História Lethal - Came too late

"Ela salvou todo mundo, mas não pode salvar a si mesma." 

POV SKYLAR HILL DUPONT

- Skylar, nós temos algumas perguntas para você sobre o caso de Justin Bieber.  – O detetive Lance dizia enquanto ligava seu gravador e o punha na mesa central.

- Acho que tudo o que eu tinha que responder, eu respondi. Há dois anos atrás. – Respondi fria.

Estávamos apenas eu e ele dentro da sala de estar da minha casa. E o maldito gravador, claro.

Mas eu sentia que vozes ecoavam em minha mente. Vozes estranhas dizendo que aquilo estava muito longe de acabar em algo bom.

- Surgiam algumas novas evidências. Você é a única pessoa, além de Jeremy, Pattie e Justin, que perguntamos a respeito do sequestro.

- E por que só para mim? Não para os nossos outros amigos? O que te faz pensar que eu sei de algo a mais que eles?

- Porque você é a pessoa que o mais conhecia. Que mais sabia a respeito da vida pessoal dele.

- Eu não tenho nada mais a dizer, oficial. – Disse me levantando do sofá deixando a sala.

 Mas quando meus pés deram impulso para caminhar, palavras me paralisaram:

- Eu acho que Justin mentiu. E você também. – Voltei a me sentar no sofá.

- O que você quer dizer com isso? Você está me acusando, oficial? – Meu tom de voz era furioso.

Não conseguia acreditar que mesmo depois de ter ido na delegacia, conversado com Lance, ele estava me acusando de mentir.

- Não estou acusando. Estou fazendo apenas uma suposição.

- Por você ser um oficial da polícia, você precisa no mínimo ter provas, para vir na minha casa as cerca de uma e meia da madrugada, e me acusar de ter mentido sobre um caso que aconteceu a dois anos atrás. Pensei que quando Justin voltasse, as acusações acabariam. – Relaxei meu corpo no sofá sentindo o olhar duro de Lance sobre mim.

- Não, muito pelo contrário. – Ele coçou a garganta. – Após ele voltar, as acusações só aumentaram. Dentro de dois anos sequestrado, nós não tivemos nenhum suspeito, ou culpado. Justin parecia ser apenas um garoto rico, sem problemas...

- Então você está aqui, me acusando de... – Lance me interrompeu;

- Skylar, nós fomos até o casebre aonde Justin foi mantido durante os dois anos.

Arregalei os olhos e senti meu sangue pulsar.

- V-vocês encontraram alguma coisa? O que tinha lá dentro? Prenderam os caras? – Me enrolei em meio as minhas palavras.

- Sim, nós encontramos. – Ele disse frio. – E o que encontramos, é o que me faz pensar que você e Justin mentiram. – Ele continuou.

- Mentimos sobre o que? – Arqueei a sobrancelha.

Se existia algo que eu detestava, era ser acusada de algo que eu não tinha feito. Ok, eu realmente tinha mentido. Mas não tinha mentido para Lance. Não há dois anos atrás.

Eu me lembro exatamente bem. Toda a verdade tinha sido colocada sobre a mesa, pois tudo o que eu queria naquela época, era que Justin apenas aparecesse. E para isso, a verdade era necessária.

- Sobre o envolvimento de Justin, com as drogas. – Gelei.

Essa tinha me pegado de surpresa.

- É.. Co-como assim, detetive?

- Fizemos uma investigação no casebre. Não havia nada lá. Apenas uma evidência. Haviam drogas.

Lance penetrou seu olhar dentro do meu, como se ali ele conseguisse desvendar se eu estava ou não mentindo, e realmente, eu achava que ele era capaz disso.

- Drogas?

- Sim, Skylar. Drogas. – Ele assentiu com a cabeça.

- Vocês acham que... Que... Elas são do Justin? – Perguntei receosa.

Lance respirou fundo. Pegou o gravador que estava em cima da mesa, e o desligou.

