História Letters To Camila - Segunda Temporada - Old Lauren

Estaciono o carro, encaro a linda casa de dois andares e levo as mãos até o meu rosto, sentindo uma vontade enorme de chorar.

Meu avô havia falecido a um ano e meio atrás, eu não pude comparecer ao seu enterro por conta que estava em uma turnê, porém mesmo tendo uma pausa eu não viajei para viajar minha avó, fiquei apavorada demais, com medo de não ver mais aquele brilho reconfortante em seus olhos que preferi ficar chorando no meu quarto e lamentando a morte de um dos homens que eu mais amei em toda minha vida, sozinha.

Desço do carro e suspiro, porém eu sentia o bolo em minha garganta. Ando até a varanda e limpo a sola dos meus sapatos no tapete, minha vó só deixava entrar em sua casa quem fazia isso, toco a campainha e a porta se abre após alguns longos minutos. Sinto meus olhos ficarem completamente marejados, ela havia envelhecido tanto e estava tão abatida, nem fazia questão de se produzir mais.

- Lauren? – Questiona surpresa e eu me aproximo, a abraçando apertado – Meu Deus, minha neta... – Ri me abraçando tão apertado que eu soltei um soluço do choro que eu tentava segurar – Olhe só para você, está tão linda... – Acaricia o meu rosto e olha no fundo dos meus olhos.

A pior coisa que ela poderia ter feito.  Seus olhos estavam tão sem vida, tão sem emoção e tão vazios que isso só comprimiu ainda mais o meu coração.

- Oi vovó... – Beijo sua testa e ela sorri – Eu posso entrar?

- É claro que pode... – Sorri dando espaço – Eu vou fazer o seu chá gelado favorito, entre.

A casa parecia tão triste, tão vazia.

Andamos até a cozinha e eu me sento na cadeira, minha vó começa a preparar o chá e eu encaro a cadeira de meu avô. Ninguém nunca se atrevia a se sentar nela quando ele estava vivo, será que sentavam agora? Minha avó assim que termina de fazer o chá e coloca todas as coisas na mesa, se senta na sua cadeira, segura a minha mão e dá um largo sorriso.

- Eu estou tão feliz que você esteja aqui... – Sorrio sentindo meus olhos arderem por conta das lágrimas teimosas que queriam sair – Eu estou tão orgulhosa de você, acredita que todo mundo fica bobo quando conto que você é a minha neta?! – Rio baixo e ela sorri – Lauren Jauregui, a grande cantora... – Acaricia minha mão – Seu avô estava tão orgulhoso de você! – As lágrimas dessa vez rolam pelo meu rosto e eu sinto o meu queixo tremer, minha avó dá um pequeno sorriso.

- Eu sinto muito... – Solto em um tom mais alto e ela sorri fraco negando com a cabeça – Eu fui tão covarde, me perdoe... – Abaixo a cabeça e ela começa a acariciar meus cabelos – Eu não estive aqui, eu não estive aqui quando você mais precisou de mim... eu só não conseguia, não conseguiria te ver sofrer. Você o ama tanto... – Levanto a minha cabeça.

- Lauren... – Acaricia o meu rosto e sorri, mesmo tendo lágrimas escorrendo pelo rosto – Não peça perdão, eu até prefiro que você não tenha me visto naquele estado, foi triste demais... e saiba que ele descansou, seu avô estava sofrendo demais e por mais difícil que tenha sido, foi o melhor... – Tenta soar firme e eu comprimo meus lábios.

A história de amor dos meus avós sempre foi uma enorme inspiração para mim, eu sempre quis um amor como o deles, um amor tão companheiro e algo que passasse do carnal, porém sempre tendo os seus momentos carnais, é claro. Meu avô era um cara tão chato e minha avó foi sempre tão doce, ela o dobrou com sutileza, amava o fato de todos os dias por anos e mais anos ela deixava em cima da cama o que ele deveria vestir enquanto ele estava no banho, amava o fato dela mima-lo com comidas maravilhosas, amava o fato deles rirem horrores relembrando histórias antigas para seus familiares. Amava o fato deles se amarem como se ainda fossem dois adolescentes.

