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História Les Bleus - Chapitre IX


Escrita por: hohopefully

Capítulo 18 - Chapitre IX


 

Naquela manhã frienta de domingo, estavam sentados nos degraus que ficavam na entrada da casa em Créteil, a trindade da família Blanc, com os cotovelos apoiados nas pernas e os queixos pousados nas mãos, encarando fixamente a rua vazia.

Não dava para escutar perfeitamente o que acontecia dentro do sobrado, mas sabiam que a situação desde as 8 da manhã não estava lá muito agradável.

— Porque vovó e mamãe precisam brigar tanto? — Blue começou, não resistindo a pergunta que martelava em sua cabeça

— Les femmes — Elliot e Simon responderam em uníssono, soltando um suspiro no final

— Mas eu sou igual a elas e não brigo com a mamãe! — falou, vendo os mais velhos encara-la com o cenho franzido — Ta bom, brigamos só um pouquinho.

Blue murchou, podendo sentir logo em seguida seu tio agarra-la pela cintura e colocá-la em seu colo, apertando-a em um abraço que a fez sorrir e corresponde-lo com os braços em volta de seu pescoço.

— Já, já elas param. Vão gritar, gritar, gritar e quando a voz começar a falhar, elas vão parar!

Elli tranquilizou a pequena, fazendo-a rir e depositar um beijo demorado em sua bochecha, esperando ansiosamente, seja lá o que estivesse acontecendo entre as duas mulheres de sua família, que terminassem logo para que ela pudesse se acabar no mundo que a esperava: O mundo dos chocolates.

 

Charlotte encarava estarrecida sua mãe, controlando a raiva que corria por suas veias após horas e horas batendo boca sobre algo que só as levariam ao desgaste emocional.

Mas não se importavam, pois sabia que quando as duas começavam aquela guerra, não havia uma hora especifica para terminar.

— Por que não me contou que Michel sofreu um AVC a 5 anos atrás? — controlou o tom de voz, cerrando os punhos que estavam lado a lado de seu corpo

— Você havia acabado de dar à luz, correndo risco de entrar em uma depressão pós-parto... —

— A 5 anos atrás, mãe — se descontrolou, permitindo-se gritar

— Abaixe esse tom de voz, pois você está embaixo do meu teto — Cécile esbravejou, vendo-a olha-la enfezada e passar a andar de um lado para o outro, fazendo-a voltar a se explicar — Você já está a anos afastada de Adrien, e isso provavelmente só somaria a culpa que você carrega... —

— Culpa? — encarou-a, incrédula

— Sim Charlotte, culpa — disse obvia, fazendo a garota encara-la com uma expressão indecifrável — Eu sou sua mãe, sei o que se passa contigo a muito tempo.

— Não estou entendo aonde... —

— Você quer mesmo entrar nessa mesma discussão? Porque eu sei que esse chilique por estarmos indo passar a pascoa com os Rabiot's tem uma explicação!

Charlie levantou as mãos aos céus, revirando os olhos e pedindo a qualquer ser divino que a ajudasse só daquela vez.

— Lá vem a senhora de novo me atacar dizendo que... —

— Blue é filha de Adrien — Cécile despejou, percebendo sua filha parar de andar de um lado para o outro e encara-la atordoada — Vamos Charlotte, me fala, quando é que você vai crescer e entender que suas mentiras só irão te afundar cada vez mais?

— Você só pode estar perdendo o juízo mesmo! — murmurou, desviando o olhar invasivo de sua mãe — Quantas vezes vou... —

— Eu conheço essa sua história pra boi dormi desde quando Blue nasceu — Ceci disse entre dentes, se aproximando de Charlie — Mas não acha que já passou da hora de você sair desse teu mundo cor de rosa e perceber que suas ações não influenciam somente na sua vida, mas nas deles também.

— Blue está muito bem sem um pai... — Charlie começou, ouvindo a risada debochada de Ceci corta-la

— Até quando Charlie? — cruzou os braços — Até quando? Até Elliot se casar e ter filhos, e ela perceber que Elli não é o "pai" dela?

