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História Legendary - Last Day of Summer


Escrita por: findapurpose

Notas do Autor


E aí, meus amô!
Espero que estejam gostando da história, porque eu estou amando escrevê-la, hahaha. ❤

Capítulo 2 - Last Day of Summer


“Mesmo depois de todos esses anos, só agora temos a sensação de estarmos nos encontrando pela primeira vez.”

— For The First Time, The Script

 

Brooklyn Cartier • 28ºC

Último dia de verão... finalmente. Desde que chegara a Fallgreen, três anos atrás, aprendi a odiar o verão. Quando o calor chegava, ele desaparecia. O lobo. O meu lobo. A ansiedade para a chegada do inverno consumia cada parte do meu ser. Eu me pegava pensando nele o tempo todo, lembrando do seu cheiro, da sua presença, dos seus olhos que agora eram tão familiares para mim. Era como se, a cada dia que ele passava ausente, a saudade fosse crescendo dentro de mim, de pouquinho em pouquinho, até se tornar algo imenso e angustiante.

Eu nunca acordava de bom humor, mas nessa manhã foi diferente. Acordei radiante, quase tão radiante quanto os raios de sol que iluminavam meu quarto através da janela. O motivo? Eu sabia que logo veria o meu lobo novamente. 

Era sábado, um lindo, ensolarado e último sábado de verão. Eu cantarolava Still Into You, do Paramore, em alto e bom som, enquanto a água morna do chuveiro molhava o meu corpo. 

No dia anterior, Lauren tinha me importunado durante a aula de química para que fôssemos à única livraria da cidade. Meu aniversário aconteceu há três semanas, mas ela estava decidida a me fazer escolher um presente só agora, e eu concordei apenas para que ela parasse de me aborrecer e me deixasse terminar a lição.

Sai do banheiro enrolada numa toalha, usando uma outra para secar meus fios de cabelo. Procurei algo para vestir no guarda-roupas e acabei vestindo a roupa mais confortável que encontrei: camiseta preta, shorts jeans surrado e um par de all star vermelhos nos pés. Diante do espelho, penteei meu cabelo e deixei que minhas madeixas loiras caíssem sobre os meus ombros. Antes que eu me desse conta, meu olhar foi de encontro a imagem da janela refletida no espelho e eu desejei avista-lo entre a vegetação, mas ele não estava lá, como nunca estava nos verões. 

Desci os degraus da escada e fui até a cozinha. A casa estava quieta, silenciosa, e eu suspirei, tentando não me incomodar com minha constante solidão. Meus pais nunca estavam em casa. Saíam de casa cedo todos os dias, até nos finais de semana, indo para o centro de pesquisa  ou se perdendo na mata a procura de evidências ou pistas sobre os tais licantropos. 

Enquanto me sentava no balcão, já devorando uma tigela de leite e cereais, mergulhei numa confusão de pensamentos. Eu queria saber para onde o meu lobo ia quando a temperatura ficava quente, o que ele fazia, porque se escondia de mim. Imaginei ele correndo entre os pinheiros, floresta adentro, a vegetação rasteira da floresta sob seus pés, a brisa quente balançando os seus pelos, a luz do sol refletindo em seus olhos e os deixando ainda mais amarelos. 

Era difícil admitir, mas eu sentia falta dele.

Meu celular vibrou sobre a bancada, me despertando dos meus devaneios. Eu sabia que era a Lauren e que ela provavelmente estava puta comigo pela demora. Havíamos marcado de nos encontrar na livraria às 10:00, mas o relógio marcava 10:34 e eu ainda não tinha saído de casa. Me levantei sem me preocupar em deixar a tigela de cereais na pia e corri para o andar de cima, tropeçando na escada. Amaldiçoei àqueles degraus imbecis antes de invadir o banheiro e escovei meus dentes com a maior rapidez que consegui. 

Voltei ao andar debaixo, pegando meu celular e as chaves do carro sobre a bancada antes de sair apressada. 

 

Justin Bieber • 28ºC

O verão era minha estação favorita. Quando os dias quentes chegavam, eu podia ser eu mesmo. Eu vivia duas vidas. No frio, eu era feroz, selvagem e forte: era um lobo. No calor, era apenas um garoto comum, dono de estranhos olhos amarelos. Meus olhos eram as únicas coisas que continuavam sendo minhas quando eu me transformava. Eles carregavam os mesmos tons amarelos quando eu era humano, e também quando era lobo. 

