História Levando o Duque para o Altar - Capítulo 2 - Sakura

Passei alguns dias para vir de Bath até Londres. Foi uma viagem longa e cansativa junto de papai e mamãe que aparentemente estavam acostumados a viajar na companhia um do outro, quando Ino, minha irmã mais nova, e eu estávamos entediadas pela falta de atividades. 

    Nós tínhamos acabado os livros que estávamos lendo e ainda trocamos no meio da viagem para tentar distrair, mesmo assim, a viagem foi cansativa.

    Foi necessário um dia inteiro para conseguir me recuperar das dores da carruagem, mesmo sendo uma carruagem aparentemente aconchegante, não o era a ponto de nos deixar sem sequelas depois de uma viagem longa como essa.

    Depois de dois dias em casa, sem ver a luz do sol, lembrei-me que estava em Londres. Uma cidade cheia de coisas para comprar e fazer. Chamei Ino e nossa dama de companhia Kath para irmos a algumas lojas e até tomar um chocolate depois.

Passamos em umas três lojas apenas naquela tarde: uma livraria, uma de utilidades e, por fim, uma modista. 

    A variedade de livros que tinha em Londres não se comparava àquela que eu encontrava em Bath, imagino como seriam as bibliotecas das demais mansões. Das casas de papai, eram praticamente os mesmos livros em todas elas, com diferenças entre os livros administrativos da propriedade e seus arrendatários.

    Na casa de utilidades encontrei alguns xales e chapéus que mamãe gostaria de tê-los, então peguei para mim e para ela. Quando passamos na modista, tanto Ino quanto eu nos sentimos no paraíso com aqueles tecidos confortáveis da capital. Aproveitamos e fizemos encomendas. Passaríamos cerca de dois meses ali, Ino debutaria naquela temporada, era importante utilizar roupas de acordo com a que estavam usando ali.

 Estávamos a caminho de uma doceria para tomar um chocolate quando um homem de cabelo longo montado em um cavalo parou perto de nós.

— Qual de vocês é Sakura Haruno? — Rapidamente nossa criada se aproximou alerta. Kath era muito protetora conosco, assim como todos de nossa casa.

— Sou eu. — Respondi. — Eu te conheço? — Ele desceu do cavalo, e só então consegui reparar no quanto era bonito. 

Bonito? Era tão lindo que pensei que fosse desmaiar! Não estava acostumada a ver homens como esse.

— É um prazer miladies — Cumprimentou a mim, a Ino e a Kath, essa ficando sem graça por ter sido chamada de milady junto a mim e a Ino — Sou Itachi Uchiha, irmão do seu noivo. — Bastou aquela frase para que eu ficasse alerta.

— Aconteceu alguma coisa? — Só faltava ele ter morrido antes do casamento.

— Não, mas pode acontecer, se você não fizer algo logo. — ele sussurrou, parecia ser um grande segredo.

— Conte-me de uma vez! — Eu já beirava a impaciência.

— Meu irmão, ele... — Será que ele tinha morrido? — Ele está planejando se casar com outra mulher.

Nada me preparou para aquela notícia. 

Olhei-o perplexa. Se Sasuke Uchiha pensava que iria me deixar de molho por dez anos e depois se casar com outra mulher, estava muito enganado.

— Ino, vá para casa e avise a nosso pai.

— O que você vai fazer, irmã? — Ino estava tão nervosa quanto eu, ela já era nascida quando o compromisso foi firmado, ela viu como eu fiquei quando, aos dez anos, já tinha meu destino escolhido.

    Passei anos tentando aceitar a minha condição, aguentei todos esses anos com ele me ignorando. Mas agora Sasuke Uchiha tinha passado dos limites. 

Dos limites da razão e da minha paciência, que já tinha sido demais.

— Vou ter uma conversa com meu noivo, com o pai e com a mãe dele também! — Voltei-me para ela. — Vá com Kath e conte tudo que viu aqui para papai, ele chegará lá mais rápido que eu, se o conheço bem.

— Vamos, Cath! — Ino a chamou, que estava relutante.

— Você não pode ir sem uma dama, querida. — Kath falou, preocupada comigo.

— Devem ter muitas damas em sua casa, não, lorde Uchiha?

— Claro, mamãe deve ter umas três para ela e minha irmã.

— Ótimo! Estou indo, Kath, Ino.

— Vá em outro cavalo, não no mesmo que ele!

— Certo, querida. Vou agora mesmo pegar aquele alí. — Apontei para onde nosso cocheiro arrumava os cavalos.

— Certo, avisarei logo a papai. — Ino se foi arrastando Katrina.

