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História Letters To Camila - Segunda Temporada - Better Together


Escrita por: itscamren-yo

Notas do Autor


Heeeey,
Eu não tenho muito o que dizer aqui, acho que só agradecer aos comentários e a todo mundo que está lendo a história, é mais do que gratificante ter leitores como vocês <3
Para o capítulo de hoje as músicas indicadas são: Right Now do One Direction, Soldier do Before You Exit, All Of Me do John Legend feat Lindsey Stirling, Two is Better Than One do Boys Like Girls feat Taylor Swift, Let It Be Me do Ray LaMontagne e Little Me da Little Mix
Boa leitura:

Capítulo 38 - Better Together


Fanfic / Fanfiction Letters To Camila - Segunda Temporada - Better Together

- Ela está melhor? – Escuto a voz de Dinah e eu olho para Sofia, que brincava com a pizza que tinha em seu prato, nem com pizza seu humor havia melhorado.

- Não, ela ainda está digerindo o assunto, já chorou bastante. – Murmuro e minha amiga suspira – Está tudo bem complicado, Dinah, eu briguei com Marie para ver onde Camila iria ficar e...

- Lauren se controle, pelo amor. – Escuto sua voz baixa – Camila vai decidir essas coisas, é a vida dela. – Reviro os olhos – Você realmente acha que ela vai deixar vocês ficarem tomando decisões por ela? – Ri pelo nariz e eu mordo meu lábio inferior – Aquela latina anda mandona desde o terceiro ano da faculdade, ninguém manda mais nela. – Comprimo meus lábios.

Às vezes me esquecia que Camila não era mais a menina indefesa de dezessete anos que precisava de aprovação para tudo e sempre queria colo, agora ela é uma mulher formada e decidida, desinibida e magnifica que é dona do próprio nariz e sabe muito bem se cuidar sozinha.

- É melhor vocês esperarem para conversar com ela sobre isso. – Minha amiga declara – Ela acordou agora de pouco e parece bem melhor, acho que é uma excelente hora para Sofia, Marie e Patrick fazerem uma visita, vai ser bom para Mila. – Concordo com a cabeça, mesmo que ela não pudesse ver – A avó dela pode passar a noite hoje, pelo que você me disse Sofia está brava demais com os avós para ficar com eles e seria bom nós ajudarmos a pequena a digerir melhor isso, vamos distraí-la, podemos fazer uma maratona de filmes na sua sala enorme de cinema.

Minha cunhada havia ficado extremamente frustrada e revoltada com seus avós, mesmo que eu tentasse defende-los e mostrar o lado deles minha cunhada não entendeu muito, só se acalmou depois que eu a esmaguei em um abraço e nós ficamos em silencio por bons minutos, até que Sofi relaxou e começou a fase do silencio, para que assim pudesse digerir a informação da melhor maneira possível.

- Você tem razão, mas eu ainda sim vou ver a primeira sessão de quimioterapia dela, ok? – Dinah fica em silencio por longos segundos – Vou esperar eles terminarem de comer e nós já vamos aí.

Ninguém havia conversado sobre o tratamento dela, não ainda. Mas eu sabia que Dinah não iria conseguir assistir Camila recebendo os medicamentos por bons minutos, Tori não se sentiria à vontade e não era tão próxima de Camz para isso. Seus avós ainda estavam digerindo a informação e provavelmente iriam a deixar ainda mais agitada, acredito que a melhor opção para aquele momento seria eu lhe acompanhar.

Além do mais eu não queria sair do seu lado por nada.

Me aproximo de Sofia e puxo a cadeira, me sentando ao lado dela, que nem ao menos se atreve desviar o olhar de seu prato, Tori observava a pequena sem dizer nada, um pouco constrangida por Sofia não dizer nem fazer nada que não fosse mexer com a fatia de peperonni pelo prato, nem ao menos comendo um pequeno pedaço de pizza.

- É a melhor pizza de Los Angeles e você vai rejeitar? – Abraço o encosto de sua cadeira e ela me encara, suspirando – Você tem que comer algo, seu voo foi longo e tenho certeza que você está morrendo de fome. – Tento mais uma vez e olho para Tori, que dá de ombros quando vê que nada adiantava – Bom, se você não comer vai ficar fraquinha demais para visitar Camila, Sofi e acho que aí você só vai poder vê-la amanhã.

- NÃO. – Me encara incrédula – Deus, Lauren, você acha que eu tenho quantos anos? – Revira os olhos e eu sorrio quando a vejo cortando um pedaço da fatia e enfiando dentro da boca.

- Na minha cabeça você sempre vai ter seis anos e sempre vai usar a tática do silencio quando eu levar chocolate ao invés de jujubas. – Murmuro e percebo um pequeno sorriso brincar no canto dos seus lábios – Ficar sem comer não vai ajudar Camila, Sofi, você tem que se cuidar para que possa cuidar dela, ok? – Me olha com seus lindos olhos castanhos intensos e comprime os lábios, concordando com a cabeça.

Mesmo sendo extremamente madura para a sua idade sabia que seria mais fácil para Sofia, ela é adolescente e consegue se distrair com mais coisas, entretanto também não queria que a pequena ficasse sozinha e o mesmo que aconteceu com Camila anos atrás acontecesse com ela, não queria que Sofi achasse que está passando por um momento difícil como esse sozinha.

Nós nos sentamos ali e Tori começou a puxar assunto, tentando de todas as formas me ajudar distrair Sofia e arrancar sorrisos da pequena, o que foi um pouco difícil, mas não impossível.

Todos nós nos arrumamos e então entramos nos carros, Sofia ficou o tempo todo do meu lado e pude sentir minha mão perder a circulação quando entramos na parte de trás do hospital, seus olhos estavam curiosos e temerosos, mas assim que a abracei pelos ombros minha cunhada se encolheu e respirou bem fundo.

- Ela está bem agora, não tem porque ficar nervosa. – Acaricio seu cabelo, levando minha mão para suas costas.

