1. Spirit Fanfics >
  2. Let The Blood Run >
  3. Threshold

História Let The Blood Run - Threshold


Escrita por: minsugaaw

Notas do Autor


Oi gente, primeiro capítulo do ano e eu voltei mais rápido do que vocês esperavam hahaha
Espero de verdade que gostem do capítulo, que 2019 seja incríveis assim como cada um de vocês <3
Então... Deixe o sangue correr!
Nome do capítulo: Limiar

Capítulo 21 - Threshold


O teto me parecia bem interessante naquele momento, motivo pelo qual eu o encarava fixamente enquanto deitado inerte na cama macia de meu quarto imerso em um manto denso de escuridão que era rompido apenas pela luz fraca da noite que se impunha pelas janelas de vidro.

Meus olhos tentavam encontrar qualquer coisa no gesso branco acima de mim que pudesse ocupar minha mente por mais alguns instantes até que eu finalmente caísse no sono. E depois de mais alguns minutos observando uma leve e quase imperceptível rachadura na pintura branca logo ao lado da lâmpada, senti meus olhos começarem a pesar e meu campo de visão ficar cada vez menor e mais turvo conforme minhas pálpebras se fechavam milímetro por milímetro.

Meus pensamentos ficaram completamente límpidos e eu me entreguei ao sono que me abraçava lentamente. Estava quase lá, algumas horas de sono preciosas a apenas alguns segundos de distância.

Já estava tudo perfeitamente escuro quando escuto batidas suaves na porta de meu quarto antes da mesma ser aberta lentamente.

O barulho foi mínimo e poderia passar despercebido para qualquer outro, mas eu definitivamente não sou alguém desatento e quando você vive rodeado de pessoas que querem te matar sua audição acaba ficando extremamente melhor e sensível enquanto você tenta não morrer antes dos 20.

Meus dedos instintivamente se arrastaram rapidamente por de baixo do travesseiro e no segundo seguinte meus dedos se fecharam em torno da lâmina com a mão direita.

Porém não foi necessário investir. Quando a brisa delicada do ar condicionado acariciou meu rosto eu pude saber imediatamente quem era.

- Como passou pelos guardas no corredor e o que está fazendo aqui? Você devia estar descansando, os seus treinos não irão parar por causa dos machucados de hoje - falei ainda de olhos fechados soltando a faca no mesmo lugar e retraindo a mão.

Ouvi seus passos se aproximarem e o aroma ficar mais forte ao meu redor, mas não me movi. Permaneci deitado com o tronco para cima, os braços e pernas esticados no colchão ocupando mais espaço do que eu realmente ocupo normalmente.

- Eu consegui convencê-los de que estava tendo um surto e precisava de você, então foi fácil eles me deixarem passar, nem precisei ameaçá-los - segurei um riso soprado.

Fazia algum tempo desde que ele precisou de mim pra isso, os surtos já não eram mais tão frequentes depois que ele decidiu assumir quem é de verdade apesar de ainda não ter chegado em um perfeito equilíbrio entre seus dois extremos. Talvez nunca chegue. Eu gostava dessa possibilidade.

 - E respondendo a sua outra pergunta… - eu ainda não podia vê-lo, mas tinha certeza que nesse momento ele baixou a cabeça, mordeu levemente o lábio inferior e encarou os pés muito provavelmente perdidos sob a barra das calças frouxas que ele geralmente usa para dormir. Quase podia ver a imagem tão clara quanto a escuridão da noite através das pálpebras fechadas.

- Eu sei que deveria estar me recuperado para treinar, mas os ferimentos nem foram tão graves assim e… É seu aniversário e.... - ele disse diminuindo cada vez mais o tom de sua voz conforme as palavras deixavam sua boca.

- E? - perguntei seco.

- Bem, eu só… Não sei exatamente. Acho que só não queria que você ficasse sozinho, pelo menos essa noite - abri os olhos imediatamente e me impulsionei para sentar na cama.

- E o que te faz pensar que eu quero companhia? – perguntei finalmente encarando-o em meio a fraca luz. Ele olhou em minha direção por apenas alguns segundos antes de desviar o olhar e começar a fazer alguns gestos com as mãos buscando desesperadamente o que dizer. Eu tinha que admitir que aquilo era estranhamente agradável de se assistir.

- Eu sei que você não gosta de companhia em 99,9% das vezes, mas achei que você não ia querer ficar sozinho no seu aniversário fazendo um cosplay muito realista de um defunto - encarei seu rosto meio iluminado por um feixe de luz particularmente forte. Eu podia ver a insegurança carregada em seus olhos mesmo por trás da barreira firme que era seu sorriso convincente.

