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História Lessons Learned - Stand By Me


Escrita por: captainbstabler

Notas do Autor


Oi, genteee. Voltei!! Demorei, mas to de volta.

Obrigada por esperar e continuar acompanhando essa história. E como falei na att da minha outra fic: não tenho intenções de abandonar a história, só estou sem tempo de escrever!!

Enfim, espero que gostem desse cap e a música dele, pra quem não conhece, é Stand By Me do Ben E. King.

Boa leitura!

Capítulo 30 - Stand By Me


 

No, I won’t be afraid. No, I won’t be afraid 

Just as long as you stand, stand by me 

O clima na cozinha estava pesado. Tenso. Coisa que não era mais comum na residência Mills há algum tempo. Emma não sabia como reagir e nem o que dizer quando viu os três pares de olhos lhe encarando. 

Regina não quis ficar muito tempo ali, desistindo rapidamente da ideia do café, pois queria conversar com Emma a sós, então decidiu ir ver os filhos. 

– Eu vou colocar Malia na cama e me certificar que ela fique lá pelas próximas horas. – Regina murmurou para ninguém em particular. – Emma, pode vir comigo? 

A morena subiu as escadas sem esperar fazendo com que Swan precisasse apressar o passo para acompanha-la. Elas andaram até o quarto de Lia, onde a menina já estava terminando de colocar o pijama. 

Emma deixou que Regina entrasse e desse boa noite para a filha, se distraindo com os quadros da parede para não acabar ouvindo uma conversa privado entre as duas. Não importava o quão curiosa estava, jamais ouviria uma conversa sem a permissão da morena. 

Em poucos minutos, a advogada saiu de dentro do quarto e pediu, silenciosamente, que Swan a seguisse novamente até seu quarto. E assim ela fez.  

– Meu ex-sogro... – Começou a morena ao se sentar na cama. – Foi acusado por uma estudante de estupro.  – A loira arregalou os olhos, assustada com a notícia. Já havia ouvido falar sobre Damien Colter e sabia que ele era um verdadeiro nojento, mas não esperava que ele teria coragem de fazer algo desse tipo. – O caso que eu atendi hoje era dela. A família quer me contratar como advogada deles. O tio dela é um cliente antigo meu e me indicou, pediu que eles falassem comigo antes da polícia.  

– Meu Deus, isso é horrível! Eu nem sei o que dizer. – Swan estava em choque. – E o que você vai fazer agora? 

– Bom eu não posso representar eles por conflito de interesses, mas já indiquei um novo advogado para a família. Ele é um grande amigo e eu confio bastante. – Explicou, mas pela cara que Regina estava fazendo Emma tinha certeza que a preocupação dela era bem maior. – Damien é um juiz de grande porte, muito famoso e extremamente poderoso, e por isso a nossa família inteira vai ficar sob os holofotes da mídia. – Isso ela sabia que era verdade. – Nós passamos praticamente a tarde inteira conversando com amigos próximos para não sermos pegou de surpresa por nada durante esse processo. 

– Eu acho que não preciso dizer, mas tudo o que você precisar, tudo mesmo, estarei aqui. – Emma segurou nas mãos de Regina, olhando fundo dentro de seus olhos para que ela entendesse.  

– Eu sei e agradeço muito por te ter ao meu lado. – Disse a morena com muita sinceridade, suspirando logo em seguida.  – Zelena e Ruby já concordaram em adiar a inauguração do restaurante porque isso tudo vai a público amanhã.  

– Amanhã?  

– Infelizmente. – Falou. Regina gostaria de ter um tempo maior para preparar seus filhos, mas sabia que nesse caso a prioridade era conseguir justiça para Elizabeth e tudo o que ela podia fazer era tentar proteger seus filhos de toda essa loucura o máximo possível. – Os pais dela foram para a delegacia prestar depoimento logo após eu falar com o advogado deles. Provavelmente amanhã isso tudo já estará nos jornais e não temos nem ideia do que ele pode fazer quando descobrir.  

Emma puxou Regina para um abraço apertado, pois morena já estava extremamente nervosa e com os olhos cheios de lágrimas. 

– Ele tem tanta amizade com gente influente, políticos e pessoas da alta sociedade. – Murmurou com o rosto escondido no pescoço da loira. – Não só em Las Vegas, mas no país todo. 

