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História Lena's diary - Explodir


Escrita por: justhedreamer

Capítulo 15 - Explodir


Kara chegou a minha casa por volta das oito da noite, com um dos braços enfaixado. Pela minha feição assustada, percebeu que eu não entendia como tal fato era possível. Quer dizer, você não acha kryptonita na esquina. Sei que nos quadrinhos tudo parece extremamente fácil, mas tem noção do quão caro é essa merda? Existe tão pouco que custa mais do que o grama de diamante. Acredite: para eu estar dizendo isso, é preciso uma quantia razoável. Não me importo com montantes monetários, de qualquer forma.

-Meu vilão apareceu e fez um estrago meio grande. – ela tentou brincar, sentindo-se desconfortável. Não se acostumava em ser a Supergirl perto de mim. – Na verdade, eu realmente estou preocupada com isso.

-O que está havendo? – abri mais a porta, deixando-a ultrapassá-la. – Quem está aterrorizando sua cidade?

-É exatamente esse o problema. – ela ajeitou os óculos. – Eu não sei. É um meta-humano com poderes de transmutação. Toda vez que ele toca no DNA de alguém, consegue transformar-se, logo, toda vez que eu estou o perseguindo, perco-o por aí.

-Sam disse que Starling está com problemas também. – mostrei as palmas, tentando não entregar informações que seriam incapacitadas para mim.

-Ah, é... – ela balançou a cabeça. – Mas eu pedi para um amigo ir resolver.

-Barry Allen, huh? – Claro que eu li a porra do dossiê que ela me entregou, né? Então, nenhum problema por eu saber disso.

-Você lê rápido. – Kara riu. – É, acho que o Bar vai dar um jeitinho.

-Onde estão os heróis de lá? – girei o pescoço.

-Ah... – ela olhou para o teto, pensando no que responder. – Na verdade estão em Nanda Parbat. É uma longa história e não consta aí porque não sei direito, mas...

Porra! O que diabos os Queen estariam fazendo no inferno?

-Você não pode ir resolver? – eu pisquei, tentando não conter minha curiosidade. Claro que queria perguntar todos os detalhes sórdidos sobre Parbat.

-Na verdade, eu poderia, se não estivesse tentando encontrar a Reign. – seus olhos pareciam tristes. – Você deve ter lido por aí.  

-Falando em vilã maluca, – eu ri. – você perdeu.

-Perdi? – Kara claramente havia se esquecido da nossa aposta.

-É, Supergirl, Revenge matou a maluca da Rhea. – colei os lábios, como se isso fosse óbvio.

-Como você soube? – sua expressão foi extremamente chocada. – Quer dizer, as notícias disseram que eu simplesmente a enviei de volta a Daxam.

-Um dia eu conto. – fitei-a sarcasticamente. – De qualquer forma, eu ganhei.

-O que eu vou ter que fazer, Luthor? – a loira cruzou os braços, desacreditando ter perdido.

-Você vai surtar, mas nós vamos viajar. – ela arregalou os olhos, completamente desconcertada.

-Lena, eu juro que seria a melhor derrota da minha vida. – Kara riu. – Mas eu realmente não posso deixar a cidade...

-E se eu disser que posso ajudar? – nos sentamos à mesa. A loira não conseguia parar de colocar a mão no braço, incomodada com o ferimento. – Me deixa ver isso?

-Eu não gosto muito de machucados. – Kara balançou a cabeça. – Não estou acostumada.

-Você deixou a Alex olhar? – mordi o lábio, meio preocupada. A repórter ficou em silêncio e eu pude perceber pela sua feição que ela nem sequer foi até a irmã. – Vai, deixe-me ver.

Kara estendeu o braço, virando o rosto para o lado. Uma mulher que apanha feito condenada todos os dias da semana, leva tiros e é torturada tem aflição de um simples machucado no braço. Meu Deus, se ela não fosse a pessoa mais pura no universo, eu não sabia quem era.

Tirei a bandagem médica cuidadosamente, tentando não fazê-la passar dor. Ela simplesmente sorriu, fechando os punhos. Era um pouco pior do que eu pensava. Um corte fundo, provavelmente feito por uma kunai, deixara sua pele branca marcada. Escorria sangue.

-Kara, vai ter que dar pontos!