Bebemos o chá gelado e conversamos mais um pouco sobre diferentes assuntos, apenas para colocar o papo em dia. Antes de eu ir para a casa da minha avó minha irmã tinha conversado comigo, falando que minha avó estava se isolando de tudo e todos, não demorei muito para instiga-la a fazer coisas que ela sempre fez, isso incluía jogar os seus bingos nos finais de semana e ir para a casa das suas amigas e elas virem para a dela. Minha avó não demorou para me prometer que iria fazer tudo, eu e ela sempre tivemos uma ligação especial, respeitávamos muito uma a outra.

- Eu estava com saudades... – Sorri terna passando a mão pelas minhas bochechas – Não tenho gostado do que tenho lido a seu respeito, estão dizendo coisas muito ruins sobre você...

- Eu sei, mas prometo que não vai ler mais nada assim! – Ela sorri concordando com a cabeça, puxo a minha cadeira para perto da dela e a abraço, beijando sua cabeça – Senti tantas saudades, vovó...

- Eu também... você precisa me visitar mais vezes, prometo que faço aqueles pães que você tanto gosta de comer... – Sorrio concordando com a cabeça.

- Vou te levar para conhecer meu apartamento qualquer dia desses... – Ela sorri – Vou fazer questão que você viaje no meu jatinho. – Ela ri se aconchegando no meu abraço.

- Só não me coloque perto da janela... – Rio concordando com a cabeça – Laur... posso te pedir uma coisa?

- O que quiser, faço tudo pela senhora, você sabe disso... – Ela sorri.

- Lembra quando você aprendeu a tocar piano? – Concordo com a cabeça e ela se levanta, a acompanho – E então vinha das aulas de piano para cá, aonde fazia questão de se sentar e fazer todo mundo assistir você se apresentar? – Rio sem graça, claro que eu me lembrava disso – Você poderia tocar para mim? – A fito totalmente surpresa – Não precisa cantar, apenas toque...

Chegamos na sala da televisão e vejo o piano preto, me sento no banquinho e minha avó se senta na poltrona, ela me encarava e eu estava totalmente apreensiva com aquilo, não sabia o que iria tocar. Levanto a proteção das teclas e então fecho os olhos, meus dedos logo começam a passear pelas teclas, as pressionando e formando uma música que é claro que ela conhecia. Eu estava tocando a música que eu havia cantado para eles nas bodas de ouro.

Enquanto eu tocava podia sentir algumas lágrimas escorrerem pelo o meu rosto, minha avó tinha os olhos fechados e seu dedo balançava de acordo com a música, podia escuta-la cantarolando a música baixinho. Fazia muito tempo que eu não tocava daquela forma, eu fechava os olhos apreciando cada nota e sentindo uma paz se instalar em mim. Quando começo a tocar as últimas notas encaro a minha avó, que abria os olhos e sorria deixando algumas lágrimas rolarem pelo seu rosto.

- Maravilhoso... magnifico! – Sorri terna enquanto me aplaudia, sorrio largo.

- Está vendo, você sempre foi a minha plateia favorita! – Ela ri animada e se levanta, parando ao lado do enorme piano.

- Sabe o que eu mais admiro em você? – Pergunta e eu pisco algumas vezes seguidas, negando com a cabeça logo em seguida – Você leva alegria as pessoas com o seu talento, já parou o quanto isso é maravilhoso?! Quantas pessoas não devem se sentir felizes escutando suas músicas? – Sorrio sem saber o que dizer.