Ah Taehyung, eu já o conhecia tão bem.

- Você sabe que eu não sou do tipo que compra bolo e canta parabéns, não é? Na verdade, apenas três pessoas sabem a data do meu aniversário além de mim e agora de você, graças a boca grande do Jin hyung – minha voz era firme, mas o contrário do que imaginei, eu não estava com raiva. Em outras circunstâncias o teria expulsado imediatamente do quarto e tido uma conversa bastante séria com Jin sobre as coisas que ele tem falado sobre mim para o ruivo, mas agora, ali naquele milésimo de segundo, eu quase me senti grato por ele saber da data.

Ele abriu a boca para falar, mas decidiu do contrário e a fechou sem mais palavras.

-  Eu não me importo – disse de repente e dei de ombros deixando meu corpo cair sobre o colchão macio novamente.

- Não se importa em ser seu aniversário ou em eu te fazer companhia?

- A primeira opção Taehyung, agora volte para o seu quarto e tente dormir - coloquei um dos braços sobre os olhos e o silêncio se instalou novamente no quarto.

Respirei fundo e me concentrei em tentar voltar para aquele ponto limiar de torpor, esperançoso de que pudesse finalmente ter minhas horas de sono tão ansiadas. Senti meus músculos relaxarem e o corpo pesar sobre os lençóis. Depois de alguns minutos daquela forma e sem mover um músculo, quase acreditei que ele tinha realmente ido embora. Não podia ouvir sequer sua respiração, mas o cheiro, ah aquele cheiro ainda estava ali pairando ao meu redor e me puxando de volta cada vez que eu tentava me lançar à inconsciência. Então quando um feixe de luz forte entrou pela brecha entre meu braço e olhos eu tive minha confirmação.

Afastei o braço e levantei minimamente meu pescoço a tempo de ver Taehyung se sentar confortavelmente no carpete logo à frente da minha televisão segurando um dos controles do videogame. Ele continuou parado esperando o jogo carregar encarando fixamente a tela e eu franzi o cenho surpreso demais com o que estava presenciando.

- Qual a parte do "volte para o seu quarto" você não entendeu? - perguntei incrédulo tentando controlar a impaciência que começava a crescer dentro de mim.

- Eu entendi, mas daí eu vi o videogame e me deu muita vontade de jogar. A televisão está no mudo, não vou incomodar você - ele explicou com a fala mansa virando rapidamente a cabeça para me encarar com um sorriso pequeno.

Merda, por que ele tinha que ser daquele jeito?

Eu sabia que ele tinha seu próprio videogame em seu quarto, eu mesmo paguei por ele. Eu sabia que ele deveria estar cansado e até mesmo com dor devido ao ferimento na coxa causado mais cedo. E eu sabia que aquilo não passava de uma tentativa desesperada de conseguir se manter aqui e mesmo assim, mesmo sabendo que podia simplesmente joga-lo pra fora dali e dormir em paz... Não o fiz.

Bufei e deitei a cabeça sobre o travesseiro olhando mais uma vez para a pequena rachadura no teto. Não parecia mais tão interessante quanto antes.

Não sei quantos minutos se passaram, mas o quarto ainda estava silencioso. Eu mal conseguia ouvir coisa alguma a não ser pelo leve som dos botões do controle sendo pressionados com delicadeza. Eu tentei. Apertei os olhos e respirei fundo perseguindo vigorosamente a sensação de relaxamento ansioso por me sentir pesado mais uma vez e dessa vez ignorar qualquer coisa que não fosse o sono livre de sonhos. Mas eu não conseguia.

Cada vez que eu me forçava a não pensar em nada eu lembrava do ruivo à apenas alguns metros de mim sentado no carpete como uma criança entediada numa noite de sábado. Merda.

Praguejei mentalmente nas quatro línguas que dominava e no momento seguinte desisti de tentar. Lentamente ergui meu corpo e me arrastei até a beirada da cama colocando os pés descalços no chão frio.

(MÚSICA NAS NOTAS FINAIS)

Ponderei por alguns segundos me contentando em apenas assistir a figura com as costas curvadas diante da televisão, mas aquilo não parecia o suficiente. Guiado por uma vontade estranha, dei alguns passos no assoalho frio até enfim sentir a suavidade do carpete sob meus pés. Logo me encontrei de pé ao lado do ruivo que ao menos pareceu notar minha presença até que num ato impensado apenas me agachei e sentei ao seu lado.