Sentado atrás do balcão, respirei fundo, o cheiro de livros novos invadindo minhas narinas. Eu tinha poucos dias como humano, mas, mesmo assim, precisava de dinheiro. Por isso, durante a temporada de verão, eu trabalhava na livraria. A pequena livraria era lotada de prateleiras abarrotadas de livros empoeirados e estava quase sempre cheia de pessoas, afinal, era o único lugar na cidade onde se podia comprar livros, então eu sempre tinha algo a fazer. Mas existiam horas de sossego em que eu podia apenas relaxar e ler um livro ou escrever uma música.

Os raios de sol atravessavam a vitrine, tocando minha pele através da camiseta. Fechei os olhos, sentindo aquela sensação pela última vez, esperando que aquilo durasse para sempre. Eu não queria deixar de ser o Justin, não queria abrir mão de mim mesmo, mas o verão estava indo embora para dar lugar ao outono, e eu iria embora junto dele. 

Eu detestava o outono. A temperatura estava sempre instável, indecisa entre frio e calor.  A transformação de humano para lobo e de lobo para o humano era incessante, tão indecisa quanto o clima. E aí, quando o inverno chegava, a temperatura finalmente ficava estável e as transformações paravam. Eu era uma coisa só: lobo.

Eu odiava ter que deixar minha humanidade para trás. Odiava abrir mão dos meus pensamentos, sentimentos e emoções para dar lugar a um primitivo instinto animal, que não me permitia pensar em nada além de caçar coelhos e uivar para a lua. Mas, quando eu a vi pela primeira vez, ingênua e indefesa em seu quintal,  um lado humano despertou em minha forma animal.

Por entre as árvores, eu a observava com curiosidade, com admiração, com desejo, sabendo que ela fazia o mesmo. A fera dentro de mim lutava contra o meu lado humano. Meu lado humano me implorava para me aproximar, encostar meu focinho em seu rosto, sentir sua mão se perdendo em meus pelos, mas meu instinto dizia para que eu ficasse longe, e eu ficava. Eu sabia que podia machuca-lá e esse medo sempre acabava me vencendo.

Desviei os olhos do livro aberto em minhas mãos quando o sino da porta tocou, sinalizando que outro cliente chegava. Notei de relance que duas garotas entravam, conversando e rindo enquanto iam em direção as prateleiras. Eu não teria prestado tanta atenção nelas se não fosse o cheiro doce que invadiu minhas narinas. Eu sabia que conhecia aquele cheiro, o tinha sentido tantas vezes que perdera a conta. Cheiro de baunilha. O cheiro dela.

Passei anos desejando encontrá-la, mas agora que estava ela tão perto, eu não era corajoso suficiente para falar com ela. Abaixei o olhar para o livro, já não prestando mais atenção nele, e respirei fundo três vezes para não surtar. Quando voltei a erguer meu olhar, ela estava agachada na sessão de suspense, dedilhando lentamente os livros da última prateleira. Eu não percebi que ela estava sozinha até que a garota que a acompanhava se projetasse diante do balcão, fazendo com que eu desse um pulo de susto. 

 

– Oi, você pod... – Ela foi parando de falar assim que seu olhar cruzou com o meu. A ruiva arregalou os olhos e eu dei um sorriso amarelo, já sabendo o que ela diria a seguir: – Caralho. Você tem os olhos mais incrí... – Antes que ela pudesse terminar, a voz da outra garota a interrompeu, chamando-a,  e ela se virou para olhar a amiga. – Finalmente, Brooklyn!

 

Brooklyn. Esse era o nome dela. Um sorrisinho bobo escapou dos meus lábios quando a vi sacudir um livro para a ruiva, dizendo algo que eu não consegui entender. Meu olhar permaneceu fixo nela enquanto eu a estudava, tão interessado nela como quando era lobo.

Seu cabelo loiro cintilava, tornando-se ainda mais claro, e sua pele parecia muito bronzeada contra a luz do sol, ela estava mais linda do que nunca. Eu estava apaixonado por ela e me doía ter que admitir isso em silêncio. Apaixonado por uma garota com quem eu nunca havia falado, uma garota que nem sabia que me conhecia. 

Esperei que ela olhasse para mim, que reconhecesse meus olhos e me reconhecesse, mas Brooklyn, a única pessoa no mundo que eu queria que me visse, continuou entre as prateleiras, distraída com os títulos dos livros, quando sua amiga retornou ao balcão para pagar.

 As duas saíram porta a fora logo depois, deixando apenas o perfume dela exalando pela loja. Ela não me notou, mas assombrou meus pensamentos sem parar naquele dia. 

 

 



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