- Meus fãs dizem que eu os inspiro... – Toco algumas notas e eu sorrio sincera ao lembrar dos meus fãs – Me emociono com a história de vida de alguns, eles são tão fortes, sabe?! É como se quando juntasse eles comigo... quando eu estou no palco e eles estão lá, me olhando, gritando meu nome e cantando minhas músicas comigo é como nós fossemos imbatíveis, naquele momento é como se fosse eu e apenas cada pessoa do estádio, nós estamos conectados pelo mesmo motivo... o amor pela música. – Minha avó sorri – Vovó, nós podemos tirar uma foto juntas?

- Agora? Mas Lauren eu nem estou arrumada...

- Eu também não, gosto de compartilhar coisas que me fazem feliz e nesse momento você está me fazendo muito feliz. – Ela sorri e eu sento um pouco mais para o lado, ela se senta ao meu lado e eu pego o meu celular.

Minha avó colou o seu rosto no meu, sem me conter virei o meu rosto e beijei sua bochecha, segurando delicadamente seu rosto com minha mão livre, fecho meus olhos e tiro a foto. O retrato havia ficado maravilhoso, não demorei para colocar como meu plano de fundo e muito menos para publicar a foto, com uma legenda especial

- Você fica aqui em Miami até quando? – Questiona apertando algumas teclas do piano.

- Até o final de semana, nós podemos sair para jantar, o que acha? Você, minha mãe, Taytay e eu. Uma noite das mulheres... – Ela sorri concordando com a cabeça – Ótimo, eu tenho que ir, vou fazer algumas coisas ainda. – Me curvo beijando a sua bochecha por um longo tempo e ela acaricia minha bochecha – Eu amo você, a senhora sabe disso, não sabe?

- Claro que eu sei, espero que também saiba que eu te amo, Lauren. – Nós vamos até a porta e ela abre a mesma – E eu me orgulho muito da mulher que você se tornou, nos vemos logo. – Sorrio concordando com a cabeça, desço os degraus – E mocinha? – A encaro, ela me mostra o maço de cigarro que estava no meu bolso, arregalo os olhos – Se eu souber que você andou fumando eu vou puxar a sua orelha, estamos entendidas? – Concordo com a cabeça e ela sorri satisfeita, mando um beijo para ela e corro para o carro.

Ter feito aquela visita havia me feito um bem danado, eu não a via a tempos, ela precisava de atenção, precisava de companhia e eu podia lhe dar isso.

Eu comecei a dirigir pelas ruas de Miami, passando por vários lugares conhecidos e fazendo um caminho bem longo, estacionei o carro e liguei para Big Rob, que disse que estava tudo certo. Amarro o meu cabelo em um rabo de cavalo bem alto e do a partida no carro, fazendo um caminho que antes era tão conhecido por mim, não foi difícil achar uma vaga. Após estacionar o carro sai correndo, apenas para entrar sem ser vista pelas portas do fundo, passava pelas pessoas e ia cumprimentando, então eu vi um rosto conhecido.

Becky, a antiga recepcionista, assim que me viu me abraçou e sorriu animada perguntando o que eu fazia ali, apenas soltei um “o que eu não faço a muito tempo”. Colocou um crachá na minha roupa e Big Rob me entregou meu violão, nós fomos guiados pelos corredores e logo entramos em uma sala lotada de crianças que brincavam em diferentes lugares.

As adolescentes foram as primeiras a parar de fazer o que faziam, cochichavam com os seus pais, as crianças me encaravam completamente encantadas e totalmente admiradas. Becky puxa uma cadeira alta para mim e eu coloco o violão ali, começo a cumprimentar cada pessoa daquela sala, perguntando nome e idade, não querendo saber o câncer que eles tinham, queria conhecer as pessoas que passavam por uma dificuldade, não a dificuldade.

Me sento logo após cumprimentar a todos e pude perceber o olhar curioso das crianças no meu violão, porém todos continuavam em silencio e acanhados.

