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História Leom - Trindade do Império


Escrita por: MKimjin e kimiejeon

Notas do Autor


Oiee pessoal, estão bem??
Eu queria ter atualizado Leom ontem, né, mas acontece que tive um problema com a internet e não consegui aff kkkkkk mas cheguei hoje aeeeeee
Espero que gostem. Este já é o penúltimo capítulo de Leom e sério, espero mesmo que gostem dele.
Boa leituraaaa *-*

Capítulo 29 - Trindade do Império


Fanfic / Fanfiction Leom - Trindade do Império

Já fazem três dias completos que Taehyung foi para o Japão e Seokjin foi junto. Meu pai está uma pilha de nervos. Toda ligação que ele faz o Jin não atende, minha mãe tenta e ele não atende e eu finjo que ele não me atende quando ao menos nem coloco para chamar.

Eu sei que estão ocupados por lá e sei em partes o que anda acontecendo, porque o Tae me conta. Sei que Seokjin está bem, mas não posso contar isso para meus pais, porque até então, eles nem sonham que ele está com o Tae. Para todo mundo, ele está na França.

Eu e Qian estamos numa espécie de plano atrasador, onde ela inventa inúmeras coisas para o casamento, o que faria a data se estender mais. Nossos pais estão correndo atrás de tudo o que ela pede, mas quando eles chegam com as coisas resolvidas, ela traz mais uma lista enorme de coisas e eles vão correndo atrás do que ela pede.

Até agora funcionou, mas meu pai já andou percebendo isso e me chamou para uma conversinha particular no escritório dele.

— Cheguei. — Falo sem o menor ânimo, quando entro no escritório. Ele acena para que eu possa me sentar e eu o faço, ficando na poltrona de frente para ele. — Que é?

— Eu quero saber de uma vez por todas, o que você e sua noiva andam aprontando.

— Como assim? — Franzo o cenho.

— Não se faça de desentendido. O que são todas essas coisas que ela está exigindo para o casamento?

— Não faço ideia. Como o senhor mesmo pode ver, as ordens são dela e não minhas.

— Jungkook, quem é Jia Li?

— Não sei. — Dou de ombros e nego com a cabeça. — Não tenho noção do que são essas coisas e pessoas, mas se ela está pedindo, eu assino embaixo.

— Não, você não assina nada, porque isso já está passando dos limites. Ela exigiu que o vestido de noiva seja feito por essa Jia Li, mas essa estilista não existe, Jungkook!

— Está querendo dizer que ela é louca e inventou alguém?

— Estou dizendo que vocês dois estão planejando alguma coisa e eu vou descobrir!

— Então você vai perder seu tempo, porque não estamos planejando nada. Se quer saber quem é Jia Li, por que não pergunta pra ela? Eu não tenho obrigação de conhecer estilistas e não sei se já percebeu, pra mim, não interessa o que vai ter nesse casamento, porque por mim, ele nem existiria.

— Mas você é muito abusado mesmo!

— Não, eu só estou sendo sincero, como vocês sempre nos ensinaram a ser. Você sempre soube que eu não estou nem aí para esse casamento e o que terá nele não me interessa. Eu sou amigo da Qian, mas ainda assim, pouco me importo com o que ela coloca nessa lista. 

— Eu vou conversar com o pai dela e proibir esses caprichos. Nada disso estava no contrato.

— Você está sendo insensível! Estão roubando o sonho dela de se casar com quem ama, e só porque ela quer fazer uma festa de casamento dos sonhos, você está achando que tem dedinho nosso nisso aí. Se ela exige um vestido feito por Jia Li, vão atrás dessa Jia Li! Pergunta para ela, quem é essa pessoa, oras! Se ela exige que no casamento tenha docinhos típicos de todas as partes do mundo, façam! Pelo menos isso né, acho que é o mínimo que possam fazer.

— Ela quer que o casamento seja ornamentado com flores importadas do Brasil.

— Então compre! — Respondo como se fosse a coisa mais óbvia a se fazer. — Qual o problema?

— O problema é que vai demorar muito para trazermos flores do Brasil e corremos o risco de chegar aqui e todas as flores estarem murchas!

— Então plante vários pezinhos de flores brasileiras, e as deixem crescer. Quando florescerem, vocês colhem e fazem os enfeites. Simples.

— Você tem noção do que está dizendo? Esse casamento tem que sair logo!

— Então mande um avião para o Brasil e traga as flores que ela quer. Vocês dois têm dinheiro para isso. 

— Eu não consigo acreditar que isso está acontecendo.

— Já estão se arrependendo da ideia ridícula? — Não consigo segurar e acabo dando um sorriso.

— Nunca, Jungkook. E eu sei bem que tem dedo seu nessas listas. Vocês vão se arrepender.

— Olha, se insistir tanto que tem coisa minha aí, eu vou começar a fazer exigências também, e aí vocês terão o dobro do trabalho.

— Acho bom vocês ficarem espertos, porque isso não vai ficar assim.

— Tudo bem. — Dou de ombros como se não tivesse ficado preocupado. Eu preciso demonstrar ser forte e não posso acabar entregando, que também faço parte dos desejos das listas. — Era só isso? Posso voltar ao meu posto de noivo perfeito e levar minha noiva para tomar um chá das cinco vendo o pôr do sol?

— Chá das cinco. — Meu pai ri nasalado e bate a mão na mesa. — Isso me lembra França e França me faz lembrar que preciso acertar as contas com Seokjin. Ele já passou dos limites e eu não vou mais esperar por ele! E quanto a você, Jungkook, prepare suas mãos, porque você vai precisar de assinar alguns papéis hoje.

{...}

— Então o sogrão quer saber quem é Jia Li? — Qian está gargalhando, mal segurando a xícara de chá. Ela está vermelha e eu acho mais graça na cara dela, do que na situação em si.

Não consigo segurar o riso e acabo sendo obrigado a afastar minha própria xícara de perto da boca para evitar um acidente.

— Acho melhor você inventar logo um paradeiro para essa Jia Li, porque meu pai está bem puto.

— Como assim inventar um paradeiro para a Jia Li?

— Eles já descobriram que essa estilista não existe.

