Os passos desordenados o lembravam a adolescência rebelde, onde tropeçava em seus calçados encardidos, entorpecido pelo álcool. As ruas estavam movimentadas, o rapaz continuava a vagar não acreditando no que ouvira. Sua mente confabulava na vã tentativa de esquecer tudo o que aconteceu na noite anterior, quando estava com aquele que prometera algo que não podia dar. Quando simplesmente jogou as mãos para o alto, desistindo de tudo.
— Porque você tá fazendo isso? — Gritava, chorando, não conseguindo acreditar no que o mais velho dizia — Olha pra mim! Diz que é uma dessas piadas ridículas que seus amigos costumam fazer.
— Eu estou indo embora! — Simplista, disse enxugando algumas poucas lágrimas que caíam do seu rosto, tentando inutilmente transparecer que estava calmo.
Caminhava rememorando o olhar que recebera, a forma apressada que juntara as poucas mudas de roupa que tinha no apartamento, seus jeans apertados, cabelo bagunçado e a inconfundível fragrância de cigarros baratos.
— Eu estou aqui, não estou? — Falava convicto. Como resposta obteve um soluço sôfrego. Tinha sua camisa encharcada pelo choro alheio, eram jovens adultos bêbados em uma quinta-feira qualquer. Donghyuck, mais uma vez, descontava suas frustrações, mais uma vez, nas bebidas mais caras daquele bar.
— Você não pode prometer isso! Não para mim. Não faça como ele, por favor. — Suplicou choroso. Tinha Taeil como confidente, uma das poucas pessoas que não havia saído de sua vida depois que escolheu seguir seu sonho, despedindo-se de sua cidade natal. Tornar-se um cantor tinha seu preço, no entanto, ter o conforto de um ombro amigo era algo que necessitava sempre e o Moon sempre estaria ali.
Desejava nunca mais falar novamente, sentia-se impedido de proferir qualquer coisa. Havia ficado sem reação. Sufocado, sem vida.
— Hyuck? — Sobressaltou do colchão que estava, uma interrogação aparente formou-se e sua tez, incentivando-o a continuar — Tenho algo importante para te falar: Eu te amo! — Disparou com o sorriso ladino.
Não podia acreditar como o mais velho prometera que seria melhor que todas as pessoas que o machucaram e usaram, mas não. Simplesmente estourou as cicatrizes do mais novo, destruindo os seus sonhos como se fossem bolhas de sabão.
— Esse lugar não é meu, Donghyuck! Você sempre fez questão de falar isso, mas só agora, depois de anos, eu vim me tocar.
Mentira. Ele não havia amado ninguém como Taeil. Ainda perambulava descrente do que ouvira. Questionava-se por achar aquilo engraçado, como em um filme cult antigo, era um fracasso no amor. Com toda certeza do mundo faria canções sobre aquilo em um momento mais sóbrio.
— Espero que um dia você encontre alguém melhor que eu.
— Não preciso de sua pena, mostrou que não presta, já pode pegar suas coisas e ir embora — Cuspiu as palavras no outro.
E depois de todos os drinks, cansado de tanto caminhar, jogou-se em uma calçada. Tendo seu breve momento de sobriedade, garantiu a si mesmo cicatrizar as chagas que eram suas incertezas. Prometeu se perdoar por todas as suas tolices e medos, mesmo sendo o garoto rebelde do interior que sonhou ser alguém.
Afinal, isso tudo fora culpa de seu amor. Via em Taeil um lar longe de casa. Entretanto, o que conseguiu foram letras de músicas e sôfregos tropeços.
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