História Lendas Eternas! - 9.0 Akai Ito

A primeira coisa que percebi na manhã seguinte quando acordei foram duas coisas, a primeira que estava extremamente aquecido e a segunda que mãos faziam carinhos em meus fios de cabelo. Continuei com meus olhos fechados tentando me localizar, e em uma rápida lembrança recordei a noite anterior o que fez minhas bochechas ficarem coradas e esconder meu rosto no pescoço do ChanYeol.  Assim que fiz isso escutei e senti a risada dele sendo seguida de seus braços ao meu redor.

“Você fica lindo envergonhado” – aquela voz rouca de sono em meu ouvido me causou um arrepio intenso, ainda com as bochechas coradas de vergonhada levantei meu olhar e o encarei. Acho que essa é a visão mais bonita que já vi. Seus cabelos negros estavam desordenados pela noite dormida e em seus lábios existia um sorriso maravilhoso e grande. 

“Bom dia! ” – Sussurrei sem desviar nossas miradas, ele deu um beijo em minha testa me desejando um bom dia também e continuou sorrindo. Sabe, me surpreendo o quão rápido isso está indo, sei lá, nós dois nos conhecemos há dois dias e eu já sinto como se tivesse algo nos ligando, não sou de acreditar em superstições nem nada do tipo, mas, talvez, quem sabe, tenhamos alguma ligação.
Só percebi que estava encarando-o perdido em meus pensamentos quando ele começou a rir e apertou levemente minha bochecha. – “Eu sei que sou bonito amor, mas não precisa ficar encarando” – Comecei a rir com ele até o momento que uma palavra entrou em meus ouvidos e parei de rir. Acho que ele também percebeu o que falou já que ficou me encarando sem rir. 

Antes que eu abrisse minha boca para falar algo ele levantou e começou a andar pelo quarto pegando uma roupa para se vestir. Olhei direito para ele e sorri quando vi suas orelhas vermelhas. Achei melhor não falar nada apesar de meu coração ter pulado uma batida com isso. Sentei na cama com o lençol me cobrindo e fiquei o olhando colocar a calça de moletom.

“Vou fazer o café da manhã, desça quando estiver pronto” – ele disse sem me olhar e saiu rapidamente do quarto, fiquei somente observando-o e quando este sumiu fiquei olhando fixamente a porta enquanto estava perdido em meus pensamentos. Estava com medo, muito medo, da velocidade que estávamos indo. 

Depois de algum tempo na mesma posição senti o cheiro de café, café é o único motivo para eu acordar de manhã. Sorri com minha piada interna e coloquei a camiseta dele, olhei ao redor procurando minha calça, mas não a encontrei. Procurei por todo o quarto e nem sinal dela. Minha barriga estava roncando de fome, mordi meu lábio pensando se descia ou não descia assim.

Logo a fome falou mais rápido e saí do quarto e fui para a cozinha do apartamento, lá o ChanYeol trabalhava focado como se tivesse com um problema sério nas mãos, olhei para o que ele estava fazendo e percebi que além do café não havia nada pronto. Ele olhava os ingredientes como se fossem coisa do outro mundo. Soltei uma risada denunciando minha presença e ele virou para mim com uma expressão sem graça.

“Esqueci de avisar, não sei cozinhar” – Fiquei confuso com sua afirmativa já que a janta foi preparada por ele, quando eu verbalizei essa pergunta ele coçou a nuca demonstrando que estava sem graça e admitiu que havia comprado a comida quase pronta, precisando só esquentar na hora de comer. Ele estava tão fofo desse jeito que fiquei na ponta de meus pés e selei levemente nossos lábios sussurrando sem querer um ‘fofo’.

Ele passou seus braços em minha cintura não me deixando afastar e sorriu dando vários selares leves em meus lábios, dando pequenos espaços de tempo entre eles, foi involuntário um sorriso surgir em meus lábios da mesma maneira que surgiu nos dele. Após alguns minutos assim ele se afastou falando que pegaria os ingredientes. Continuei com o sorriso bobo em meus lábios e levo meus dedos até eles passando levemente ainda sentindo seu calor. Meu coração na presença dele não me dava folga, ou ele batia rápido demais ou pulava uma batida.