— Como assim Jia Li não existe? É claro que ela existe, ela só não é uma estilista profissional. — Qian dá uma goladinha no chá e apoia sua xícara de volta no pires. — Ela é minha amiga e desenha vestidos lindos. Mas ela vem de uma família humilde e eles não têm dinheiro para bancar os estudos dela. Ela tem potencial, e antes de pensarem que quero atrasar o casamento, em primeiro lugar quero dar reconhecimento para ela. Já até mandei uma mensagem para ela dizendo que se eles entrarem em contato com ela para solicitar um vestido, é pra ela cobrar bem caro. Se possível o valor que pague a faculdade dela inteira.

— Quê? — Não posso evitar de arregalar os olhos.

— Kook, quanto você acha que custa um vestido desse porte, nas mãos dos estilistas famosos?

— Não faço ideia. Mas caramba, o valor paga uma faculdade?

— Noivinho, tem vestido que paga três faculdades e sobra dinheiro para um carro popular.

— Deus me livre!

— É, é bem caro e desnecessário, na verdade, porque eu já vi vestidos muito mais baratos e muito mais bonitos, mas enfim, o meu vestido de noiva, quero que seja feito pela Jia Li. Mesmo que ela não queira cobrar caro, só por eu estar vestindo um vestido desses, ela já vai ganhar muitas encomendas, então eu quero que seja feito por ela.

— Então eu recomendo que você avise meu pai, porque do jeito que ele é atrevido, ele vai comprar um vestido qualquer e dizer que foi Jia Li quem fez.

— Ah mas ele não vai fazer isso. — Qian sorri e eu até diria que foi de forma fofa, se não estivesse ouvindo o tom ameaçador dela. — Seu pai faz o que quer com você, Jungkook, mas se ele tentar me passar a perna, ele não vai gostar do que eu vou fazer.

— Então avise. Fica essa dica, aí.

Qian fica pensativa e eu deixo o assunto de lado, passando a dedicar minha atenção aos biscoitinhos de nata. Eu estou começando a achar que nossos planos de atraso não vão funcionar por mais tempo e acho que meu pai com certeza tem algo em mente, porque não iria dizer que tenho que assinar os papéis, assim, do nada.

{...}

Eu pensei que o jantar seria um momento de sossego, até meu pai mencionar a lista mais uma vez. Acho que ele faz questão de falar de assuntos desagradáveis bem na hora da comida, só pra gente ficar mais puto e sair da mesa, porque não existe uma explicação melhor para isso.

Estávamos tendo um bom momento, mas do nada ele convoca todo mundo para ir até seu escritório após o jantar e isso já faz a gente ficar meio tenso. É chato e a fome que eu sentia, nem é mais o suficiente para eu querer comer aquele frango assado maravilhoso.

Já no escritório, ele tira a lista do bolso e a coloca sobre a mesa, para começar aquele discurso horrendo. Vejo como ele se preocupa em parecer o chefe do lugar, um homem poderoso e isso só me faz querer rir, porque eu não consigo levar ele a sério.

— Qian, eu gostaria de te fazer uma pergunta e gostaria que fosse sincera quanto a isso.

— Claro, o que deseja saber?

— Noto que em sua lista, você exige um vestido feito por Jia Li.

— Sim.

— Certo, mas acontece que não existe nenhuma estilista com esse nome. — Minha mãe dá seu palpite e eu percebo que com certeza ela foi a encarregada de procurar por essa moça. — Poderia nos dizer quem é essa Jia Li e se você tem certeza que é esse mesmo o nome dela.

— Claro que tenho certeza! Não pensaram que eu inventei alguém, não é?

— Claro que não. — Meu pai mente, pigarreando. — Mas, queremos saber como podemos encontrá-la, porque não conseguimos localizá-la em lugar nenhum.

— Jia Li é minha amiga.

— O quê? — Minha mãe arregala os olhos de novo. — Como assim sua amiga?

— Ela não é uma estilista profissional, mas trabalha bem. Quero que o vestido seja feito por ela e só vou me casar se ela for a dona do vestido.

— Mas ela não é uma estilista profissional?

— Não. E ela tem muito talento, mas falta dinheiro para bancar os estudos. Quero que ela seja reconhecida e quero que ela tenha condições de pagar a faculdade. O meu vestido de noiva tem que ser feito por ela e eu vou verificar se não pegarem um vestido qualquer para falar que ela quem fez. Quero Jia Li aqui, tirando medidas e fazendo tudo da forma que eu pedir.

— Essa é minha filhota, sempre se preocupando com os outros. — Shaofeng passa a mão nos ombros dela e ela sorri.

Já entendi tudo. Qian é muito mimada pelo pai. Mimo em excesso, mesmo que ela não aja como uma pessoa arrogante. Ela usa dos mimos para ajudar as pessoas e é por isso que está exigindo um vestido da amiga que nem é profissional, ao invés de escolher algo muito mais caro e feito por gente famosa.

Além de atrasarmos o casamento, ela ainda vai estar ajudando a amiga, que pelo visto, precisa muito de ajuda.

— Eu assino esse pedido da Qian. Tragam Jia Li e se quiserem, podem dizer que o rei Feng solicitou a presença dela.

— Não, tudo bem. — Meu pai suspira, nervoso. — Vamos aproveitar que estamos todos aqui e quero lhes entregar um documento importante, para que todos vocês assinem.

— Que documento? — Pergunto antes mesmo dele terminar de se explicar. Sinto uma sensação ruim e por mais que eu desconfie do que se trata, sinto um medo enorme tomar conta de mim.

— O contrato de casamento. — Ele sorri e a vontade que eu tenho é de me atirar da janela. — Pensou que iríamos demorar, filho? Claro que não. Os documentos estão prontos, agora vocês dois precisam assinar.

— Querem que eu assine um documento, como nada resolvido ainda? Querem que eu assine aí que irei me casar, sem meu vestido e minhas-

— Todas as suas exigências já foram feitas. — Minha mãe a interrompe, fingindo aquele sorriso. — Inclusive, hoje mandamos um avião para o Brasil para trazer suas flores. Agora só falta o vestido.

— Como já mandaram um avião? — Ela ri nasalado, desacreditada. — Até a data do casamento elas estarão murchas.

— Não estarão. Vocês irão se casar no fim de semana que vem. — Meu pai tira a papelada do envelope e Qian me encara, com os olhos arregalados.