Era estranho e totalmente incomum estar tão perto num momento tão aleatório como aquele, mas eu não sentia vontade de me afastar e em meio ao cansaço apenas me permiti ficar ali. Apenas perto.

- Quer jogar? - ele perguntou de repente com os olhos vidrados reluzindo as imagens da televisão.

- Não - respondi simplório e ele riu soprado. O jogo então foi pausado e ele se inclinou para frente apoiado nos joelhos para alcançar o segundo controle ao lado do videogame.

Ele não disse absolutamente nada, apenas voltou a sua posição de antes e estendeu o objeto pra mim, o qual eu segurei mais rápido do que realmente deveria, e reiniciou o jogo colocando no modo multiplayer.

Dois minutos mais tarde eu estava jogando com Taehyung.

Uma hora mais tarde e nós ainda estávamos jogando.

Trinta minutos mais tarde, de alguma forma, Taehyung foi chegando cada vez mais perto até finalmente se aconchegar contra a lateral do meu corpo. E eu permiti.

Segundos mais tarde e ele já dormia com a cabeça apoiada em meu ombro sustentando seu peso contra mim enquanto eu o observava paralisado.

Encarando sua face serena e sentindo seu corpo pressionado contra o meu me fez esquecer o quão errado era aquilo. O calor que emanava de si era bom demais e a razão não parecia ter forças o suficiente para fazer com que eu me afastasse.

Merda Jeongguk, o que você está fazendo?

Eu definitivamente não sabia, mas ainda assim o fiz.

Me arrastei devagar trazendo seu corpo adormecido e o carpete debaixo de nós junto até que minhas costas encontrassem a borda da cama e o acomodei em meu peito da melhor forma desajeitada que podia. A lateral de sua cabeça repousava do lado esquerdo do meu peito, suas mãos encolhidas entre seu tórax e o meu e as pernas retraídas entre as minhas que estavam abertas. Fora o meu braço ao redor de suas costas o qual eu usei para arrasta-lo junto comigo e não consegui mais tirar.

Que ridículo. Como diabos eu acabei dessa forma?

Deveria tê-lo jogado pra fora do quarto e ido dormir na minha cama extremamente confortável aproveitando as poucas e preciosas horas de sono que me eram possíveis e não ficar aqui no chão aconchegado apenas por um carpete fino e servindo de travesseiro pra ele.

Por que eu simplesmente não o largo aqui mesmo e volto pra cama? Ele é só meu competidor, nada mais que isso. Ninguém importante.

Respirei fundo e fechei os olhos jogando a cabeça para trás apoiando-a na borda do colchão tentando com afinco não pensar na grande idiotice que estava fazendo nesse exato momento.

Não é nada demais.

Era o que eu repetia em minha mente, mas depois da sétima vez aquele pensamento já estava completamente distorcido pelo calor de sua pele contra a minha e o ritmo leve de sua respiração que pressionava ainda mais seu corpo contra o meu fazendo um formigamento gostoso subir pela minha espinha.

Suspirei alto e segurei um murmúrio de pura satisfação. Era bom. E quando eu finalmente cansei de resistir, a sensação só melhorou e tomou conta de todo o meu corpo. Então quase como um dardo sonífero, não demorou mais que poucos instantes até que eu estivesse espontaneamente caindo no sono.

Mas que porra é essa? Eu não sofria de insônia até algumas horas atrás?

Ignorando completamente meus pensamentos, deixei a inconsciência me levar como estava fazendo mais ou menos três horas atrás, mas dessa vez mais rápido e mais suave. Como um respingo de chuva ou o toque de uma folha carregada pela brisa.

Se antes sua presença me puxava para longe do abismo, agora suas mãos delicadamente me guiavam para cada vez mais dentro da escuridão aconchegante e completamente agradável e eu o seguia de bom grado ansioso para o que quer que ele fosse me mostrar, me agarrando ao seu corpo como se aquela fosse a única forma de alcançar a plenitude oferecida pelo seu calor.

Mas é claro que ele não me daria nada tão facilmente.

- Jeongguk-ah - ouvi a voz baixa de Taehyung me chamar.

- Você não estava dormindo? - questionei sem abrir os olhos e percebendo meus braços envoltos firmemente ao seu redor, me movimentei na intenção de retraí-los, mas ele rapidamente agarrou meu antebraço direito com as duas mãos parando meus movimentos apenas para me puxar para ainda mais perto.  Senti então seus dedos entrelaçarem os de minha mão direita puxando-a para mais perto de seu rosto, apertando-a contra sua bochecha.