- Oi pessoal... para aqueles que não sabem eu sou Lauren Jauregui! – Todo mundo se aproxima mais – A anos atrás, antes de eu me tornar conhecida eu vinha aqui uma vez por semana para tocar para crianças como vocês. Então vou fazer do mesmo jeito que eu passei a fazer depois de muitas vindas para cá, vocês sugerem cantores e nós escolhemos uma música que agrada todo mundo, pode ser?! – Todos eles concordam com a cabeça – Alguém tem sugestões?

- Você pode tocar Jason Mraz? – Sorrio largo, concordando com a cabeça.

- Quem conhece ele? – Pergunto e quase ninguém levanta a mão, rio – Ok, nós vamos cantar muitas coisas, vou tentar fazer o gosto de todo mundo.

Eu não tocava a música inteira, cantava apenas uma parte e depois eles iam escolhendo outros cantores e músicas, no final da visita eles já estavam bem soltos e animados com a minha visita. As três últimas músicas foram escolhidas por meninas, toquei todas as que elas escolheram, até mesmo fazendo uma pequena mash up para conseguir cantar as músicas que elas pediram. Tirei foto com algumas das crianças e autografei o que elas pediam para eu assinar, brinquei com outras e realmente aproveitei o meu tempo ali.

Não fazia aquilo a muito tempo, havia me esquecido que fazer bem ao próximo também consequentemente acaba fazendo bem para si mesmo. Ver aquelas crianças tão felizes por eu ter apenas cantado algumas músicas, feito elas rirem, tirado algumas fotos, as elogiado e conversado um pouco com elas me trouxe uma sensação tão grande de plenitude que eu comecei a me perguntar por qual motivo eu havia deixado de fazer aquilo.

Após me despedir delas acabei saindo com Big Rob, que me guiou de volta para o lugar aonde eu havia entrado, apenas para não correr riscos de ser pega por ninguém. Nós saímos e ele logo fez eu correr para o meu carro, esperei ele entrar no dele e então sai na frente, tendo Big Rob na minha cola logo em seguida.

Era bem difícil despistar os paparazzis, eles sempre estavam escondidos em lugares absurdos e que você jamais iria imaginar ou conseguir enxergar. Por isso eu sempre evitava tumultos, para não atrair atenção e consequentemente mais de um aparecer, eu sei que muitos deles vivem apenas para me perseguir, o que é um saco, já que eu não posso fazer absolutamente nada contra isso.

Fui até a minha antiga escola, andei em direção ao campo de softball. Haviam algumas meninas treinando, peguei um lugar na arquibancada e após alguns minutos Big Rob se sentou ao meu lado, sem me conter as encarava e sorria nostálgica. Haviam duas meninas em especial, elas riam e pareciam estar se divertindo horrores, mesmo estando jogando sério, elas se provocavam em campo e a treinadora não parecia se importar, provavelmente elas faziam isso em todos os treinos, como Vero e eu.

Suspiro, Veronica e eu éramos inseparáveis nos campos, ninguém nos segurava.

- Eu fui campeã regional aqui, sabia?! – Questiono e Big Rob me encara surpreso.

- Você? Que quase morre em uma esteira? – Solto uma gargalhada e ele ri divertido.

- Mas aqueles eram anos dourados, eu arrasava em campo, tanto que fui eu que fiz a jogada que nos garantiu o título de campeãs no meu último ano da escola. – Sorrio animada, começando a lembrar de tudo – Vero e eu éramos como dois foguetes, ela corria como ninguém e não havia ninguém no time que rebatia melhor que eu! – Falo convencida e ele ri cruzando os braços.

- Você parece ter se divertido no colegial! – Concordo com a cabeça.