— E meu irmão? — Não consigo evitar. Sei bem que, se Seokjin voltar, Taehyung volta junto, mas pelo que andamos conversando, isso vai demorar um pouquinho.

— Seu irmão, eu me resolvo com ele depois. Só não quero adiar esse casamento. Temos negócios a fazer e não quero parecer que estou enrolando, para Shaofeng.

— Mas-

— Podem assinar. — Meu pai coloca uma caneta em cima da papelada. — Eu e sua mãe já assinamos as partes necessárias, agora faltam os noivos e os Feng.

Eu me sinto gelado. Se eu assinar os papéis, estarei concordando com o que ele anda obrigando e eu não estou de acordo com isso. Taehyung me disse para não ir contra as decisões dele, mas o que Tae não sabe, é que assinar um contrato é coisa séria, e até então, achei que o casamento seria mais para frente.

Não tem nem como eu sair daqui e perguntar para ele o que devo fazer. Não tem como eu perguntar para Seokjin e não tem como eu pensar em nada. O negócio é exatamente esse: ou eu assino, ou eu assino. Simplesmente não tenho outra alternativa.

A rainha Feng assina a parte dela, tranquila. Shaofeng pega outra caneta e vai assinando sua parte também, deixando o restante apenas para mim e Qian.

— Eu não assino sem ler. — Falo de uma vez. — Me dê uma cópia desse documento e me deixe ler primeiro.

— É só seu contrato matrimonial. Não tem nada demais aqui. Vai ler até semana que vem e vai ficar enrolando. Isso é um documento importante, Jungkook. Isso aqui não são suas compras de personagens em seus jogos favoritos. É o futuro de dois reinos e você vai assinar agora.

— Não assino sem ler.

— Kook. — Qian fala baixinho e se aproxima de mim. — Temos que assinar. Não teremos escolha. Eles não vão ceder, são nossos pais e criaram um documento para oficializar o casamento.

— Não adianta! Eu não assino!

— Se você não assinar, Jungkook, eu vou colocar todas as autoridades possíveis atrás dos seus amiguinhos. Um deles sequestrou você e eu o coloco atrás das grades, pra sempre, se for necessário.

— Você não faria isso.

— Ah eu faria, inclusive... — Ele abre uma gaveta e pega um papel. — Já tenho o mandado de prisão pronto, e este mandato proíbe seus queridos amigos a colocarem os pés na Coréia do Sul. Se você não assinar, eu vou acabar com a vida deles.

— Não, espera, mas um amigo aí está junto com a gente na divisão de bens do Leom.

— Mas ele sequestrou meu filho, senhor Feng, e se eu o prender, não vai ser sua palavra de homem que me fará impedi-lo de mofar na cela. Ele pode até pegar parte dos bens, mas ele nunca vai usá-los.

Eu sinto uma lágrima escorrer e não consigo imaginar que estou ouvindo isso do meu próprio pai. Ele está surtado desde que Seokjin foi embora e tudo o que pode fazer para me infernizar, ele está fazendo.

— Não acredito que vai fazer isso.

— Assine.

— Eu só vou assinar, se me entregar este mandado de prisão e você tem que prometer, pai, usando sua palavra de rei e de homem, que nunca vai infernizar a vida dos meus amigos. Se eu assinar e você fizer algo contra eles, eu acabo com você.

— Não acho uma boa ideia me ameaçar agora.

— Ah mas eu acho. É o sangue do pirata Jun que está fervendo nas minhas veias agora e eu te dou minha palavra de homem e de herdeiro de um pirata, que eu acabo com você se descumprir com sua palavra.

— Mas eu não prometi nada.

— Mas vai prometer, caso contrário, eu não assino.

Ele mantém os olhos firmes nos meus e eu não abaixo a cabeça. Sigo o encarando e não vou deixar que ele me faça ceder. Só vou assinar se ele me entregar o papel e prometer que não fará nada contra o Tae.

— Acho uma boa ideia esse rapaz dividir os bens com a gente antes do casamento. — Shaofeng sugere.

— Não, ele vai simplesmente receber os bens. Vamos dividir entre nós e vamos mandar entregar a parte dele.

— Mas por quê?

— Meu pai me proibiu de vê-los. — Explico. — Só porque são… piratas. — Rio com deboche, louco para dizer que é porque ele é um maldito homofóbico.

— Mas os rapazes são de bem.

— NÃO os aceito em minha cidade. — Ele dá o veredicto final e estica a caneta minha direção. — Te entrego o mandado de prisão e não vou persegui-los. Mas você precisa assinar.

Pego a caneta com a maior grosseria possível. Faço rubricas sem a menor vontade em todas as folhas e na última, coloco meu nome completo. Bato a caneta em cima da mesa e pego sem a menor delicadeza o papel que está nas mãos dele e o rasgo.

— Se você descumprir com suas palavras, terá feito isso na frente da realeza da China e com a minha promessa de que farei você se arrepender.

— Eu não tenho medo de você. E se seus amiguinhos me tirarem do sério, por qualquer motivo que seja, serei eu quem farei eles se arrependerem.

Eu dou as costas antes mesmo dele que falar que deu a reunião por encerrada. Vou andando a passos largos até meu quarto, mas sou chamado por Qian, que vem correndo atrás de mim.

— Kook, não fica assim. — Ela respira fundo e coloca a mão no peito. — Seu pai está irritado e meu pai vai seguir o que ele quer, mas não se preocupe.

— O que aconteceu?

— Fiz uma assinatura falsa.

— Está maluca? — Arregalo os olhos.

— Sim, mas é só pra gente ganhar mais tempo. Tenta convencer seu irmão de trazer o Tae logo, pelo menos até o dia do casamento. A gente pode fazer qualquer coisa até lá, mas se chegarmos a subir no altar, já era.

— Vou mandar mensagem pro Seokjin e ver que diabos está acontecendo no Japão. Temos aí uns seis dias. A gente precisa conseguir, Qian.

— Vamos conseguir. Só torça para seu pai não descobrir que minha assinatura é falsa.

{...}

Ficar sem conversar com Taehyung direito está sendo um saco. Em um dia inteiro, a gente consegue mandar umas três ou quatro mensagens, porque ele precisa passar um tempo resolvendo as coisas com a família dele e eu preciso ficar acompanhando Qian Sun para todo lado. Isso já acontece a alguns dias. Meu pai continua criando suas expectativas sobre o maldito casamento e eu já vi algumas coisas começarem a chegar, o que está me deixando bem puto.