-Pontos nada, Lena, pelo amor de Deus. – a kryptoniana tirou o braço velozmente. – Vai cicatrizar já já.

-E até lá você perde todo o sangue do corpo? – eu bufei, fazendo-a rir.

-Eu já estive muito pior. – ela ergueu as sobrancelhas. – Sério, você não tem noção do que Rhea fez comigo.

Meu coração apertou de tal forma que minhas mãos começaram a tremer, o que fez a repórter estranhar, ajeitando os óculos. Meus pelos ouriçaram e tenho certeza de que a minha pressão caiu, deixando-me mais branca. A ficha não havia caído diante de todo o sentimento horrível de mentiras que estava dentro de mim. Eu a havia visto sofrer como nunca vira antes. Aquela pessoa doce e altruísta havia passado por uma experiência terrível e eu não fizera nada.

 

 

Eu a quase vira morrer.

 

 

 

-Ei, tudo bem.  – ela segurou minha mão (que estava muito gelada, por sinal). – Já passou. Rao me enviou um... anjo. Um anjo meio confuso, mas mesmo assim...

Uau, que choque. Supergirl dizendo que a vigilante era um anjo?

-Como assim? – desculpe, eu não podia deixar essa passar. Sei que é errado.

-Vou contar a história enquanto você ajeita isso. – ela olhou para o machucado, e eu obedeci. – Existe uma vigilante na cidade. Chamam-na de Revenge. Vigilante porque ela mata as pessoas. – Kara parecia irritada. – Mas eu juro que não é má. É uma pessoa mal compreendida, só isso.

-Mal compreendida? Kara, é uma assassina! – respondi, fazendo-me de desentendida. Que golpe baixo, Luthor.

-E-eu sei. – sua voz falhou. – Mas ela faz isso porque acha que é o certo. Não é todo mundo que tem uma boa estrutura como eu, Lena. Quer dizer, eu poderia estar lidando com os vilões da cidade de outra forma se quisesse, mas não, quis ser boa e fazer justiça limpa. E por quê? Porque Alex, Jeremiah e Eliza me ensinaram.

Faltaram-me palavras para responder isso, é verdade. Como Kara podia dizer algo assim se me vira matar alguém? Céus, era pior do que eu pensava. Eu iria destruí-la quando contasse a verdade. Travei a mandíbula, tensa, e parei de me movimentar. Kara virou o rosto para mim, fixando os olhos no ferimento.

-Minha irmã vai me matar. – arrancou o braço da minha mão. – Você não tem água oxigenada aí não?

-Você não vai jogar água oxigenada aí, por Deus. – tentei parecer brava quando recuperei a fala, mas ela só soube rir. – Eu já estou acabando a atadura.

-Você poderia ser médica. – Kara mostrou a língua, zombando. -Vem, vamos ver a minha irmã. Ela vai injetar um troço em mim e pronto, cicatrização kryptoniana de volta.

-Eu dirijo. – sorri, pegando as chaves do carro.

-Na verdade, a gente vai voando. – mostrou as palmas.

-Puta merda, sério?

-Não confia em mim? – ela arregalou os olhos, fingindo-se ultrajada.

Virei os olhos, dando passos lentos até ela. Kara acariciou minha mão cuidadosamente, sorriu e segurou-me nos braços. Uou. Voar com ela era um coisa... surreal. Era como seu eu pudesse tocar as estrelas. O ar fazia os cachos loiros da heroína balançarem de forma sexy e acho que Kara percebeu que eu a observava, porque suas bochechas ficaram vermelhas. 

Quando chegamos ao estabelecimento secreto, Alex franziu o cenho. Conhecia a irmã tão bem que poderia facilmente analisar que nós havíamos, de fato, feito às pazes. Eu dei um sorriso para a ruiva, que logo se aproximou da irmã e gritou:

-Puta merda que você não veio pra cá antes! Kara, eu vou matar você!

-Alex! – Kara virou os olhos, como se aquilo fosse um absurdo. – É só um arranhãozinho e eu tinha prometido que ia ver a Lena e...

-Meu Deus, por que vocês não conversam sobre essa overdose de sentimentos guardados ao invés de ficar aí? – a ruiva fez careta. – Vem logo, Danvers. Antes que eu acabe de rasgar esse braço.

-Graças a Deus alguém que me entende. – bufei, fingindo estar irritada. É claro que Alex riu.