A loira não sabia o que responder pois aquilo era a mais pura verdade e não havia garantia nenhuma de que Damien seria sequer preso por esse crime. No máximo ganharia alguns tapinhas nas costas e algumas horas em tribunal. 

[...] 

No andar debaixo, Daniel decidiu ir preparar um mais um bule de chá para Cora e Maria, que estavam exaustas. Ele mesmo não via a hora de ir para casa e descansar, talvez acordar no outro dia cedo e perceber que tudo não passava de um grande pesadelo. Mas, aparentemente, isso era pedir demais. 

– Vocês querem mais alguma coisa com o chá? Algo pra comer? – Ele perguntou, preocupado com o silêncio das duas. 

– Não, querido. Obrigada. – Maria respondeu sem olhar nos olhos do filho. – Como que ele teve a capacidade de fazer algo tão terrível assim? 

A mulher estava inconformada com a situação. Sempre soube que tipo de gente era o marido, agora ex, mas não imaginava que ele tivesse coragem de fazer algo tão vil. Damien sempre foi uma pessoa cruel, sem escrúpulos e que não se importava em passar por cima dos outros para atingir seus objetivos. Isso era claro para Maria desde o dia em que casou com ele. Mas não nesse nível, nunca nesse nível. 

– Eu vou tentar falar com alguém amanhã cedo. – Daniel comentou massageando suas pálpebras. Já conseguia prever a dor de cabeça que seria o outro dia. – Vou ver se alguém consegue evitar que divulguem o endereço da Regina, e até mesmo o nosso por conta das crianças, mas não posso garantir. Isso vai ser um show de horrores.   

– Daniel, tente manter a calma, por favor. – Cora pediu carinhosamente. Independentemente do que havia acontecido entre ele e sua filha, ela ainda gostava muito do rapaz e respeitava as decisões de Regina. Se ela queria que Daniel fizesse parte da vida da família, Cora não seria a pessoa que iria impedir. – Pense nas crianças. Isso já vai ser difícil o suficiente.  

– Sei disso. Não se preocupe, não irei fazer nada. – Ele garantiu sinceramente. Daniel poderia ser muitas coisas, mas ele não era idiota. Estava abalado com a situação, isso era óbvio, mas tinha seus filhos em mente e não queria estragar o relacionamento que estava voltando a construir com os dois. E com Regina também.  

Daniel pediu licença por alguns minutos e saiu pelas portas dos fundos. Precisava de alguns momentos sozinho para poder botar a cabeça no lugar e respirar um pouco de ar puro. 

– Estou sentindo meu coração apertar pelo meu filho. – Maria disse após ver o rapaz sair praticamente voando pela porta. – Ele sempre enxergou meu marido como herói, mesmo tendo comido o pão que o diabo amassou na mão dele. Damien sempre foi uma inspiração. Tanto pessoal quanto profissional. Não consigo imaginar o que meu filho esteja sentindo. 

– Honestamente, nem eu. Regina sempre comentou o tanto que Daniel admirava o pai e, eu acho que, em partes, isso foi o que acabou com o casamento deles. – Cora confessou e Maria sorriu tristemente.  

– Meu medo sempre foi esse. – Falou suspirando. – Que ele acabasse se tornando igual ao pai em alguns aspectos e Damien teve muita influência em todas as decisões dele. Regina não aguentou e eu também não aguentei, por isso me divorciei. Não a julgo por isso, ela saiu antes que as coisas saíssem do controle. Por sorte, ou pela criação que dei a ele, meu filho conseguiu enxergar onde estava errando e se arrependeu. Coisa que o pai nunca fez.  

Naquele momento, Regina e Emma desceram as escadas de mãos dadas, conversando baixinho sem reparar nas duas mulheres ainda sentadas no mesmo lugar. Cora sorriu, alegre que a filha tinha pelo menos uma fonte de alegria que não fossem aquelas duas crianças.  

– Onde está Daniel? – A morena perguntou olhando ao redor.  

– Ele pediu uns minutos e saiu, mas acho que acabou indo embora. – Maria disse um pouco triste e Regina concordou. Queria conversar um pouco com o ex-marido, mas não iria pressioná-lo de maneira alguma. Estava, na verdade, preocupada com ele. 