Eu estou no meu quarto. O almoço acabou a pouco tempo e eu consegui alguns minutos de folga, porque ela disse que ficaria no quarto dela e que assim, eu poderia ficar no meu, descansando ou fazendo qualquer outra coisa que fosse; e na verdade, não estou fazendo nada.

Taehyung não viu minha mensagem de bom dia até agora e eu não faço ideia do que vou fazer. Meu pai já falou hoje pela manhã que daria uma chegada na delegacia para tratar de assuntos sobre o capitão e a tripulação do Hebi e graças a isso, eu realmente estou conseguindo ter um momento de sossego.

Ouço dois toques na porta e me levanto sem a menor vontade para abrí-la, o que me desanima completamente, porque se estou aqui, é porque quero sossego. E acho que meu desânimo fica pior ainda, quando abro a porta e vejo quem está do lado de fora.

— O que você quer?

— Falar com você.

— Não estou disponível. — Faço menção em fechar a porta, mas Hyungsik coloca o pé no vão e não me deixa fazer. — Qual é o seu problema? — Arqueio as sobrancelhas.

— Eu preciso falar com você.

— Já disse que não estou disponível.

— Seu pai vai enganar vocês e não vai dividir o tesouro do Leom com seu namoradinho.

— Como é que é?

— Me deixa entrar e a gente conversa.

— Que história é essa?

— Posso? — Ele estica a mão até meu quarto e eu libero a porta. 

Ele entra e fecha a porta atrás de si. Noto alguns papéis em sua mão e aponto para eles.

— O que é isso aí? Que brincadeira é essa? Não, melhor, que história toda é essa?

— Eu posso falar sem você ficar irritadinho?

— Fala logo. — Cruzo os braços.

Hyungsik suspira e revira os olhos, antes de caminhar pelo meu quarto, e sem minha permissão, sentar na minha cama.

— Fala logo. — Repito, com as sobrancelhas arqueadas, analisando ele passando a mão pela minha cama.

— Foi aqui que você transou com seu pirata pela primeira vez, ou vocês já faziam esse tipo de coisa no navio?

— Quem você acha que é, para entrar no meu quarto e falar dessa forma comigo, desrespeitando minha privacidade?

— Sou o mesmo Hyungsik de sempre, mas agora, eu quero uma coisa.

— Que coisa?

— Você. — Ele responde normal, me encarando com aqueles olhinhos apertados dele e eu me assusto.

— Como é que é?

— É isso mesmo. Eu quero você. Sempre te quis, e quando eu descobri que você é gay, eu tive a brilhante ideia de deixar de ser fiel escudeiro do seu pai e tentar ser o seu. Mas você precisa ficar comigo.

— Eu não estou ouvindo isso. — Rio desacreditado. — Sai do meu quarto, Hyungsik. Para o seu bem, eu vou fingir que não ouvi nada disso que está dizendo e tudo vai voltar a ser como era antes. Você sendo um puxa saco idiota do meu pai e eu odiando a sua existência.

— Eu peguei isso e acho que você vai gostar de saber que não está mais nas mãos do seu pai. — Ele vira o papel para mim e eu vejo que é o documento que assinamos. — Se ficar com esses papéis, seu pai vai ter que refazer o documento e você vai ficar mais tempo livre desse casamento idiota. Vocês não assinaram um documento reserva que eu sei.

— Como pode saber tanto assim de assuntos particulares?

— Sou o braço direito do seu pai. Acha que eu não tenho conhecimento dos assuntos? — Ele semicerra os olhos e se levanta, caminhando devagar na minha direção. Dou dois passos para trás mas sou impedido de continuar, por causa da porta.

— E que história é essa do Leom? — Engulo em seco.

— Seu pai já deu um jeitinho de como vai pegar o Leom. Ele vai pegar o tesouro da sua parte e da parte do seu namoradinho. Vai dizer para o Feng que mandou o tesouro para o Japão, mas ele vai guardar. Ele não quer você tendo contato com o piratinha e depois do casamento, vai proibir seus amiguinhos de entrarem em Busan.

— Como você me prova isso?

— Com isso. — Ele levanta os papéis na altura dos meus olhos e eu vejo que são alguns e-mails.

— Então você anda mexendo na caixa de e-mails do meu pai.

— Eu tenho acesso a muitas coisas do seu pai, inclusive aos e-mails dele. Eu te dou esse papel se quiser. Você vai conseguir provar para o Feng que seu pai não está fazendo parte do trato e ele pode até cancelar o casamento por causa disso. Te dou o documento que vocês assinaram também, mas você vai precisar ficar comigo. Eu não aceito menos que isso.

Fico calado.

— Ele está lá na delegacia conversando com o delegado sobre o que ele vai fazer com seu capitão e a tripulação daquele navio asqueroso, quando passar o casamento. Teremos um bom tempo para resolver isso. É só a gente combinar direito que tudo vai dar certo.

— E você vai ter a brilhante ideia de falar para meu pai que é gay também e que está comigo.

— Seu pai vai me aceitar. Eu não sou de uma família rica, mas tenho educação, coisa que seu namoradinho não tem.

Eu rio nasalado e me afasto dele. 

— Esquece, ele nunca vai te aceitar.

— Eu posso ser bem convincente.

— Mas acontece que eu não quero. — Falo simples e ele me encara, incrédulo.

— Jungkook, eu estou te dando a oportunidade de se livrar desse casamento que você não quer de jeito nenhum e você está recusando só por causa do seu namoradinho, que não está nem aí para você?

— Não, eu estou recusando porque eu não confio em você.

— Mas eu estou falando a verdade! Veja estes e-mails! Quer prova maior que essa?

— Ah, e pra eu falar que aceito e você correr e contar para meu pai? Não aceito.

— Eu não vou falar nada com seu pai! Você pelo menos prestou atenção no que eu disse pra você? Eu gosto de você, Jungkook, e estou te dando a chance de ter um fiel escudeiro, assim como sou do seu pai.

— Eu já tenho meu fiel escudeiro. Na verdade, são dois.

— Ah, está falando os cozinheiros? Pelo amor de Deus, o que eles podem te oferecer?

— Muito mais do que você! Eu gosto deles e isso já conta demais. Eu não gosto de você, Hyungsik. Portanto, nada feito.