— O problema então é o fato deu atrasar a vida do seu filho de 31 anos que não consegue casar e ter filhos?

— Você sabe que não é isso que estou falando! Mas para pra pensar Charlie. Quando Elliot casar, você continuará vivendo embaixo do mesmo teto que ele?

— Claro que não! Eu trabalho, tenho o suficiente para conseguir manter e cuidar de Blue... —

— Você acha que ser repórter de uma rádio local e expor seu corpo pra marcas de lingerie é trabalho? — debochou, fazendo o sangue da garota subir — Adrien tem uma ótima estrutura financeira, que pode ajudá-la a criar... —

Charlotte precisou gargalhar, pois a risada era a melhor forma de extravasar qualquer sentimento desrespeitoso que estava se acumulando em seu interior. Não estava conseguindo também acreditar em cada palavra que saia de sua boca, passando a encara-la incrédula com aquele pensamento.

— Você só pode estar de brincadeira com a minha cara, não é possível isso Cécile — passou as mãos no cabelo, sentindo o senso comum escapar-lhe — Você está dizendo mesmo, que eu tenho que jogar a paternidade para cima de Adrien, só porque ele tem dinheiro?

— Porque ele é o pai, Charlotte. — falou, impaciente

— Ele não é o pai — Charlie se descontrolou, gritando mais alto que o planejado

— Até quando você vai acreditar na sua própria mentira Charlotte Toussaint Blanc? — Ceci também gritou, exausta de sempre bater na mesma tecla

Ficaram no ambiente silencioso por alguns segundos, se encarando, demonstrando toda as suas frustrações, raiva, desespero e tristeza. Cécile havia perdido as contas de quantas vezes haviam vivenciado aquela mesma briga, por anos, mesmo sabendo que não adiantava gritar, esbravejar, bater o pé.

Ela era somente uma mãe ausente, que tentou a todo custo cria-la nas rédeas, preparando-a para enfrentar o mundo solitário que sempre precisou viver por seus pais dedicarem mais ao trabalho do que para os filhos.

Mas não dava para voltar atrás e concertar aqueles erros do passado. Charlotte, apesar dos apesares, se tornará seu reflexo, e não havia muito o que reclamar da criação que estava dando a sua neta.

Ouviram um pigarrear enrouquecido, e logo em seguida a voz de Elliot ecoar:

— Eu sei que o papo está bom, que está legal. Mas assim, os anfitriões estão nos esperando — falou, tentando amenizar o clima tenso que havia ficado no local — E bem, hoje é domingo de pascoa. Não podiam ter deixado essa briga para outro dia?

— Vamos logo. — Ceci afirmou para Elliot, pegando sua bolsa jogada sobre o sofá — Charlotte decidiu ficar. — murmurou para seu filho mais velho

— Agora quer mandar pra onde vou ou deixo de ir — riu irônica, dando passadas fundas até a saída da sala — Só estou indo, em consideração aos Rabiot's, que sempre me consideraram como uma filha. E para caso queira aproveitar, e arrancar um tufo de cabelo de Adrien pra você fazer o tão sonhado teste de DNA, e quem sabe assim conseguir uma bolada de pensão para sua neta, já que meus esforços financeiros não são suficientes. — antes de sair do recinto a encarou uma última vez, permitindo deixar a magoa atingi-la em cheio com o que havia sido falado — Quem sabe quando o teste der negativo, eu consigo provar para a senhora que ele não é o pai.

Ceci precisou rir, admirada com a dissimulação de sua cria.

Realmente era como diziam: Filho de peixinho, literalmente peixinho é.

— Você não precisa me provar nada, Charlotte Blanc! — falou ao vê-la virar para o corredor que dava acesso a porta principal da casa e fazendo-a voltar a gritar descontroladamente — Mas quero que saiba que, quando o seu castelo desmoronar, quem vai estar aqui pra recolher os seus cacos, serei eu! E não bata a porta, mocinha.

Advertência dita em vão.