- Não tem nenhum sangue, né? – Murmura curiosa.

- Não, nenhum sangue, apenas uma Camila pálida como eu e linda como sempre. – Sorrio gentil, abrindo a porta – Quero ver um lindo sorriso, tenho certeza que isso vai deixar sua irmã ainda melhor, Sofi. – Pisco para minha cunhada.

De mãos dadas entramos no hospital e fizemos o caminho tão conhecido por mim, mandei uma mensagem para Dinah, que não demorou muito para descer para que assim nós quatro pudéssemos subir no quarto. Pegamos os crachás e DJ abraçou todos eles bem apertado, inclusive Sofia, prometendo que nós poderíamos fazer uma maratona de filmes quando voltássemos para casa, algo que arrancou um sorriso tímido da pequena.

Pegamos o elevador e quando a porta se abriu fui na frente, guiando eles em direção ao quarto de Camila. Assim que coloquei minha cabeça dentro do quarto pude ver minha namorada acordada encarando a televisão, mas assim que me viu sorriu fraquinho, mas seus olhos não ficaram muito tempo fixos em mim, desviaram para Sofia que entrou apressadamente no quarto e correu em direção a cama, abraçando delicadamente sua irmã mais velha, que suspirou alto e fechou os olhos, a abraçando de volta.

Patrick e Marie não demoraram para entrar no quarto em seguida, ambos caminharam em direção a Camila e todos eles se abraçaram. Nenhum deles chorou, exceto por Camila, que mesmo chorando acariciava o rosto de Sofia o tempo todo, a olhando com os olhos brilhando e um sorriso que aquecia o meu coração. Após todos eles cumprimentaram Camz permiti me aproximar e beijar sua testa, recebendo um beijo e um carinho delicado na bochecha.

- Vocês perdidos por Los Angeles, isso é interessante. – Camila brinca e eu sorrio, segurando sua mão, enquanto Sofia segurava a outra.

- Mas é só por um tempo. – Marie comenta – Nós voltamos para Miami logo...

- Nós? – Camila e Sofia encaram a avó, arqueio minhas sobrancelhas.

- Você vai voltar para Miami, não vai, Mila? – Patrick pergunta timidamente e minha namorada me olha, por alguns instantes.

- Eu acho melhor nós decidirmos isso depois, não é? – Respiro fundo e acaricio a mão de Camz com o meu polegar, recebendo um aceno de cabeça.

Não queria de jeito nenhum que Camila fosse para Miami, queria que sua rotina fosse o mais normal possível para que ela não se sentisse diferente ou algo do tipo, apenas por conta de agora estar doente.

- Como foi a viagem? – Camila pergunta, mudando de assunto.

- Eu nunca tinha andado de jatinho, foi bem legal. – Sofia comenta e Camila ri, concordando com a cabeça – As poltronas são maiores e muito mais confortáveis.

- Lauren precisa estar junto com você, ela sempre me leva na cabine do piloto. – Camz comenta como uma verdadeira criança e eu sorrio.

- É mais legal voar de madrugada, dá para ver todas as luzes das cidades acessas, dependendo da altitude. – Sorrio animada.

- É seguro como um avião normal? – Marie questiona curiosa.

- Tanto quanto. – Camz sorri gentil.

Marie conseguia ser extremamente protetora com as netas as vezes, e eu entendia isso, me lembro o quão pilhada ela deixava Camila para que minha namorada fosse logo para a faculdade e conhecesse novas pessoas e vivesse novas experiências. Mesmo gostando muito de mim as vezes tinha a leve impressão que Marie não gostava do meu relacionamento com Camila e muito menos o achava saudável, mas eu não me importava muito com isso, o que importava era como Camz e eu nos sentíamos.

Ficamos conversando por um bom tempo, sobre os mais variados assuntos e todos eles viram como era bom tocar em todos e quaisquer assuntos menos câncer, o que eu agradeci silenciosamente já que Camila parecia muito feliz em vê-los e conversar sobre trivialidades que não tinham nada a ver com a sua doença.

- Sra. Cabello? – Uma enfermeira entra e todos nós olhamos para ela – Vou ter que pedir para seus parentes se retirarem, é a hora do seu remédio. – Camila faz um bico adorável e eu sorrio.

- Travor pode levar vocês... – Murmuro.

- Não acha melhor nós esperarmos na sala de espera? – Marie pergunta, já dando a entender que queria passar a noite no quarto com Camila.

- Acho que vocês estão cansados, tomem um banho e descansem. – Olho para a enfermeira, que iria continuar lá até eles saírem – Travor pode te trazer de volta quando eu estiver indo embora, passei a noite passada com Camila e Dinah me disse que não importa de deixar você dormir com ela essa noite, se você quiser, é claro! - A mulher me encara surpresa.

- Também acho que não seja bom Sofia ficar na sala de espera. – Patrick leva as mãos no ombro da neta, que desvia do toque.

- Eu vou ficar com Camila nas próximas horas... – Todos me encaram e somente Camila desvia o olhar - E Sofi amanhã bem cedo você e eu aparecemos para buscar sua avó e sua irmã, o que você me diz? – Minha cunhada e namorada me encaram com pequenos sorrisos.

- Com certeza. – Camila beija as costas da mão pequena de Sofia.

- Amanhã a gente se vê, ok? – Camz murmura, Sofi se limita a concordar com a cabeça

Percebo Sofia ficar levemente apreensiva em se despedir da irmã, porém assim que me olha por alguns instantes e eu a encorajo com o olhar minha cunhada se limita a abraçar a irmã e beijar sua bochecha, esperando seus avós abraçarem Camila para que então eles possam sair e ela possa ter a sua primeira sessão.

- Já venho buscar você. – A enfermeira sorri gentil, saindo logo atrás dos três.

- Você não precisava, Laur... – Murmura e eu encaro, confusa – Me ver fazendo...