Ele parece querer soltar fogo pelo nariz. Tudo o que eu queria, eu consegui, que é saber do plano do meu pai. Agora eu posso usar essa informação para passar pra Qian e para o Tae. Nós três precisamos nos organizar na divisão desse tesouro e sabendo que meu pai pretende burlar essa regrinha do contrato, eu vou fazer questão de que estejamos juntos no momento de dividir os lucros. Taehyung comandou a expedição até o Leom e eu não vou aceitar que ele fique sem nada.

— Você está desperdiçando uma oportunidade de ouro. O que você planeja, hm? Está confiante demais para o meu gosto.

— Isso não é ser confiante. Eu simplesmente prefiro mil vezes me casar com a Qian, do que ficar com você, é isso.

Hyungsik se afasta de mim, com os olhos perdidos.

— Mas você é gay e prefere uma garota, do que a mim?

— Eu não sou gay. Eu amo o Taehyung, e só ele, mais ninguém. Se for para ficar com um homem, que seja ele, se não, é ninguém, e pelo menos eu gosto da companhia da Qian, o que eu não gosto da sua.

Ele se afasta mais e assente, com aquele semblante de quem está guardando um ódio bem forte de mim, ou seja, da mesma forma que ele sempre me olhou, quando me desafiava e me fazia raiva por qualquer motivo que fosse. Ou então quando eu o colocava no lugarzinho dele, dizendo que ele sempre foi um mero empregado do meu pai.

— Você vai se arrepender disso, Jungkook. Você vai ser infeliz com sua noiva e depois disso eu vou me encarregar pessoalmente de evitar que seu namoradinho entre em Busan. Estarei em todas as suas viagens de negócios e me certificarei de que vocês não irão se encontrar.

— Então eu acho bom você aproveitar esse “poder” todo que tem agora, porque quando eu pegar aquela coroa, quem será proibido de viver em Busan, será você.

Ele sai do meu quarto sem a menor delicadeza. Nem parece aquele Hyungsik que veio me dizer que gosta de mim, e eu realmente me assusto com isso. Só espero ele bater a porta do meu quarto, para trancá-la e correr até meu celular. Preciso avisar o Taehyung e dizer que a família dele precisa organizar a coroação com urgência. Hyungsik vai mexer os palitinhos dele e vai fazer o fogo esquentar mais para o nosso lado.

— Tae! — Falo rápido, quando ouço ele atender, pela primeira vez em minha tentativa. — Tae, vocês precisam vir para Busan antes do casamento. Meu pai vai fechar as passagens e não vai deixar você voltar pra cá. Hyungsik veio com uma história muito maluca pra cima de mim e com certeza eles estão com algum plano. — Respiro fundo. — Vocês precisam se apressar.

— Eu estou voltando, Kook. Me espere no momento certo.

{...}

Eu estou nervoso desde que vi flores e mais flores chegando na minha casa, junto com ornamentações de casamento e principalmente, depois que passei a ver uma chinesa maluca de cabelos curtos e ruivos, correndo de um lado para o outro com Qian, tirando medida se escolhendo tecidos.

O vestido ficou pronto num estalar de dedos. Nunca imaginei que uma roupa daquele tamanho pudesse ser feita assim tão rápido. Por mais que Qian tivesse escolhido um modelo mais simples, ainda assim, para mim, era muita complexidade e eu de fato admirei o trabalho da tal Jia Li.

Não posso explicar como estou me sentindo agora. Acabei de ser arrumado por Yoongi, Hoseok e mais vários criados, sob o olhar julgador de Hyungsik, que depois daquele dia, insistiu que eu deveria repensar no assunto. Ele insistiu tanto, que eu até disse que iria pensar se ele parasse de me encher o saco. Agora ele está aqui, numa sala que minha mãe separou só para que eu pudesse ser arrumado para o casamento, provavelmente esperando alguma resposta minha, já que eu não falei nada até agora.

— Senhor, sua mãe pediu para lhe trazer isto, antes que se maqueie. — Uma das cozinheiras contratadas para o casamento me trouxe um copo com suco.

— Olha, sem querer ser rude, eu vou recusar. Estou com fome e minha mãe me manda trazer suco? — Franzo o cenho. — Ela acha que eu sou o quê?

— Perdão, senhor. — A moça se curva e eu respiro fundo.

— Não, não é sua culpa, ela que é uma péssima mãe. Não me deixou comer até agora, para que eu pudesse ter uma postura boa e barriga reta na hora do casamento. Ridículo isso. Como se não bastasse esse casamento sem noção, ainda tenho que lidar com isso de ela achar que eu posso ficar de pé sem comer nada.

— Quer que eu a convença de trazer algo para você comer? — Hyungsik se pronuncia e Yoongi me dá um beliscão na cintura, reprovando qualquer pensamento que eu tivesse de concordar com a pergunta.

— Não, obrigado. — Respondo simples, me sentando na cadeira de maquiagem e encostando minha cabeça para que pudessem vir me encher de corretivo e pó, para me fazerem parecer um fantasma no meu próprio casamento.

Estou à espera de Taehyung que me falou que estava a caminho de Busan, mas não me disse mais nada. Não atende o celular, não responde e nem visualiza mensagens. Seokjin está na mesma, não me diz nada. Jimin e Namjoon muito menos, e eu estou aqui, ansioso, nervoso, tremendo feito um maluco, morrendo de medo de algo dar muito errado e eu acabar me casando.

Sei que não foram pegos. Se fosse esse o caso, Hyungsik já teria me falado, meu pai já teria jogado na minha cara e Seokjin estaria aqui em casa, cuspindo fogo e se arrumando para o casamento. Mas ainda assim, eu me preocupo. Onde é que eles estão?

Minha mãe entra na sala. Está sobre um salto finíssimo, e dentro de um vestido maravilhoso azul serenity. Fico me perguntando se ela se arrumaria assim para um casamento entre eu e alguém que eu goste de verdade, mas já sei que a resposta é não, porque esse alguém é o Tae e ela nunca vai aceitá-lo.

— Jungkook, meu filho, você não imagina como a Qian está linda! Nossa, acho que o tanto que está relutando contra esse casamento, vai ser desmanchado assim que você vê-la. Ela está simplesmente deslumbrante! — Minha mãe chega atrás de mim e apoia em meus ombros. — Os convidados já estão chegando, a orquestra está prontinha no jardim e tudo lá em baixo está perfeito, só esperando vocês dois.