Charlotte baterá a porta com tanta força, que chegou a assustar Simon e Blue, que ainda se encontravam sentados na entrada da casa.

Passou por seu pai, pegando na mão de Blue para que ela a acompanhasse, fazendo a garotinha percebe-la trêmula. Se aproximaram do carro de Elliot, e Blue decidiu não implicar por ter que se sentar na cadeirinha, aproveitando o momento em que sua mãe ajustava-lhe o cinto de segurança, para analisar minimamente a carranca de sua progenitora.

Antes que a mesma fechasse a porta para poder entrar pelo lado do passageiro, chamou-lhe a atenção, vendo-a encara-la confusa. Sabia que Charlie estava chateada, e sempre que a via daquela forma, bastava um sorrisinho seu para que ela se acalmasse e tudo voltasse ao normal.

Blue não falou nada, apenas balbuciando com a boca para que sua mãe fizesse uma leitura labial e entendesse ela dizer um singelo "J'taime", permitindo-a derrubar a carranca e depositar um beijo demorado sobre sua testa.

O caminho até o bairro luxuoso do outro lado de Paris, foi tão silencioso, que Blue chegou a cair no sono, fazendo Elliot aproveitar aquele momento para conversar com sua irmã.

— Em partes, tenho que concordar com Ceci — começou, ouvindo o bufar alto vindo do lado do passageiro

— Concordar que estou atrasando sua vida? — questionou amargamente

— Claro que não! — Elliot precisou rir baixinho, prestando a atenção no transito tranquilo daquela manhã — Eu devo até agradecer, porque por mais que eu goste muito de Briane, não estou no momento preparado para casar e formar uma família. Mas estou dizendo que concordo com o: Até quando iremos acreditar em sua mentira.

Charlie suspirou, esfregando as mãos sobre o rosto, segurando a vontade que tinha de mandar todo mundo tomar no cu.

— Eu sei, você se sacrificou para que ele estivesse aonde está hoje. Mas não acha um tanto quanto injusto consigo mesmo?

— Elliot, Adrien sempre foi o lado emocional dessa história. Impulsivo, intenso. Se eu fosse tanto como ele, estaríamos ferrados. — murmurou, aproveitando para olhar para o banco de trás para confirmar que sua filha estivesse dormindo — Vocês pensam que eu sou um monstro, mas não conseguem imaginar o que passa dentro da minha cabeça quando deito para dormi. Eu me apaixonei por Adrien, eu quis muito viver uma vida ao lado dele. Mas tínhamos apenas 17 anos, Elli. O PSG havia acabado de dar uma oportunidade única para que ele jogasse no time principal, e olha o tanto que ele conquistou com apenas 23 anos.

O loiro soltou um suspiro alto, encostando o cotovelo na janela do carro para esfregar a mão sobre a têmpora esquentada.

— Na minha cabeça, eu só consigo pensar em dois adolescentes mimados. Com toda certeza ele largaria o futebol para arrumar um trabalho normal, porque Michel surtaria quando contássemos que eu estava grávida. Ceci e Simon nós faria casar, porque no cristianismo as coisas funcionam assim. Seriamos uma filha aos 17 anos de idade, com um futuro sensacional jogado no lixo, já que eu era só uma perdida sem saber o que fazer da vida. — Charlotte expôs toda sua frustração, sentindo vez ou outra os olhos claros de Elliot lhe queimar — Hoje ele tem dinheiro o suficiente para arcar com todas as despesas de Michel. Já pensou se não tivesse?

Charlie enfim o encarou, com uma expressão sofrível.