— Reze para meu pai estar de bom humor hoje, Uchiha. Ele, assim como todo mundo da minha família, está impaciente com essa demora de seu irmão.

— E o que você vai fazer indo até lá?

— Conhecer meu noivo de uma vez, e ver se ele pelo menos é bonito o suficiente para eu estar esperando-o por tanto tempo. — Meu cunhado riu e me acompanhou.

— Então vamos!

Rapidamente subi no cavalo e segui o irmão do meu noivo a uma certa distância.

Não levamos quinze minutos para chegar até a mansão onde viviam os Uchiha. Eu sabia que os títulos da família nunca saíram do núcleo principal. Aparentemente, todos tiveram bons casamentos com herdeiros que assumiram o título de Duque da Birmânia. Na minha família, ocorreu o contrário diversas vezes, várias famílias tiveram apenas filhas mulheres, assim como aconteceu com papai e então, o título passará para o herdeiro mais próximo. Provavelmente algum primo idiota.

    De longe, avistei a propriedade dos Uchiha. Itachi, meu futuro cunhado me avisara de que ele entraria primeiro, pois se o irmão soubesse o que ele tinha feito logo de cara, não seria bom, sem falar em eu ser vista na companhia de um homem sem minha dama por perto.

    Apenas tive tempo de descer do cavalo para que ele fosse levado por um dos empregados da mansão enquanto fui anunciada pelo mordomo dos Uchiha. Rapidamente sequei meu rosto levemente suado com um lenço devido o esforço que tinha feito para chegar ali a tempo naquele sol de duas da tarde.

Eu sequer tinha subido as escadarias quando meu “noivo” saiu de casa. Parecia que tinha corrido uma maratona. 

— É um prazer que me conheça, estúpido.

Ele passou um tempo me observando, parecia que não estava acreditando que eu estava ali. Olhou ao redor, até que parou em um ponto atrás de si.

    Era Itachi na porta que sorria para o irmão como se estivesse fazendo alguma travessura de criança.

    Antes que eu fosse convidada a entrar, papai chegou a cavalo, rápido como eu tinha sido, tenho certeza de que veio do jeito que estava no escritório para resolver tudo. Ele sempre me ajudou quando precisei, mesmo que qualquer pessoa pudesse ter feito por mim, ele fazia.

Papai sequer esperou ser chamado para entrar, ao entrar na casa dos Uchiha, deixou-me com minha futura sogra, a qual descobri que o nome era Mikoto, na sala de visitas e foi em direção ao escritório do pai do meu noivo.

 Pouco tempo depois o delator, lorde Uchiha chegou e sentou-se ao lado da mãe, enquanto seu irmão se sentou longe de nós. As vezes eu olhava para ele e me lembrava que ele estava tentando fugir do compromisso comigo e eu só tinha ódio dele.

    A mãe dos irmãos Uchiha era belíssima, sequer parecia que tinha dois filhos daquele tamanho e idade. 

    Pouco tempo depois meu “noivo” foi chamado no escritório de seu pai e eles passaram muito tempo lá, provavelmente conversando sobre o acordo. Tempos depois, apenas meu pai e o Duque entraram na sala de visitas. Naquele meio tempo, mamãe havia chegado e estava comigo.

— Chamem Sasuke, temos algo a resolver!

    Quando ele voltou, seu pai logo retornou a falar.

— Ótimo! Vamos fazer os anúncios. — Fiquei confusa com a frase, mas esperei.

— Que anúncio? — Meu noivo perguntou e oscilou o olhar para o irmão, fiz o mesmo esperando algum sinal, mas ele nada sabia.

— Entramos com o pedido de uma licença especial para casamento. Vocês se casarão em uma semana. — Parecia que a vida queria dar uma reviravolta. De noiva esquecida para noiva de casamento marcado em apenas algumas horas.

Olhei para Sasuke surpresa, ele também estava, mas não era daquele jeito que eu queria. 

Queria que ele me conhecesse, queria conhecer ele e ver se estávamos fazendo o que era certo.

Mas tudo foi por água abaixo.

Deus me ajude a sobreviver a esse casamento!

Me distraí e, quando dei por mim, meu noivo não estava mais conosco. Todos os outros continuavam na sala conversando, comendo e bebendo.

Eles eram rápidos com organizações de festas, pois apesar de pouca gente, tinha tudo lá.

Decidi que aquela era a oportunidade que eu precisava para falar com ele a sós. 

Caminhei como quem estava avaliando os quadros e saí pelo corredor que levava ao interior da casa. Por mais que fosse uma mansão, tinha uma arquitetura parecida com a das outras casas, eu sabia onde eram os quartos.

Abri diversas portas no grande corredor, até que o encontrei.

— Precisamos conversar, noivo.