— Eu estou com fome. — É a única coisa que respondo e ouço ela suspirar, antes de dar alguns toquinhos nos meus ombros. 

— Você vai comer assim que a cerimônia acabar. Temos um banquete maravilhoso para vocês e depois do casamento, vão comer o que quiserem.

— Hum. — Prefiro não dizer mais nada. Sei que não poderei comer antes disso, e ficar insistindo e ouvindo as desculpas sem sentido dela, só me fará ficar com mais raiva. — E Seokjin, notícias dele? — Jogo a rede pra ver se pesco alguma coisa, mas isso a faz ficar mais rígida e ouço seus passos se afastando.

— Seokjin está na pior com seu pai.

— Como assim?

— Seu pai está decepcionadíssimo com ele. Não deu sinal de vida até agora e não há nada que façamos, que ele responda. Você… não sabe mesmo onde ele está?

— Quisera eu saber. — Rio nasalado, sendo sincero pela primeira vez, acerca do assunto de saber do paradeiro do meu irmão. — Mas ele está certo. Deve ter ido procurar um lugar melhor para morar e eu realmente sinto muitíssimo por não poder ir morar na China com a Qian, ao invés de trazê-la pra cá.

— Rum, filhos ingratos. — Ouço ela resmungar. — Você não sabe o que está dizendo, Jungkook.

— É, talvez eu não saiba. — Mais uma vez eu corto o assunto.

— Quando terminar sua maquiagem, desça. Não vamos prolongar muito esse tempo pré casamento. Depois a festa vai acontecer, mas a cerimônia precisa ser feita logo.

Ela sai do quarto e me deixa lá, ainda sendo pintado de palhaço, para o maior espetáculo da Ásia.

Eu fico pronto em questão de minutos. É uma maquiagem simples apenas para esconder minha cicatriz e alguns carocinhos que ganhei ao andar no jardim com a Qian e ser picado por pernilongos.

Após me liberarem, eu saio da sala e Hyungsik vem logo atrás de mim, provavelmente sabendo que eu não vou dá-lo uma chance. Penso até em ir no quarto que vou dividir com a Qian — que graças a Deus não vai ser o meu e eu ainda terei uma certa privacidade quando quiser —, para vê-la, porque sei que estão arrumando ela por lá, mas eu desisto. Acho melhor descer logo e esperar por ela lá embaixo, porque não vamos poder ter uma conversa em particular agora, e quanto antes eu descer, mais rápido essa tortura acaba.

A verdade é que eu queria prolongar isso, mas já estamos no dia, já estamos quase na hora, já estamos com tudo planejado, então eu acho que não há mais nada que eu possa fazer, além de torcer para que Seokjin chegue logo trazendo Taehyung e me tirem desse casamento ridículo.

Desço as escadas sem a menor vontade de encarar um bando de convidados curiosos que irão me perguntar toda a hora a mesma coisa sobre “o que estou achando do casamento?”, e só de pensar, me dá vontade de voltar para a sala.

Caminho desanimado até o local onde vai ser a cerimônia. Acho que esse vai ser o casamento mais sem noção da Coréia, porque o rei Feng fez questão de que tivessem alguns ritos característicos dos casamentos chineses, e pra começar, Qian vai se casar de vermelho.

Paro próximo ao altar, longe dos convidados, para evitar que eles comecem a se aglomerar a minha volta e comecem com as perguntas idiotas. Hyungsik está no meu pé, e eu me pergunto se meu pai o deu alguma ordem para calcular até quantos passos dou, ou se ele realmente espera que eu cancele o casamento na frente de todo mundo e diga que quero ficar com ele. E caramba, ele é maluco e eu não duvido dessa opção.

Só sei que, para minha mãe que disse que não queria prolongar esse momento pré casamento, eles estão demorando demais lá em cima e eu começo a me perguntar se realmente foi uma boa ideia eu já ter descido. Poderia ter ficado mais um pouco na sala ou até mesmo no meu quarto, tentando falar com Taehyung mais uma vez. Já devem ter uns quinze minutos que estou aqui, na mesma posição, encarando tudo e todos e forçando um sorriso quando alguém acena para mim ou quando vem algum fotógrafo imbecil com aquelas câmeras de três metros de comprimento, bater aquele flash desagradável na minha cara.

Suspiro quando a última sessão de fotos acaba. Estou com raiva e acho que preciso até de uma água, e quando me viro para pedir Hyungsik que me arranje um copo, eu sou surpreendido pelo meu irmão que vem caminhando às pressas na minha direção, arrumando os últimos detalhes da gravata azul marinho que colocou sobre a camisa social clara.

Arregalo os olhos e ele continua vindo, sério, até parar ao lado do Hyungsik e o encarar com nojo.

— Poderia dar um pouco de espaço ao noivo? — Pergunta, com um tom sério. — Na verdade, poderia nos dar licença? Tenho um assunto de família para tratar com meu irmão.

Hyungsik faz um bico e logo se afasta, o que me faz crer que ele realmente está me seguindo porque quer e não porque meu pai mandou.

— Jin, está maluco? Você sumiu! Papai quer comer seu fígado!

— Eu sei, olha, relaxa.

— Onde você estava? E o pessoal, onde eles estão, caramba? Estou prestes a me casar e até agora o Taehyung não apareceu.

— Calma, o Taehyung sabe o que fazer. Deixa com ele.

— Qual é o plano?

— Eu não sei, ele não me contou.

— O quê? — Arregalo os olhos, incrédulo.

— Taehyung não me conta tudo o que decide, ok? Só, fica tranquilo.

— Ele está aqui? — Pergunto em sussurros, correndo os olhos para o lado e vendo Hyungsik nos encarando, como se tentasse ler o que falamos.

— Está em Busan, mas não sei se está aqui, aqui. Como eu disse, eu não sei do plano dele e realmente preferi ficar sem saber. É melhor agirmos de forma surpresa quando tudo acontecer, não acha?

— Mas e quanto a você? Quando voltou?