— Apesar de tudo, Blue é minha vida agora, e se tornou meu Norte. Tudo que eu faço é pensando nela! Estou sempre presente em tudo que ela faz, da hora em que levanta para escovar os dentes até a hora em que vai dormir. Nunca lhe faltou nada material e sentimental. Estuda em uma ótima escola britânica e o mais importante de tudo, é que nunca precisei pedir um euro para Cécile Blanc para cria-la — engoliu a seco, sentindo-o toca-lhe a mão que estava pousada em sua coxa, arrancando os fiapos de sua calça jeans rasgada — Estou conseguindo cria-la, não estou? — concluiu, receosa

— E somos muito orgulhosos disso, Charlotte. — apertou-lhe a mão, vendo-a corresponder com um sorriso singelo — Mas... —

— Por favor, Elliot — ela o repreendeu, ouvindo-o resmungar

— Mas Blue e Adrien merecem saber. — disse por fim, sentindo-a estremecer — Se ela tivesse ficado parecida conosco, igual quando era mais nova, dava pra passar batido. Mas a cada dia que passa, ela está a lataria do Rabiot. E você sabe que Véronique vai se ligar na hora que conhece-la.

Charlie não queria pensar naquele encontro dos Blanc's com os Rabiot's, pois sabia que tudo que sua mãe havia dito aquela manhã era verdade. Escolhendo assim ir para o abatedouro sem mesmo ter chance de um pedido de socorro. Porque aquela era sua sentença.

E não havia muito o que ser feito.

 

Adrien Rabiot estava ansioso, e nem sabia muito o porquê.

Desde que havia acordado e sua mãe anunciado que os Blanc's haviam aceitado passar aquele domingo de pascoa ali, com eles, deixou-o extasiado. Não parava de conferir a todo momento as horas em seu relógio digital, fazendo-o perder a paciência para coisas mínimas que precisavam ser feitas naquele dia.

Estava deitado sobre o sofá da sala de TV, tentando entreter-se com o Fifa 18, quando Amis e Blanc se agitaram e passaram a correr, latindo alto até alcançarem o corredor que dava acesso a porta principal da casa, podendo ouvir por cima da bagunça que as cadelas faziam, sua mãe falar:

— Eles chegaram!

Levantou-se em um pulo do sofá, andando apressado para encontrar sua mãe abraçando Cécile apertado, com um Simon Blanc empolgado logo atrás. Os cumprimentaram quando os viram entrar, e fez o velho toque de brother assim que Elliot alcançou a porta segurando algumas bolsas térmicas e sacolas.

Mas seu coração batia descompassado, desesperado para avistar a cabeleira platinada, que após alguns minutos de euforia por parte dos outros que já haviam cumprimentado, precisou virar-se para questiona-los:

— Onde está Charlie e Blue? — tentou amenizar o tom de voz, percebendo Elliot balançar a cabeça em negação e fazer uma expressão de decepção

Ela havia fugido, mais uma vez.

Antes que aceitasse a derrota, e desistisse de vez em tentar concertar as coisas entre ele e a Blanc revoltada, pode ouvir os latidos ecoar novamente, fazendo-o se virar rapidamente e encontrar Blue correndo de braços abertos, com Charlie em seu encalço, totalmente desesperada.

— Blue, pelo amor de deus, você não pode sair abraçando os cachorros que você não conhece! — Charlie esbravejou, conseguindo pega-la no colo a tempo, antes que a pequena se jogasse encima de Amis e Blanc

Todos acompanharam e precisaram rir daquela cena, e Rabiot sentiu junto com a diversão um tremendo alivio ao poder vê-las adentrar triunfalmente em sua casa.

— Mas mamãe, elas são tão lindinhas — Blue se debruçava nos braços de sua mãe, para tocar nas cachorras que pulavam para lambe-la — Tão fofinhas.

— Pode colocá-la no chão. Elas não mordem! — Adrien assegurou, vendo a mais velha olha-lo receosa — É sério! — riu

Charlotte a colocou no chão vagarosamente, e antes que a garotinha fosse cair no abraço com as duas cachorras que ficavam quase do seu tamanho, a segurou pelos braços, vendo-a encara-la enfezada.

— Blue Scarlett — murmurou, percebendo o bico que se formava em seus lábios — Mantenha essas mãos longe da boca, orelhas e rabo. Estamos entendidas?

— Mas tio Adrien disse que elas são mans... — rebateu, vendo-a encara-la com uma expressão mais séria — Tudo bem.

