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História Les Bleus - Chapitre I


Escrita por: hohopefully

Capítulo 2 - Chapitre I


Final de março de 2018. Paris, França


— Vamos Bleu — Charlotte falou impaciente, enquanto estava encostada na pilastra de concreto de frente para a cabine do banheiro — Tia Briane já deve estar nos esperando.

Ouviu a pequena resmungar atrás da porta branca, e bater com força a tampa do vaso, provavelmente emburrada por não ter deixando-a ficar sentada no trono, sonhando acordada, enquanto fazia suas necessidades especiais.

Blue abriu a porta com uma carranca que fez sua mãe segurar a vontade de morde-la todinha, mas estava tão exausta daquela viagem de Londres até Paris, que mesmo sendo de 2 horas de trem, poderia se tornar cansativa quando se tem uma criança hiperativa, agoniada por ficar tanto tempo sentada em uma poltrona.

— Não adianta me olhar com esse bico — advertiu, vendo-a revirar aqueles globos azulados que a deixava apaixonada todos os dias — Ninguém mandou não usar o banheiro do trem. — Continuou a bronca, enquanto adentrava na cabine e dava descarga.

Charlotte voltou a pilastra e pegou as duas mochilas pequenas que estavam jogadas ao chão, colocando-as sobre os ombros. Sentiu em seguida o toque quente dos dedos pequenos tocarem a sua mão e Blue a encarou, abrindo um sorriso sapeca, fazendo a mais velha soltar um suspiro rendida ao perceber que já haviam feito as pazes.

A criaturinha que havia acabado de completar seus 5 anos, era geniosa e brava, querendo tudo no seu tempo. Não perdia a oportunidade para resmungar, questionar e se possível ficar alguns minutos emburrada, fazendo sua progenitora recordar vagamente de seu pai que de tranquilo só tinha a cara. Mas não resistia por muito tempo, levantando a bandeirinha de paz logo em seguida quando percebia que era independente de sua mãe, já sabendo usar a arma certa quando a mais velha demonstrava estar irritada: O sorrisinho de menina danada.

E estar em Paris era um divisor de águas, fazendo Charlotte, vez ou outra, viver uma montanha russa de emoções.

Elas faziam aquela viagem sempre que haviam férias no primário de Blue, podendo assim matar as saudades dos avós da pequena, hoje aposentados, e da cidade favorita das duas no continente europeu.

Mas também trazia uma enxurrada de memórias, que atualmente, não deixava Charlotte tão perturbada quanto antigamente.

Depois que sua pequena completou os 3 anos, podendo assim ir para uma escolinha, a mãe que até então havia começado a cursar Jornalismo na França quando descobriu estar grávida, decidiu tentar a sorte em Londres, onde Elliot Toussaint Blanc – seu irmão mais velho – vivia como um aspirante a rockeiro.

Os cabelos brancos do senhor e senhora Blanc apareciam com certa frequência e razão, quando olhavam para os dois filhos que haviam sidos criados com tanto amor e carinho, sendo totalmente desvirtuados pelo mundo da música e da mídia, não seguindo a carreira jurídica que os anciões daquela família haviam conquistado no decorrer dos anos.

Mas, de alguma forma, aquela bagunça tinha dado certo.

Elliot, hoje com 31 anos, tinha uma banda sólida de post-hardcore na qual era o frontman e que fazia bastante sucesso no mundo do rock. Além de ter Blue em sua vida, trazendo uma tranquilidade e responsabilidade para o irmão mais velho de Charlotte, não fazendo-o se perder no lema sexo, drogas e muito rock n' roll.

Já a caçula havia ingressado em uma universidade renomada em Londres, podendo assim concluir seu curso enquanto trabalhava de fotografa para a banda de Elliot, além de cobrir alguns eventos de música para uma estação de rádio prestigiada da Inglaterra.

Tendo no currículo também a profissão de: Mãe integral.

Só que era Pascoa, e existia toda uma simbologia importante em torno daquele feriado, fazendo a dupla de Blanc's  passarem uma semana de férias em Paris.

E férias era sinônimo de calmaria e diversão.