— Devem ter uns trinta minutos. Subi pela escada do seu quarto porque sei que ninguém vê ninguém lá. Terminei de me arrumar no seu banheiro, inclusive. — Eu arregalo os olhos. Tinha um dildo na banheira. Droga, droga. — E a culpa é toda sua, por eu ter visto aquele brinquedo gigante cor-de-rosa. Seu quarto estava trancado, eu tive que entrar e sair por lá também, digo, pela janela.

— Você não viu nada. — Falo sério e ele assente como se não fosse nada. Com certeza ele também tem alguns, só pode.

Mas depois disso ele não fala mais nada. Estamos em silêncio e eu acho que meu pai vai entrar em colapso quando ver Seokjin aqui, mas por incrível que pareça, ele apenas se aproxima como uma pessoa sensata que finge ser e sorri.

— Então você resolveu aparecer. Nós precisamos ter uma conversa muito séria, Seokjin. — Disse entredentes.

— Não vejo motivo. Eu voltei a tempo para o casamento, não foi?

— Mesmo assim, não pense que sairá ileso. — Meu pai fala sério. — E quanto a você, se prepare porque sua noiva já está vindo.

Eu sinto um calafrio percorrer minha espinha e ele simplesmente se afasta. Minha mãe já está sentada em seu devido lugar, a rainha Feng também e em questão de segundos, a Qian aparece no fim do caminho de pétalas vermelhas, de braço dado com Shaofeng.

Eu acho que quando Seokjin chegou, Hyungsik deu um jeito de avisar a eles, porque para mim, não faz o menor sentido essa rapidez toda que todo mundo apareceu aqui, inclusive a Qian.

Eu estou temendo, com vontade de vomitar, vontade de chorar, sentindo frio e calor ao mesmo tempo. Acho que posso desmaiar a qualquer momento, mas minha atenção é chamada pela música que se inicia.

Parece que meu coração vai pular para fora do peito, porque sinto ele batendo forte em minha garganta. Qian vem passando pelo caminho com o pai dela, com aquele sorriso bonito e, eu devo assumir que ela realmente está linda. Não me convenceu a passar a ser a favor desse casamento, mas ela está deslumbrante e não posso negar.

O vestido vermelho vem passando pelas pétalas e seria uma cerimônia linda, se eu estivesse me casando por conta própria. Ela chega perto de mim e abre mais ainda o sorriso, soltando a mão do pai e segurando a minha, que eu julgaria até ter sido com certa pressa.

— Cuide da minha filha, Jungkook. Confio no seu potencial de bom marido. — Shaofeng também sorri para mim e eu apenas me curvo minimamente, antes de me posicionar no local certo.

— Kook. — Ela sussurra. — Você precisa dizer sim.

— O quê?

— Diga o sim. — Insiste, ainda sorrindo. — Vai por mim, diga o sim, estou falando sério.

Eu prefiro não ficar perguntando, porque a música já parou e a cerimônia vai começar.

Não consigo dizer o que estou realmente sentindo. Qian está sorridente demais e eu estou começando a me sentir uma péssima pessoa, só de pensar que ela está de fato feliz por estar se casando. Ela quer que eu diga sim, mas por quê? Decidiu que finalmente vai aceitar o casamento? Não é possível… e nossos planos? Mas, ela fez uma assinatura falsa no documento, então será que existe a possibilidade dela ter mudado de ideia assim, tão rápido?

Eu juro que tento prestar atenção no que o homem à nossa frente fala, mas não consigo. Se eu pudesse, pularia logo para a parte que ele pergunta se a gente se aceita e pronto. Por mais que eu não queira me casar, ficar ouvindo toda essa baboseira sobre como é linda a união, me deixa enjoado. A união é linda quando os noivos se amam de verdade, e tudo o que sinto por Qian é apenas carinho de amigos. Mas ainda assim prefiro que ele pule toda a falação, porque já sinto que Taehyung não vai aparecer a tempo, se é que ele está vindo pra cá.

Começo a pensar que ele veio sim para Busan, mas para me dizer que vai preferir seguir a vida dele no reino dele, porque ele encontrou alguém melhor e que a família desse alguém o aceita da forma que ele é, e por mais que ele fique bem chateado quando “duvido” do amor dele, agora, neste exato momento, é a única coisa que eu consigo imaginar. Ele pode sim estar em Busan, mas vai esperar o final do casamento para aparecer e se despedir de mim, o que já faz uma fisgada no meu coração vir com força.

Se esse homem ficar falando nessa calma, eu acho que sou capaz de desmaiar aqui, ou até mesmo vomitar em cima desse altar.

O tempo está passando e nada de ninguém aparecer. Quando eu e Qian viramos de lado, aproveito para espiar os convidados e ver se encontro algum rosto conhecido e acolhedor, mas nada. Nem sinal de Namjoon, Hikari, Jimin e o mais importante, o Tae.

Engulo em seco. Minha garganta parece que está entalada por um bolo que eu mastiguei e esqueci de engolir, e isso dói. Me faz querer chorar e gritar pra ver se aquele sensação se esvai. Mas eu não tenho reação.

Qian se aproxima um pouco de mim, ainda sorrindo e aperta minha mão.

— Está tudo bem. — Mexe a boca, como se fosse alguma jura de amor que a noiva faz para o noivo durante o casamento. — Diga sim, que tudo vai dar certo.

Eu sinto meu olhos se encherem de lágrimas, mas a fala do homem me chama a atenção e eu me sinto sem ar.

Ele pergunta se Qian me aceita, e ela diz sim, sem ao menos pensar. Ela fala seus votos, com calma, sem culpa e sem preocupação alguma, e isso me deixa com mais medo. Suas mãos estão firmes na minha, como se me segurasse para eu não cair.

Agora vem minha parte e ele me pergunta se eu aceito.

Eu sinto o mundo congelar e a única coisa quente ali, é minha lágrima solitária descendo por meu rosto. Não consigo acreditar que estou passando por isso, só porque falei que gosto de um homem. Meu pai acha que sou um objeto, algo negociável, e isso faz mais lágrimas escorrerem por meu rosto.

Estou acabado. Taehyung não chegou a tempo. Não tenho mais pra onde correr e nem posso fingir que desmaiei para atrasar isso. Já era, mais cedo ou mais tarde, eu terei que dizer sim, e também, se Taehyung quisesse me tirar daqui, ele teria vindo com Seokjin, que diz ter chegado meia hora antes de aparecer. 