- Camila. – Olho no fundo dos seus olhos – Eu quero estar presente, em todos os momentos, ok? – Seguro sua mão – Não vou sair do seu lado em momento algum, espero que você esteja ciente disso. – Ela sorri – E além do mais alguém precisa estar lá com você, só para garantir que nenhuma enfermeira ou enfermeiro bonitão vão dar em cima de você. – Minha namorada ri, revirando os olhos.

- Até porque eu fico muito sexy nessa roupa. – Rimos baixo e eu sinto meu coração acelerar.

Ela estava abatida e seus olhos continuavam sem o mesmo brilho de sempre, mas ela parecia melhor, muito melhor do que antes quando havia recebido a notícia e muito melhor do que quando estava dopada. O fato de todo mundo não estar tocando no assunto e estar a tratando e agindo normalmente em sua frente torna tudo bem mais fácil, para ela, que relaxa e consequentemente não pensa tanto no assunto.

- Sra. Cabello. – Dr. Jackson entra e assim que me vê sorri educadamente – Mesmo que eu quisesse que você continuasse no quarto não é possível trazer todos os aparelhos para cá, então nós...

- Tudo bem... – Ela sorri timidamente – Em que andar fica...

- Eu levo você. – A enfermeira entra com a cadeira de rodas e eu sinto meu coração acelerar, assim como Camila fica completamente rígida ao meu lado.

O simples fato da enfermeira trazer uma cadeira de rodas deixou Camila completamente chocada, acho que minha namorada não conseguia se recordar –as vezes- o que realmente estava acontecendo, assim como todo mundo. Coisas como os horários de seus remédios, a cadeira de rodas, as roupas hospitalares, horário limitado de visitas e essas coisas a traziam de volta para a realidade ruim.

- Ei. – A chamo baixinho – Será que se eu pedir para te empurrar e ultrapassar uma velocidade permitida nos corredores todos eles vão ficar bravos comigo? – Camila me encara por um longo período, confusa por alguns instantes e então sua linda risada preenche o quarto.

- Provavelmente, Laur. – Acaricia o meu rosto.

Confesso que durante todo o caminho até o hospital fiz uma reflexão sobre como deveria agir ao lado de Camila durante sua primeira sessão de quimioterapia, mesmo lendo muitas reportagens e vendo alguns poucos vídeos seria totalmente diferente vivenciar. Acredito que tanto as pessoas que documentaram quando eu, que estaria lá agora, desejávamos a mesma coisa: ver a pessoa que tanto amamos, que passa por esse momento difícil, se sinta melhor.

Ajudei Camila a se sentar na cadeira de rodas, pude ver o doutor rabugento sorrir algumas vezes após ver como eu fazia de tudo para arrancar um sorriso de Camila, que parecia cada vez mais relaxada enquanto eu empurrava sua cadeira em direção a sala onde sua quimioterapia iria acontecer.

Aquecia meu coração ver que eu conseguia arrancar sorrisos fáceis dela e tornar aquilo divertido, de certa forma, ao fazer barulhos com a boca e trazer trocadilhos ridículos à tona só contribuía para que o momento todo ficasse descontraído e muito mais fácil de lidar.

A enfermeira abriu a porta para que nós pudéssemos entrar na sala onde a primeira sessão de quimioterapia iria acontecer. O cômodo não era muito diferente dos outros do hospital, era mais amplo do que as outras salas que eu havia visitado, haviam várias poltronas das mesmas cores colocadas em diferentes lugares, o que a sala tinha de diferente era que haviam várias flores e bem mais iluminada por conta da enorme quantidade de janelas.

Não haviam muitas pessoas lá dentro, apenas mais três pacientes com alguns familiares. Um homem estava acompanhado de sua mãe, eles jogavam um jogo de cartas e riam entre si. Uma mulher vestia uma roupa hospitalar como Camila tinha uma expressão exausta e estava em silencio, enquanto seu marido (talvez?) lia um livro ao seu lado. Perto do lugar que iriamos nos sentar estava um senhor careca, ele ria com uma jovem, que tinha um copo do Starbucks em mãos e conversava animadamente com ele.

Após ajeitar Camila na poltrona a enfermeira mostrou o banquinho no qual eu poderia me sentar, rapidamente puxei o mesmo para perto da poltrona e cruzei minhas pernas, entrelaçando minha mão com a de Camz, que me olhava com um pequeno sorriso e os olhos marejados, indicando que ela queria chorar.

- Camz? – Abaixa a cabeça – Amor? – Me olha – O que foi?

- Eu só... – Suspira – Só estou nervosa. – Coloco a franja atrás de sua orelha.

- Não precisa, não vai doer nadinha. – Dr. Jackson nos interrompe – A não ser que você não goste de agulhas...

- Não tenho problemas com agulhas. – Camz sorri e eu acaricio sua cabeça.

- Então não tem o que temer, Sra. Cabello. – Sorri educadamente – Garanto que toda a dor que está sentindo vai passar logo depois disso, ok? – Concorda com a cabeça e eu continuo acariciando sua mão.

- Com licença... – A enfermeira abre um pouco a roupa que Camila usava para monitorar seus batimentos e começar a colocar outras coisas nela.

Após ter certeza que eles monitoravam os batimentos dela, a enfermeira apareceu com um saquinho onde estava escrito o que era, eles ajeitaram tudo e Dr. Jackson foi o mais cuidadoso possível ao colocar a agulha em Camila, que suspirou e encostou a sua cabeça na cadeira, observando o homem terminar de checar se tudo estava certo.

Minutos depois de terminar de monitorar tudo tanto o doutor quanto a enfermeira se afastaram para que nós ficássemos um pouco mais à vontade, informando que qualquer coisa era só chamar por ela, que estaria no corredor.

Camila tinha uma expressão indescritível naquele momento, como se estivesse vegetando. Seus olhos estavam vazios e encarava um ponto fixo no meio da sala com detalhes verdes nas mais variadas cores. A observando daquele jeito senti o meu coração pesar, a distração e pouca alegria que consegui lhe proporcionar por alguns instantes haviam passado, agora havia restado a mesma Camila aborrecida do começo do dia.

