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História Leonardo e Meredite - Parte 11


Escrita por: AnaLettiere

Capítulo 11 - Parte 11


     Meredite concordava com Leonardo. Sentia que a paz emanava de Nicolina como um atributo natural. Durante o relato que seu amado fizera sem parar, como se estivesse de volta àqueles tempos, ela havia pensado em como o destino, uma força que ela sempre venerara e percebera como sábia e generosa, em casos assim parecia cometer deslizes... Ela, Meredite, podia perfeitamente ver ele e Nicolina sendo felizes juntos. Mas as linhas da existência tem padrões que só os séculos são capazes de desvendar com maestria. Ela também havia chorado, muito, durante aquela história que ele compartilhava, e, agora, torcia para que ele não tivesse percebido. Não queria parecer fraca diante da audácia de Nicolina.

     Leonardo então chegou mais perto dela e disse:

     - Você não tem ideia do quanto é semelhante a ela. Mas você é mais forte, é uma bruxa, a natureza acertou em te constituir assim.

     - Muito obrigada por confiar em mim, Léo. E saiba que ela ainda te ama.

     - Não acha que ela vai ficar brava se um dia eu a trocar por outra musa?

     - Mas você não vai substituí-la. Ela nunca irá "sumir". Era isso o que você queria me dizer quando estávamos conversando em minha casa? As revelações sobre Nicolina?

     - Não. E também não era somente um "dizer". É mais. Porém ainda não é chegada a hora.

     - Como queira, então, Mestre Leonardo. - Meredite falou com carinho.

Ele levantou, a ajudou a fazer o mesmo, olhou o céu que ostentava um Sol de raios inclementes e avisou:

     - Acredito que já fizemos companhia demais ao nosso astro maior. A maioria das donzelas não aprecia esse excesso. Venha, te acompanharei até sua morada e assim poupará sua tez, já que nenhum de nós lembrou de colocar um chapéu.

     - Ah, mas eu não me oponho a passar mais uns momentos tocada por essa luz. E é tão raro eu vir para esta área da vila. Entendo que você precisa voltar, tem seus afazeres. Porém, eu gostaria de ficar um pouco aqui, sozinha, meditando... Posso estar vivendo meus últimos dias, já que não vou fazer o amuleto e com certeza eu vou ao palácio, dizer ao príncipe porque eu nunca faria um presente desses para ele. E ele pode ficar furioso e me matar imediatamente. Então, eu preciso aproveitar cada felicidade que a natureza me dá... Mesmo que seja ofuscante como essa. - disse se referindo à potência solar.

     - Por que a gente não vai embora? Agora mesmo. Esse campo termina em uma floresta, e a mata é vizinha do mar. E por lá existem muitos barcos disponíveis. Embarcamos em um, sumimos no mundo, mudamos de nome...

     Ela o interrompeu:

     - Espera... Então foi para isso que você me trouxe aqui? Nada de romantismo? Depois de todos esses anos você quer que eu fuja? E me torne o que? Uma pirata, provavelmente. E o seu futuro?

     Ele parecia atordoado:

     - Achei meu plano romântico... Nós, companheiros de jornada buscando uma salvação... Tenho tanta coisa ainda pra te falar... Uma coisa aconteceu com meu coração, com minha vida. Não estou encontrando modos de te contar, principalmente agora que você está discutindo comigo... Melhor esperar.

     - Pelos deuses, Léo... Eu não quero brigar. Só me prometa que vai agora pra vila e vai esquecer que essa parte de conversa sobre fuga aconteceu.

     - Está bem. Me perdoe, sempre. - ele sussurrou.

     Ela falou segurando-o pelos ombros e lhe olhando fixamente:

     - Você não precisa me pedir perdão. Sei que está derretendo seu cérebro, embriagando sua alma para tentar me ajudar. Mas agora me escute e entenda... Tenha mais um pouco de fé em mim. Não faça nada bobo... Combinado?

     Ele hesitou e Meredite disse:

     - Se você fizer e nos comprometer, eu te açoito mesmo que o príncipe não o faça. Conheço o seu jeito e sei que está revoltado comigo e seu coração está tramando algo. Você me confirma isso a cada minuto. Agora... Mudando de assunto... Pode se recusar a me revelar se quiser, mas... Qual a relação entre a morte de Nicolina e o ódio em especial que você sente por rubis?

     Ele abandonou a atitude passiva de quem escuta um sermão e falou:

     - Depois de encontrá-la, a sepultei em uma campina próxima à sua choupana. Foi algo quase em segredo, que só contou com a minha presença e de mais cinco amigos dela. Dias se passaram até que numa tarde, chegando ao meu estúdio, encontrei sobre minha mesa um pequeno baú e uma carta. Todos os dois tinham o selo real. A princípio eu nem queria tocar naqueles objetos, muito menos abrir. Mas a curiosidade do meu assistente foi decisiva. Resolvi abrir o baú primeiro, e, ao ver seu conteúdo, foi como se centenas de espadas me atingissem ao mesmo tempo. Dezenas de rubis elegantemente lapidados reluziam. Abri a carta rapidamente, à ponto de quase rasgá-la e inutilizá-la. Dizia: ''Mestre Leonardo, essas gemas são para saldar a dívida da brutalidade dos meus guardas para com o senhor... Lembra-se de que eles lhe destruíram portas e venderam alguns de seus brilhantes desenhos? Então, creio que essas pedras cobrem todo o valor. Atenciosamente, Vosso Soberano.'' Tudo estava claro para mim... O infeliz soube do falecimento dela e veio com esse golpe de misericórdia, terminou o serviço, usando de sarcasmo e maldade. Ele quis dizer que estava comprando a vida dela.

     Leonardo tremeu por vários minutos até que vomitou, e, ao se recuperar, diante do olhar assustado de Meredite, falou:

     - Foi assim também diante daquela carta e baú, naquele dia. Passei mal, violentamente. Mas depois tratei de esfriar meu sangue e tentei encontrar um destino nobre para os rubis. Fui até a aldeia de cultivadores de trigo e entreguei o baú, os orientando a repartir a riqueza entre si.

     - Suas ações afirmam cada vez mais a aura que você carrega. Um dia o mundo será conquistado pelas evidências do seu talento, porém, esse nosso tempo pode dizer-se muito mais agraciado por ser berço e cenário para seus ideais e batalhas.

     Leonardo segurou as duas mãos de Meredite, beijou uma após a outra e disse:

     - Sei que seus passos tem carregado peso extra, mas suas palavras são capazes de flutuar. Sou um homem, mas confesso que os melhores conselhos que já recebi partiram de lábios femininos. Agora, preciso mesmo retornar à vila... É um assunto crucial para mim. Quer mesmo permanecer mais um pouco aqui? Vai se comportar?

     Diante dessa última frase os dois riram e ela falou:

     - Juro que vou! Até logo, amigo!

     Ele olhou para o chão, sorriu assentindo, acenou para ela e partiu.



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