-Luthor... – a ruiva murmurou ao olhar o celular. – A Sam está entrando no estabelecimento, o que a gente vai dizer?

-Nossa senhora! – Kara puxou o braço da mão da irmã. – Calma, calma, eu vou inventar uma desculpa.

-Não! – eu e a Danvers mais velha murmuramos ao mesmo tempo. Alex me fitou, deixando-me continuar. – Sou eu quem vai inventar uma desculpa. Não abra a boca!

-Uau, mandona. – a ruiva zombou. – Gosto de você, Luthor.

Kara estava sentada sob uma maca quando Sam adentrou o ambiente. Primeiro franziu o cenho. Depois ficou trocando o peso da perna repetidas vezes. Supergirl soltou um gemido ao sentir uma agulha extremamente grossa adentrar o seu braço. Era banhada por kryptonita, e pelos estudos realizados, acredite, você não quer sentir tal sensação. Minha sócia vestia um terninho preto e carregava uma pasta, olhando preocupada para Kara. Quando finalmente soube o que dizer, murmurou:

-Então é com isso que você anda ocupada, Lena?

-Sabe como é, futura agente secreta. – tentei brincar, mas Sam manteve sua postura rígida.

-Fui eu. – Alex se intrometeu. Qual parte do “eu inventarei a desculpa” você não entendeu, Danvers? – Lena está me ajudando a rastrear o meta humano transmutador.

-Quem inventou esse nome? – Kara se concentrou na conversa. – É claro que foi o Winn, né?

-Sem condições. – Alex virou os olhos. – Mas então, amor, o que faz aqui essa hora?

-Vim ver se o seu expediente já terminou. Sua mãe está cuidando de Ruby, então... – Sam sorriu desconfortável. – Supergirl está bem?

-Só um cortinho. – Kara deu o seu melhor sorriso ao perceber a tensão entre mim e Sam.

-E você, pretendia retornar minhas ligações? – Sam virou-se para mim.

-Não. – bradei.

-Ah, é? – a morena arqueou as sobrancelhas.

-É. Quem sabe você aprende a confiar mais em mim, Samantha. – sai andando sem saber para onde.

Quando saí da enfermaria do DOE, senti-me como um peixe fora d’agua. Todos os agentes se viraram para mim e apontaram uma pistola a laser ao mesmo tempo, com exceção de Winn. Kara, provavelmente por imaginar a situação, apareceu atrás de mim e gritou:

-Epaaa, ela está comigo! – sua voz foi firme. – Onde está o J’onn?

-Ah pronto. – Mon El apareceu fingindo brincar. Tomava um café e vestia um uniforme vermelho ridículo. – Agora nós temos humanos não associados aqui também? Olá Lena. – deu um sorriso amarelo.

-Achei que você estava ajudando o Winn a encontrar a Reign. – Kara balançou a cabeça. – Como estamos por aqui?

-Tudo sob controle. – Mon El piscou para a heroína. – J’onn está esperando você na sala dele.

-Xiiii... – murmurei. – Parece que alguém se meteu em uma enrascada, Danvers.

Kara e Mike se entreolharam nessa hora. Ok. Falei demais. O palhaço não sabia que eu sabia sobre a identidade secreta. Instantemente segurou a loira pelo braço e puxou-a para longe de mim. Não se passou dois minutos, Kara voltou segura de si.

-Vem, você vai ouvir a bronca comigo. – riu, guiando-me até a sala do chefe. – J’onn? Essa é a Lena. Ela sabe que eu sou a Kara. – virou-se para mim. – Lena, J’onn.

-Muito melhor apresentada agora, senhorita Luthor. – o homem negro e alto se levantou, estendendo a mão para mim. – Você melhorou, querida?

-Estou ótima. Tomei a injeção. – sorriu. – Alguma notícia de Reign ou do transmutador?

-Você está bem? – J’onn pareceu apreensivo. – Eu não quero ter que fazê-la trabalhar ferida e...

-Corta essa! – Kara o interrompeu. – Qual é o problema?

-Você precisa ajudar o Flash. – bradou. – Ele realmente está em apuros em Starling.

-Meu Deus, por que não ligam para alguém de lá?– Kara levou a mão à testa.

-Você conhece o pessoal. – o chefe murmurou. – Barry está preso em uma cela no esgoto.