- Está tudo bem? – Questiono mais uma vez, sem me conter.

- É estranho. – Murmura e eu a encaro preocupada – Se eu dissesse que é como doar sangue, só que ao contrário você iria entender? – Franzo o cenho confusa e ela ri – Foi o que eu imaginei.

A quimioterapia não a deixava dopada, cansada ou nada do tipo, havia lido que é como estar tomando soro, isso me deixou muito mais tranquila por saber que eu poderia conversar com Camila enquanto ela fizesse a sessão e que ela não sentiria dor alguma enquanto a medicação estivesse sendo aplicada em sua veia.

Mas diferente do que achei, ficamos em silencio por um tempo, apenas trocando olhares, que faziam meu coração acelerar como se eu estivesse correndo uma maratona. Mesmo ali, com aquela roupa, com o rosto completamente livre de qualquer maquiagem e com uma expressão exausta no rosto Camila continuava linda, extremamente linda.

Ver uma das pessoas que eu mais amo daquela forma fazia meu coração doer como o inferno.

Observei Camila por mais alguns instantes, ela estava evitando me olhar, ao invés disso olhava para os outros pacientes e algumas vezes para a medicação que estava entrando em seu corpo. Ela estava tão indefesa e parecia estar tão triste. Me lembrei das palavras de Tori, que Camila precisaria de pessoas que levantassem seu humor sempre, porque dali para frente ela teria muitos motivos para ter seu humor baixo.

- Você é linda. – Murmuro e percebo seu olhar procurar o meu – Muito linda.

Não sabia o que dizer, então disse a primeira coisa que veio a minha mente, definitivamente a coisa mais sincera que eu poderia ter dito em qualquer momento daquele dia. Camila precisava se lembrar que mesmo depois de tantas horas, horas intensas e que viraram nossas vidas de ponta cabeça eu me sentia da mesma forma por ela de que eu coloquei meus olhos nela pela primeira vez.

Não seria nada daquilo que estava acontecendo que mudaria meus sentimentos em relação a nós, em relação ao que eu sentia por ela.

- Laur...

- É sério, e eu acho que eu sempre vou te achar uma das mulheres mais lindas do mundo todo, sabia? – Camila sorri sem graça e eu acaricio seu rosto – E eu poderia te olhar para sempre.

- Lauren. – Murmura ainda mais sem graça – Pare de dizer essas coisas. – Suas bochechas estavam vermelhas, como a muito tempo não ficavam.

- Mas eu estou dizendo o que sempre digo. – Me defendo – Eu amo dizer que você está linda, você sempre gosta dos meus elogios. – Camz ri, revirando os olhos.

- Eu gosto quando eles são coerentes e sinceros. – Olha no fundo dos meus olhos.

- E esse elogio não pode ser coerente ou sincero apenas por estarmos aqui? – Questiono e vejo Camila desviar o olhar – Saiba você que eu não me importo nem um pouco em dizer que te acho linda, não me importo de admirar sua beleza em um cômodo hospitalar, em Miami ou em New York...  – Seus olhos castanhos procuram os meus – Não importa quando ou onde, sempre vou te achar linda. – Camila sorri timidamente.

Era bom aumentar sua autoestima, era muito bom faze-la sorrir.

- Nós vamos onde você quiser estar, tudo bem? – Aproveito para tocar no assunto de minutos atrás.

- Nós podemos decidir isso mais tarde? – Murmura baixinho enquanto eu acariciava sua bochecha delicadamente.

Sabia que talvez seria difícil para Camila escolher onde ela gostaria de ficar, mas havia uma parte de mim muito grande que berrava dizendo que minha namorada gostaria muito de ficar em Miami, provavelmente para ficar mais perto de sua família. Caso essa fosse a sua escolha eu iria entender perfeitamente.

- Como você quiser! – Sorrio beijando sua mão – Sobre o que quer conversar?

- Posso te pedir uma coisa? – A encaro, concordando com a cabeça – Canta para mim?

- Cantar? – Sorrio de canto – Cantar o que?

- Qualquer coisa. – Murmura encostando sua cabeça na cadeira e fechando os olhos por alguns instantes.

Quando nós estávamos juntas e eu decidia cozinhar para nós, tendo Camila como minha auxiliar de cozinha, nós sempre colocamos nossas músicas favoritas e cantamos juntas enquanto preparamos nossas refeições, mas no meio da cantoria Camz sempre se cala para que apenas a minha voz ecoe pelo cômodo.

Fico em silencio por alguns instantes, pensando em qual música poderia cantar para ela naquele momento e muitas músicas sobre aguentar um momento difícil passaram pela minha cabeça, mas imaginei que ela não gostaria de ouvir nada daquilo, então optei cantar por cantar uma de suas músicas favoritas.

 

Cause all of me

Loves all of you

Love your curves and all your edges

All your perfect imperfections

Give your all to me

I'll give my all to you

You're my end and my beginning

Even when I lose I'm winning

'Cause I give you all of me

And you give me all of you oh

 

Ela sorriu para mim quando escutou a letra, seus olhos ficaram marejados e eu senti o meu coração acelerar por Camz estar daquela forma tão indefesa. Acaricio seu rosto e passo a mão em seu cabelo, a vendo fechar os olhos e apreciar as caricias que fazia em seu rosto enquanto eu cantava baixinho a música.

 

How many times do I have to tell you

Even when you're crying you're beautiful too

 

Quando cantei essa parte pude ver uma lágrima solitária rolar pela bochecha de Camila.

- Camz...

- Não, não para de cantar, Laur. – Suspira, levando uma de suas mãos para o seu peito, acariciando o mesmo como se o ar faltasse.

A observo preocupada, mas quando seus dedos finos acariciam meu rosto e desenham o contorno das minhas sobrancelhas, para então descer para a linha do meu maxilar, tomo fôlego e aproximo nossos rostos, para que assim eu pudesse cantar ainda mais baixinho para que só minha namorada escutasse.