Eu encaro Qian, ainda assustado e ela está com uma expressão de que vai me comer vivo se eu negar. Me sinto sufocado e desesperado.

— Senhor Jeon, o senhor aceita a senhorita Qian Sun para ser sua esposa? — O homem volta a perguntar e eu engulo em seco mais uma vez, deixando mais lágrimas escorrerem em meu rosto.

Corro os olhos pelas filas de convidados e vejo como me encaram, ansiosos, inclusive Seokjin, que mantém os olhos arregalados.

— Kook, aceite. — Qian aperta minhas mãos e eu até sinto uma dorzinha, porque ela crava as unhas em meus dedos.

Volto a encará-la e não posso deixar um soluço escapar. Ela tem um olhar seguro e eu imagino que ela provavelmente sabe de alguma coisa, porque não é realmente possível que agora ela esteja louca para se casar comigo, é?

— A assinatura. — Ela mexe a boca de forma quase que imperceptível e eu entendo o que ela diz.

A assinatura é falsa e o casamento também. Se ela assinar o livro do matrimônio com a assinatura falsa, o casamento não vai valer.

— Senhor Jeon? — O homem insiste e eu já começo a ouvir os burburinhos. Os convidados estão cochichando sobre nós e… quer saber? Vou dizer sim. O casamento pode ser anulado se a assinatura for falsa, e também, não vou deixar Qian passar vergonha e dizer um NÃO na frente de todo mundo.

— Aceito. — Falo baixo e mais lágrimas saem dos meus olhos.

Qian sorri animada e aperta minhas mãos de novo.

Eu dito os votos que o homem cochicha para mim, e a cada palavra que digo, sinto meu coração falhar várias batidas.

— Agora… — Outro homem aparece, e eu simplesmente me resumo a chamá-los assim, porque esses ritos chineses têm pelo menos uns quatro homens celebrando o mesmo casamento, e eu não me dei o trabalho de decorar o título de nenhum.

Ela pega uma caixinha e a ergue na nossa direção, falando algumas palavras baixinho, só para que nós pudéssemos ouvir. Ele está nos abençoando e abençoando o que está nas mãos dele, que posso ver serem as alianças.

Ele abaixa a caixinha e estranhamente, apenas nos entrega as alianças para que possamos colocar um no dedo do outro, coisa de maluco, porque qual casamento é assim? Que coisa mais sem graça.

— E agora, de todos aqui presentes… — Ele levanta as mãos e aumenta a voz. — Se alguém é contra esse casamento, que fale agora!

Eu sinto outra lágrima sair, porque sei que ninguém vai interceder por mim. Ninguém está pensando no meu lado e eu vou ser obrigado a me casar.

— Eu sou contra! E não aceito esse casamento!

Meu coração quase para dentro do peito e ouço Qian soltar um gritinho contido. Olho para trás assustado tanto quanto todos os convidados, que soltaram um som surpreso e voltaram a cochichar.

Taehyung vem andando com uma pose imponente, exatamente daquela forma que ele andava quando nos conhecemos, a diferença, é que agora, ele está elegante, lindo e muito mais poderoso.

Ele vem caminhando com Jimin e Namjoon logo atrás dele. Os três estão com roupas chiques, mas o que mais me chama a atenção, é a coroa brilhante na cabeça do Tae, a espada praticamente acesa em sua cintura e sua roupa maravilhosamente moldada em seu corpo.

Ele tem um manto azul preso nos ombros, um pouco mais claro que o de um homem que vem logo atrás dele, mais velho e com uma coroa muito maior.

O rei Kimura.

Meu pai já está maluco, quase se contorcendo na cadeira onde está, e eu vejo até o Feng sorrir.

Taehyung vem caminhando, me encarando profundamente, e tudo o que eu faço, e sentir mais lágrimas escorrerem.

O mais engraçado é que absolutamente ninguém tenta interrompê-los e eu já imagino que espalharam pra quem quisesse, que são da realeza japonesa.

Acho lindo como a coroa com pedras azuis que tiramos do Leom combina com ele. E mais lindo ainda é ver como ele combina com esse tipo de roupa. Está deslumbrante e eu me sinto mais apaixonado.

— Mas que absurdo é esse? — Ouço meu pai gritar e ficar de pé na cadeira, mas é tarde demais para ele surtar. Demorou muito, porque Taehyung já está na minha frente, me encarando profundamente e posso ver que Jimin está de frente para Qian.

— Você veio. — Murmuro, mas ele não diz nada, apenas passa a mão para minha nuca e me puxa para um beijo.

Nesse momento eu ouço os burburinhos pararem e tudo o que consigo ouvir, é o som do nosso beijo, bem estalado, cheio de saudades.

— Seguranças! Mas que palhaçada é essa? — Meu pai grita, e é só isso que faz o Taehyung parar de me beijar, para olhar para trás e ver meu pai sendo impedido de seguir adiante por dois seguranças japoneses bem fortes.

O rei Kimura está rindo e eu vejo meu pai com os olhos até lacrimejando de raiva. Acho que se ele pudesse, ele iria matar nós dois e mais o rei.

Eu sinto minha coroa ser tirada da minha cabeça, e quando olho de lado, vejo Seokjin a trocando pela coroa de pedras verdes que pegamos no Leom, assim como Namjoon que troca a da Qian, colocando a coroa de pedras vermelhas.

A Aliança do Tridente e a Trindade do Império estão juntas novamente.

Se formos parar para pensar, estamos combinando. Minha roupa é verde, da Qian é vermelha e do Tae é azul, assim como as cores dos livros e das coroas e espadas encontradas no navio.

— Jungkook, você não se atreva!

— Ou o quê? — Taehyung pergunta, se afastando um pouco de mim e chegando mais perto do meu pai. Imagino que ele está com aquela cara que sempre fazia para mim quando queria me desafiar no navio. 

— Não ousa, rapaz! Fique longe do meu filho e o deixe se casar!

— Você não queria uma coroa? Pois bem, eu tenho uma, muito mais poderosa que a sua. E agora, sou digno de seu filho?


Notas Finais


Então, comentem o que acharam kkkkkkk eu realmente queria ter feito essa cena do Tae invadindo o casamento HUAHAU não ficou lá essas coisas, mas espero que tenham gostado :3
Então é isso, beijão e até o próximo <3


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