- Não posso te dizer com certeza, de que são dele. – Ele colocou o gravador de volta no lugar, mas dessa vez ele estava desligado. – Acho que Justin não tinha acesso a coisas como essa. Drogas não são caras, mas elas causam um grande prejuízo. Seja ele de dinheiro ou não. – Ele coçou a garganta. – O fato de eu ter encontrado drogas no local não é o que me deixa intrigado. É provável que as pessoas que tenham o sequestrado tenham algum envolvimento com coisas do tipo. O que me deixa com uma confusão interna, é o fato de Justin não ter me contado sobre elas. Digo, quando conversamos com ele, depois de o encontrar, ele disse que não havia drogas no local, que elas não estavam envolvidas nessa história.

- Detetive, com todo o respeito, mas você simplesmente deveria ser um pouco mais esperto em relação a isso. Não é porque você achou drogas no local aonde Justin ficou preso por dois anos, que elas têm de estar envolvidas no caso dele. Alguma pessoa pode ter ido lá, colocado as mesmas, para confundir a cabeça dos policiais... – Parei de falar quando analisei minhas palavras.

Não fazia sentido uma pessoa colocar drogas em um lugar que está sendo investigado pela polícia. Isso com certeza comprometeria a pessoa.

- Se as drogas foram colocadas lá por alguém, tem de ter um motivo. – Ele deixou que eu pensasse.

- Você acha que foram os caras... Que o sequestraram? – Mudei o tom de voz.

- Não posso te dizer com tanta certeza. Mas é por isso que eu vim aqui. Elas não seriam colocadas lá por um simples acaso. Tem de ter um motivo, como eu disse. Talvez eles queriam nos atrasar, para ganhar mais tempo. Talvez tempo para fugir. – Ele respirou fundo. – Você é a única pessoa que sabemos que o Justin se abriria. Eu preciso, aliás, todos precisamos que você fale com ele sobre o envolvimento das drogas.

- Eu não acho que ele irá se abrir comigo. – Lance me encarou confuso. – Quer dizer... Talvez ele esteja escondendo algo, para que ele não se dê mal no final.

- Se dar mal com quem, Skylar? Ele tem algo a esconder? – Perguntou desafiador.

- Não. – Respondi dura. – Talvez ele se preocupe demais com as pessoas que ele ame. E não conte toda a verdade, por medo dos sequestradores virem atrás dele de novo.

- Se ele está sob proteção da polícia, por que ele tem medo de ser encontrado por eles?

- Detetive, pense comigo. – Ajeitei-me no sofá. – Ele foi sequestrado em Ibiza, e foi encontrado em uma cidade a poucos minutos de Huntington. Se o sequestro dele fosse aleatório, não saberiam que ele mora na Califórnia.

- Certo. Mas ainda preciso que você me ajude.

- Eu... Eu não sei se iria dar certo. – Lembrei-me do beijo. Lembrei-me da briga. E exclusivamente, lembrei-me do que ele havia me contado.

- Se o Justin estiver realmente falando a verdade sobre as drogas, será algo a mais para descartar. Mas se ele estiver mentindo, isso causaria uma incógnita.

- E se ele realmente não souber do envolvimento delas, detetive?

- Pense comigo, Skylar. – Ele sorriu fraco. – Ele ficou preso por dois anos. Ele voltou muito afetado. Muito abalado. Você mesma viu isso com os seus próprios olhos. Dentro desses dois anos, sabe-se lá o que ele viu. O que ele teve de enfrentar. Ninguém contaria a verdade para qualquer um. Muito menos se a verdade pudesse comprometer a si mesmo.

Droga, ele usou minhas próprias palavras contra mim!

- O que você quer dizer com isso?

- São apenas suposições. Não me culpe por pensar assim.... – Logo de cara entendi o que ele queria dizer.

- Detetive, você está querendo dizer que.... – Ele me interrompeu;

- Sim, eu acho que as drogas podem ter sido o motivo pelo qual Justin foi sequestrado.

{...}

Saí da sala de estar com a cabeça cheia e estourando de pensamentos. Tudo que podia se passar em minha mente era a palavra drogas. Justin não usava drogas. Eu repetia aquilo para mim mesma repetidamente.

Depois de algum tempo olhando para o teto, me ocorreu um pensamento. Justin não havia me contado sobre Britany ou qualquer envolvimento com ela. Ele podia estar envolvido com drogas também. Sabe-se lá o que ele escondia de mim. Talvez ele nunca tivesse me contado absolutamente nada de sua vida.