Camila me observava da mesma forma apaixonada de sempre, entretanto havia algo diferente. A imensidão maravilhosa dos seus olhos castanhos mergulhavam e se misturavam com meus olhos verdes, como se através daquele olhar intenso nós conseguíssemos transmitir tudo o que não conseguíamos colocar em palavras. Eu a conhecia bem o suficiente para conseguir decifrar o que ela sentia através de um único olhar e ao observar seus olhos tão de perto e naquela tamanha intensidade cheguei à conclusão que o medo a consumia, assim como o amor que ela sentia por mim e tentava me transmitir sem mencionar uma única palavra.

 

The world is beating you down

I'm around through every mood

You're my downfall, you're my muse

My worst distraction, my rhythm and blues

I can't stop singing

It's ringing, in my head for you

 

E eu cantei para ela, cantei com vontade e com a ternura que não cantava a muito tempo, cantei tentando através da minha voz transmitir o resto do que não consegui transmitir pelo meu olhar. Camila sorria, sorria lindamente e pacificamente, apreciando minha voz enquanto as pontas de seus dedos mexiam de acordo com o ritmo que minha voz seguia.

Quando nossos olhares se encontraram mais uma vez após a música acabar tive plena certeza que ela estava bem novamente e que o medo de antes não era tão real como segundos atrás. Subi meu olhar e encontrei o objeto que tinha as misturas químicas fortes já na metade, a sua primeira sessão não demoraria muito para acabar e saber que ela levou tudo numa boa foi bem reconfortante.

Seus dedos finos apertaram os meus, os acariciando em seguida para que depois fossem entrelaçados, nossas mãos eram perfeitas uma para a outra.

Assim como eu era perfeita para ela, ela é perfeita para mim.

- Eu estava com medo. – Murmura e eu a encaro, sem entender o que ela queria dizer com aquilo – Estava com medo de você não conseguir lidar com isso. – Confessa e eu a encaro, um pouco surpresa com sua confissão.

Em todos os momentos eu imaginava que Camila estava com medo do que iria acontecer com ela, não que pensava em quais atitudes eu teria, isso incluía deixa-la sozinha e seguir minha vida mesmo com todas essas coisas acontecendo.

- Você vai precisar fazer bem mais do que isso se quiser se livrar de mim, Sra. Cabello. – Brinco com ela, ganhando uma risada baixa em troca – Eu te amo, Camz, e não seria no momento que você mais precisa de mim que eu te deixaria. – Percebo seus olhos brilharem.

- É bem reconfortante saber disso. – Murmura sem graça.

 - Só vou sair do seu lado quando você pedir... talvez nem isso. – Suspiro e minha namorada revira os olhos.

- Como se eu conseguisse pedir para você se afastar de mim depois de ter o prazer de ter você por perto novamente. – Sorrio, beijando sua mão.

- Isso é ótimo, porque não tenho plano algum de sair do seu lado... não consigo viver sem você, mas isso você já deve saber, não é?

- Não consegue viver sem mim? – Sorri timidamente.

- Não consigo, não quero... – Brinco com uma das mechas do seu cabelo – Da no mesmo. – Olho ao nosso redor e roubo um selinho rápido – Vai ficar tudo bem desde que fiquemos juntas...

- Em New York. – Me interrompe e eu a encaro surpresa, ela queria voltar para nossa cidade.

Jurava que depois de ver como seus avós estavam ansiosos para que ela voltasse para Miami, Camila iria ceder e então optar por voltar a nossa cidade natal, podendo assim ficar com seus familiares e voltando a frequentar lugares que não frequentava mais tanto assim. Camila passou bons anos na California, em Stanford, de lá foi para a Ásia por bons meses e agora estava acostumada com a rotina corrida de New York, saber que mesmo tendo a opção de um lugar mais calmo minha namorada preferia o lugar onde agora ela pertencia, comigo, me deixava ansiosa e animada.

- Em New York, na minha casa. – Comento e ela arregala os olhos – Mora comigo, Camila, fica comigo... – Olho no fundo de seus olhos e percebo uma certa surpresa ao me ouvir dizer aquelas palavras – Eu estava esperando para a minha turnê acabar e fazer esse pedido, mas eu acho que terei que adiantar... – Sorrio, segurando sua mão – Vamos morar juntas, o que você me diz?

- Laur eu... como nós vamos... – Ela não conseguia completar suas frases.

- Eu ajeito tudo e se você quiser pode ser só por algum tempo, se você não gostar nós voltamos tudo ao normal, cada uma em um apartamento... – Sussurro, olhando ao redor – Mas eu só quero estar ao seu lado, o tempo todo. – Comprimo meus lábios.

Não queria deixar amostra o quanto eu ficava apreensiva ao propor aquilo, ou até mesmo não queria que ela notasse o meu medo –que provavelmente já havia notado- de que eu não queria perder um tempo sequer de estar ao seu lado, mas também não queria que ela achasse que estava fazendo aquele pedido somente por causa da sua doença, eu queria aquilo antes de saber sobre.

- Queria fazer isso depois que a turnê acabasse? – Ignora a minha fala e eu sorrio ao ver que ela sorria de canto, ainda insegura.

- Queria. – Confesso timidamente – Eu ia propor antes de eu sair em turnê, mas achei melhor não fazer... – Suspiro angustiada – Não queria te assustar, estávamos juntas a pouco tempo, mesmo que ficássemos juntas e praticamente morávamos juntas quando eu estava na cidade. – Camz ri, concordando com a cabeça - É que eu gosto de ver minhas coisas misturadas com as suas, como se não existisse uma Camila e uma Lauren, apenas Camila e Lauren, como se nós fossemos a mesma pessoa. – Camz sorri, mordendo o lábio inferior.

- Acho que morar com você não deve ser tão ruim assim, ainda mais se você preparar as jantas e almoços deliciosos que sempre faz. – Sorrio largo e ela ri.

- Isso é um ‘sim’?