— Desculpa gente — sorriu amarelo, vendo a expressão divertida de todos os presentes

— Que isso, Charlie — Véronique passou entre todos que estava a sua frente para alcançar a bagunça que ainda se encontrava na porta de sua casa.

Mas se petrificou no meio do caminho ao ver a pequena abraçada com a cadela branca, que carregava o sobrenome da família que acabará de receber. Sentiu uma enxurrada nostálgica em sua cabeça, e o que mais deixava-lhe impressionada, era o sorrisinho familiar que Blue Scarlett mostrava, fazendo-a assemelhar instantaneamente a Adrien quando criança.

— Mãe — Adrien se pronunciou, retirando-a de seus devaneios — Essa é a famosa, Bleu.

— Como se cumprimenta alguém, Bleu? — Ceci se prontificou, vendo a garotinha largar o pescoço da cachorra alta que lhe lambia a cara, para se aproximar da senhora que estava ao lado de Adrien

— Oi — acenou, continuando a perdurar aquele sorrisinho danado.

Charlotte percebeu a expressão atordoada de Véronique, se arrependo prontamente de ter pisado ali. Pode sentir o olhar esverdeado cravejar sobre o seu, fazendo-a sentir as têmporas queimarem, demonstrando toda a sua vergonha por aquele momento.

— Ela é linda, Charlie — Véronique forçou a voz sair, ainda sem acreditar naquilo. Se curvou para estender a mão até a pequena, sentindo-a segura-la e perceber que até os dedos longos e as unhas arredondadas eram semelhantes — Um prazer te conhecer, anjinho. Me chamo Véronique.

— Você é a mamãe do tio Adrien? — questionou, vendo-a abrir aquele sorriso de quem vai apertar suas bochechas

— Sou sim, meu amor.

— E você briga com ele igual a vovó briga com a mamãe? — perguntou curiosa, ouvindo sua vó e mãe repreende-la e a risada dos demais eclodir no recinto

— Me desculpa por isso, Véronique — Ceci falou, apressando-se para ficar ao lado de Blue e passar a mão sobre os ombros da pequena, vendo-a direcionar o olhar confuso para ela

— Tudo bem, Ceci — continuou a rir, acariciando os cachos ajeitados de Blue e percebendo-a direcionar os globos azulado para ela novamente — Mas respondendo, brigo sim, muito com ele.

— Gosto muito de histórias. A senhora pode me contar qual foi a maior briga que você deu nele? — estendeu a mão para que ela a segurasse, e a acompanhou para que começassem a andar pela casa

— Claro, meu amor. — Véronique respondeu divertida, e antes que começasse a contar algo para a pequena, encarou os demais que começavam a andar atrás dela — Por favor, sintam-se a vontade. Ceci, conseguimos adiantar muita coisa para o almoço.

Ceci, Simon acompanhou Véronique, podendo ouvir algumas das histórias que a garotinha pedirá para que ela contasse. Adrien e Elliot dialogavam sobre algo futebolístico e Charlotte andou junto com as duas cadelas, que a cheiravam e vez ou outra depositavam lambidas em suas mãos jogadas ao lado de seu corpo. Logo alcançaram uma enorme copa, composta por um lustre delicado e alguns quadros pendurados. A mesa de madeira talhada ficava ao centro, contendo diversos arranjos e algumas sobremesas postas para serem servidas.

— Eu não quis arriscar a fazermos esse almoço do lado de fora, pois a previsão alertou sobre pancada de chuva. Uma pena, pois seria maravilhoso utilizarmos o quintal — Véronique lamentou, percebendo Blue passar a encarar a mesa cheia de doces

— Uma pena mesmo. Blue faria uma festa lá fora, e não dentro de sua casa — Simon brincou, vendo Charlie correr para segurar a garota, que passava a se pendurar na mesa para tentar alcançar algum dos docinhos

— Ela é tão adorável — Véronique ainda encarava a pequena, anestesiada — Bom, vejo que vocês trouxeram algumas coisas. Ceci, poderia me ajudar a levar até a cozinha? — questionou, vendo-a acenar prontamente, fazendo-a voltar a encarar Rabiot — Mostre a casa para eles. Veja se Blue não deseja tomar banho na piscina aquecida.