Não queria admitir o que isso significava, até porque, não é possível tão rápido assim, é impossível se apaixonar em um dia, é impossível alguém em um dia se tornar indispensável e necessário. Não podia ser apaixonado por uma pessoa que eu não conhecia apesar de ter a impressão que o conheço uma vida inteira. Suspirei profundamente sabendo que seria difícil. 

Fui até a mesa e comecei a preparar algo simples para comermos, preparei com o ChanYeol do meu lado tentando não atrapalhar e ajudar ao mesmo tempo. Eu ri de forma solta quando ele derrubou o saco do pão e fez um malabarismo para o mesmo não cair no chão, fazendo expressões engraçadas e esquisitas. Após tudo pronto sentamos e comemos em um silêncio confortável, não conversamos sobre a noite anterior, nem sobre hoje. Isso é, até o momento que terminei de tomar meu amado café. 

Levantei meu olhar e encontrei ele me encarando seriamente, será que eu havia o deixado bravo por algo? Fiquei o encarando em silêncio observando como ele respirava profundamente como se preparasse para falar algo. – “Eu definitivamente estou apaixonado por você” – Meus olhos dobraram de tamanho com sua fala, fui pego totalmente desprevenido, fiquei o encarando boquiaberto e com meu coração batendo muito rápido e forte.

Ele estava me olhando esperando minha resposta, só que não conseguia falar, na verdade aquela pequena frase estava se repetindo milhares de vezes em minha mente transformando qualquer outro pensamento em pó. – “M-mesmo? ” – Quando consegui encontrar um pouco de voz o perguntei hesitante com medo que ele tivesse brincando.

Ele segurou minha mão e deu mais um daqueles sorrisos grandes que iluminavam tudo, olhei para nossas mãos únicas e agora entrelaçadas, seu calor estava se tornando meu calor e isso me reconfortava. Subi meu olhar mais uma vez para ele e nossos olhares ficaram presos, enfeitiçados. – “Mesmo” – Tive a resposta da minha pergunta antes que ele falasse algo. Seus olhos, profundos e belos haviam me dado a resposta no momento que se encontraram com os meus.

Apertei levemente sua mão maltratando meu lábio inferior enquanto pensava nos prós e contras disso tudo, até que minha cabeça deu um nó e eu fiquei sem saber o que falar. – “Você sabe que estamos indo rápido, não é?” – Novamente fiz uma pergunta que dessa vez ele nem falou, somente concordou com a cabeça enquanto fazia um carinho sutil em meus dedos.

“Sabe que eu nem te conheço direito né?” – Minhas bochechas estavam coradas com a intensidade de seu olhar, mais uma vez concordou somente com um movimento da cabeça. Não sabia mais o que falar, o que perguntar, e ele me olhava esperando que eu dissesse. Não queria, não podia, meu coração temia a dor. – “Não se preocupe, eu vou proteger você sempre” – Ele exclamou sem desviar nossos olhos, sentia os meus já úmidos com todas as situações negativas que passavam em minha mente.

“E se você encontrar alguém que goste mais, e se quando você me conhecer melhor achar que tudo isso foi um erro?” – Minhas lágrimas agora formadas escorriam por meus olhos, tentei soltar minha mão da dele, todavia ele não permitiu, apertando um pouco mais e levando nossas mãos unidas para seus lábios. – “Impossível isso ocorrer, confie em mim, JongDae” – Assim que terminou de falar deu um leve beijo em minha mão.

Droga, o que ele estava fazendo comigo? Meu coração estava desenfreado igual as minhas lágrimas, levantei da cadeira e o abracei com força sem me importar se havia esbarrado em algo. Eu iria dar aquele voto de confiança para ele, ou melhor, para nós.