– Se encontrar com ele, diga que estarei aqui caso ele precise. – A advogada disse olhando nos olhos da ex-sogra que agradeceu pelo apoio. 

– Você precisar de mais alguma coisa, Gina? – Emma questionou voltando a atenção da morena para si. – Preciso ir, infelizmente. Acordo cedo amanhã e já está bem tarde. 

– Não, Emma. Você já fez mais do que suficiente por hoje. Pode ir descansar. – Regina abraçou a loira com carinho, totalmente agradecida por todo o apoio que ela estava oferecendo naquele momento tão complicado para as famílias Mills e Colter. – Eu pago o Uber de volta para você, ok? Como agradecimento. 

– Jamais, Regina. – Negou como se aquilo fosse ao mais absurda das ideias. – Eu fiz de coração e faria novamente quantas vezes fossem necessárias.  

– Eu sei que fez, e agradeço por isso, mas me deixe pagar, por favor? 

Emma sabia que deveria negar e bater o pé, mas Regina estava exausta e ela não queria discutir com a morena por algo tão banal. E por respeito e consideração, deixou que ela pagasse o carro sem protestar muito.  

A loira abraçou as duas mulheres na cozinha, se despedindo delas e desejando muitas forças. Elas iriam precisar.  

– Emma... – Cora chamou a loira de volta – Amanhã Zelena e Ruby irão almoçar conosco, estamos querendo nos manter o mais próximo possível. E eu adoraria que você fizesse parte.  

Regina, que já estava perto da porta, sorriu um pouco emocionada. Elas haviam chegado tão longe nesse quase relacionamento e a sensação de ter sua família aceitando Emma de volta era inexplicável.  

Não tinha sido fácil para ninguém, para Regina então, muito menos, mas elas eram jovens. Jovens demais e a morena sabia admitir que tinha sido muito imatura em várias situações na época fazendo com que o relacionamento fosse ruim para ambas as partes. 

O que não era justificativa para a escolha de Emma, nunca. Isso partiu única e exclusivamente dela e isso fez com que a loira sofresse com a consequência de seus atos durante muitos anos. Mas Regina sabia e sentia que elas eram mulheres muito diferentes agora, com suas vivências e muita bagagem sendo carregada.  

Emma quase se casou, Regina se casou, teve filhos e divorciou. Elas não eram mais as mesmas meninas de antes, longe disso, eram pessoas diferentes demais. A única coisa que era a mesma, que não mudou em quase vinte anos, eram os sentimentos. O que elas sentiam uma pela outra.  

Muito pelo contrário, isso apenas aumentou. Ficou adormecido, sendo ignorado por muito tempo, mas agora estava tudo sendo trazido para a superfície e era muito difícil esconder. 

– Eu não quero atrapalhar o almoço de vocês. – Disse a loira. – Ainda mais em um momento como esse. 

– Não estaria atrapalhando. Seria ótimo tê-la conosco, querida. – Cora acariciou o rosto da ex-nora e Emma soube que não teria como dizer não mais uma vez. Estava intimada ao almoço queira ela ou não. – Esteja aqui ao meio-dia, ok? Se quiser vir antes também não tem problema, estaremos aqui. 

– Tudo bem. – Concordou com um sorriso. – Devo trazer algo? 

– Não, apenas sua fome é o suficiente. Temos tudo.  

Emma se deu por satisfeita e após dar mais um abraço em Cora, seguiu com Regina para o lado de fora da mansão. A morena não deixou de notar que o carro de Daniel não estava mais estacionado por ali. Regina pegou o celular e rapidamente pediu o Uber para a loira, pois sabia que a mulher precisava do seu descanso o mais rápido possível.  

– Dois minutos pra chegar. – Informou Regina guardando o celular de volta em seu bolso. – Obrigada novamente por ter vindo e por ter ficado com as crianças. Não precisava ter feito, mas fez e eu agradeço. 

– Não precisa continuar me agradecendo, Regina. Sabe que eu fiz de coração mesmo e que eu amo demais os teus pestinhas. – Emma riu da forma que Regina revirou os olhos. Mas a morena sabia que era a mais pura verdade. – Enfim, sempre que precisar, já sabe onde me achar. E não agradeça novamente.  