— Piscina! — a pequena gritou, deixando Charlie envergonhada e todos voltarem a rir de seu entusiasmo — Mamãe, por favor, vamos entrar na piscina.

Véronique encarou a mãe, com uma expressão silenciosa contendo um pedido de desculpas, fazendo-a dar de ombros e dizer que pensaria no caso da pequena. E com isso, as duas matriarcas se dirigiram para um lado, enquanto o resto do grupo acompanhava o pequeno tour com Adrien.

Após aqueles passeios, se juntaram na sala de jantar, dessa vez contendo a presença do senhor Michel acordado, acompanhando com um brilho no olhar a sua casa cheia para uma data tão especial. Ao tê-lo ali, fez com que Blue passasse a ficar mais contida em suas perguntas e ações, analisando o tempo todo o senhorzinho sentado na cadeira de rodas, calado, que lhe retribuía atentamente o mesmo olhar.

Dado o horário em que a comida estava pronta, com ajuda de uma funcionaria e as mais velhas das duas famílias, serviram-se prontamente, tendo um discurso inflado e emocionado de Simon, e um brinde especial para o Michel.

O primeiro a se despedir daquela bagunça fora Elliot, alegando que passaria o resto do dia com a família de Briane, fazendo Charlie sentir o desespero de ficar a sós com toda aquela gente. Decidiu assim, por atender ao pedido de Blue para que brincasse um pouco na piscina aquecida que ficava em uma área coberta da casa, e acompanhada por Adrien, deixou com que os mais velho se entendessem naquele ambiente em que estavam.

Com isso, Blue conseguirá convencer a Adrien com que entrasse na água com ela, coisa que não conseguiu com sua mãe, vendo-a acompanha-los em uma das espreguiçadeiras que haviam no local.

Charlotte não podia negar o quão era lindo ver os dois juntos, e passou a ouvir em sua cabeça a conversa que tivera no carro de seu irmão, permitindo-a sentir novamente aquele pensar em seu coração.

Chegava a ser ridículo em como esses cinco anos ela não pensará sobre aquilo. Sobre o momento que em vê-los juntos, poderia chegar. Não pensava também o quão poderia ser agradecida por vivenciar, mesmo com todos os sentimentos controversos, aquelas cenas especiais.

Não importava quantos semanas, meses, anos haviam se passado. A única coisa que importava era que ela e Adrien tiveram a chance de pertencer um ao outro, de conseguirem compartilhar o mínimo de sentimento que fosse. Aconteceu tudo do jeito que tinha que acontecer, e era grata por ter ao seu lado o pequeno infinito daquele amor genuíno.

Após muitas brincadeiras e horas dentro d'água, Blue se aconchegou embrulhada por uma toalha, no colo de sua mãe, fazendo-a se deitar sobre a espreguiçadeira e perceber Adrien acompanha-la, aproximando outra semelhante para que pudesse ficar ao lado delas. Conversaram sobre algumas coisas aleatórias, até que Charlie percebeu Adrien se calar, congelando o olhar azulado sobre a criança adormecida em seu colo.

— Sabe o que eu estava me lembrando? — Adrien começou, voltando a encara-la e vendo-a acenar em negação — Sua paixonite por Harry Styles.

Charlie o encarou com uma expressão engraçada, vendo-o sorrir e virar o corpo de lado para poder analisa-la.

— Tenho uma teoria sobre esses últimos anos — disse brincalhão, vendo-a pedir silenciosamente para que continuasse — Você foi embora para Londres para viver um amor proibido com ele, e por isso decidiu sumir da minha vida, pois ninguém podia saber que vocês estavam juntos.

A loira abriu e fechou a boca, fazendo uma expressão afetada, forçando-se em uma careta de assustada para a teoria conspiratória dele.