Caminharam apressadas pelos corredores da sala de desembarque, até alcançar o portão de saída, e dar de cara com Briane – uma loura de mais ou menos 1,72 cm de altura, curvilínea – segurando uma placa com o nome de Blue pintado com as cores da bandeira francesa. A pequena se soltou de sua mãe e saiu correndo para abraçar a tia postiça – um rolo complicado de Elliot –, que a recebeu de braços abertos enquanto se agachava para tentar ficar no mesmo tamanho que ela.

— Posso me sentir ofendida por não ter o meu nome na placa de boas-vindas? — Charlotte se pronunciou, permitindo que seu tom de voz saísse ofendido

— Seu nome é muito grande — Briane zombou, se levantando e abraçando Charlotte apertado — Que saudades eu estava de vocês!

As mais velhas se entreolharam, soltando um gritinho animado logo em seguida e se abraçando novamente, enquanto esmagavam a pequena Blue no meio delas duas.

— Eu vou morrer — ela gritou enquanto se debatia, fazendo-as rirem e se separarem, enquanto Briane aproveitou para alcançar as bochechas coradas da pequena com a mão, apertando-as.

— Trouxe a cadeirinha? — Charlotte perguntou para a amiga, e Blue se agarrou em sua cintura

— Mamãe, eu não preciso mais de cadeirinha. Já sou mocinha — resmungou, voltando a segurar em sua mão quando percebeu que começavam a andar em direção a saída principal da estação que dava acesso ao estacionamento

— Quem te iludiu disso? — sua mãe falou, e a garota fez um bico de emburrada — Já disse para não acreditar nas baboseiras que seu tio diz.

Bleu, eu não trouxe! — Briane cochichou para a pequena entre risadas, e pode perceber a carranca de Charlotte para ela — Elliot não pode vim mesmo? — desconversou

— Vocês estão alimentando um monstro. — ela apontou para a pequena, que dava risadas junto com sua tia —Não. Ele está na correria por conta do lançamento do novo álbum, e o fechamento da turnê americana. Deve vim só no fim de semana — Charlotte deu de ombros, e a viu sorrir tristonha — Mas eu estou aqui!

— Mas não é tão bonita quanto o Elli — ela revidou, fazendo-a mostrar a língua em sua direção

— Tia Bri gosta do titio Elli — Blue cantarolava, fazendo Briane ficar levemente corada e Charlotte rir alto

— Desde de quando ela ficou esperta desse jeito? — rebateu, desarmando o alarme de seu Peugeot e a pegando no colo para colocá-la no banco de trás — E tão pesada.

— É o cereal com leite! — a pequena a respondeu estufando a barriguinha enquanto alisava a mesma, fazendo Briane soltar uma gargalhada

— Isso tudo é invenção do Elliot — Charlotte disse alto, enquanto esperava a outra loira abrir o porta-mala do carro — Por um obséquio, dá pra abrir aqui. — disse, vendo a mesma abrir a porta do motorista para entrar

— Desculpa — ela gritou, ainda dando gargalhadas — Coloca a bagagem no banco de trás, tem algumas coisas na mala que preciso passar pra entregar pro meu chefe. Inclusive, você está com muita pressa para chegar em casa? Vou precisar desviar o caminho antes.

— Claro que não, Bri. Estou de férias! — sorriu calorosa para ela enquanto fechava a porta do banco de trás na qual havia colocando as duas mochilas que carregava e adentrava do lado do passageiro

O caminho da estação até onde Briane iria, havia sido caótico. Infelizmente mãe e filha decidiram chegar a capital parisiense em plena segunda-feira em pleno horário de almoço.

Ficaram presas em um engarrafamento quilométrico, conversando sobre como andava a vida da Blanc na Inglaterra, seu falso sotaque britânico , o cabelo que atualmente havia saído de um vermelho desbotado para o loiro platinado sem que tivesse caído metade dele, e as diversas tatuagens novas que havia feito no decorrer de tempo entre o Natal e a pascoa.

— Chega de falar sobre mim — Charlotte sorria para a motorista — Me conte sobre esse seu novo emprego.

— Bem, ainda não é tudo que eu sonhei! — ela começou, fazendo a amiga acenar com a cabeça — Mas trabalhar para um dos estilistas da maior alfaiataria de roupas masculinas alemãs, já é um puta ponta pé.