– Ok, não irei. – Dessa vez quem riu foi Regina.  

Não demorou mais do que alguns segundos para o carro chegar e as duas precisarem se despedir.  

– Por favor, se precisar de mim, me ligue. De verdade. Não importa o dia ou a hora. – Emma a abraçou com força, suspirando e sentindo o cheiro adocicado dos cabelos negros de Regina que eram, definitivamente, seu cheiro favorito.  

Regina se distanciou um pouco, sem se soltar dos braços aconchegantes de Swan e sorriu, olhando dentro de seus olhos verdes.  

– Obrigada. Não só por hoje – Ela completou antes que Emma reclamasse. – Por ter entrado na minha vida novamente e por me provar que eu posso confiar em você.  

– Eu que preciso te agradecer por me dar uma segunda chance, por me permitir te provar isso e continuarei provando mesmo assim. – Disse apaixonada e antes que ela pudesse completar, o motorista começou a buzinar.  

Nenhuma das duas se lembrava que ele estava ali. Foi um milagre ele ter esperado. 

– Bom, eu preciso ir antes que ele vá embora. – Emma falou com certa tristeza, não querendo se despedir da morena. – Amanhã estarei aqui, ok? 

– Ok. Estarei te esperando. – Regina falou ainda segurando na mão direita da mulher.  

Emm conseguia ver que Regina estava inquieta, como ela ficava quando estava tentando decidir algo e a loira sabia exatamente o que ela estava pensando, então decidiu se aproximar novamente, só que dessa vez suas mãos foram parar na cintura da advogada, puxando-a para um beijo carinhoso, lento e extremamente apaixonado.  

– Boa noite, Regina. – Swan saiu com um sorriso de canto dos lábios. 

A morena voltou para dentro de casa como se estivesse pisando nas nuvens e nem sequer passou na cozinha para dar boa noite as duas mulheres que lá estavam. Sabia que seria bombardeada com perguntas da parte de dona Cora Mills. 

Ela subiu as escadas com o salto em mãos e foi direto para o quarto do filho mais novo, onde ele estava dormindo profundamente. Depositou-lhe um beijo na testa e o ajeitou embaixo das cobertas, pois o garoto não parava direito na cama e sempre jogava a coberta de lado. A noite não era uma das mais frias, mas também não estava tão calor. 

Depois de ajeitar o filho, seguiu para o quarto de Lia e, diferente do irmão, a menina ainda estava acordada quando Regina abriu a porta.  

– Ainda acordada? – Perguntou Regina com um sorriso doce no rosto e Malia retribuiu mostrando o livro que tinha em mãos. – Está tarde, querida. E você precisa descansar.  

– Eu sei, mas não consegui dormir. – Confessou sincera e se ajeitou na cama, sentando-se com as costas na cabeceira para que a mãe pudesse se sentar também. – Fiquei preocupada. O que aconteceu? 

– Bom... – Regina suspirou. Malia não era mais criança para que ela dissesse meias verdades tentando protege-la, então ela não tinha outra escolha a não ser contar a verdade. E foi exatamente o que ela fez.  

Malia não abriu a boca, escutou em silêncio, apenas arregalando os olhos a cada palavra que ouvia. E continuou em silêncio até mesmo depois que a mãe parou de contar.  

– Foi isso o que aconteceu e por isso pedi que Emma buscasse vocês na escola. Estávamos todos em choque e tentando descobrir o que fazer. – Disse a morena acariciando os cabelos da filha. – Está tudo bem? Quer dizer algo? 

– Não... Só espero que ele pague pelo que fez. – A honestidade e convicção na voz da garota assustou Regina um pouco, mas fez com que ela sorrisse orgulhosa e a puxasse para um abraço. 

– Sei que é uma notícia chocante e ele é seu avô, então se precisar conversar, estarei aqui. Não importa o que esteja sentindo, estarei aqui para ouvir e não irei julgar. – Sussurrou.  

As duas ficaram abraçadas por algum tempo em total silêncio, mas Regina logo a soltou, beijando o topo de sua cabeça com muito carinho. 

– Agora, feche o livro e vá dormir, mocinha. – Falou tranquilamente. – Amanhã teremos um longo dia pela frente. Todos nós. 

[...] 