- Eu fiz de tudo no colegial, até me meti em briga com uma garota que eu não suportava! – Big Rob ri negando com a cabeça – Ah, mas eu ia para as festas das minhas amigas, nós vivamos uma na casa da outra, tinha os luais e também os grupos de estudo, fora a quantidade de ficantes e o primeiro amor... – Comprimo meus lábios, não iria me lembrar daquilo, me levanto e começo a andar pelas arquibancadas – Ninguém acreditava em mim, tirando meus amigos e família, ninguém acreditava que eu iria conseguir chegar aonde eu cheguei hoje! Olha agora... uma das pessoas mais ricas com menos de trinta anos, uma legião de fãs e tentando reconquistar a vida. – Abro os braços, ele levanta a sobrancelha – Eu sempre quis muito, agora que eu tenho muito quero o pouco.

- Faça por merecer. Não é apenas um capricho para provar que sua mãe e eu estamos errados, ou é? – Nego com a cabeça, dando um pequeno sorriso, escondo minhas mãos nos bolsos.

- Quero me cercar de pessoas que trazem o melhor de mim, estou cansada de não gostar de mim mesma... – Encaro o campo – Vir aqui só mostrou o quanto eu era feliz, mesmo não tendo conquistado o meu sonho. – Olho para o meu segurança e ele me encarava, sério como sempre – Sabe qual a melhor parte de ter amigos verdadeiros?

- Eles sabem tudo sobre você?

- Também, mas no meu caso eles me lembravam de quem eu realmente era. – Sorrio sem vontade, chutando uma pedrinha – Podemos entrar na escola antes de irmos? – Me encara por um longo tempo – Preciso encontrar uma antiga professora, vamos ver se vou dar sorte dela estar aqui ainda...

Conhecia aquele lugar como a palma da minha mão, fui guiando meu segurança pelos lugares mais seguros, sempre tendo ele por perto para a minha segurança, pelo horário deduzi que os alunos estariam em aula, Big Rob entrou na sala dos professores comigo e eu prontamente me aproximei dos armários dos professores, vendo o nome da professora Rosa ali, sorri largamente.

Professora Rosa foi sempre de grande importância, nunca havia gostado dela, porém no final do meu último escolar nós passamos a gostar muito uma da outra, principalmente após ela me dar conselhos sobre a vida e tudo mais. Excelente professora e excelente pessoa, com uma paciência de ouro e um coração enorme.

O sinal tocou após alguns minutos e pude começar a escutar os barulhos, seguido de risadas, gritos e outras coisas... barulho de escola, ai como eu sentia falta do colegial. Os professores não tardaram a começar entrar na sala, eles ficavam mais surpresos com o tamanho de Big Rob do que comigo, porém logo começaram a me cercar e conversar comigo, principalmente os professores que já haviam me dado aulas.

Professor Lopez, meu antigo professor de História ficou completamente chocado em me ver, ele estava bonitão como sempre... porém agora tinha algumas rugas, mas isso só o deixava mais charmoso ainda, quando a professora Rosa entrou ficou completamente chocada em me ver ali, porém logo me abraçou apertado.

- Você mudou tanto! – Segura o meu rosto, dando um largo sorriso – Minhas filhas são apaixonadas pelas suas músicas. – Rio sem graça, era tão estranho e tão gostoso rever essas pessoas.

- Sempre foi minha melhor aluna! – Lopez sorri prepotente.

- Com um professor como você, não tem como não ser. – Ele sorri envergonhado, porém totalmente lisonjeado – Professora Buttler, como a senhora está? – A abraço e a senhora sorri gentil.

- Muito bem, fico muito feliz com a sua visita! – Aperta minha bochecha e eu sinto as mesmas doerem, ela lembrava aquelas avós fofas.

- Aonde está o professor JP? – Meu professor de literatura, ele não gostava muito de mim, porém um dos meus favoritos.

- Não dá mais aula aqui, a esposa dele recebeu uma promoção e ele se mudou para Ohio, acho que não sai mais de lá! – Concordo com a cabeça levemente animada – Diretor Martin vai ficar animado quando souber que você veio aqui... – Sorrio, um excelente diretor.

- Acho que não vou poder vê-lo, tenho que ir daqui a pouco antes que alguém descubra que eu estou aqui... – Big Rob olhava para a janela.