“ E-eu também estou apaixonado por você ChanYeol” – Sussurrei contra o ouvido dele escondendo meu rosto corado de vergonha em seu pescoço, ele se levantou sem me soltar e começou a rodar na cozinha me fazendo gargalhar e o apertar mais forte com os braços já que por conta de sua altura meus pés não tocavam o chão, tinha tomado uma decisão, iria acreditar na gente, iria acreditar nessa sensação que sentia, iria acreditar no destino e rezava para todos os deuses de todas as religiões para que eu não me arrependesse dessa decisão precipitada e adiantada.

Aos poucos ele parou de rodar e foi me colocando no chão sem soltar de minha cintura, levantei meu rosto de seu pescoço e o olhei com um sorriso bobo nos lábios que era totalmente retribuído pelo sorriso bobo dos lábios do ChanYeol, assim que meus pés tocaram o chão ele me deu um selar leve como um bater de asas de uma borboleta e se afastou segurando minha mão somente.

“Tem algumas coisas que quero te dar” – Ele disse com um sorriso travesso nos lábios e foi me puxando para a sala sem esperar minha resposta, ele realmente era uma criança em corpo de adulto. Quando chegamos na sala, ele me guiou até o sofá onde com delicadeza me empurrou para que sentasse. Fiquei sentado curioso sobre a surpresa dele, o vi se afastar, pegar algo e esconder em suas costas. 
Ele me pediu para fechar os olhos e o fiz apesar da minha extrema curiosidade, escutei os passos dele pelo chão da sala e logo seu calor entre minhas pernas, franzi a sobrancelha sem abrir meus olhos e senti ele mexendo em algo, parecia atrás de mim.

“Pronto, pode abrir os olhos” – Abri meus olhos e ele se afastou, um peso diferente estava em meu pescoço, olhei imediatamente para ele e vi uma corrente com um ‘C’ gravado em madeira, levantei meu olhar para o outro e ele continuava sorrindo. – “Eu nunca tiro ele, mas agora estou te dando como uma promessa que dará certo” – E novamente meus olhos se encheram de lágrimas, eu estava realmente virando uma menininha adolescente apaixonada pelo primeiro amante.

“Eu, não tenho nada para te dar Chan” – falei com a consciência um pouco pesada por receber mais coisas dele e não ter dado nada para retribuir. Ele balançou a cabeça em negação sem parar de sorrir. – “Meu presente vai ser quando você se apaixonar por mim”.

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Dias atuais
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Sabe meu amado ChanYeol, fomos tão rápido, fomos tão intensos, dois estranhos entrando de cabeça em algo desconhecido. Eu medroso e negativo como sempre e você audacioso e positivo. Realmente, somos um caso comprovado que opostos se atraem. E desde aquele dia eu comecei a crer em algo que não imaginei que acreditaria, em destino. Porque não existe outra explicação para nosso encontro. 

Sei que você não acredita, sei que acha que nós fazemos nosso próprio destino. E nisso nós discordamos, mas nenhum relacionamento é perfeito não é. Sabia que ainda tenho o colar que você me deu? Ele não está mais no meu pescoço como você sabe, mas ele está guardado junto com todos os tesouros de nossa vida juntos. Espero um dia, quando estivermos bem velhinhos (ainda não nos acho velhos o suficiente) nós nos sentemos naquele banco duro no jardim que você tanto gosta e lembraremos de todos os momentos.

Quando digo todos, são todos mesmo, porque nenhuma história, não importa o quão bela seja, tem só momentos felizes. Possuem momentos tristes também, porém, para mim, isso é o que ajuda as histórias serem memoráveis. A virarem lendas eternas. E falando em lendas há uma que me chamou a atenção em um velho livro de contos chineses.

Nele dizem que há um fio vermelho que liga todos os seres humanos com suas almas gêmeas. Depois de ler isso fiquei me perguntando, Será, Chanyeol que nossos laços estariam ligados? Como um destino, ou como você gosta de falar, não estamos ligados, mas isso não nos impediu de sermos o eterno um do outro.

Meu amado ChanYeol, estou agora percebendo que com a idade vem a vontade de filosofar por coisas que não faram diferença para nós agora, ou talvez eu seja só um velho emotivo com o casamento próximo de nosso filho mais novo.

Então meu ChanYeol, destino ou coincidência?