Não foi necessário alarme para que Regina Mills acordasse, afinal, ela mal conseguiu fechar os olhos durante a noite pensando mil coisas ao mesmo tempo. Era impossível dormir de verdade mesmo com o cansaço físico e mental que estava sentindo. 

A morena enrolou na cama o máximo que conseguiu, mas estava quase na hora de levantar e arrumar as crianças para a escola, ou talvez deixaria eles em casa, pelo menos por hoje.  

– Primeiro levante, depois tome decisões. – Murmurou consigo mesma. – Preferencialmente após um café. 

Regina se levantou calmamente, se espreguiçando e estralando toda e qualquer parte possível de seu corpo. Logo em seguida seguiu para o banheiro para tomar banho e escovar os dentes. Seu dia nunca começava antes de um bom banho.  

Já de dentro do banheiro, com o chuveiro ligado e com as portas fechadas, ela conseguia ouvir a voz estridente de Zelena na cozinha. A mulher não sabia o que era falar baixo às 7h da manhã. 

Após o banho, se arrumou como de costume, com exceção dos saltos, e desceu as escadas pronta para enfrentar seu longo e complicado dia. E como ela esperava, sua cozinha já estava totalmente cheia. Granny havia chegado com Zelena, Ruby e Robyn. Harriet e Amélia também haviam aparecido, sem avisar inclusive, se auto convidando para o café da manhã. Não que alguém fosse se importar com isso.  

– Bom dia, pessoal. – Regina falou indo direto para a garrafa de café. Todos responderam em uníssono, mas com pouca animação. Ela passou e beijou a cabeça dos dois filhos com muito carinho e foi ali que ela viu: o jornal em cima da mesa com a cara de Damien na primeira página. Seus olhos foram de encontro com os de Zelena. – Quando isso aconteceu? 

– Ele foi preso de madrugada. – Respondeu a ruiva suspirando. – E a notícia saiu logo cedo. 

– Querido, já terminou de comer? – Ela perguntou a Henry, ignorando a irmã rapidamente. Quando o menino fez que sim com a cabeça, Regina mandou que ele subisse para se arrumar. – Não quero que ele ouça esse tipo de conversa.  

– E está certa, querida. – Cora disse. Ela estava ciente que Malia já sabia da história, mas Henry era pequeno demais para entender esse assunto. 

– Robyn, meu amor, poderia ir até a sala enquanto nós conversamos? – Ruby pediu à filha. – Também não quero que ouça essa conversa. Por favor. 

– Eu vou com ela. – Malia disse já se levantando da mesa para ir com a prima. Ela já estava por dentro do assunto, mas entendia que os mais novos não precisavam ouvir e ela se contentava em não saber dos detalhes. 

– O que estão falando na notícia? – Questionou a morena quando as duas meninas, pois ela não tinha estômago para sequer ler o que estava escrito.  

– É uma nojeira. – A ruiva quem disse, totalmente indignada – Eles falam que ele foi acusado de estupro, mas colocaram fotos da menina no dia do evento, mostrando o vestido curto que ela estava usando e dizendo que ela sabia o que estava fazendo. E praticamente TODOS os jornais estão noticiando a mesma coisa. Como se fosse culpa dela e que ela está querendo chamar a atenção por ele ser um juiz muito conhecido. 

– Isso é coisa dele. – Maria disse. – E ele ainda pagou fiança logo depois. Não ficou nem quarenta minutos preso o canalha. 

– Zel, liga a televisão! – Ruby pediu com urgência e com os olhos grudados no celular. – Ele está dando uma entrevista. Liga aí. 

Zelena fez o que a esposa estava pedindo e ligou a televisão. Logo no primeiro canal que ligou, Damien apareceu em frente ao fórum, com três advogados junto dele fazendo um discurso como se ele fosse a vítima da situação. 

Isso que estamos vendo hoje é uma tática clássica e suja para derrubarem a minha possível candidatura ao Senado. – Ele anunciou fazendo com que as mulheres na cozinha se olhassem horrorizadas. Ninguém sabia que ele estava se candidatando. – Mas felizmente isso não irá me impedir. Não tenho a menor intenção de não me candidatar por conta de uma jogada suja da oposição para me desmoralizar. Não culpem a pobre moça, tenho certeza que a coagiram ou ofereceram muito dinheiro para que tivesse a coragem de me difamar dessa maneira. 

