando um terço da saudade daquela boca, a editora finalizou o beijo — Precisa mesmo ir? — perguntou com o rosto ainda próximo ao de Andy e a morena assentiu com a cabeça — Tudo bem! — se levantou e estendeu a mão, ajudando a morena a fazer o mesmo. Beberam o último gole de vinho que havia em suas taças, as deixaram em cima do bar de Miranda e seguiram em direção a porta da sala. 

Caminharam em silêncio e de mãos dadas, mesmo sem perceberem. As palavras não eram necessárias naquele momento. Se sentiam, se compreendiam e isso era o bastante. Alcançaram a porta e ficaram de frente uma pra outra. 

— Eu realmente não queria ir… — Andy falou. 

— Eu sei, querida! — concordou e levou suas duas mãos aos ombros da morena, deixando um afago ali — Estou com saudades também, mas não precisamos ter tanta pressa. 

— Não mesmo… — sorriu para Miranda e olhou dentro dos olhos azuis — Até mais, Miranda! — curvou um pouco sua cabeça e deixou beijo demorado nos lábios finos. Quando o beijo teve fim, encostaram suas testas e respiraram fundo. 

— Até mais, Andrea! — com um sorriso genuíno nos lábios e um alívio imenso no peito, Priestly assistiu Sachs ir embora de sua casa. 



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