— Você sabe que a Hugo Boss teve envolvimento no nazismo, não é? — disse, alfinetando-a

— La vem você. Pulei as aulas de histórias Char! — Bri revirou os olhos e escutou a risada da outra ressoar no automóvel

— Fico muito feliz por sua conquista — Charlotte aproveitou que haviam parado em um semáforo e a abraçou pelos ombros, lhe depositando um beijo demorado na bochecha — Logo menos você estará com sua própria marca de roupas!

— Elli já conversou comigo sobre a proposta dele de criarmos uma linha — Bri disse, empolgada, e logo viu pelo retrovisor a pequena que estava sentada no banco de trás observar atentamente as ruas de Paris — Vem cá, Blue ainda é apaixonada pelo Paris Saint-Germain? Por que eu tenho uma surpresinha para ela!

Char paralisou na posição que estava – com a mão apoiada no banco do motorista e a cabeça direcionada para a criança no banco de trás – enquanto Bri questionava a paixão futebolística da mais nova.

Para que diabos ela inventou de dizer aquelas palavrinhas? Pode ver os olhos de Blue ganhar uma tonalidade azul piscina quando as ouvirá, fazendo sua mãe semicerrar o olhar para ela.

Blue Scarlett Blanc era fruto de dois adolescentes inconsequentes que um belo dia resolveram perder a virgindade juntos, aos 17 anos de idade. O único problema era que na época, o pai dela havia acabado de ser chamado para o time principal do PSG e Charlotte tinha a missão de não estragar aquilo. Por isso, ela precisou guardar aquele segredo e abrir mão de muitas coisas para que não destruísse o futuro dos dois jovens.

Só um já estava de bom tamanho, certo?

Mas esconder uma barriga por 9 meses não era muito fácil. Principalmente para ela, que na época vivia bem, em uma região de classe média na comuna de Créteil, com seus pais católicos e advogados, e um irmão que havia pegado o beco para outro país, deixando as responsabilidades de filha única toda em cima dela. 

Foi por isso que quando soube da gravidez, a primeira coisa que pensou em fazer foi se fazer de sonsa, o máximo possível.

O quão inocente ela era? Sua mãe já andava suspeitando o apetite excessivo e as corridas para o banheiro. As faltas na universidade por ter perdido a hora por causa de uma sonolência profunda, e a quantidade de roupas largas que a garota começava a usar, mesmo que nas primeiras semanas a barriga não desse nenhum sinal de vida. Não demorou muito para ser descoberta, e Charlotte foi posta contra a parede, tendo que assumir a presepada que havia se enfiando. 

A primeira reação da Senhora Blanc, foi de um ataque de risos, porque não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo em baixo de seu teto. E logo após a revolta, por escutar da boca de sua filha, que estava pensando em retirar a pobre criança de seu ventre. Seus pais não concordaram com aquilo, obviamente, e a auxiliou com uma única opção: Caso não quisesse ficar com a criança, que procurasse alguma instituição ou casal com dificuldades para engravidar. Não sem antes perguntarem pelo pai da criança, fazendo-a se desesperar e livrar a barra de seu melhor amigo, dizendo que havia sido com um intercambista da universidade que provavelmente já teria partido de volta ao seu continente natal.

Por nove meses a ideia de entregar para uma assistente social, uma criança que só deus sabe como ela cuidaria, era correto, palpável. Mas quando ouviu o choro estridente após um demorado trabalho de parto normal, com a insistência de sua mãe para que segurasse o bolo enrolado na manta de hospital, fazendo-a cessar a cantoria melancólica de ter saído para o mundo. A boquinha fininha e as mãozinhas pequeninhas. O amor por te-la carregando por tanto tempo, a fez escolher em ficar e criar a amada e astuta Blue.

O que Charlotte não esperava era que, Blue, por ser do sexo feminino, saísse com a obsessão do pai, não o culpando em um todo, pois os homens de sua família também apreciavam a paixão pelo esporte nascido na terra da rainha.

Adrien Rabiot.

Charlotte pegou um abuso, não proposital, de Adrien durante a gravidez, chegando ao ponto de ter enjoos fortes quando ele estava presente, principalmente em relação ao perfume cítrico que insistia em usar e fazendo-a fugir de seu meu melhor amigo igual o diabo fugia da cruz. Na época, agradecia mentalmente a Champions League por faze-lo ficar tão ocupado, que facilitava o plano de fuga dela. E quando ele a procurava, pedia para que sua mãe mentisse que ela havia ido passar alguns dias em Londres, acompanhando a vida maluca de Elliot, ou que estava fazendo qualquer outra coisa, que não fosse gerar uma criança do até então principiante a jogador de futebol.