-Céus. Quem disse? A Cait? – a heroína pareceu se desesperar. – Quem fez isso com ele?

-Na verdade, todos os habitantes de Starling estão parados no tempo devido ao contato do Barry com o trapaceador temporal.

-Eu não tenho folga mesmo. – ela baixou os ombros e virou-se para mim. – Fique aqui, sim?  Eu volto logo. – beijou minha testa.

-Será um prazer ter uma mente brilhante como a da senhorita conosco. – J’onn se dirigiu a mim.

Eu sinto muito por desapontar você, mas simplesmente não consigo deixar Kara resolvendo as coisas por aí. Sei o que vai dizer: Lena, ela é a porra da Supergirl. Mas não tem como. A meu ver Kara será sempre a menina doce demais para o mundo caótico demais. Inventei uma história qualquer para Winn, que era o mais fácil de convencer do DOE, e me dirigi a Starling City. Se até o Flash estava tendo problemas com o tempo, quem diria o que aconteceria com a garota de aço? O bom de ter descoberto a identidade da Supergirl é que, de fato, tenho menos trabalho para encontrar a exata localização da origem de todos os meus problemas.

O lugar fedia. Havia ratos por toda parte e a água mal cheirosa parecia grudar nos meus pés. Caminhei lentamente, esperando instruções precisas da minha IA. Quando cheguei à última bifurcação, encontrei a heroína. Ela se arremessou sob mim, fazendo-nos cair no chão. Ao perceber que era eu, levantou-se e me deu a mão.

-Parece que você não se cansa. – sorriu. – O que faz aqui?

Liguei o modificador de voz, como sempre.

-Alguém precisa resolver o problema. – balancei os ombros. – Cadê ele?

-Não sei. Eu já percorri o lugar trinta e duas vezes usando minha velocidade, mas é como se o mapa se movesse e sempre me levasse ao mesmo lugar. – suspirou. – Meu fone não está funcionando.

-Você parece melhor desde o nosso último encontro. – resmunguei, passando em sua frente. – Vem, é por aqui.

-Estou melhor. Resolvi o que tinha de resolver. Como sabe que é por aqui?

-Minha tecnologia não é esse lixo. – eu ri ironicamente. – Parecia importante.

-Acho que era uma das coisas mais importantes da minha vida. – abaixou a cabeça. – Enfim, obrigada.

-Disponha.

Caminhamos por mais alguns minutos até encontrar o Sr. Allen. Suas costelas estavam à mostra e a pele do braço, retirada, possuía o símbolo da casa de El. Eu não sei qual é a crítica do Barry em relação à vigilante, mas ele pareceu extremamente surpreso com a minha presença. Não conseguia se mover ou murmurar palavras. Seu semblante era exausto. Uma cúpula de vidro o isolava do ambiente. O corpo todo possuía fios, de modo que eu pressupunha que era a força de aceleração do próprio que estava parando o tempo na cidade. Um pequeno cronômetro estava do lado de fora da estrutura de vidro, como se fosse um jogo com a própria heroína. Kara, doce como sempre, apresentou um olhar cúmplice ao amigo.

-Se eu destruir isso, as coisas vão voltar ao normal?

-Vão. – assenti, segura. – Mas não sei o que isso vai fazer com o Barry.

-Puta merda que você sabe que é o Barry. – ela ficou tensa. – Enfim, depois a gente conversa sobre isso. O que eu faço? E se eu usar a velocidade e adentrar a cúpula?

-Você pode ficar presa... – dei de ombros como se não me importasse. – Sei que a sua velocidade não vem da força de aceleração, mas mesmo assim é arriscado.

-Você sabe demais pra alguém que se diz uma vilã. – virou os olhos. – Bem, eu preciso fazer alguma coisa.

-Eu vou entrar aí. – respondi, dando passos curtos. Sei que parece algo altruísta e coisa do tipo, mas eu só queria ir embora dessa porra de esgoto fedorento. Não pense que agora tenho um coração lindo e puro e blá blá blá. – Se eu ficar presa, você precisa prometer que vai destruir tudo.

-Por quê? – Kara riu ironicamente. – Eu não vou deixar vocês morrerem, por Rao.

-Se você não destruir isso dentro do tempo que resta, – apontei o relógio. – todo o planeta Terra vai parar no tempo! E aí... nós não teremos você para dar um jeitinho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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