– Meu Deus, ele é mais canalha do que eu pensava. – Ruby comentou.  

Aos meus apoiadores, não se preocupem. Continuo firme e forte, não será uma mentira tosca e sem cabimentos que irá me derrubar. Muito obrigado. 

A cozinha de Regina ficou em silêncio de repente, as mulheres em choque demais para dizer qualquer coisa.  

– Esse homem é tão podre que me dá nojo. Espero que essa garota faça de tudo pra arrancar até as cuecas sujas desse animal. – Harriet resmungou, irritadíssima. – Que Deus ou qualquer outra divindade me impeça de encontrar ele na rua ou passarei meus últimos anos de vida dentro de uma prisão! 

– Calma, vovó. – Zelena pediu passando a mão nas costas da senhora. – Vai dar tudo certo. 

Elas ficaram na cozinha por mais ou menos meia hora ainda enquanto comiam, totalmente em silêncio, cada uma perdida em seus próprios pensamentos. O silêncio só foi interrompido quando elas ouviram o fusca de Emma encostar na garagem, mas ninguém se incomodou em ir abrir a porta, pois ela já estava destrancada e a loira já tinha intimidade o suficiente para entrar sem precisar bater. 

E foi o que ela fez. 

– O que é toda aquela gente lá do lado de fora? – Foi a primeira coisa que Emma perguntou quando entrou na cozinha, fazendo com que todas franzissem o cenho, confusas. 

– Que gente do lado de fora? – Regina questionou já se levantando, Zelena e Cora levantaram junto. A morena passou por Swan e, rapidamente, lhe deu um selinho como se já fosse uma rotina delas.  

Zelena travou por um momento ao ver, mas se recompôs e ainda deu bom dia para a loira com um sorriso no rosto. 

Na janela, Regina ficou assustada ao ver o número de repórteres e câmeras em frente ao seu jardim. Aquilo era um verdadeiro circo e os carros não paravam de chegar. Um atrás do outro, foram se amontoando em frente à casa e a morena não sabia se chorava ou não. 

Era um pesadelo. 

– Meu Deus, como que iremos sair de casa desse jeito? – Ela questionou e logo foi abraçada pela cintura por Emma. – As crianças não vão poder nem mesmo ir para a escola assim!  

– E o que você tem a ver com o escândalo do Damien? Só porque Malia e Henry são netos dele? – Zelena estava fulminando de raiva e a ponto de sair do lado de fora e espantar todos com um pedaço de pau, mas ninguém da família estava pronto para lidar com um mais um escândalo. 

– Eles precisam ter assunto para comentar. – Disse Cora com os braços cruzados. – Eu vou ligar para a escola das crianças e avisar que eles não irão comparecer hoje. 

Regina não teve nem voz para agradecer, apenas continuou em silêncio observando de longe todas aquelas câmeras.  

– Gina, seu celular está tocando. – Emma avisou quando reparou que a morena não iria atender. Estava distante demais para sequer ouvir o toque do telefone. 

– É meu chefe. – Ela murmurou olhando o visor, atendendo logo em seguida. – Gold. 

Bom dia, Regina. Estou ligando para lhe informar que, devido ao ocorrido essa madrugada, você não precisa vir ao escritório. – Ele disse calmamente. – Não quero correr o risco de te expor e acabar te prejudicando. Evite sair de casa e faça o possível para não se envolver nessa bagunça.  

– Obrigada, Robert. De verdade. – A morena falou agradecida. Apesar de, muitas vezes, entrar em conflitos com Gold, sabia que ele era um bom chefe.  

– E se precisar, sabe onde me encontrar. 

Eles se despediram com Regina novamente agradecendo, o que parecia ser a única coisa que ela estava fazendo ultimamente. Agradecendo todo mundo. E ainda parecia que não era o suficiente, pois estavam todos sempre a ajudando de todas as maneiras possíveis. Dando apoio em tudo o que ela precisava. Enquanto ela só existia, sem poder fazer muita coisa pelos outros. 

Pelo menos era assim que se sentia. 

[...] 