Justin agora era um mistério em minha cabeça. Um que eu não tinha ideia de como resolveria. Me pegava pensando se talvez todo o nosso namoro não tivesse sido uma grande mentira.

Pensar em tudo isso havia feito me questionar. Quem era o real Justin?

Resolvi parar de pensar e agir. Eu iria até aquela cabana e descobriria o que pudesse. Estava cansada de suposições em minha cabeça. O quanto antes eu resolvesse isso, mais cedo eu voltaria a ser quem eu realmente era. Eu poderia seguir em frente com uma vida sem Justin Bieber. Uma vida sem confusões e as bagunças que ele havia trazido. Eu daria um basta nisso.

Peguei a chave do meu carro rapidamente. Proibi-me de pensar em Justin e qualquer coisa que o lembrasse. Ele não era o centro do meu mundo. Meus pais e meu irmão já dormiam. Tentei fazer o menor barulho possível. Eram duas horas da manhã e eu estava saindo de casa. Mamãe, papai e Luke iriam me trancar no quarto se percebessem que eu estava novamente saindo da casa de madrugada. Desde que Justin voltou, eles pareciam regular mais minhas saídas. Um desperdício de tempo em minha opinião.

Eu tinha anotado o endereço da cabana quando havia roubado o pen drive. Ficava um pouco longe de Hungtin Beach. Uma hora dirigindo.

A uma hora mais devagar que já havia passado em minha vida. A estrada era escura e vazia. Não havia uma alma perdida. Aquilo até me daria um pouco de medo se eu não estivesse tão centrada no que eu estava prestes a fazer. Sabia que aquilo parecia com algum filme de terror em que uma menina ia sozinha de madrugada para uma cabana encontrar o namorado e no fim da noite acaba morta, perseguida por um espirito maligno. Nunca havia acreditado em nenhuma daquelas coisas e muito menos tinha medo delas.

A estrada era silenciosa. Dentro do carro a única coisa que se era possível ouvir era a música que passava no rádio. Não me permitia pensar em nada, somente me focar na estrada e no que estaria prestes a fazer. Respirava fundo algumas vezes, me perguntando se o que eu estava fazendo era certo.

Cheguei ao destino mostrado pelo GPS. Eu não conseguia enxergar nada. Nem uma cabana. Tudo o que via era a estrada a minha frente e muitas árvores grandes e altas ao redor. Suspirei, pronta para sair do carro quando um clarão iluminou minha visão.

Agora eu conseguia enxergar bem a cabana a minha frente. Ela queimava rapidamente, como se tudo estivesse planejado. E talvez estivesse. As árvores próximas a cabana queimavam junto, formando o maior incêndio que eu já tinha visto na minha vida – não que eu realmente tivesse visto muitos incêndios.

Aquilo me assustou como nunca antes. Liguei o carro e sai daquele lugar o mais rápido possível. Eu tinha a sensação de estar sendo observada. Sentia meu coração acelerado e batendo forte contra o meu peito.

Olhei para trás e vi a cabana queimando atrás de mim. Já não sobrava mais nada dela, somente o fogo. A temperatura dentro do carro pareceu aumentar enquanto eu observava a cabana queimar.

Liguei o rádio em um volume alto. Deixei a música tomar meus pensamentos, evitando pensar naquela madrugada. Havia sido uma madrugada com muitas emoções. Dor, mágoa e medo. As três emoções que mais me atingiam e que me faziam querer me fechar novamente e totalmente para o mundo. Queria me trancar em meu quarto e nunca mais sair de lá. Como uma garotinha assustada. Era assim que eu me encontrava no momento.

Cheguei em casa e já amanhecia. Estava cansada e daria tudo para uma boa e longa noite de sono. Estava mais calma, provavelmente o incêndio havia sido causado por algo natural. Eu só estava no lugar errado, na hora errada.

Estacionei o carro, aliviada. Subi para o meu quarto cantarolando uma música que estava na minha cabeça. Abri a porta, encontrando o quarto do jeito que eu havia deixado e eu não sabia porquê, mas aquilo havia me passado uma segurança.