- Você já vai? – Questiona.

- Daqui a pouco, não posso dar de cara com muitas pessoas, geralmente causa um enorme tumulto... – Rio envergonhada.

- Antes de você ir posso te pedir um favor? – Olho para a professora Rosa e concordo com a cabeça – Você poderia falar com uma de minhas alunas?

- Tem como você traze-la para cá? – Concorda com a cabeça – Claro, algum motivo especial?

- Sim, ela passa por coisas muito ruins e você é a paixão dela, já vi sua foto no celular dela e em uma de nossas conversas, você foi citada. – Sorrio largo – Mais tarde acabei descobrindo que ela te idolatra... você poderia dizer apenas algumas palavras para Ashley e quem sabe tirar uma foto? – Concordo com a cabeça.

O nome da menina foi anunciado nos autofalantes, me esconderam dentro do banheiro apenas para o caso de mais alguma pessoa vir para a sala de professores. Foram longos minutos me encarando no espelho e tendo certeza que eu não estava cheirando cigarro, eu não tinha fumado, porém o maldito cheiro nunca saia totalmente, pego um chiclete de menta e começo a mascar o mesmo para a ansiedade diminuir, algumas fãs tinham reações bem engraçadas e isso me deixava meio apreensiva.

Deram duas batidinhas da porta e eu sai do banheiro, tendo a visão de uma linda menina. Seu corpo era bem magrelo, sua pele branca, cabelos castanhos claros e olhos castanhos expressivos. A menina vestia uma calça jeans com detalhes rasgados e uma blusa de mangas compridas mesmo estando um calor dos infernos lá fora. Assim que me viu levou as mãos até a boca e seus olhos ficaram completamente marejados, sorri largamente e abri os braços, a garota correu me abraçar.

Ela me abraçava apertado e chorava baixinho, devolvia o abraço na mesma intensidade e a balançava levemente, pedindo para que ela não chorasse. Nos afastamos e sorri largamente, limpando suas lágrimas e beijando sua testa, Ashley me agarrou novamente e ri, a abraçando. Podia perceber o olhar de alguns professores e não me senti nem um pouco incomodada.

Meus fãs sempre foram a melhor parte do meu trabalho, eles que me motivam a fazer o que eu faço e eu jamais iria chegar aonde cheguei sem eles, então os trato como se fossem meus melhores amigos, porque no fundo eles realmente são.

- Hey linda... – Ela se afasta e olha no fundo dos meus olhos – Fiquei sabendo que você gosta da minha música...

- Meu Deus... – Passa a mão pela testa, totalmente chocada – Eu amo a sua música, eu amo você... – Rio e a abraço de lado – L- Lauren você é incrível... – Sorrio fraquinho.

- Nem tanto... só faço o que eu gosto. – Limpo as lágrimas dela e ela continuava me encarando, totalmente chocada, a puxo mais para o canto, para termos um pouco de privacidade – Fiquei sabendo que você não está passando por um bom momento... – Naquele momento ela havia parado com o surto.

- Você me ajudou... – Levanto uma sobrancelha – Minha família não é das melhores, tem essas garotas aqui na escola e tem o meu namorado, que não faz questão de ser um bom namorado... – Podia perceber que ela sempre puxava as mangas da blusa, em um ato claramente nervoso.

- Olha eu descobri que muitas coisas da nossa vida são fase, nada dura para sempre e tudo pode melhorar. Eu te garanto. – Sorrio acariciando o seu rosto – O que essas garotas dizem? – Ela pondera por um momento, não queria dizer.

- Elas implicam comigo... fazem piadinhas por eu ser sua fã, acharam o meu blog e fazem posts falando coisas de mau gosto, criticam o que eu visto e a minha aparência... – Podia ver o brilho dos seus olhos sumindo aos poucos.