Se sentia mal, triste e solitária, por aquilo, mais não tinha coragem nenhuma de lhe contar o que estava acontecendo e consequentemente destruindo o seu sonho desde de criança. Quando Blue nasceu e cresceu, o espaço que Adrien havia deixado em sua vida, fora preenchido por sua miniatura, fazendo-a as vezes se perder nas feições da pequena quando estava adormecida, praguejando aos céus por ter feito-a tão semelhante ao seu progenitor.

Antes fosse só o gosto pelo futebol, mas ia dos seus olhos azuis dois tons mais claros que os de Charlotte, do cabelo que antes era loiríssimo, nos últimos dois anos começava a escurecer, fazendo-o ficar uma mistura de castanho claro com mechas mais escuras. Os cachos perfeitos sendo totalmente contraditórios ao cabelo liso e escorrido de sua mãe. A boca fina e murcha, o sorrisinho pequeno e perfeitinho. Os dedos das mãos e dos pés. Tudo, literalmente tudo fazia lembrar de Rabiot. 

Era isso. Você carrega a criança por 9 meses na barriga, pra ela nascer o cuspe do desgraçado que implantou a sementinha em seu útero.

Charlotte pode observar o sorriso de Blue crescer, fazendo-a começar a ter pressentimentos de que algo daria errado naquele dia.

Coisa de mãe.

— Espero que a surpresa seja uma camiseta do Ibra alguma coisa — Char esganiçou

— O Ibra não joga mais aqui, mamãe — Blue a corrigiu e sua mãe bufou, desistindo de tentar entender aquele idioma que ela falava quando começava a repetir tudo que Elliot dizia sobre futebol

— Qual seu jogador favorito, pequena? — Bri a encarou pelo retrovisor, vendo-a sorrir abertamente

— Neymar! — gritou, fazendo a motorista rir e a passageira soltar um suspiro de alivio, enquanto voltava a prestar atenção no trânsito e entalar um grito de desespero ao ver o grande estádio Parc des Princes a sua frente.

— Olha, eu não sei se o Neymar vai estar aqui hoje. Mas vou te apresentar a outros jogadores importantes — Bri tagarelou de novo, mas Charlotte só conseguia fincar as unhas nas bordas do banco estofado, enquanto tentava normalizar a sua respiração que se tornará afobada, ao ponto de ter uma parada cardíaca.

— O que estamos fazendo aqui? — Char enfim conseguiu se pronunciar e pode observar Briane tirar o cinto de segurança, descendo logo em seguida para abrir a porta onde Blue estava sentada.

— Preciso entregar uns trajes para meu chefe, que está fazendo uma sessão de fotos com alguns jogadores — ela sorriu animada, mas logo murchou o sorriso ao ver a expressão apreensiva de sua amiga, sem entender o real motivo para aquilo — Vamos lá Char, você está introduzindo nesse universo fotográfico, vai ser legal acompanhar uma sessão grande como essa. Além do mais, Blue vai poder conhecer os melhores jogadores da França.

Ou o pai dela. 

Charlotte pensou, sentindo um possível ataque de pânico começar a lhe alcançar enquanto segurava dessa vez a porta do carro. Antes que conseguisse proferir qualquer palavra, foi cortada pela pequena de olhos brilhantes, que estava empolgadíssima no colo de sua tia postiça.

— Os melhores do mundo — a pequena gritou jogando as mãos para o alto, anestesiada — Por favorzinho mamãe, vamos com a tia Bri.

Charlotte ainda encarava as duas peças raras a sua frente, estagnada, sem conseguir esboçar qualquer reação para aquela situação.

Sinônimo de férias não era diversão?

E calmaria? 


Notas Finais


Primeira história aqui na plataforma Spirit!!!!!!
Charlotte Blanc tem um insta aonde posta todas a diversão de Blue Blanc e vocês podem seguir no: @chartoussaint

Tenho um perfil de autora também aonde posto todas as informações sobre minhas historias no wattpad e agora aqui, no spirit. Vocês podem acompanhar no @hohopefully.

No mais é isso.

Sejam bem-vindas e até a próxima.


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