— Ainda tem mais — se empolgou, sentando-se na espreguiçadeira e encarando-a animado, vendo-a chiar para que falasse baixo, por conta do sono da pequena — Desculpa! Mas acredito que Bleu seja fruto desse amor proibido e por isso você vive tanto tempo as escondidas.

Charlotte gargalhou, de desespero. Se calando rapidamente ao sentir Blue se remexer incomodada, fazendo-a encarar Adrien enfezada por ter feito-a rir tão alto. Não pode deixar de agradecer ao céus, por Adrien está se fazendo de tapado e não querendo enxergar a realidade estampada em 3D na cara dele. Limpou as lagrimas que haviam sido criadas nos cantos de seus olhos, e o olhou, ainda risonha.

— Agora falando sério. — ele voltou a se deitar, analisando-a — Conseguiu conhece-lo?

— Blue está ai para comprovar que sim, eu o conheci!

Riram contidos, divertidos, e Charlotte aproveitou o gancho para completar:

— Isso até parece umas das Fanfic que escrevi e você roubou meu caderno para lê-las escondido, não é mesmo Rabiot. — mostrou-lhe a língua, vendo-o rir

— Em minha defesa, eu pensei que era seu diário, e queria saber se tinha alguma coisa escrita sobre mim.

— Tipo o que? Que você usou fralda e tomou mamadeira até os 5 anos de idade? — brincou, vendo-o revirar os olhos

— Tipo que você sempre fora apaixonada por mim — disse galanteador, percebendo-a engolir a seco e logo sorrir

— Só em seus sonhos, Rabiotizinho. — o viu rir, acenando em concordância, sem acreditar muito naquela resposta — Mas voltando ao assunto do cara por quem eu realmente era apaixonada, se Blue tivesse nascido com os olhos verdes, eu não pensaria duas vezes em declarar que Harry Styles era o pai — respondeu risonha, vendo-o acompanha-la

Conversaram descontraidamente por alguns minutos, até Ceci chama-los, alegando que precisavam ir embora. Adrien ajudou Charlie, pegando Blue em seu colo para que a mais velha se levantasse. Mas por algum motivo desconhecido, não conseguiu devolve-la, sentindo o corpo quente da pequena esquenta-lo, fazendo-o abraça-la um pouco mais apertado. Antes que passassem por Ceci, que acompanhava aquela cena petrificada na porta da área, virou-se para Charlotte, vendo-a encara-lo incomodada.

— Essa semana é meu aniversário, e devo comemora-lo na sexta-feira. — começou incerto, passando a andar vagarosamente — Vocês poderiam vim... —

— É uma festa de adulto, Adrien — ela sorriu irônica, percebendo-o rolar os olhos — Sou mãe agora!

— Podemos fazer algo pela manhã, e anoite você vai a minha festa — resolveu, vendo-a gargalhar

— Blue tem aula. — colocou mais um empecilho, fazendo Adrien bufar impaciente — Mas posso pensar sobre o assunto, e pode ser que voltemos a Paris no sábado. Tenho um ensaio marcado com uma modelo que encontrei em um dos instagram de seus amigos de time.

— Como assim você está stalkeando meus amigos? — disparou, enciumado

— Stalkear é uma palavra muito forte — alegou, vendo-o franzir o cenho para ela — Eu estava atoa olhando o seu perfil, e quando fui ver, estava deslizando o botão de like no perfil daquele alemão bonitinho que joga no meio de campo contigo.

Adrien precisou respirar fundo, fazendo Charlie rir e perceber que já haviam chegado ao corredor que dava acesso a porta principal da casa. Estendeu os braços para que o garoto entregasse sua filha, e o viu fazer isso atrapalhado, permitindo-a voltar a rir juntamente com seus familiares.

O casal de amigos se despediram com aquela sensação de que deveria ser a última vez que se veriam.

Mas no fundo, sabemos que não seria.

 


Notas Finais


Se preparem que teremos um bônus surpresa ainda essa semana.


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