Puxe seu braço, Jeongguk.

E como todas as outras vezes naquela noite, não o fiz.

Mantive meus olhos bem fechados enquanto ele se movia em meu aperto seguro. Os dedos esguios acariciando os meus e a cabeça se movendo até que seu rosto se encontrasse na curva de meu pescoço. Meu corpo tremeu ao sentir sua respiração quente colidir com a pele sensível e eu torci para que ele não tivesse percebido meus braços forçando ainda mais seu corpo contra o meu.

- Eu estou. Isso é meu subconsciente me induzindo a falar com você - eu quis rir da sua bobagem, mas deixei apenas um sorriso pintar meus lábios.

- Claro que sim – concordei com uma ironia inocente.

Aquilo era bom e pela primeira vez eu não senti medo da proximidade.

Minha mente gritava o quão errado era, o quão sem noção eu estava sendo, mas eu não conseguia obedecer. Eu queria estar ali, eu o queria perto e pelo menos por aquela noite eu me renderia a essa vontade gritante.

Depois de alguns segundos ele voltou a me chamar.

- Jeongguk-ah – o sussurro fez com que seus lábios roçassem minha pele.

- O que foi Taehyung? – resmunguei impaciente ao mesmo tempo em que segurava o murmúrio satisfeito que queria escapar. Estava bom, mas eu não era tão paciente assim, mais uma e eu voltava pra minha cama.

- Você gosta de mim? - ele perguntou de repente e eu abri os olhos de uma vez me impedindo no último segundo de afastar a cabeça para olhá-lo.

Com calma inclinei levemente o pescoço e pelo canto do olho pude observá-lo. Mãos ainda agarradas à minha e o rosto afundado em meu pescoço.

Me forcei a ignorar minha surpresa pela pergunta e não me sentir ainda mais estranho sobre ela. Franzi o cenho por uma fração de segundos e voltei a posição de antes.

- Claro que não - respondi simplesmente e no mesmo instante o senti sorrir levemente contra minha pele.

- Tudo bem, era só pra saber mesmo - sua voz era tão calma e baixa que quase me fez acreditar que ele realmente falava em meio ao sono.

- Feliz aniversário, Jeonggukie - seu murmúrio arrastado junto da variação carinhosa do meu nome me fez sentir um solavanco anormal no coração. E quando ele arrastou a ponta do nariz para cima inspirando forte antes de deixar um pequeno selar atrás da minha orelha, meus dedos involuntariamente apertaram os seus enquanto minha mão em suas costas deslizou até que agarrou sua cintura.

Então ao invés de responder, apenas apertei meu abraço desengonçado recostando meu rosto sobre o topo de sua cabeça inspirando o aroma suave que se desprendia de seus fios sabendo que amanhã pela manhã seu cheiro estaria por todo lugar e inclusive por mim mesmo.

Eu gostava dessa possibilidade.

Respirei fundo mais poucas vezes movimentando o ruivo junto com meu corpo e dessa vez sua respiração em meu pescoço e sua mão entrelaçada à minha naquele contato completamente novo e indiscutivelmente íntimo para mim finalmente me fizeram adormecer sem mais interrupções.


Notas Finais


Música recomendada: essa preciosidade que saiu da cabeça de um gênio - https://www.youtube.com/watch?v=1rv0T6GncS8
E então ?? O que acharam do capítulo ??
Esse em particular é uma faceta bem diferente do que nós estamos acostumados em ver do Jeongguk. Na verdade era pra ser uma continuação do capítulo passado, mas eu queria muito fazer pov Jeongguk para mostrar como ele se deixou levar essa noite e que gostou do contato mais íntimo com o Tae. Além da aproximação carnal aqui é uma coisa mais inocente, na verdade o mais inocente que esses dois podem ser, então eu queria abordar esse lado de uma forma que se encaixasse com a evolução dos pensamentos do JK que no máximo queria dormir com o Tae uma vez só e achavam que no máximo sentia desejo. Então esse é um ponto chave para o desenvolvimento dos sentimentos dele ou o mínimo que ele pode chegar a sentir. Espero de verdade que vocês tenham gostado e apesar de parecer muito soft pra esses dois é o máximo que eles podem chegar de uma coisa mais fofa kkkk
Enfim, é isso, deixem seus comentários para que eu possa saber no que estou acertando e no que preciso melhorar. Sou muito grata pela atenção de vocês, sintam-se convidados para dar uma olhada nos meus outros trabalhos. Abraços <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...