Regina sentou-se em frente ao computador e respirou fundo, pois precisava ser o mais profissional possível. A câmera ainda estava carregando, mas em poucos segundos seu próprio rosto apareceu e logo o rosto de seu colega, William Scarlet, apareceu também junto à Elizabeth e James. 

Regina, obrigada por falar conosco. – James disse assim que viu o rosto da advogada.  

– Não se preocupe. Ajudarei no que for preciso, James. – Ela respondeu. – Como está, Lizzie? 

Estou bem, acho. – A menina deu de ombros, olhando para baixo. Era notável o quanto ela estava cansada e principalmente envergonhada. – Só queria acabar logo com isso

– Eu sei, querida. Iremos fazer de tudo para que você consiga a justiça que merece. – Elizabeth olhou nos olhos da morena brevemente e sorriu, agradecida. – Bom, essa conversa é extraoficial, então nunca estive aqui, certo? 

Os três concordaram.  

Vi no jornal que tem repórteres em frente à sua casa. – Will disse com simpatia. – Sinto muito.  

– É... Daniel até tentou falar com algumas pessoas para que não divulgassem o nosso endereço, mas não adiantou. Infelizmente. – A morena suspirou. – O que Damien está alegando? Além das asneiras que ele disse na entrevista. 

Que foi consensual. – William disse balançando a cabeça. – E infelizmente não temos nenhum exame de sangue para provar que ela foi drogada. É a palavra dela contra a dele.  

– O que a polícia passou para vocês até então? 

– A investigação está só começando, mas aparentemente as câmeras do corredor do quarto estavam, misteriosamente, em manutenção naquela noite e não pegaram absolutamente nada. E eles só verificaram as câmeras porque eu passei boa parte da madrugada no pé deles. Eles não estão nem interessados em investigar. 

Dinheiro sempre fala mais alto, William. Essa é a verdade. – James retrucou irritado e abraçou a sobrinha, que se encolheu em seus braços.  

– Isso é um ultraje. – Murmurou a morena – Mas não se preocupem, farei o possível para ajudar vocês e obrigada por me manterem informada. Boa sorte, Will. 

Eles finalizaram a curta reunião rapidamente e Regina seguiu para a sala, onde estava o resto da família. Zelena havia aproveitado o horário de almoço, onde a maioria dos repórteres estavam ocupados para poder sair e buscar o dever de casa das crianças para evitar que Regina saísse de casa.  

Isso não evitou que ela fosse bombardeada com perguntas e câmeras em seu rosto, mas Zelena sendo Zelena fingiu que nenhum deles existia e seguiu seu caminho.  

Emma também não quis deixar Regina, então fez como todos da família e pediu o resto do dia de folga e se prontificou a ficar na mansão para ajudar caso precisassem de algo fora de casa, o que agradou a família inteira.  

– Se eu soubesse, teria pedido para você ir até a escola. – Zelena comentou, mas sem malícia alguma.  

– Era só ter pedido, Zel. – Emma respondeu e a ruiva, meio incerta, abraçou a ex-futura-cunhada.  

– Obrigada. 

Emma ficou sem graça com o abraço, pois fazia MUITOS anos que não abraçava Zelena, mas se sentiu bem. Assim como a ruiva. Ambas sentiam falta uma da outra, mas eram duas mulas teimosas demais para admitirem algo desse tipo.  

Swan e Ruby ficaram encarregadas de manterem as crianças ocupadas enquanto Regina trabalhava, remotamente, em alguns de seus casos pendentes. Zelena estava atendendo as ligações do telefone residencial da irmã e latindo pra qualquer repórter que ligasse para saber sobre o caso de Damien. Harriet e Amélia estavam jogando xadrez e também se divertindo com as crianças enquanto Maria, Cora e Granny se entreteram na cozinha fazendo bolos, doces e qualquer outra coisa para manterem as cabeças ocupadas e todo mundo de barriga cheia. 

– Como elas estão? – Maria perguntou à Cora, com os olhos fixos em Emma e Regina, que estavam no meio da sala conversando.  

– Bem, até onde sei. – Respondeu a Mills. – Regina está feliz e eu estou feliz por elas. Até tiveram um encontro essa semana e Emma passou a noite aqui. Regina não deu muitos detalhes, mas estava sorrindo de orelha à orelha. 