- Pois saiba que elas são totalmente idiotas, porque pelo tempo que eu fiquei com você já pude perceber o quão maravilhosa você é... e olhe só esse rosto... – Acaricio o mesmo, uma lágrima rola por sua bochecha – Você é linda, eu amei o seu cabelo, sem falar que você se veste muito bem... – Pisco, ela usava o coturno e a calça da minha linha de roupas – Aposto que elas queriam ser que nem você, queriam saber se expressar e se vestir da forma que você faz... e quando elas falaram sobre o fato de você ser minha fã, diga que elas estão enganadas, porque você é a minha amiga... – A abraço – E eu te amo, nunca deixe ninguém te rebaixar ou fazer se sentir como se você não fosse boa o bastante, porque você é. – Beijo sua cabeça – Esse beijo é para tirar todos os pensamentos ruins sobre si mesma. – Beijo sua bochecha – Esse é da sua amiga, Lauren. – Ela me abraça e chora.

- Obrigada... – Sorrio a abraçando apertado, vendo Rosa nos encarar, completamente emocionada.

- Ok, agora vamos tirar algumas fotos e eu vou te seguir no Twitter, o que me diz? – Afasto nossos corpos e ela sorri em meio a lágrimas, feliz.

- Eu super aprovo isso...

Primeiro eu ajudei ela limpar as lágrimas, depois tiramos duas fotos só de rosto, a professora Rosa não demorou para se oferecer tirar uma foto nossa. Abracei Ashley e a puxei para deitar a cabeça em meu peito, ela abraçou a minha cintura e eu sorri largo para a foto. Entreguei o meu celular e Rosa tirou outra foto minha e de Ash, depois entreguei meu celular para Big Rob, que tirou foto minha com Ashley e todos os professores que haviam me dado aula.

Fiquei mais um pouco com Ash e fiz questão de segui-la no Twitter, a garota sorria tanto e não conseguia parar de me abraçar. Autografei tudo o que me pediram e até tirei algumas fotos com outros professores. Quando professor Lopez se aproximou e perguntou se ela havia gostado da surpresa, a garota informou que era o melhor dia da vida dela e que eu era muito mais bonita pessoalmente, o que fez todo mundo rir.

Quando o sinal tocou fui obrigada a me despedir de todo mundo, Ashley e professora Rosa foram as últimas a saírem da sala, eu tive que ficar para esperar todo mundo entrar nas salas e não correr o risco de ser vista. Publiquei uma das minhas fotos com Ash, a marcando no Twitter e depois publiquei minha foto com meus antigos professores, alegando a minha saudade e minha gratidão por eles terem contribuído com a minha educação.

Big Rob estava toda alerta, pronto para um tumulto, andamos pela escola e eu estava agarrada em seu braço, sorrindo que nem uma retardada, estava feliz por ter feito o dia de tantas pessoas melhor e só por conta disso eu ter ganho o meu dia todo.

Nós fomos para o estacionamento e eu dirigi de volta para casa. Subo as escadas e bato na porta do quarto da minha irmã, ela tira os fones e me encara sorrindo, a convido para uma maratona de filmes no meu quarto e ela concorda animadamente com a cabeça, fazia muito tempo desde a última vez que havia passado um tempo com a minha irmã.

Ajeitava meu quarto, fazendo algumas pausas para ver tudo o que tinha ali, fazia muito tempo que eu não ficava em Miami... vir ali traziam muitas memórias. Continuo organizando tudo para que fique mais confortável para nós, enquanto Taylor fazia pipoca e pegava os refrigerantes, não tinha ideia de como ela iria trazer tudo aquilo para cima. Coloquei mais travesseiros e liguei o ar condicionado, Tay apareceu e assim que se deitou na minha cama, liguei a televisão, animada por fazer algo que eu não fazia a muito tempo com a minha eterna melhor amiga.

Aquele tempo que eu passaria em Miami seria para clarear as ideias e lembrar quem eu realmente sou, ou então para voltar a ser a pessoa que eu jamais deveria ter deixado de ter sido.