Pude perceber sua indecisão, por mais que toda a sua expressão gritasse que ela queria aquilo, podia ver resquícios dúvidas e inseguranças. Ela provavelmente não queria me atrapalhar, não queria que as coisas entre nós mudassem.

- Com toda certeza, Sra. Jauregui. – Murmura depois de alguns segundos, entrelaçando nossas mãos – Mas só por causa das comidas que você faz. – Rimos e eu suspiro aliviada.

Mesmo estando naquela situação, naquela sala e não presenciando a coisa mais agradável do mundo para Camila eu me sentia feliz, apenas por ver a sua felicidade e sua mudança de humor repentina. Nós iriamos nos morar juntas, assim poderíamos aproveitar todos os momentos possíveis e descobrir como é realmente viver como um casal, sem falar que seria uma forma de eu poder cuidar dela e garantir que não existissem momentos ruins e que se eles existissem não fossem tão terríveis.

A sessão demorou mais um pouco, quando a medicação finalmente chegou ao fim a enfermeira já estava por perto, começando a retirar as coisas de Camila para que assim ela pudesse voltar para o quarto e então dormisse para que no dia seguinte tivesse alta.

Estava animada para que ela finalmente saísse daquele hospital, poderíamos ter mais privacidade e consequentemente poderíamos conversar e decidir melhor todas as coisas que aconteceriam dali para frente, sem limite de minutos para conversar com Camila e muito menos sem que eu precisasse dormir em um sofá extremamente desconfortável ao invés de estar deitada ao seu lado em uma cama confortável.

Minha namorada já estava deitada novamente em sua cama e podia ver que seus olhos estavam atentos em todas as coisas que aconteciam a sua volta, sentia que Camila queria falar algo comigo, mas estava apenas esperando a enfermeira nos deixar sozinhas, algo que aconteceu logo depois dela ajeitar melhor a manta azul clara de Camz.

- Amanhã você vem me buscar cedo, né? – Sussurra e eu concordo com a cabeça.

- Vou pedir para me ligarem assim que você tiver a alta.

- Ótimo, não quero mais ficar aqui. – Suspira levemente agoniada – Não quero que vocês tenham que ficar vindo também. – Revira os olhos.

- Não nos importamos de vir, Camz. – Comento distraída enquanto caminhava em direção a porta.

- Lauren? – Olho para minha namorada depois de encostar a porta do quarto – Q-Quem contou para Sofia? – Olha para as próprias mãos com o cenho franzido.

Não estava esperando que ela fosse perguntar isso, minha cunhada não falou em momento algum que sabia o que realmente acontecia, mas acho que nesses casos palavras não são necessárias quando apenas um encontro de olhares diz tudo.

- Eu. – Me aproximo de sua cama – Seus avós não conseguiram contar e hoje eu conversei com ela, depois de ser pressionada pela mesma. – Camila suspira – Nós conversamos por bastante tempo e eu respondi todas as dúvidas que ela tinha sobre você.

- Como ela reagiu? – Murmura e eu comprimo meus lábios.

- Camila... – Seguro sua mão – Isso não importa, o que importa é que ela está aqui e vai passar um tempo conosco. – Minha namorada olha no fundo dos meus olhos.

- Ela reagiu mal, não é? – Ri sem humor, seus olhos estavam ficando marejados.

É claro que Camz tinha total conhecimento de como sua irmã era, de como iria reagir e de como estava digerindo o assunto todo.

- Ela reagiu como qualquer pessoa iria reagir, meu amor. – Acaricio seu rosto – Não tem porque você ficar mal com isso, tudo vai dar certo e...

- Eu só não quero que ela sofra com tudo isso que está acontecendo e ainda vai acontecer...

- Camila ela não vai. – Seguro seu rosto – Não vai porque tem todo mundo com ela e tem você, que vai ficar bem logo logo. – Suspiro – Não se sinta culpada por estar doente, não se sinta culpada por nada disso, porque você não tem culpa alguma e todos nós sabemos disso. Assim como você sabe disso. – Algumas lágrimas rolam pelo rosto dela.

- Eu vou conversar com ela... – Murmura e eu limpo suas lágrimas.

- Você não precisa fazer isso.

- Mas eu quero. – Suspira, deixando suas mãos sobre as minhas.

Naquele momento fiz o que tanto ela quanto eu precisávamos, a envolvi no meu abraço. Seu corpo pequeno e magrelo se aninhou no meu, seus braços finos envolveram meu pescoço fazendo com que eu ficasse totalmente curvada sobre ela. Comecei a fazer carinhos delicados em suas costas, vendo Camila tremer e respirar fundo várias vezes, enquanto seus dedos se enrolavam no cabelo da minha nuca, aproveitando aquele abraço protetor.

Sofia estava definitivamente no topo da lista de pessoas que Camila não queria machucar ou deixar de jeito maneira, provavelmente porque minha namorada sabia como era estar no lugar da irmã mais nova, não queria que Sofi sofresse o mesmo que ela sofreu a anos atrás e eu entendia isso perfeitamente.

Acontece que tudo era recente demais, havíamos descoberto sobre a doença de Camila a horas atrás e ainda tentávamos digerir todo o assunto, achar que todo mundo deveria ficar bem e aceitar numa boa todas as notícias seria patético. Iria entrar aos poucos na cabeça de todo mundo, aos poucos iriamos nos acostumar com a nova rotina e com as coisas que seriam necessárias serem feitas, não poderíamos nos desesperar.

- Nós temos tempo, para tudo isso. – Me afasto lentamente – Bom, não tanto assim, daqui a pouco sua avó chega e me expulsa do quarto para que você possa dormir. – Camz ri fraquinho e eu acaricio sua bochecha.

- Ela não falou nada demais, né? – Questiona e eu a encaro.

- Não, não falou. – Analiso seu rosto, suspirando em seguida – Mas algo me diz que ela não vai gostar muito de saber que você escolheu New York ao invés de Miami. – Passo minha língua sobre meus lábios.