– Não acho que elas tenham feito nada. – Granny disse se intrometendo na conversa. – Depois de 18 anos, tenho certeza que elas irão querer ficar sozinha para realmente aproveitarem e não com duas crianças e a sogra no mesmo corredor.  

– Nem estávamos aqui! Elas estavam sozinhas. – Cora rebateu. 

– E voltaram na manhã seguinte. Elas trabalharam, estavam cansadas. – A senhora argumentou. – De qualquer maneira, não acho que aconteceu. 

– Não que isso importe para nós. – Maria completou rindo.  

– Realmente. – Cora concordou, também rindo. Para ela só importava a felicidade de Regina. Coisa que ela merecia. – Só espero que dessa vez dê certo para ela e Emma.  

– Vai dar, Cora. Vai dar. – A ex-sogra da morena abraçou Cora. Se tinha algo que suas crianças estavam merecendo era felicidade. A mais pura delas. – E nós estaremos aqui para presenciar tudo isso.  

Elas se contentaram com o assunto e voltaram a atenção para as comidas. Que era o suficiente para alimentar, pelo menos, um batalhão inteiro do exército.  

Na sala, Regina havia dado uma pausa no trabalho para passar um tempo com os filhos e com Emma também. A loira havia sacrificado um dia de trabalho para ficar de babá da família Mills. 

– Eles amam você. – Comentou a morena observando os filhos entretidos com o jogo de tabuleiro que estavam jogando com Ruby.  

– E eu amo eles. – Falou de volta, abraçando a mulher pelos ombros. – Assim como amo você.  

Regina não se surpreendeu com a mini declaração, mas ainda se emocionou e deitou a cabeça no ombro de Emma para que a loira não visse seus olhos cheios de lágrimas.  

– E eu amo você, Emma. – Ela sussurrou. Não era necessário, pois ninguém ali estava prestando atenção na conversa das duas e mesmo não sendo o ambiente mais romântico de todos e nem na melhor situação, era perfeito para ambas. – Quando decidi embarcar de volta para Las Vegas não imaginei que poderia estar aqui com você hoje. Imaginando novamente um futuro ao seu lado.  

– E nem eu imaginava isso, nem mesmo nos meus melhores sonhos. – Emma puxou-a pelo pescoço levemente e depositou um beijo em seus lábios. Suave e carinhoso, sem pressa.  

Afinal, dessa vez, elas teriam o resto da vida para aproveitar. 

[...] 

– Por que não veio ficar conosco hoje? – Regina questionou ao ex-marido quando ouviu sua voz no telefone. Ele estava tão abatido. 

Não quis atrair mais atenção ainda pra vocês. E vim para a casa de um colega. – Respondeu ele. A morena entendia a decisão, pois sabia que se fosse ela, também ficaria longe para proteger os filhos.  

– Sei que não terminamos muito bem e ainda estamos tentando ter uma relação mais amigável, mas eu quero que você saiba que eu estou aqui. Independentemente do que aconteceu entre nós você ainda tem um lugar muito especial no meu coração. – Ela disse carinhosamente e Emma entrou no escritório no mesmo momento, se aproximando da mesa onde a morena estava em silêncio. Elas sorriram uma para a outra. – A última coisa que quero é que você se sinta sozinha. Nós fomos uma família durante quinze anos e ninguém pode apagar isso da nossa história, nem nós mesmos.  

Era possível ouvir o choro baixinho de Daniel do outro lado da linha, fazendo com que a morena se emocionasse também. Emma aproveitou esse momento para abraçá-la por trás, dando seu apoio silencioso.  

– Você não faz ideia do quanto eu precisava ouvir isso. Vocês foram e vão continuar sendo minha família para sempre. E eu não consigo expressar o quanto sinto muito pelas coisas que te fiz passar, que fiz nossos filhos passar.  

– Eu já perdoei você, Daniel. A única coisa que peço é que você continue melhorando pelos nossos filhos. – Nesse momento a morena se virou para olhar Emma nos olhos. – O passado é justamente isso: passado. E é lá que ele deve ficar. Eu e as crianças estaremos aqui com você. 

I won’t cry, I won’t cry, no I won’t shed a tear 

Just as long as you stand, stand by me 


Notas Finais


É isso, galerinha, até a próxima!


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