- Eu me acerto com ela, não se preocupe. – Ri dando de ombros – Dona Marie acha que eu não sei me cuidar ainda. – Revira os olhos – Acho que teria tido um enfarto se tivesse me visto trabalhando na Ásia. – Rio, concordando com a cabeça.

- Ela te ama muito, só quer o melhor para você. – Puxo a cadeira que tinha ali, me sentando na mesma, bem perto da cama de Camila.

- E eu amo você e você é o melhor para mim, ela tem que entender isso. – Sussurra e eu sinto meu coração errar uma batida ao escutar aquelas palavras – E eu não quero ficar longe de você, Laur.

- Você não vai. – Sorrio, beijando suas mãos – Não vou sair do seu lado, já disse. – Me levanto da cadeira e me curvo em sua direção – Minha atenção vai ser toda sua, todos os dias. – Camila sorri.

- Nada disso, amor. Eu quero estar com você, mas não quero que você pare sua vida por minha causa, assim como eu não vou parar a minha por causa disso. – Gira o dedo, se referindo ao hospital.

- Camila... – Meu celular começa a tocar e eu pego o mesmo – Nós vamos continuar essa conversa outra hora.

- Temos muito sobre o que falar, Sra. Jauregui. – Ri, me vendo atender o celular.

Travor já estava na sala de espera com Marie, eu precisaria descer para que não houvessem maiores problemas ali e que assim a avó da minha namorada pudesse passar aquela noite no hospital ao seu lado. Mesmo que eu tivesse combinado, eu não queria deixar Camila sozinha ali, mesmo que fosse com uma pessoa confiável e que devia passar um tempo com a minha namorada, confesso que estava com medo de que Marie fizesse Camz mudar de opinião sobre algumas coisas.

Desliguei o telefone e minha namorada tinha um bico adorável nos lábios, indicando que sabia o que aquilo significava, apenas me aproximei e acariciei seu rosto delicado, sorrindo timidamente e observando detalhadamente os seus lindos traços delicados.

- Eu preciso ir. – Murmuro e ela suspira – Mas eu volto.

- Acho bom. – Rimos e eu me curvo, colando nossos lábios.

Suguei o lábio inferior de Camila e sua mão delicada acariciou minha bochecha esquerda, subindo para que pudesse se emaranhar com minhas mechas, me puxando para mais perto dela ainda. Quando nossas línguas se encontraram trouxe meu corpo para mais perto do dela, acariciando sua nuca e encerrando nosso beijo com selinhos delicados e repetidos, me fazendo sorrir nos dois últimos.

- Com licença? – Me afasto de Camila, comprimindo meus lábios – Está na hora da janta dela.

- Oh, é claro. – Percebo o rosto de Camz se contorcer em uma careta.

Ela ainda não conseguia comer direito, mais se recusava do que realmente tentava, provavelmente por ter medo de colocar tudo para fora, como havia acontecido da primeira vez que teve a refeição no hospital.

- Sua vó já está subindo, se alimente direito, por favor. – Colo nossos lábios mais uma vez e ela concorda com a cabeça – Eu te amo. – Sussurro e seus olhos procuram os meus.

- Eu também te amo, Lo. – Sorrio e colo nossos lábios mais uma vez.

- E você sabe que pode pedir para me ligarem a qualquer hora, não sabe? – Pergunto vendo a enfermeira colocar a bandeja na frente dela.

- Você não precisa se preocupar. – Ri baixo, colocando uma mecha atrás da orelha.

Não movi um musculo sequer até que a enfermeira terminasse de ajeitar a comida na frente de Camila, minha namorada ficou me encarando um pouco ansiosa, sabia que ela queria que eu fosse embora para que eu não a visse comer, optei por respeitar sua vontade e mentalizei que se eu descesse Marie subiria mais rápido e poderia fazer questão que Camila jantasse direito.

- Agora eu vou. – Beijo sua cabeça e sorrio fraquinho para ela.

- Boa noite.

- Boa noite, Camz. – Pisco para a minha namorada e aceno para a enfermeira.

O fato de Camila ter vergonha de determinadas coisas em relação a doença seria algo que precisaríamos trabalhar, não queria que ela se sentisse envergonhada ou constrangida por ter alguma reação da doença maldita que estava em seu ovário, queria que ela entendesse o mais rápido possível que nada me faria ama-la menos.

Encontrei Marie na recepção, já colocando o crachá para que pudesse subir ao quarto de Camila, me despedi dela e andei em direção ao meu segurança, que tinha um sorriso encorajador nos lábios. Travor levou uma de suas mãos para as minhas costas e começou a me guiar pelo hospital, podia ver algumas pessoas olhando curiosas e outras até apontando, porém ignoramos e só fizemos nosso caminho para fora de lá.

Antes de ir para casa pedi para que Travor me levasse até algum mercado para comprar algumas coisas, meu segurança não gostou muito da ideia, mas acabou dirigindo até o lugar que eu sempre fazia compras em LA. Seria muito bom dar uma volta e comprar coisas para que eu pudesse passar um tempo mais divertido com as meninas, incluindo Sofia, que precisava urgentemente de uma distração.

Ninguém pediu foto comigo, mas me reconheceram e até mesmo acenaram, depois de pegar tudo o que era necessário paguei as coisas e fui para o carro, vendo os fotógrafos do outro lado da rua me fotografando enquanto eu entrava no carro. O caminho todo de volta foi bem silencioso e demorado, mas assim que chegamos não demorei nada para procura-las.

- Daqui a pouco pode estar tocando para multidões. – Escuto a voz de Tori e entro na sala.

- Ou ela pode costurar comigo, ficar no ateliê é legal. – Dinah comenta animada.

- Pode até mesmo trocar em uma orquestra. – Todas me olham e eu sorrio de canto.

- Você demorou! – DJ murmura.

- Estava comprando coisas para nossa maratona de filmes. – Pisco para Sofia, que sorri fraquinho, colocando o violão de Tori ao seu lado – Que vai começar quando?

- Agora! – Tori se levanta - O canto é meu. – Se joga na ponta do sofá.

- O que vamos assistir? – Sofia se senta ao lado de Dinah, que se abre a sacola que eu havia trazido.

- Vocês escolhem, temos a madrugada toda.

- E a companhia das melhores do mundo. – Normani entra na sala abraçada de Ally, que sorri.

Normani e Ally correram em minha direção e me sufocaram em um abraço, eu não via elas desde os dois últimos shows da turnê já que elas ficaram em Miami por alguns dias para ver seus pais, algo que eu não me importei nem um pouco. Mesmo estando afastadas por alguns dias as duas fizeram questão de estar perto nesse momento difícil, Ally me ligou várias e várias vezes enquanto Normani conversava o tempo todo comigo.

- Seus pais mandaram um beijo e disseram que vão para New York daqui algumas semanas.

- Vocês estavam com eles? – Concordam com a cabeça enquanto abraçavam as meninas.

- Preciso ligar para a minha mãe mais tarde. – Coço minha testa, minha mãe havia ficado muito chocado quando contei o que Camila tinha.

- Mas agora você vai sentar aqui. – Mani me abraça novamente – Não pensar em nada disso, apenas em qualquer filme babaca que vamos assistir. – Sussurra e eu sorrio – Vai dar tudo certo, Laur.

- Tenho certeza que sim. – Abraço sua cintura.

- Parem de ficar de mimimi aí. – Dinah resmunga – Normani vai fazer pipoca para a gente e Lauren coloca o filme. – Pega uma das almofadas.

- Acha que eu sou sua escrava, Hansen? – Normani usa o tom de falsa irritação, arrancando risadas de todo mundo.

- Você gostaria de ser, mas não é, seria uma enorme honra poder receber ordens minhas a todos os instantes. – Sorri irritante.

- Claro, a assistente que você tinha na turnê pensava tanto assim que até pediu demissão. – Ally resmunga e todo mundo ri, Sofia encarava nossa interação com um pequeno sorriso.

- ELA NÃO SABIA TRABALHAR DIREITO! – Rosna e todo mundo ri.

Ficamos naquela discussão besta por muito tempo, deixando DJ cada vez mais irritada por fazermos reconhecer que ela não era uma pessoa tão amigável quando dava ordens. Acabou que Tori e eu fomos fazer pipoca e pegar as bebidas enquanto elas resolviam qual filme iriamos assistir, ou dormir assistindo.

Quando o primeiro filme começou todo mundo tinha um balde de pipoca perto de si, alguma latinha de refrigerante e um lugar confortável enquanto uma comédia clichê e boba era reproduzida na enorme parede branca da sala de cinema.

Durante o filme me peguei olhando para minhas amigas e minhas cunhadas, todas pareciam concentradas demais no filme e todas tinham expressões relaxadas, nada tensas como nas últimas horas, era muito bom vê-las distraídas e sem quaisquer preocupações, mesmo que fosse assim por um curto período.

As horas se passaram e o terceiro filme havia começado, todo mundo já dormia e eu podia sentir meus olhos arderem querendo urgentemente serem fechados, pisquei mais lentamente e me aconcheguei melhor no corpo de Mani, que estava deitada em mim de uma forma toda torta.

- Laur? – Abro os olhos automaticamente e me deparo com Sofia me olhando – Você estava dormindo?

- Não. – Murmuro, minha voz já estava bem mais rouca do que o normal – Não consegue dormir? – Nega com a cabeça e eu faço um sinal, para que ela se aproxime e se aconchegue em mim.

- Não consigo parar de pensar em Camila.

- Ela está bem, Sofi. – Sussurro suspirando – Amanhã vai estar com a gente e vai melhorar cada vez mais. – Normani se mexe – Só que para isso ela vai precisar de nosso apoio, mostrar que nada vai mudar e que tudo vai continuar a mesma coisa. – Concorda com a cabeça – E o mais importante é que devemos mostrar o quanto a amamos.

- Então você acha que ela ficaria brava se eu ficasse com ela nas minhas férias? – Questiona.

- Ela iria amar. – Comento com um pequeno sorriso.

Esse era um dos planos de Camila para as férias de Sofia, como eu estaria em turnê ela poderia dar toda atenção do mundo para Sofia em seu tempo livre, Sofi poderia conhecer New York e se divertir indo em lugares da confiança de Camz, minha namorada chegou até a comentar que uma amiga dela poderia ficar em seu apartamento e tudo mais.

- Isso é bom. – Ela sorri e eu assinto.

- Você não precisa se preocupar com nada, Sofi. – Olho no fundo dos seus olhos – Nós todas vamos ficar juntas e tudo vai dar certo. – Coço meus olhos e Sofi boceja – Como sempre.

- Como sempre. – Repete baixinho, deitando no meu outro ombro – Laur? – Faço um barulho nasal – Obrigada por estar de volta. – Beijo sua cabeça – Eu amo você.

- Eu também te amo, pequena. – Sorrio fechando os olhos – Agora durma, vou estar aqui com você, o tempo todo.

E ali encontrei a verdade absoluta: tudo daria certo desde que ficássemos todos juntos.


Notas Finais


Eu gostei tanto desse capítulo akjsdbkabsd Lembrando que agora eu vou focar mais em como a Camila se sente, mas sem deixar os sentimentos da Lauren de lado, vou sempre deixar equilibrado! Imploro para que vocês tenham paciência porque a minha escola anda extremamente puxada e eu ando me desdobrando para estudar e escrever os capítulos, então não briguem comigo caso eu atrase um pouquinho hehehehe
LEMBRANDO QUE AGORA EU COMECEI A PUBLICAR NEVER IS EASY, VALE A PENA DAR UMA CONFERIDA: https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-fifth-harmony-never-is-easy-3917331
Obrigada do fundo do meu coração a todo mundo que está lendo, comentando e tudo mais, é mais do que gratificante ter leitores como vocês, de verdade <3 Qualquer coisinha é só me chamar no twitter (switch5Hearts) ou mandar pergunta no ask.fm/SushiDaMegan
Natália xX(:


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